Forever Young escrita por Dafne Federico


Capítulo 22
Capítulo XXII: Hoje à noite


Notas iniciais do capítulo

Hello, cupcakes of my heart!
Eu ainda reparando que eu quase nunca marco um comentário como o melhor do capítulo, mas vou começar a fazer isso a partir desse capítulo!
Espero que gostem desse capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/427143/chapter/22

– O que estou dizendo é que seria mais cortes, você próprio ligar e convidar os Ramírez-Arellano. - ouvi a explicação de Zeus enquanto entrava na sala de jantar. - E a garota iria gostar.

Todos sabemos do que a Reyna gosta no Jason.

Fiquei surpresa ao ver a família toda reunida tomando café da manhã. Zeus sempre saía antes de todos, Jason e eu geralmente estávamos atrasados e Hera, bem, minha madrasta era fútil ao ponto de não tomar comer quase nada apenas para se manter magra.

Jason bufou irritado.

Meu irmão acabava, de uma maneira ou de outra, fazendo tudo o que nosso pai dizia que ele tinha que fazer, mas isso não significava que ele não fizesse do jeito dele.

– Convido eles quando for ligar para os McLean. - avisou.

Disfarcei um sorriso.

Nós tínhamos uma regra de não nos metermos um na vida do outro, porém essa regra não se atribuía a Zeus.

Era evidente a preferência dele para que Jason assumisse um compromisso sério com Reyna. A família dela, além de ter um nome muito grande, tinha uma conta bancária maior ainda. Diferente da família de Piper, cujo patrimônio viera dos filmes em que Tristan tirava a camisa e fazia as garotas suspirarem. Uma empresa de armas era, na visão de Zeus, melhor do que um ator, o que ele considerava uma profissão vulgar.

Meu celular vibrou.

" Está tudo certo? Você vai ir?

Annabeth. "

Então, Thalia, você já decidiu o que vai vestir no aniversário do seu irmão? - arregalei os olhos ao ver que Hera estava falando comigo. - Se ainda não escolheu, posso procurar algo para você.

Encarei-a atônita. Ela não devia estar sendo gentil comigo, não depois do que tinha dito a respeito dela. Levei o olhar de Hera até Jason e franzi as sobrancelhas esperando uma orientação, ele balançou a cabeça negativamente.

– Não vejo porque você fazer isso. - respondi enquanto enviava uma mensagem assentindo a pergunta de Annabeth - Sabe que não vou usar.

– Ela só está sendo gentil. - ralhou Zeus.

Nos últimos dias Zeus e Hera tinham sido uma completa incógnita. Não demonstravam interesse em nada que eu estava fazendo e Hera esforçava-se para ser agradável. O que me deixava preocupada, porque todas as vezes que eu fazia algo errado eles explodiam e, dessa vez, isso não tinha acontecido me deixando com a sensação de que a explosão poderia acontecer a qualquer momento.

" Estou na sua rua.

Nico "

Zeus tinha me devolvido as chaves da minha Mercedes, porém disse que iria pegar carona com Annabeth para ir ao colégio. O que era uma mentira completa, porque não pegaria carona com Annabeth e também não iria ao colégio.

O Jaguar de Nico já estava estacionado quando alcancei a rua, mas conseguia ouvir a música alta enquanto ainda estava dentro de casa.

– Você vai assim? - Nico perguntou rindo.

Fiz uma careta.

Não tinha nada de errado com a maneira com que eu me vestia. Jeans, camina e tênis, o que eram as roupas que eu usava para ir o colégio e para tornar minha mentira convincente.

Então não, eu não iria vestida daquela maneira, mesmo a ideia de trocar de roupa no carro me desagradando. Os vidros do Jaguar, chamado carinhosamente por Nico de Monique, eram escuros e a única pessoa que me veria de lingerie seria ele, o que não era como se nunca tivesse acontecido antes.

– Não. - confessei abrindo o zíper da bolsa e revelando a roupa que tinha trazido - Se importa se eu trocar de roupa, tipo, agora?

Nico sorriu dando com os ombros.

Tirei a camisa que vestia, amarrotando-a com a mão e jogando-a dentro da bolsa.

Nico Di Ângelo já tinha me visto com menos do que apenas de sutiã algumas vezes e mesmo assim desviou os olhos da rua para encarar meu corpo.

– Concentre-se em dirigir, Di Ângelo. - reclamei.

– É você quem está trocando de roupa dentro do meu carro. - ele argumentou tirando do bolso o maço Marlboro e o isqueiro e acendendo um cigarro - E não é como se eu nunca tivesse te visto assim, Grace.

Tentei ignorar o fato da atenção de Nico estar mais concentrada em mim do que em dirigir e terminei de me trocar. Vesti uma camisa regata da banda Pearl Jam, desabotoei a calça tirando-a e coloquei um shorts jeans. Quando alcançamos a estrada interestadual reconheci Maserati vermelho de Percy Jackson estacionado na frente de uma lanchonete. Nico buzinou ao passar por ele e, pelo retrovisor, vi o conversível vermelho nos seguindo.

– Por que dar nomes de mulheres aos carros? - perguntei, não só porque era estranho ficar em silêncio, mas porque tinha me perguntado isso uma ou duas vezes.

– Já assistiu o filme 60 segundos?

Eu me lembrava de já ter assistido esse filme. Falava sobre um cara que, para salvar o irmão, precisava roubar cinquenta carros em uma noite. E, como estratégia para se comunicar ele dava nomes de mulheres a todos os carros, assim quem ouvisse de fora pensaria que se tratava de uma mulher e não de um roubo.

– O com a Angelina Jolie e o Nicolas Cage? - ele assentiu - Sim, espero que esse não seja um carro roubado. - acrescentei irônica.

Nico riu sarcástico.

– O dinheiro sujo do meu pai não vem de roubos, que eu saiba. - falou desviando os olhos da estrada para mim - Comecei a dar nomes aos carros porque esse é um dos meus filmes favoritos, junto com Prenda-me se for capaz.

Porcaria. Além de ser atraente e de gostar de música boa, ainda tem bom gosto para filmes.

– E os chaveiros do Angry Birds? - indaguei.

– Se já tivesse me visto jogar, entenderia. - ele disse convencido.

O restante do caminho entre Nashville e Austin, Texas, passou com eu e Nico discutindo sobre em qual rádio deixar e ele sempre ganhava com o argumento de que o carro era dele, comigo trocando mensagens com Annabeth, que estava alguns metros de distancia no conversível de Percy e com Di Ângelo e Jackson apostando infantilmente quem ultrapassava o outro.

(---)

O Zilker Park estava completamente lotado ao anoitecer para a edição anual do festival de rock, country, folk, indie, americana, hip-hop, reggae e bluegrass, Austin City Limits. A paisagem era animadora, atrás da extensão do parque tinha um lago e, atrás desse, as luzes douradas da cidade brilhavam. Não era mais possível ver a grama, com tantas pessoas presentes.

Assim que o palco acendeu revelando a entrada da banda Kings of Leon aplausos e gritos frenéticos seguiram-se. Eu particularmente gostava muito deles, porque as músicas me faziam ter o que eu chamava de orgasmo musical e porque a banda formara-se em Nashville.

Teria me juntado a multidão histérica, mas decidi poupar minha voz porque depois de Depeche Mode, The Cure e Muse eu começava a ficar rouca.

– Eu acho que fiquei completamente sem voz assim que o Robert Smith cantou Love Song. - com a loira sem voz e a multidão gritando precisei fazer linguagem labial para entender do que ela estava falando - Sério, me senti uma adolescente melancólica e retarda dos anos setenta. Amo eles.

– Annabeth, você é uma adolescente melancólica e retardada, só que do século XXI. - respondi recebendo um empurrão de Annabeth.

Reconheci a música que a banda iria abrir o show nos primeiros acordes. Sex os fire era provocante, instigante e animada. E o reconhecimento de qual era a canção fez a multidão gritar eufórica novamente.

Se eu não ficasse rouca, provavelmente ficaria surda com a quantidade de garotas gritando obscenidades os Followill, irmãos e primo que formavam o Kings Of Leon.

Lay where you're laying, don't make a sound (Fique onde você esta, não faça barulho)

I know they're watching, they're watching (Eu sei que eles estão vendo, estão vendo)

All the commotion, the kiddie-like play (Toda a comoção, e as brincadeiras infantis)

Has people talking, talking (Tem pessoas falando, falando)

You... Your sex is on fire (Você... seu sexo está em chamas)

Senti um arrepio quando Nico colocou a mão na minha cintura e me passou uma garrafa de Heineken. Ele tinha saído para comprar algo para beber há algum tempo.

Que momento oportuno para tocar essa música. Pensei, rememorando que acabara de recordar como achava as letras do Kings Of Leon instigantes e o som digno da minha classificação de orgasmo musical.

Há muito tempo não me sentia assim, completamente desencanada, como se nada mais importasse no mundo além do que estava sentindo, a sensação eufórica de ouvir sua música predileta tocar na rádio, de pisar no acelerador ou de chegar ao ápice do que quer que seja.

Dark of the alley, the breaking of day (A escuridão do beco, o amanhecer do dia)

The head while I'm driving, I'm driving ( A cabeça quando estou dirigindo, estou dirigindo)

Soft lips are open, knuckles are pale (Os lábios macios estão abertos, suas juntas estão pálidas)

Feels like you're dying, you're dying (Parece que você está morrendo, você está morrendo)

You... Your sex is on fire ( Você... seu sexo está em chamas)

Consumed with what's to transpire (Consumido pelo que está transpirando)

Era estranho ver Nico sem sua jaqueta de couro, mas era compreensível considerando o calor, tão quente e lotado de pessoas que ele vestia apenas uma camisa de uma banda que eu não conhecia e que seu cabelo estava molhado de suor, grudando na testa.

Levei a cerveja a boca e a devolvi a ele, colocando o braço ao redor do seu pescoço e encostando meus lábios nos dele. Estava me acostumando com o fato de que todas as vezes que o beijava era desesperado e tinha álcool no meio. Nico correspondeu apertando minha cintura com força, enquanto eu colocava a mão por dentro de sua camisa tocando os músculos do seu abdômen.

Hot as a fever, rattling bones (Quente como uma febre, ossos se tocando)

I can just taste it, taste it (Eu poderia só sentir o gosto, sentir o gosto)

If it's not forever, if it's just tonight (Se não é para sempre, se é só por essa noite)

Oh it's still the greatest, the greatest (Oh ainda é a melhor, a melhor)

You... Your sex is on fire ( Você ... Seu sexo está em chamas)

You... Your sex is on fire (Você ... Seu sexo está em chamas)

Consumed with what's to transpire (Consumido pelo que está transpirando)

Passei as próximas três ou quatro músicas revezando entre me atracar, como diria Zeus, com Nico e me embebedar, antes de voltar a prestar atenção no show. E não me contive em não cantar Use Somebody com as garotas que gritavam elogios insanos aos integrantes da banda.

O show do Kings Of Leon terminou, deixando um intervalo de tempo antes de começar o banda estadunidense Queens Of Stone Age.

– O que você tinha dito sobre ter entrado no camarim deles? - indaguei tomando consciência de que ele ainda me abraçava pela cintura.

Nos últimos dias todos no colégio tinham procurado uma maneira de conferir informações sobre eu estar ou não com ele. Rachel viera me informa que o vira aos beijos com Calypso Atlas, sendo que eu é quem tinha apostado que ele não conseguiria nada com a garota.

– Eu dei uns amassos na assessora deles e ela me convidou para ir no camarim deles depois do show. - contou sorrindo.

Arregalei os olhos.

– Você usou a garota.

Ele sorriu e deu com ombros.

– Você faz o mesmo comigo. - ele falou naturalmente bebendo o restante da cerveja em um gole só - Aliás as pessoas só se relacionam por alguma conveniência, dinheiro, sentimentos, sexo. Há sempre um interesse.

Absorvi o que ele estava dizendo e compreendi que fazia sentido.

– Okay, talvez eu goste da sua companhia. - confessei sorrindo - Mas ninguém aceita ser usado se não estiver tirando algo em troca. Então, qual é o seu interesse?

– Talvez eu goste da sua companhia. - ele lançou um sorriso torto e malicioso ao usar o que eu havia dito como resposta. - Preciso de algo mais forte. - acrescentou balançando a garrafa de cerveja antes de desaparecer junto com a aglomeração de pessoas.

Olhei em volta observando Percy e Annabeth trocando beijo e risadas, eles pareciam um casal de telenovelas adolescente, bonitos e felizes. Do meu lado esquerdo tinha um grupo de garotas com camisas de bandas cortadas na altura do umbigo e piercings no septo e caras musculosos e tatuados. Voltei o olhar para frente, onde uma garota extremamente magra e branca com o cabelo negro na altura da cintura, pedia licença para poder passar.

Essa não é a...

Quione?– percebi que tinha dito em voz alta ao ver a garota virando-se na minha direção.

Quione Snow estava, como sempre, impecável e ao me encarar lançou um olhar de reprovação. Sua roupa parecia ter sido feito sobre medida, a camisa branca estava amarrada em um nó mostrando uma parte da sua barriga, ela também usava jeans justos e tênis, fazendo a roupa simples parecer sofisticada. Seu rosto estava bem maquiado, como se houvesse acabado de fazê-lo.

– Grace. - ela cumprimentou-me educadamente - Que mundo pequeno.

Eu que o diga.

– Não sabia que você e Luke curtiam esse tipo de música.

Quione riu do meu comentário.

– Thalia, ao contrário de você, não sou burra. - até mesmo me xingando ela parecia doce, educada e glamorosa - Luke é status. Ele é bonito, vem de uma boa família, me proporciona bons momentos. Mas você é a prova de que ele não é confiável. Quem me garanti que ele não vai contar detalhes íntimos nossos para todos aqueles caras nojentos da escola ou fazer o mesmo que fez com você? - era uma pergunta retórica - Ele é tão bonito quanto vazio e tão burro quanto qualquer outro se pensa que eu é quem sou.

Analisei as palavras dela e cheguei a conclusão que tinha a subestimado. Quione não era apenas mais um rostinho bonito, ela era um rostinho bonito, calculista, aproveitador e cínico. E suas intenções para com Luke não eram mais da minha conta, então não respondi as provocações ou o fato dela ter me chamado de burra, mesmo que tivesse que cerrar os punhos para controlar a vontade de puxar seus cabelos sedosos.

– Isso não responde porque está aqui. - mudei o foco do assunto.

– Acompanho meus irmãos mais novos. - eu me lembrava dos irmãos mais novos de Quione, um deles me perseguiu pelo colégio uma semana me convidando para ir ver uma banda de garagem com ele - Falando em acompanhar, você vai acompanhar o Di Ângelo na próxima disputa por título? Soube que Luke está ansioso.

Ela tentava me atingir.

"– Sobe. Vamos tirar o título de Luke Castellan." A lembrança invadiu minha mente imediatamente.

Luke Castellan fora meu namorado por alguns anos e eu conhecia como ninguém sua personalidade vingativa, precisando destacar-se e provar que era o melhor em tudo o que fazia. Tinha pago um preço caro por tê-lo humilhado publicamente. Compreendi o que ela falava.

Não é da minha conta. Relembrei.

Com o tempo eu tinha entendido que Zeus Grace não era totalmente ruim, ninguém é, ele era apenas uma pessoa frustrada e amarga. Luke não era uma pessoa inteiramente cruel, era apenas orgulhoso e egocêntrico demais. Annabeth não era só certinha como demonstrara ser, ela era os dois extremos. Tinha entendido que existe uma linha tênue entre determinação e orgulho, entre adrenalina e estupidez. E tinha entendido que não podia mudar nenhuma daquelas pessoas, mas tinha que conviver com elas. Não seria diferente dessa vez.

O que Nico fazia com os outros não me importava, só me interessava o que ele fazia comigo.

Lembrando do seu semblante assustado, diria que não. - os aplausos eloquentes chamaram a atenção dela - Melhor eu voltar, parece que o Queens Of The Stone Age está entrando no palco. Zetes adora eles.

– Quione. - ela começara a andar quando a chamei novamente - Espero que você não acompanhe Luke, seria uma pena se destruísse seu rosto, a única coisa que tem de bonito, por status.

Ela focou os olhos cor de café em mim e trancou o maxilar antes de virar, balançando a cortina preta que eram seus cabelos, e desaparecer entre as pessoas que gritavam eloquentemente.

Logo após ela sair Nico reapareceu com uma garrafa de tequila.

Ele conseguia ficar atraente mesmo suado e talvez houvesse uma fixação nele da minha parte. Não me privei de mais nada naquela noite, gritei até ficar completamente rouca, pulei até os ossos dás minhas pernas doerem e beijei Nico até ficar completamente sem ar. Preferiria uma noite assim a todas as que passei jogada no sofá lamentando-me, não importava o preço.

If it's not forever, if it's just tonight

Oh it's still the greatest, the greatest


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O Austin City Limits realmente existe e acontece em Austin - avá - no Texas. Deixando claro que eu não faço a mínima ideia de quanto tempo leva de Nashville a Austin, então deixei vago assim.
Espero que tenham gostado. Comentem, comentem, comentem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Forever Young" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.