(...)
– Com todo prazer! - ou melhor, com muito prazer. Peguei uma toalha seca e bati na porta. Ela abriu o suficiente para que conseguisse pegar a toalha e fechar rapidamente, mas eu não sou tão bobo assim. Abri a porta um pouco mais e entrei no banheiro.
– Ahhh! Não olha! - gritou Angel, colocando as roupas usadas dela em meu rosto. Como não sou tão tarado assim, fechei meus olhos quando as peças de roupa caíram, mas ainda havia uma em mim.
– Isso que estou sentindo na minha cara é um sutiã? - disse pegando na mão. E era.
– Não! - respondeu ela, tirando ele de mim. - Já pode olhar. - abri meus olhos e ela já estava envolta pela toalha que eu lhe trouxera. Fiquei quieto, apenas admirando o belo corpo que ela tinha: tudo em seu devido lugar.
– Cuidado para não babar, Brad. - disse ela, imitando o que eu havia dito quando estava apenas de toalha também.
– É, eu preciso ter cuidado mesmo. - vi que seu rosto ficou corado.
– Você fica linda quando está corada. - disse me aproximando, mas logo ela se afastou e saiu do banheiro.
– A tentativa foi boa, Bradley. - disse e subiu as escadas, me deixando com um sorriso bobo só de pensar nela.
Continuei a assistir atividade paranormal, até que ela desce, devidamente vestida com uma calça e regata.
– Jura que você está assistindo esse filme? - debochou ela.
– Por que? Nunca assistiu porque ficou com medo? - provoquei.
– Não. Nunca assisti porque sempre dormia na metade do filme. - respondeu como se não se importasse com minhas provocações.
– Aham, sei. Duvido que você não tem medo desse filme. - se eu conseguisse convencer ela a assistir, talvez ela ficasse com medo e me pedisse para dormir com ela, o que me daria uma grande vantagem.
– Não acredita? - assenti. - Então eu vou assistir só para provar que esse filme é retardado. - disse, deitando-se no outro sofá. Não acreditava que ela não tinha medo do filme. Ainda mais ela, que é toda delicada e sentimental. Talvez não tão sentimental como pensava.
O filme continuava e ela também, com a mesma expressão de sempre: deboche. E então percebi que ela estava quase caindo no sono. Senti meu coração acelerar quando via ela bocejar. Eu sei que é estranho, mas ela me lembrou um gatinho indefeso miando, até que ela fechou os olhos e dormiu. Nesse momento, tudo o que eu sabia era que o filme não me interessava mais. Tudo o que eu mais queria era observá-la pelo resto da minha vida. Desliguei a televisão e subi com ela no colo. Coloquei ela carinhosamente na cama. Eu sei que tínhamos combinado dela dormir no sofá, mas óbvio que era mentira minha. Apenas fiquei ajoelhado no chão, sentindo o ambiente calmo que estava a nossa volta.O silêncio era intenso e tudo o que se podia ouvir era sua respiração, tão calma quanto a de um bebê. Foi então que me veio o pensamento sobre meu futuro: eu e a Angel namorando; eu e a Angel noivos; eu e a Angel casados; eu, a Angel e nossos filhos. Tudo se resumia em apenas um sentimento: amor. Ela sempre foi a pessoa que eu mais gostei e tive amizade, mas desde crianças eu sabia que não era apenas amizade e, sim, um sentimento muito maior e perigoso.
Deitei-me no sofá, pequeno e desconfortável e adormeci, pensando em tudo o que vivi ao lado de Angel: amizade, brigas, intrigas, discussões, dor e amor. Após nosso beijo eu não sabia mais se éramos apenas meio-irmãos ou se havíamos avançado um estágio na nossa relação. Será que era somente eu que estava com essa dúvida? E agora? Somos apenas amigos ou mais que isso?