"I always say how I don't need you

But it's always gonna come right back to this

Please, don't leave me"

– P!nk

Começamos a caminhar alguns minutos pelo parque, simplesmente observando os brinquedos, quando encontramos Liam e Juliet fazendo o mesmo que nós, apenas andando.

– Val - minha amiga disse se aproximando de mim sorridente e puxando o pulso de Liam para que o rapaz acompanhasse-a. Vi de soslaio Zach sorrir para o amigo, que deu de ombros e riu. Começamos a andar nós quatro, um ao lado do outro e quando nos deparamos com uma enorme construção horripilante Juliet disse:

– Vamos no trem fantasma? - seu tom de voz tava muito mais animado do que eu desejava. Nunca gostei daqueles tipos de brinquedos, que nos dão sustos quando estamos menos preparados, mas não teve como dizer não, pois Zach me olhou com enormes olhos pidões, praticamente implorando para irmos nós quatro.

– O que eu não faço por amigos - disse bufando e Juliet riu como resposta puxando Liam mais uma vez pelo pulso construção a dentro.

Zach seguiu os dois e eu fiquei mais alguns segundos do lado de fora, apenas observando o brinquedo. Era um hotel de quatro andares, com janelas quebradas, de dentro delas saiam sons estranhos e luzes fantasmagóricas piscavam. Pude jurar ver um vulto se mexer dentro de um dos quartos. O que me fez um arrepio crescer pela espinha e ir correndo atrás de Zach.

Ele me esperava na frente de um carrinho de três fileiras, para duas pessoas cada fileira. Liam e Juliet já estavam sentados no carrinho, minha amiga parecia estar ligada na tomada 220, batendo palma, pulando no mesmo lugar, rindo a toa e Liam simplesmente ria dela, achando graça de tudo que a morena fazia.

– Não vai entrar, Val? - Zach perguntou e eu tive que piscar algumas vezes para voltar a realidade. Mordisquei o lábio e entrei no carrinho. O homem que estava fantasiado de zumbi verificou se as portinhas estavam fechadas direito e apertou o botão para que o carrinho começasse a andar.

Eu apenas conseguia ouvir a minha própria respiração e o irritante barulho do carrinho. Eu não enxergava absolutamente nada, pois estava tudo escuro.

E então de repente o carrinho caiu alguns metros, o que me causou uma enorme formigamento nos dedos e um grito saiu de minha garganta. Não estava esperando aquela pequena queda, pois não estávamos na montanha russa de novo.

– Está tudo bem? - Juliet perguntou começando a rir. Uma luz vermelha e fraca piscou acima das nossas cabeças e eu comecei a apalpar a trava que estava sobre meu colo atrás de Zach, em busca de proteção e ao encontrar sua mão segurei-a.

– Sim - disse e então vi a pequena luz vermelha ficar mais forte, até iluminar todo o quarto onde estávamos, o carrinho andava tão devagar que me dava sono, mas assim que vi uma mesa de madeira no centro da sala tive uma enorme vontade de sair correndo. Atrás da mesa havia uma porta e de repente, sem nenhum aviso prévio ela se abriu revelando um homem todo deformado com uma faca na mão.

O carrinho simplesmente parou nessa hora e eu apertei fortemente a mão de Zach, que entrelaçou nossos dedos, mas meu medo era tão grande que ignorei aquele fato. O homem prendeu a faca na mesa, o que fez um enorme baque, e nos olhou mortalmente. Aquilo não era um boneco!

– Saiam da minha casa! - ele gritou e o carrinho começou a andar novamente. Meu coração estava tão acelerado que eu pensei que ele iria saltar da minha boca.

Novamente tudo ficou escuro quando o carrinho saiu de dentro da sala, mas não demorou muito para que outra luz focasse o lugar onde estávamos, me mostrando um quarto, muito mal cuidado, cheio de teias de aranha, um cheiro insuportável de mofo e uma cama enferrujada talvez dos anos trinta. Uma garota estava deitada na cama e eu já imaginei que ela iria começar a gritar conosco, ou começar a nos perseguir. Mas ela simplesmente começou a levitar, e quando o carrinho ficou de frente para a cama a garota se contorceu inteira, sendo possível ouvir o barulho de seus ossos quebrarem.

Arregalei os olhos e o carrinho voltou a andar e voltamos para um corredor escuro. Senti o bafo de Zach próximo de meu pescoço e me arrepiei por inteira.

Mordisquei o lábio e virei meu rosto, mesmo sabendo que não iria enxergar muita coisa. Consegui por sorte ver o brilho de seus olhos e uma breve imagem de seu sorriso. Ele estava tão lindo daquele jeito, quer dizer, na minha cabeça estava, pois não conseguia ver absolutamente nada.

– Está com medo? - ele sussurrou e eu me arrepiei ao ouvir sua voz, apertei mais sua mão e respirei fundo. Entramos mais uma vez em outro como, agora eu conseguia ver todo o rosto de Zach, graças a claridade, mesmo sendo pouca. Estávamos em uma cozinha mal cheirosa, mas não consegui reparar em seus detalhes, pois meus olhos não saiam dos dele.

Balancei a cabeça negativamente e sorri, tentando acreditar naquele absurdo. Vi Zach rir e olhar ao redor, mas eu não consegui parar de olhar, o que estava me deixando irritada.

Olhei em volta, tentando ver o que estava acontecendo e vi uma garota cortando seus próprios dedos e braços, o que me deu nojo não medo. Ela olhou para nós e sorriu maligna, mas eu sabia que era apenas um boneco.

Voltei bruscamente meu rosto para a direção do rosto de Zach, e senti meus lábios colidirem com os dele, junto com meu nariz, o que me deu uma leve dor no local.

Ao sentir seus lábios fechei os olhos e uma corrente elétrica percorreu todo meu corpo. Ficamos com os lábios simplesmente colados por alguns e perfeitos longos segundos, até sentir a luz apagar mais uma vez e voltarmos para um corredor escuro.

Me afastei de Zach arregalando os olhos e bati em seu rosto com a mão espalmada. O barulho de minha mão atingindo seu rosto deve ter chamado a atenção do casal da frente, pois ouvi Liam perguntar se estava tudo bem.

Zach resmungou um sim e eu quis rir, pois devia ser uma cena engraçada de se ver.

– Por que fez isso? - ouvi seu sussurro. Ainda estávamos em um corredor escuro, e nossas mãos ainda estavam entrelaçadas. Minha mente simplesmente se desligou e eu fechei os olhos colando meus lábios nos dele mais uma vez, mas dessa vez nos beijamos de verdade.

Meus lábios estavam entreabertos, os dele também. Desapertei sua mão, deixando apenas nossos dedos entrelaçados. Minha mão livre involuntariamente subiu até sua nuca, e nossas linguás começaram a se enrolar e duelar em uma batalha sem vencedores.

Ficamos daquele modo por um tempo que decidi ignorar, apenas desfrutando do delicioso gosto dos lábios dele, da macies de seus cabelos e dos sorrisos que Zach dava alguns segundos, quando respirávamos.

Quando o passeio pelo trem fantasma acabou, ouvi o barulho da movimentação do parque, o que me fez afastar meu rosto do de Zach e morder fortemente meu lábio, saindo rapidamente do carrinho, assim que o mesmo parou. Juliet e Liam desceram ao mesmo tempo que Zach e eu fiquei esperando os três na porta de saída do brinquedo, nervosa, sem saber onde colocar as mãos ou para onde olhar.

– Eu simplesmente adorei! Foi super assustador! - Juliet disse começando a rir e vindo até mim, esperando uma resposta.

– É, realmente assustador - disse distraida com o olhar confuso que Zach me lançou, ao sair de vez do trem fantasma.

Caminhei ao lado de Juliet, que parecia encantada com o parque de diversões. Eu não conseguia parar de olhar para as costas de Zach, que andava a poucos metros de distancia de mim, conversando algumas horas com Liam, que assentia e concordava com ele dependendo do assunto.

– Gente, finalmente achei vocês! - ouvi a voz de Nathan o que me fez desprender os olhos das lindas costas de Zach e olhar para o loiro, que estava acompanhado de Harold, Gabriela e Leonard.

Estávamos todos parados na frente de um poste, onde além de emitir luz tinha uma caixa de som pendurada e da caixa de som consegui ouvir a musica Please Don't Leave Me da P!nk. Balancei lentamente conforme a batida da musica e sorri para meus amigos. Abracei meu corpo sentindo o vento bater contra ele.

Olhei para os outros e suspirei, sentindo os olhos de Zach sobre mim.