90 Dias escrita por Gaby Molina


Capítulo 1
Capítulo 1 - Angie


Notas iniciais do capítulo

Olááá :33 Mais uma fic minha para vocês... Espero que gostem! Eu adoraria saber o que estão achando ♥
Tipo... Adoraria MESMO.



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So hold on

Hold on to what we are

Hold on to your heart.

— Your Bones, Of Monsters and Men

Meu querido nome é Angie Brooks. [Tá, Jem, eu sei que é "Angeline", mas eles não precisam saber. Quero dizer, quem está ouvindo essa fita, idiota. Agora cale a boca].

Desculpem por isso. É só o idiota do Jem. Ah, quem é Jem? Estou me precipitando um pouco na história.

Por que estou gravando isso em fitas cassetes? Oras, elas são muito mais legais do que CDs, ou sei lá. Vocês vão entender por quê.

A história começa no último ano do colegial em Phoenix, Arizona. Faltavam três meses para a formatura quando eu me mudei.

Se mudar da cidade onde você passou toda a sua vida escolar, três meses antes de ela acabar — logo quando começam todas as preparações para a formatura e a nostalgia — é uma definição alternativa para inferno.

Ah, Phoenix! [suspiro] Há três palavras bem simples para definir a capital de estado mais populosa dos Estados Unidos: Inferno. Desértico. Lotado.

O caso é que a cidade realmente ficava bem no meio de um deserto, o de Sonora, o que rendia o clima agradável do inferno.

Mas, aparentemente, o município de Mendocino, na Califórnia, não era interessante o bastante para meu pai, Dean Brooks, um jornalista. Então tive de largar o lugar e todos os meus amigos, com quem eu crescera e vivenciara tudo, além de um namorado há quase dois anos, para me enfiar na aventura mágica de viver no Arizona.

— Você pode me dizer, de novo, qual foi o motivo da mudança? — encarei meu pai.

— Angie, você ainda está de pijama! A escola é em meia hora! — ele me censurou, ajeitando os óculos de grau. — E eu já disse. Estamos procurando um cenário diferenciado.

— Por que aqui?

Dean sorriu.

— Tenho essa sensação de que você vai gostar daqui.

— Tenho essa sensação de que você está errado.

— Três meses.

— O quê?

— Vamos fazer um acordo. Você tem três meses para me dizer se gosta daqui ou não. Se em 90 dias, logo depois da formatura, você decidir que prefere voltar para a Califórnia, eu inclusive te ajudo a fazer as malas.

— Está falando sério?

— Temos um acordo?

Tentei não expressar o quanto estava animada.

— Tá, agora dá o fora porque eu quero me vestir.

Ele o fez, ainda me fitando como se soubesse de algo que eu não sabia. Abri meu armário e peguei a primeira roupa que vi: uma blusa regata clara, shorts jeans e tênis Converse de cano médio.

Fitei-me no espelho. Meus olhos azuis escuros me fitavam de volta, e percebi que minha testa estava franzida involuntariamente. Penteei meus cabelos dourados com um pente e obriguei-me a passar rímel.

Não exatamente um visual típico de primeiro dia em uma escola nova, mas era tudo só temporário, então quem ligava?

A ideia me fez sorrir. Em três meses, voltaria. Veria todo mundo de novo. Bem, não é como se eu estivesse animada para ver todo mundo...

Afastei-o de minha mente. Era inútil.

Em cinco minutos, estava no banco do passageiro da picape que meu pai havia alugado. Era meio velha, mas ao menos funcionava. Ele fazia questão de me levar à escola no primeiro dia, e como o lugar ficava a uns 20 minutos de casa, era provavelmente a melhor opção.

Com a mudança e tudo, tive que chegar à escola antes da aula começar, a fim de pegar meu horário e preencher uma papelada.

Muita diversão.

— Angeline Claire Brooks? — a diretora Price me fitou por cima dos óculos meia-lua.

— Eu mesma.

— Mendocino, Califórnia?

— Isso aí.

— Filha de Dean e Silvia Brooks?

— Qual é o ponto dessas perguntas? Descobrir se eu sou uma alienígena disfarçada? — ergui uma sobrancelha. A mulher continuou me encarando. Suspirei. — Sim, filha de Dean e Silvia Brooks.

— Muito bem. Srta. Brooks, infelizmente, todos os armários estão ocupados.

— Legal.

— O que quer dizer que a senhorita vai ter de dividir um.

— Se a senhora puder apenas me dizer o número do armário, seria ótimo.

— 137.

— Quem é meu parceiro de armário?

— A garota que estará abrindo o armário 137.

Revirei os olhos.

— Obrigada pela grande ajuda. Eu não fazia ideia.

Pude ver que ela não gostou do sarcasmo, mas não disse nada sobre isso. Então apenas fui até o armário 137 e fiquei ali parada durante quarenta minutos até uma garota finalmente gritar comigo:

— Ei, sai daí, cachinhos dourados.

O que não era nem um pouco justo, já que meu cabelo não era cacheado. Era um pouco ondulado nas pontas, mas não cacheado.

— Essa é autêntica. Devo ter ouvido só umas 397 vezes — virei-me para encarar a garota. Era mais alta do que eu, uns sete centímetros, o que também não era grande coisa, já que eu tinha 1,63m de altura. Metade de seu cabelo castanho-claro ondulado estava coberta por um chapéu, e ela usava óculos Rayban de grau.

— Você pode só sair da frente do meu armário? Obrigada.

— Na verdade... Ér, eu sou nova na escola, e não tem mais armários disponíveis, então a diretora disse que eu teria de dividir um com você.

Ela riu um pouco.

— Prefiro morrer.

— Quer uma faca?

Ela revirou os olhos.

— Qual é seu maldito nome?

— Angie Brooks.

— Você não é daqui, é?

— Nem pensar. Califórnia.

— Imaginei. Ah, as californianas louras e burras.

— Ah, as arizonenses que julgam muito as pessoas.

A garota sorriu levemente.

— Meu nome é Cassandra Patricia Wittson, mas você pode me chamar de Cassie — o sinal tocou quando ela falou a última palavra. — E você está atrasada.

Saí correndo.

— É para o outro lado!

Saí correndo para o outro lado.

Cheguei à aula de Inglês por um milagre. Bati na porta. Um homem alto, com não mais do que 23 anos, a atendeu. Possuía cabelos pretos e pele muito clara. Usava roupas sociais.

— Posso ajudá-la?

Em resposta, entreguei-lhe o papel da transferência.

— Muito bem. Seja bem vinda à classe, Angeline.

— Angie — falei baixinho.

— Angie — ele repetiu, sorrindo levemente. — Eu sou o sr. Harris. Temos uma cadeira vazia na penúltima carteira da quarta fileira.

E lá me sentei. Percebi que Cassie entrou atrás de mim. O sr. Harris apenas continuou a falar. Não pediu que eu me apresentasse nem nada, coisa que agradeci.

— Tenho más notícias, turma — ele se virou para os alunos, mordendo o lábio. — O Governo de Estado do Arizona cortou metade das verbas públicas para as escolas, o que quer dizer que... Não temos dinheiro para a viagem de formatura.

— Está brincando comigo — Cassie bufou.

— Eu queria muito estar, srta. Wittson.

Os murmúrios baixos se transformaram em um coro de indignação.

— Mas — continuou ele. — não podemos desistir. Como tutor de vocês, eu digo que vamos arrecadar a grana.

— Como espera que arrecademos mais de mil dólares? — perguntou um garoto no fundo.

— Isso, sr. Youth, é exatamente o que eu estava prestes a perguntar aos senhores. Ideias?

Escrevi Banda no meu caderno, mas não disse nada.

Essa ideia é, na verdade, muito boa — disse uma voz atrás de mim. — Você não vai falar nada?

Virei-me quando um garoto rasgou a folha do meu caderno, pegando a sugestão. Seu cabelo castanho estava levemente arrepiado, e seus grandes olhos castanhos me fitavam.

— Não.

— Bem, deveria. — ele deu de ombros.

— Por que você não fala?

— Porque não roubo as ideias de garotas alheias.

— Tudo bem, então.

Ele abriu um leve sorriso.

— Você não vai implorar nem nada?

— Eu nunca faço isso.

Nunca. Palavra forte. Você não assistiu Peter Pan?

— Está falando sério?

Ele parecia estar se divertindo.

— Sou o Jem, falando nisso,

— Legal — e virei para frente novamente.

Fiquei desenhando a aula inteira, admito.

— Então é isso. Venda de bolinhos no Sábado, na Reunião de Pais — decidiu o sr. Harris. — Conto com todos vocês. Já é um começo. Temos só 90 dias, pessoal. Isso é sério.


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