Fall In Love escrita por Lua


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Estou com uma pequena compulsão por oneshots :s entãooo, aqui vai mais uma do meu casal inusitado preferido.
Gente, essa é a fic mais clichê que eu já escrevi, eu não curto muito clichês, mas juro que amei escrever essa *u* só aviso que tá um pouquinho (só um pouquinho) dramático. Se quiserem música recomendo que ouçam Can't Help Falling In Love do Elvis Presley, pois essa one foi totalmente inspirada nessa música linderrima de morrer. E... ok, teve um pouco de participação de PS: Eu Te Amo e também de A Culpa é das Estrelas... Inclusive não resisti à cantada do coração partido s2
As partes em itálico são flashbacks.
Boa leitura ^^



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Não sei bem o que me levou à Virginia naquele verão, não sei mesmo. Talvez fosse a perspectiva das antigas emoções que vivi lá anos antes... Talvez fosse apenas isso. Só que quanto mais eu pensava no assunto, mais achava que “a perspectiva das antigas emoções” é que deveriam me afastar daquele lugar.

Não que minhas recordações de lá sejam ruins. Longe disso. Na verdade, algumas das melhores coisas da minha vida aconteceram ali, e esse é o problema. Voltar para a Virginia, para Mystic Falls mais exatamente, afloraria em mim certas lembranças de uma forma muito intensa e assustadora, e isso me causaria dor, pois eu jamais poderia revivê-las novamente. Eram memórias de uma época em que eu me sentia completo, mas agora eu era apenas uma metade. Metade de um marido, metade de um pai. A principal parte de mim havia partido.

— Já faz dois anos, Damon. — Stefan falou pra mim quando me telefonou. — Está na hora de começar a superar.

Respirei fundo.

— Como é que se supera a morte da mulher que se ama? — perguntei pra ele, no presente do indicativo, pois eu não tinha deixado de amá-la.

Queria que ele fosse um pouco mais rude comigo, alguma parte dentro de mim pedia pra que ele gritasse, dizendo pra eu acordar. Mas meu irmão era sempre compreensivo, difícil de perder a linha. E às vezes eu tinha inveja da capacidade dele de seguir em frente. Queria essa capacidade pra mim, queria muito, mas então eu me arrependia por desejar algo desse tipo, não podia deixar Bonnie e tudo que vivemos para trás.

— Pense no seu filho, Damon. Viajar vai fazer bem pra ele.

Olhei pela janela para o lado de fora da casa. Adam estava no quintal jogando hóquei com o filho do nosso vizinho. Seu cabelo escuro estava precisando de um corte, batia no queixo de tão comprido. Eu sabia que estava falhando com ele, como responsável e como pai, por isso o argumento de Stefan me convenceu.

[...]

— Tio Stefan disse que Caroline tem uma surpresa pra você. — Adam falou quando estacionei o carro em frente à casa do meu irmão.

— Aposto que tem. — murmurei pra mim mesmo, me perguntando se a loira teria arranjado mais um pretendente a futuro marido.

Nós descemos do carro e logo a porta da casa do meu irmão se abriu. Ele passou por ela, sorrindo. Depois veio Katherine, sua esposa, com minha sobrinha Sammy no colo, a qual eu só tinha visto algumas vezes desde que nasceu.

— Ei, garoto. — Stefan falou, bagunçando a cabeleira de Adam. — Esse cabelo é pra fazer cosplay do Johnny Depp?

— É pra eu ficar maneiro na minha banda. Papai vai me dar uma guitarra se minhas notas forem boas.

Meu irmão pareceu ficar contente com a resposta. Ele me ajudou com as malas e todos entramos. Fiquei no meu antigo quarto, que tinha ganhado uma pintura nova desde a última vez que estive lá. Deixei minhas coisas ali e fui ao quarto de hospedes que tinha sido arrumado para Adam.

— Quer ajuda com as malas? — perguntei entrando.

Adam era igual a mim na aparência, mas tinha os olhos de Bonnie. Não só isso, ele também tinha herdado dela o senso de organização e a inteligência, era demais autossuficiente para os seus dez anos, mesmo assim ele concordou com a cabeça, dizendo que queria minha ajuda e eu sabia que era por causa do pouco tempo que conversávamos.

— A tia Kath disse, — começou ele. — Que tem um lago muito bacana aqui perto. Posso ir lá?

— Não sozinho.

— Vem comigo, então?

Lembranças explodiram em minha mente.

Respirei fundo.

— Vou ver se seu tio pode ir com você. — falei.

[...]

Era uma tarde excepcionalmente quente, alguns dos nossos amigos haviam planejado ir ao lago para nadar um pouco, então Stefan e eu resolvemos ir também. Chegando lá percebi que a coisa estava um tanto mais agitada do que imaginei. Havia uma pancada de gente, Tyler Lockwood estava com o som do carro absurdamente alto e Klaus Mikaelson tinha pelo menos quatro caixas de isopor cheias de cerveja e gelo. Ou seja, tinham transformado tudo numa festa.

Pelo que me lembro, fiquei conversando com Tyler por um bom tempo. Ele estava se gabando por ter ganhado uma bolsa em certa universidade em função do seu talento no futebol e eu estava tomando uma cerveja, quando ouvimos uns gritos bem ao nosso lado.

Kol Mikaelson estava fazendo algazarra, era típico dele. Parecia que ele estava segurado uma garota no colo contra a vontade dela. Caroline Forbes estava gritando com ele para soltá-la e Stefan estava no meio da confusão por que estava ficando com Caroline na época. Eu cheguei mais perto da gritaria, apenas para prevenir que Stefan fosse querer tomar as dores que não eram dele.

— Me põe no chão, seu bêbado desgraçado! — a garota gritava.

Caroline perdeu a paciência e deu um empurrão em Kol, na tentativa de que ele soltasse a sua amiga, mas não foi isso que aconteceu. O Mikaelson perdeu o equilíbrio e caiu no lago, junto com a garota que ele segurava. Ele estava tão bêbado que foi Klaus quem teve que tirá-lo dali.

— Ah, meu Deus! Ela não sabe nadar! — Caroline falou pro meu irmão.

Mas segurei Stefan antes que ele entrasse na água. Pulei eu mesmo, nadei até a garota que se debatia e levei ela até a margem.

— Você está bem? — perguntei, tirando-a para fora da água.

Ela tossiu um pouco e acenou com a cabeça. Respirou fundo, como se para recuperar o fôlego, então olhou pra mim e sorriu.

— Obrigada. Muito obrigada por me ajudar.

— Por nada. — falei. — Aquele cara é um imbecil.

— É. — concordou.

Um silêncio se instalou, fiquei olhando-a por uns instantes, para o verde-escuro dos seu olhos. Nenhum de nós dizia nada, ela baixou o rosto, um pouco constrangida.

— Sou Damon. — falei. — Damon Salvatore.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Salvatore? Você faz justiça ao sobrenome.

Eu ri um pouco.

— Até que você tem senso de humor. — comentei, enquanto começávamos a andar de volta para onde a multidão estava. — E qual seu nome?

— Bonnie. Bonnie Bennett. — disse ela.

— Você não é daqui, né? Eu acho que reconheceria se fosse.

— Sou prima da Caroline, estou passando as férias de verão na casa dela.

— E o que está achando da cidade?

— Tirando essa ultima experiência desagradável?

— É. Tirando isso.

— Estava achando legal. — falou, então me olhou com um sorriso curto. — Mas acho que acabou de melhorar.

Nós conversamos o tempo todo pelo resto da festa e trocamos nossos telefones depois.

Eu nunca acreditei em amor a primeira vista. Acho que amor é como um prédio. Precisa de alicerces fortes, se constrói com o tempo e se não tiverem estruturas acabam caindo. Mas posso afirmar sem sombras de dúvidas que estava um pouquinho apaixonado por Bonnie quando ela foi embora da festa naquele dia. Por que outro motivo eu teria ficado louco pra encontrar com ela novamente o mais rápido possível? De qualquer forma, tenho certeza que foi ali que a construção do nosso prédio começou.

♪ Homens sábios dizem que só os tolos se entregam

Mas eu não consigo evitar me apaixonar por você

Devo resistir? Seria um pecado

Se eu não consigo evitar me apaixonar por você ♪

[...]

Quando descemos para a cozinha, Stefan estava ajudando Katherine pôr a mesa e Sammy estava brincando com alguma gororoba de cor verde. O cachorro do meu irmão entrou correndo nessa hora, era um labrador grande e brincalhão. Adam adorava animais e qual não foi a alegria dele ao ver que poderia brincar com um durante as férias.

— Pai, posso ter um cachorro? — perguntou durante o almoço.

— Não. — respondi mecanicamente.

— Por que não?

— Adam, você sabe que cuidar de um cachorro dá trabalho.

— Mas eu não me importo. Vou cuidar dele direitinho. Prometo.

— Adam...

— Por favor.

Suspirei pesadamente.

— Depois falamos sobre esse assunto.

Ele revirou os olhos.

— Você sempre diz isso, mas a gente nunca conversa de verdade!

— Adam, — minha cunhada chamou. — Quer ir comigo e com a Sammy ao shopping depois?

— Tanto faz. — ele murmurou baixinho, de cara emburrada.

O almoço continuou. Eu queria ter dito que ocorreu de uma forma normal, mas na verdade foi cheio de conversas forçadas. Meu irmão puxando assunto, acho que querendo me animar, ou que eu me abrisse, ou que eu voltasse a me socializar, no entanto, eu sempre lhe dava respostas curtas.

É verdade que eu tinha me afastado um pouco das pessoas depois que a Bonnie morreu, Stefan achava que eu estava me afastando porque estava entrando em uma depressão, mas na verdade foi por que eu precisava ficar sozinho com a minha dor, eu queria isso. Não precisava de pessoas me bajulando e mentindo, dizendo que tudo ia ficar bem, por que eu sabia que não ia.

— Eu liguei pra Caroline, ela vem te ver depois. — Stefan falou.

— Hm. — foi tudo que eu consegui responder.

— Ela tem uma coisa pra te dar. Uma coisa da Bonnie.

Eu me vi subitamente interessado na conversa.

— O que é?

— Uma carta.

— Uma carta? Bonnie me deixou uma carta? Por que só estão me dizendo isso agora?!

— Damon! — Katherine me repreendeu, indicando que eu tinha exaltado demais a voz e agora Sammy me olhava chorosa e meu filho me olhava um pouco assustado.

Respirei fundo, recompondo-me.

— Caroline vai te explicar tudo. — Stefan falou.

Então as conversas forçadas retornaram. Meu irmão perguntou como estava indo no trabalho, e eu respondi que estava muito bem, que tinha casos novos e coisas do tipo. Mas não tinha caso nenhum, tudo que tinha eram depoimentos para serem arquivados, mas respondi aquilo pra que ele não pensasse que eu estava improdutivo e forçasse ainda mais a conversa.

Depois de almoço, Katherine saiu com Sammy e Adam. Eu recusei o convite do meu irmão para assistir um jogo de hóquei, disse que tinha que analisar um processo e levei meu notebook para os fundos do quintal. Na verdade eu queria ficar sozinho e evitar perguntas sobre como estava lidando com as coisas ultimamente.

Eu estava certo sobre as minhas memórias naquele lugar. Cada centímetro dali me lembrava do meu passado com Bonnie.

[...]

Um dia após o episódio do lago fiquei impaciente comigo mesmo, olhando para a lista telefônica, me perguntando se deveria ou não deveria ligar para a casa da Caroline e pedir para falar com a prima dela.

Mas quando enfim decidi que, sim, deveria, o telefone tocou.

— Alô?

— Damon? — a voz de Bonnie chamou.

Eu sorri automaticamente.

— Oi, Bonnie, eu já ia ligar pra você.

— Bom, fui mais rápida, então.

— Só por causa disso, e por que sou cavalheiro, vou deixar você ser a primeira a falar.

— Então, ok. É que eu queria perguntar se você gostaria de ir ao cinema comigo.

O sorriso no meu rosto aumentou ainda mais.

— É que a Caroline vai lá com o seu irmão. Ela me convidou, mas eu sei que ela fez isso mais por educação, pra não me deixar sozinha.

— Ah, — falei. — Então você me convidou pra não segurar vela sozinha.

— Mais ou menos.

— Eu tenho uma ideia melhor.

— E qual é?

— Tem uma banda bem legal que vai tocar no Grill hoje, por que a gente não vai lá ouvir música e comer alguma coisa?

— Isso me parece um encontro.

— É, parece.

— O que acontece se eu aceitar?

— Vai acontecer o que eu falei: a gente vai ouvir música e comer alguma coisa. Só não me responsabilizo por efeitos colaterais.

Ela riu um pouco do outro lado da linha antes de responder:

— Ok, nos vemos lá às 19:30.

Nada efetivamente sério aconteceu naquela noite. Digo, nada do tipo “beijos e pegação”, mas ainda assim foi uma noite que cooperou no alicerce do nosso prédio.

O primeiro fato que, acredito eu, cai bem melhor à colocação “efetivamente sério”, aconteceu em uma tarde chuvosa, foi o nosso primeiro beijo.

Stefan tinha convidado Caroline para vir a nossa casa assistir um filme e ela trouxe Bonnie. As garotas queriam ver um de mulherzinha, enquanto meu irmão e eu queríamos assistir A Volta dos Mortos Vivos. No fim acabamos colocando um do James Bond.

— Onde estão a minha prima e o seu irmão? — Bonnie perguntou na metade do filme, notando que os dois haviam sumido.

— Não vai querer saber. — respondi.

Ela fez uma careta e nós acabamos rindo.

— Não estou muito a fim de assistir isso. — falei.

— E o que quer fazer então?

Olhei pra ela, um pouco mais sério do que eu gostaria.

— Queria beijar você. — confessei.

Bonnie corou timidamente e mordeu o canto do lábio inferior um tanto nervosa.

— A gente está se encontrando a semana inteira, — ela começou. — Eu estava começando a perguntar quando você ia fazer isso.

— Então eu posso?

— Só queria avisar que, mesmo não querendo, eu tenho um talento nato pra partir corações.

— Ah, eu não ia me importar, Bonnie. Seria uma honra ter o coração partido por você.

Então eu aproximei meu rosto do dela e tomei seus lábios nos meus. Foi um beijo calmo e urgente, quente e intenso. Podia sentir cada batida que o coração dela dava. As famosas borboletas estavam se agitando em meu estômago.

♪ Como um rio que corre diretamente para o mar

Querida, algumas coisas estão destinadas a acontecer

Pegue minha mão, pegue minha vida inteira também

Pois eu não consigo evitar me apaixonar por você ♫

Bonnie nunca partiu o meu coração e quando o verão terminou eu estava irremediavelmente apaixonado por ela. Assim que recebi as cartas com propostas das universidades, escolhi fazer Direito na Columbia University só para poder ficar perto dela em Nova Iorque.

Têm homens que ficam com muitas mulheres erradas antes de encontrarem a certa. Têm aqueles que nunca a encontram. Eu tive sorte, meu primeiro amor me trouxe Bonnie, e não poderia haver ninguém mais certo que ela pra mim.

Tudo acorreu bem depois disso. A gente se formou, moramos juntos, acabamos nos casando, tivemos um filho. Eu estava vivendo um Conto de Fadas, mas deveria saber que finais felizes só acontecem em livros.

Eu nunca vou esquecer como aconteceu.

— Adam, você vai se atrasar pra escola. — Bonnie gritou.

— To indo, mãe. — respondeu ele do quarto.

Bonnie estava na cozinha, tirando a louça do café da manhã de Adam quando a abracei por trás, dando um beijo em sua nuca. Ela sorriu e ficou de frente pra mim.

— Já falei que te amo? — perguntei.

— Hoje ainda não. — respondeu.

— Eu te amo. — sussurrei contra sua boca.

Ela me beijou, passando os braços em volta do meu pescoço enquanto eu colocava as minhas mãos por dentro da sua blusa, subindo em direção ao seu sutiã. Bonnie arfou quando lhe toquei os seios e começou a passar as mãos no meu tórax, desabotoando os botões da minha camisa. Eu dei impulso para que ela sentasse no balcão da cozinha e assim ela fez, enlaçando as pernas ao redor da minha cintura, apertando sua intimidade contra a minha.

— Argh! — a voz infantil de Adam falou.

Bonnie separou o rosto do meu bruscamente.

— Vai pro carro. — falei pra ele, que saiu dali num piscar de olhos.

— Você não tem jeito. — Bonnie riu.

— Como se você não estivesse gostando. — falei, ajudando-a a descer do balcão.

Percebi um leve desequilíbrio dela ao descer, como se estivesse ficado tonta ou algo assim.

— Tudo bem? — perguntei.

— Tontura. — ela falou.

— Tem certeza que é só isso?

— Tenho, talvez seja um novo bebê.

— Não me surpreenderia se fosse, você anda insaciável.

Bonnie me olhou boquiaberta.

— Eu?

Eu ri e lhe dei um beijo na testa, depois abotoei minha camisa para ir levar Adam ao colégio, mas quando dei as costas para sair da cozinha, ouvi um baque no chão.

Adam não foi à escola naquele dia, mas Bonnie foi ao médico.

Um exame básico disse que ela estava com anemia. Nós fomos pra casa e ela ficou fraca tomando vitaminas pelo resto da semana, mas não melhorou. Depois de uma bateria de exames médicos veio o resultado certo: Bonnie estava com leucemia.

Apesar de os doutores terem dito que seria difícil os tratamentos darem bons resultados, devido ao caso dela estar em um estado grave, Bonnie quis fazer os tratamentos. Mas, bem, nos já sabemos o fim dessa história.

Em uma das vezes que passei a madrugada no hospital devido a algumas das crises de Bonnie, o médico me disse que ela teria pouquíssimo tempo, não havia nada mais a se fazer.

De maxilar travado, entrei no quarto da UTI para vê-la.

Minha Bonnie, minha saudável Bonnie estava irreconhecível. Tão pálida, tão magra, de cabelos tão curtos, cheia de tubos e seringas. Fiquei ao lado da maca e segurei sua mão. Esperava que, se ela estivesse dormindo, sentisse que eu estive ali, que estaria com ela pra sempre.

— Damon. — ela sussurrou.

— Sou eu. — respondi, agradecendo por ela estar de olhos fechados e não ver as lágrimas molhando o meu rosto. — Eu te amo.

— Eu também te amo. — respondeu tão baixo que não sei se ouvi aquilo mesmo ou fantasiei. — Eu estou pronta, amor. Estou pronta para partir. — disse ela.

Eu reprimi um soluço. Queria dizer que não estava pronto para perdê-la, mas não fui egoísta a esse ponto. Não poderia pedir pra ela ficar, não quando isso significava prolongar o sofrimento dela aqui. A doença a estava consumindo todos os dias. Isso me deixava destruído, me sentia tão impotente sem poder fazer nada.

Bonnie morreu naquele dia.

Eu não sei bem como reagi à noticia, só sei que precisei ser sedado. Quando acordei, estava numa maca, Stefan estava ao meu lado, com olhos vermelhos e o rosto inchado.

— Não. — falei.

— Sinto muito. — ele disse.

— Não. — murmurei de novo.

Tinha um nó do tamanho do mundo na minha garganta, eu queria gritar, mas aquele nó não deixava. Então eu chorei. Chorei de dor, de ódio, de raiva, de saudade, de amor.

— Por quê? — solucei. — Ela não merecia isso! Por quê, Deus?! Por que está fazendo isso comigo?! Ela não merecia! Se queria me castigar por algo que fiz, que matasse a mim! Mas por que teve que levar ela? Por quê?!

Eu acho que fiquei fora de controle, por que me lembro de ter sido sedado outra vez.

[...]

— Damon. — Caroline me chamou.

Eu imediatamente fiquei de pé, louco para pegar logo a carta que Stefan tinha falado.

— Estou aqui.

Ela se aproximou, vacilando um pouco em cima do salto agulha.

— Que bom que veio. — falou me abraçando.

— Stefan me convenceu.

A loira olhou um pouco em volta, acho que se lembrando do passado, pois vi os olhos dela marejarem por alguns instantes.

— O que será que ela diria se soubesse que estou prestes a casar pela quarta vez?

— Diria pra você tomar um rumo na vida, mas depois iria querer saber de todos os detalhes.

Ela acenou com a cabeça, dando um sorriso que não chegou aos seus olhos.

— Essa era a árvore de vocês? — perguntou, apontando uma árvore onde antes eu estava sentando de baixo.

— Uhum. — respondi, mostrando uma parte do tronco onde eu tinha usado uma faca para escrever “Damon e Bonnie ♥ Amor Eterno”.

Caroline mexeu um pouco na bolsa e tirou de lá um envelope branco, que eu segui com os olhos enquanto ela falava.

— Acho que Stefan te contou sobre isso. — disse, entregando-me nas mãos.

— Sim, — respondi, meu coração errou uma batida quando toquei nele. — Por que demorou tanto pra me entregar?

— Bonnie pediu pra eu te dar isso quando você voltasse aqui, mas ela queria que você voltasse por vontade própria. E se eu falasse...

Eu acenei com a cabeça, ainda com os olhos grudados no envelope.

— Bom, — disse Caroline. — Acho que vou te dar um pouco de privacidade agora.

— Obrigado.

Quando ela saiu, eu sentei de volta em baixo da árvore em que estava. Respirei fundo antes de abrir a carta e lê-la. Meu estomago estava revirando quando vi a letra de Bonnie no papel. Um pouco torta e desregulada, mas ainda sim a letra dela. E o papel tinha um cheiro leve de sândalo, do perfume que ela usava.

Oi, meu amor.

Se você está lendo isso, significa que eu já parti.

Eu queria te escrever uma carta grande, com declarações enormes e juras de amor. Mas não tenho tempo, pois você já vai voltar. Você foi comprar pudim de leite pra mim na lanchonete do hospital. De qualquer forma, é melhor que eu diga logo o que desejo.

Eu sei que falar pra você não chorar por mim não vai adiantar. Sei que também não vai adiantar eu dizer pra você superar. As coisas não são tão fáceis assim.

Mas, meu amor, eu tenho que te lembrar: sou apenas um capitulo no livro da sua vida. Você ainda tem muitas páginas a preencher, muitos capítulos a escrever. Você ainda está vivo.

Me concederia um último pedido? Então lá vai: viva.

Por mim. E se não puder fazer por mim, faça por Adam, ele que é uma mistura de nós dois. Ensine o nosso menino a ser o cavalheiro que você é.

É esse meu último pedido.

Viaje. Namore. Case do novo. Seja feliz, meu amor. Seguir em frente, não significa que você vai me deixar pra trás, ou esquecer de mim. Significa que você está vivo.

Como eu disse, queria poder escrever mais, só que você já está chegando, então meu último recado termina aqui.

Com carinho, Bonnie.

PS: Eu te amo.

Abracei aquele pedaço de papel tão valioso contra meu peito. Eu estava chorando só de ter uma última recordação de Bonnie comigo.

— Vou me esforçar, meu amor. — sussurrei. — Vou me esforçar pra realizar seu último pedido.

Juntei meu notebook e entrei na casa do meu irmão, procurei por ele e o encontrei na sala.

— Katherine já chegou com as crianças? — perguntei.

— Já, sim.

— Onde Adam está?

— No quarto.

Eu corri para cima e entrei no quarto do meu filho sem bater. Abracei ele forte, como se fosse a primeira vez que o visse depois de anos.

— Pai, o que houve?

— Nós vamos sair. — falei pra ele, colocando um boné em sua cabeça, pois fazia sol.

— Pra onde?

— No pet shop, comprar aquele cachorro.

— Sério? — perguntou, os olhos dele estavam brilhando.

— Seriíssimo.

— Obrigado, pai.

Ele abraçou a minha cintura com força e deu o maior sorriso que eu já vi na vida. E aquele sorriso não era só dele, era um pouco de Bonnie também.

— Vamos logo, antes que a loja de animais feche. — ele falou me puxando pela mão.

Eu deixei ele me guiar. Depois de tanto tempo eu finalmente estava me permitindo começar a viver de novo.


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Notas finais do capítulo

Não está tão emocionante como eu gostaria que tivesse ficado, mas é só isso mesmo. Eu sou humilde, não queria fazer vocês chorarem, sacomé '-'
Alguém leu? Que tal um review?