Summertime Sadness escrita por Pacheca


Capítulo 17
What To Do?


Notas iniciais do capítulo

Então povo :3 Voltei dps de milênios :3 Yesterday, dos Beatles : http://www.youtube.com/watch?v=S09F5MejfBE



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POV Keane

– O que acha? – Carlotta cruzou as pernas, sentada à minha frente. Coloquei as mãos apoiadas atrás de mim.

– A ideia é ótima. – Respondi, concordando com a cabeça. – Apesar de só termos dois dias.

– É, sei disso. – Ela deu de ombros, um pouco abatida. – Mas acho que consigo pensar em algo bom para dizer.

– Dois dias...

– Vai no funeral dos pais dela? – Ela perguntou, colocando o cabelo para trás da orelha.

– Não sei ainda. – Suspirei. – Quero dizer, não faz sentido ir. Mas ainda assim, acho que...quero ir.

– Entendo esse sentimento confuso seu. – Ela sorriu, se aproximando de mim. O recreio estava barulhento como sempre. Pra mim, aquele barulho nunca mais seria o mesmo.

– Então, você quer ir?

– Quero. Acho que meu cérebro ainda não assimilou a ideia de que eles morreram também.

– Sabe, às vezes eu penso como a vida dela seria se eles tivessem desistido de criá-la.

– Sem dúvida alguma, melhor. Ursinho, o que eles faziam era desumano. Não se culpa alguém por existir.

– Eu sei. – Respirei fundo, passando o braço ao redor de seus ombros. – Ei.

–O que?

– Corey disse que sente sua falta. – Ela deu um sorriso. – Por que não vai lá pra casa mais tarde?

– Posso escrever lá?

– Pode criar um best seller se quiser. – Respondi, dando um beijo na bochecha dela.

– Tudo bem, eu vou. – Ela levantou um pouco o rosto e eu dei um selinho nos lábios cheios de brilho sabor melancia.

– Corey vai adorar.

– Ele é uma gracinha. – Sorriu, com a cabeça em meu ombro. – E você? Pensou em fazer alguma coisa?

– Você diz...pro enterro? – Falei, sério de novo.

– É. Você pensou em algo?

– Na verdade, não. Talvez não consiga fazer nada.

– Por que não?

– Lágrimas e catarro, nada sexy.

– Bobo. – Levei uma cotovelada leve. – De verdade, nada?

– Nada. – Respondi. O sinal do fim do recreio tocou. – Mas talvez eu também diga algo.

– Ok. Vem, temos aula. – Fiquei de pé, os dedos dela entre os meus. Caminhamos de volta para a sala, em silêncio. Carly provavelmente já planejava um texto em sua mente, quieta.

E eu pensava em alguma coisa. Nada do que eu fizesse seria especial. Lily ia cantar, Kramisha faria algum desenho maravilhoso, Michael ia escrever algo, Carly diria algo...O que sobrou para mim? Nada.

Pensei nas coisas que eu sabia que ela gostava. Escrever, livros, música, Derek, do sanduíche da cantina, de gatos...Gatos. Era aquilo. Já tinha uma ideia. E ainda poderia ser feita, mesmo que ele chorasse na hora. Sorriu, satisfeito.

POV Michael

Desde o suicídio, já tinha escrito exatas 6 cartas para Claire. E nenhuma delas serviria para nada. Pela primeira vez, não conseguia sentir o peso sobre meus ombros me deixando.

Porque eu sabia que não tinha feito nada. Eu a vira morrer lentamente, sofrendo, e não fiz nada. Aquilo era pior do que não ter tirado a arma das mãos dela.

Sabia que só conseguiria se expressar escrevendo. Sabia disso. Só não conseguira escrever o que queria. Na verdade, eu só não sabia o que eu queria dizer.

A aula passou rápido, mas não prestei atenção em nada. A folha em branco do caderno continuava intacta, esperando a tinta da caneta. Suspirei, frustrado.

– Que merda! – Falei assim que fiquei sozinho na sala. Juntei minhas coisas e saí da sala, descendo para o ponto de ônibus. Liguei os fones, deixando no aleatório.

Aquilo tinha que ser sacanagem, só pode. A música mais deprimente em que podia pensar, tocando naquele instante. Suspirei, mais uma vez. Aquilo já estava constante no seu dia, suspiros.

Entrei no ônibus, vazio como sempre. Fui direto pro fundo, meu lugar habitual. Ela adorava aquela música. Não era fã de Beatles, mas justo daquela ela gostava. A minha preferida.

Parecia que alguém estava apertando minha garganta enquanto uma sensação ardente queimava meus olhos. Como sempre, queria chorar mas não conseguia.

Fui cantarolando, me lembrando da vez que a vi gravando com Lily. Justo aquela música. Fui lembrando a forma como ela cruzava os pés enquanto estava sentada sobre uma das mesas, com o cabelo sobre um dos ombros e aquele olhar triste.

~Flashback On

– Vai mesmo ficar assistindo? – Ela colocou parte do cabelo acobreado atrás da orelha, me encarando.

– Se importa, Lily?

– Não. – A garota respondeu. – Se você não atrapalhar...

– Não vou. – Dei de ombros. – Não vão nem perceber que estou aqui.

– Ok. – Ela pegou a guitarra. – Pronta, Claire?

– É, acho que sim. – Sabia que ela estava com vergonha por minha presença ali, mas não sai. Me sentei sobre uma das mesas, quieto.

– Muito bem. Vamos lá. – A garota acabou de se organizar e apertou o enter do computador.

Foi quando ela começou a cantar. Um leve tremor fazia a folha em suas mãos tremer. Mas ela não lia a letra. Tinha certeza que ela sabia aquilo de cor.

“ Yesterday,

All my troubles seemed so far away

Now it looks as thought they’re here to stay,

Oh, I believe

In yesterday”

Ela tinha a voz incrível. Era quase se aquela música fosse realmente dela. Será que ela já teve um “ontem”? Um em que ela não tivesse problemas.

Suddenly

I’m not half the man I used to be

There’s a shadow hanging over me

Oh, yesterday

Came suddenly

Uma sombra pairava sobre ela, daquilo não tinha dúvidas. Era quase palpável, aquela dor e sofrimento que a seguiam. Obscureciam seu sorriso.

Why she

Had to go I don’t know

She wouldn’t say

I said

Something wrong now I long

For yesterday

Ela provavelmente achava que parte de toda desgraça na vida era culpa dela. Não se pode culpar alguém por nascer, mas ela não enxergava aquilo.

Yesterday

Love was such na easy game to play

Now I need a place to hide away

Oh, I believe

In yesterday

Não pude evitar fitá-la enquanto ela cantava essa parte. Será que ela se escondia? Alguém provavelmente gostava dela. Até pouco tempo, achava que ela gostava de Derek e vice versa, mas descobriu que ele gostava de Kramisha.

Ela cantou as duas últimas estrofes de novo, de olhos fechados. Quis rir ao ver aquilo, mas fiquei quieto. Tinha prometido não atrapalhar. Lily apertou o enter de novo.

– Pronto. – Claire abriu os olhos, se virando para me ver. Dei um sorriso. – Deixa eu só ver se o som ficou bom.

A música tinha ficado ótima. Bati palmas de leve quando Lily começou a juntar suas coisas.

– Muito bom, querida. – Falava exatamente como tia Patti. Claire já a conhecera uma vez. Começou a rir.

– Obrigada, tia. – Sorriu. – Vamos?

– Claro.

– Tchau, Lily. Me manda depois?

– Como sempre. Tchau, gente. – Acenou para a garota ajoelhada, enquanto seguia a outra para fora da escola.

– Muito bom mesmo, Claire.

– Só quero ajudar. – Ela respirou fundo. – É bom se sentir útil de vez em quando.

– Claire... – Ela quase chorava. Era óbvio. – Não sei quem te disse que você não é útil. Recentemente, sua existência tem sido um dos únicos motivos que estou feliz.

– Por que?

– Não posso ficar feliz por ser seu amigo?

– Acho que pode. É meio imbecil, mas ok.

– Imbecil porquê?

– Nada. – Apontou para trás dele. – Seu ônibus.

– Ah. Tchau, Claire. – Dei sinal, acenando para a menina. Ela acenou de volta, indo para a casa de Derek.

~Flashback Off

Puxei a corda para dar sinal. O motorista parou o ônibus, me deixando descer. Fui direto para meu quarto, depois de cumprimentar tia Patti. Os garotos já tinham chegado.

Deixei o celular com o fone em cima da minha cama e fui tomar um banho. Tinha que descobrir o que eu queria dizer. Mas não faria aquilo naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Não, não curto muito Beatles u.u Mas essa é foda :3



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