Summertime Sadness escrita por Pacheca


Capítulo 12
Stand By Me


Notas iniciais do capítulo

Gente, custei mas apareci :3 Boa leitura ^^ Música do Oasis, Stand By me : http://www.youtube.com/watch?v=maTP315XZCQ



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POV Michael

Eu tinha escrito pra Claire, até que me lembrei que ela não ia mais ler. Rasguei a folha do caderno e a joguei na privada, dando descarga logo em seguida.

Se minhas contas estivessem certas, ela seria enterrada no domingo. Era quando sempre enterravam as pessoas. Mais 3 dias. Suspirei, saindo do banheiro e guardando o caderno.

Fui para a sala do meu próximo horário, me sentando no mesmo lugar de sempre, no fundo da sala. Peguei o caderno de novo, simplesmente por hábito.

A marca da carta anterior era visível na folha em branco, como um fantasma. Suspirei, arrependido. Afinal, eu tinha tantas cartas escritas que nunca seriam lidas.

Pedi um lápis emprestado para a menina sentada do meu lado e o passei por cima da folha, de leve. As palavras foram ressurgindo lentamente, se destacando contra o preto do lápis.

E então, Claire?

Espero que você esteja realmente melhor, porque se eu estiver fazendo tudo isso à toa, quando a gente se rever eu vou ter que chutar seu traseiro.

Acho que seu amiguinho achou sua justificativa bem ruinzinha... Sinceramente, eu também acharia, mas entendo. Acho que agora ele me odeia, no entanto.

Eu estou dentro de um banheiro agora por sua causa. De verdade, eu estou sentado numa privada, escrevendo feito uma adolescente bundona de filme escreve em seu diário, ouvindo Oasis. Não é nem um pouco animador.

Sério, nesse exato momento tá tocando Stand By Me, e a letra tá quase me fazendo chorar...quase, você sabe que eu não choro. Nem quando quero.

Me faça o favor de me mostrar que você está bem, senão vou ter que ir ai te bater...mas já falei isso.

É, aquela música tinha mexido com meu emocional, mas como sempre, não chorei. Não consegui. Devolvi o lápis e fiquei lendo a carta, várias vezes.

– Jehra? – O professor estava me encarando, com os braços cruzados. – Então?

– Preciso dizer que não ouvi uma palavra, senhor? – Cocei minha nuca, suspirando.

– Sei que não. Procure se concentrar.- E continuou dando sua aula, sem que eu prestasse atenção.

POV Lily

Pro inferno todas aquelas menininhas idiotas. A dois dias atrás, elas estavam se sentindo mal por terem sido más com Claire, e agora já estavam falando mal das roupas dela. Mas falavam da mecha de Derek como se não tivesse sido ideia dela.

Rabisquei a linha, ainda não estava bom. Eu precisava terminar aquela música logo, mas aquela frase estava dificultando. Nada parecia bom o suficiente.

Suspirei, coçando o olho. Nada dava certo. Nem mesmo a música. Eu já tinha brigado com minha mãe, de novo. Depois que fui pra casa dela ao receber a notícia de Claire, ela foi super bondosa. Mas depois voltou a falar que música era profissão de vagabundo.

Na hora do recreio eu terminaria aquela frase, decidi me concentrar na aula. Eu estava com fome e desanimada, mas precisava entender a matéria de física.

A concentração não durou mais de 5 minutos, quando comecei a escrever repetidas vezes no meu caderno, a mesma frase.

Choking on these words.”

E enquanto eu não terminasse a música, continuaria me engasgando nessas palavras.

POV Kramisha

Vi Derek chorando na biblioteca, mas não falei nada. Todo mundo precisa de um momento pra chorar em paz, sem ser confortado por palavras vãs e vazias.

Saí, voltando para a sala, mas a imagem dele naquele estado me perseguia. Não tive pena, sim compaixão. Eu sabia como doía perder alguém muito importante.

Já era a segunda vez que eu passava por aquilo. A diferença, é que na primeira, quando minha mãe morreu, eu me senti sozinha. Agora, Derek me ajudava, e eu tentava ajudá-lo.

A aula continuou lentamente, sem chamar minha atenção. Voltei ao esboço que eu estava fazendo. Aquele era um pouco mais difícil, já que eu não tinha um sonho no qual me basear, mas me parecia bom.

Derek sorriu pra mim pela janela. Sorri de volta, tentando mostrar que estaria ali para ele, se precisasse. Voltei a encarar o quadro branco, deixando-o ir.

Em poucos dias, aquilo tudo seria dado como acabado, mesmo se já tivéssemos ou não superado a perda. E ao menos uma última lembrança eu queria deixar, pra ela.

Eu provavelmente não era a única que tinha pensado naquilo. Conhecendo Lily, mais uma música secreta surgiria em seu caderno. E Michael também faria algo naquele caderno, só não sei o que. Me parecia que ele escrevia poemas.

Cada um tinha um jeito de se expressar. E aquele era o meu. O que eu mais gostava.

POV Carlotta

Cheguei com Keane, como de costume e fui para meu lugar. O ar na sala de aula estava um pouco estranho. Uma parte da turma parecia nem se lembrar do ocorrido com Claire, enquanto a outra estava extremamente melancólica.

E a parte melancólica também me parecia mais distraída. Ou ao menos, concentrado em outra coisa. Lily riscava o caderno furiosamente, enquanto Kramisha riscava uma folha de leve. Não vi Derek.

Pensei que o enterro seria em poucos dias. 3, pra ser mais exata. Talvez eu devesse dizer algo durante a missa, pedindo desculpas e agradecendo sua confiança.

Muita gente me chamaria de falsa e hipócrita. Mas eu saberia sempre minhas razões, então não me importaria muito com o que os outros dissessem.

Keane sorriu para mim durante a aula, me fazendo sorrir de volta. Ele estava claramente mais calmo desde minha carta. Genuinamente feliz. Eu devia saber que ele ficaria bem. Meu ursinho era forte.

Passei a pensar no que eu poderia dizer durante a missa, no domingo. Algo breve, mas sincero. A cada momento, me convenci mais ainda a realmente fazer aquilo.

Eu perguntaria o que Keane achava, e se ele concordasse, falaria. Não tinha nada a perder. Mas muito a fazer. Pedir desculpas, inclusive.

POV Keane

Carlotta parecia determinada durante a aula. Se eu a conhecia bem, e acho que conheço, ela ia me perguntar antes se a ideia era boa. E eu tinha a expectativa de que fosse mesmo uma boa ideia.

Vendo a movimentação de Lily e Kramisha,tinha alguma coisa a ver com Claire. Afinal, o funeral seria no domingo. Aquilo me deixou um pouco triste, mas afinal, era preciso.

Por alguma razão, os pais dela seriam enterrados no sábado, num túmulo longe do reservado pra ela. Ao menos era o que eu tinha ouvido. Me parecia um pouco triste, mas fazia sentido.

Pensei em Michael no banheiro, cantarolando Oasis. Stand By Me era alegre no ritmo, mas a letra me derrubou um pouco. Mas sinceramente, aquilo me ajudava a superar.

Não que ela tinha desistido, que ela se achava inútil, que ela tinha se matado. Mas a superar que ela não nos queria tristes e cabisbaixos. Ela não gostaria daquilo. Seria como falhar, mesmo depois de partir. De nos deixar.

Mas depois de ouvir a música, não consegui evitar escrever por toda minha mesa, a letra.

“So what’s the matter with you?

Sing me something new...

Don’t you know the cold and wind and rain don’t know

The only seem to come and go, away. ”

Era aquilo que eu queria que ela fizesse: ficasse ao meu lado. Mesmo que agora ela não pudesse fazê-lo fisicamente, se ela nos vigiasse, tudo ficaria bem.

Voltei a sorrir, encarando Carlotta. Ela me viu e sorriu de volta, ainda pensando em algo. Tomara que seja uma boa ideia, para eu poder concordar.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Um beijo ;*



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