- Brendon, só mais uma pergunta....- uma jornalista qualquer se levanta no meio de vários fotógrafos.Brendon revira os olhos, demonstrando seu cansaço.Acenou levemente com a cabeça e soltou mais uma de suas frases sarcásticas:
          - A senhorita? Não, eu acho que a política é importante e a Aids deveria ser tratada mais seriamente... Não é esse tipo de pergunta que você faz?- Brendon sorriu e todos que estavam lá riram.
          - B-bem n-na verdade... -a jornalista foi encarada por todos - Eu queria saber se o seu coraçãozinho tem dono?Ou seja, está apaixonado?- ele sorri triunfante ao ver que Brendon fez uma expressão triste ao ouvir a pergunta.     
          Nervoso e hesitante, Brendon não sabia o que dizer e saiu correndo sem falar nada. Esbarrando em vários corpos antes de chegar ao seu carro, Brendon continuou até que estivesse bem longe da mídia.

[Horas depois]

         Seu celular tocou várias vezes, em vão. Brendon não atendeu. Até que o nome que piscou incansavelmente na tela foi “Ryan Ross”. Brendon escutou o toque do celular se repetir, um toque especialmente reservado á toda ligação que este fizesse.

             “But there’s something about us
              I want to say
              ‘Cause there’s something between us anyway…”
              I might not be the right one
              It might not be the right time
              But there\'s something about us I\'ve got to do
               Some kind of secret I will share with you….”     
                                    (something about us- daft punk)

         Lágrimas escorreram pelo rosto triste do Brendon, e sabendo que não deixaria de atender ao telefonema do Ryan, pegou rápido o telefone no bolso, ativando o viva-voz, para que a voz terrivelmente encantadora ressoa-se pelo carro frio.
         - Ry, não quero ter que dizer porque—
         - Bren, você está bem? Pensei que estivesse passando mal, porque você não me ligou até agora?Onde você está?-Ryan disse rápido e tenso.
         Com a voz chorosa e pesada, Brendon respondeu:
         - Ry, eu... eu...
         - ....
         - ....
         - Você não quer falar sobre isso não é? Eu entendo respeito isso. Mas nunca mais me assuste assim, porque eu... Bren, eu...
       - Eu estou naquele lugar... -dizendo isso, Brendon desligou o telefone.
         Nunca os dois conseguiam terminar as frases. Mesmo querendo dizer a mesma coisa, eles indiretamente achavam que o outro não corresponderia. Brendon queria ficar com Ryan, andar de mãos dadas enquanto eles diziam bobeiras amorosas quaisqueres.Querer ás vezes não significa ter.
        
         Ryan estava noivo.
[...]
         “Eu estou naquele lugar...”
         O coração de Ryan passou a bater mais forte por ele saber qual era “aquele lugar”. Lembranças voltaram e tomaram o pensamento de Ryan enquanto ele corria até o carro, rumo àquele banco daquele parque em Las Vegas.

(flashback)
         Um garoto de dez anos corre alegremente entre as tulipas, atrás de borboletas que reluziam suas cores em seu rosto. Ele não parava de sorrir até que percebeu a ausência de seu amigo, Brendon.
         - BREN!!!!!!!!-ele acenou alegremente para um garoto cabisbaixo, que estava sentado em um banco branco.Ele rapidamente levantou a cabeça e deu um leve sorriso. Levantou-se e limitou-se a andar calmamente até o amigo. Queria continuar a ver aquela cena, pois acalmava seu coração perturbado.
         - Oi. -ele disse
         - Oláááááá, Bren....-Ryan sorriu, bobo.Abraçou o amigo e antes de deixa-lo tentar falar saiu correndo, puxando sua mão, ao longo do campo de tulipas.Até que os dois cansaram e caíram exaustos no chão, lado a lado.
         Longos minutos passaram até que desajeitado, Ryan se levantou e de repente(n.a:sentiu a dedo da autora?xD) tropeçar e cair sobre Brendon.
         - Ouch!-ambos disseram, ainda sem se moverem. Brendon sentiu seu coraçãozinho bater mais rápido enquanto o amigo se mexia sobre seu corpo.
         Ryan deu várias gargalhadas até perceber que era a hora de levantar. Porém, Brendon abraçou-o, impedindo que Ryan se move-se.
         Com o corpo em tremores de nervosismo,  Brendon tomou fôlego para dizer:
         - Ryan, eu te amo!!!- o garoto quase grita, como se aquilo alivia-se todo seu sofrimento.Seria o amor um sofrimento?

(fim do flashback)

         Ryan estaciona o carro ao lado do que deduziu ser o de Brendon.Rapidamente saiu e foi até a janela, deu dois toques fortes e viu um vulto se mexer no lado de dentro.Brendon destravou a porta e Ryan entrou.
         Eles estavam silenciosos, mas os suspiros tristes e o choro baixo de Brendon não passavam despercebidos.
         Ryan sentiu um aperto no coração, sabia que era responsável pelo sofrimento do “amigo”. Então, ele repassa mentalmente o que iria dizer:
         - Brendon, você não pode ficar assim... - as palavras saem de sua boca como conselhos inúteis- “Não devia ter dito isso”.
         Brendon suspira e enxugando algumas lágrimas olhou para Ryan.
         - Por que não? Ryan, não posso dar pulos de alegria enquanto meu amo.-percebeu o vacilo e rapidamente concertou - ..amigo está prestes a cometer o maior erro de sua vida.
         - Brendon! Eu não--
         - Ah, tenha dó Ry!Você sabe que não gosta daquela mulher...Por que insiste nesse casamento...?Por que não....-Brendon suspira e volta a contemplar o céu escuro.
         - Bren, você devia tentar conhecê-la.É uma boa pessoa, e...
         Uma risada sarcástica ecoa pelo carro acompanhada de uma ânsia triste.
         - Ryan, me diz: Você vai se casar com uma boa mulher ou com o amor de sua vida?
         - Não entendo o que você quer dizer.
         - Ryan, parece que você virou a esquina um belo dia e se encantou com uma moça ajudando uma velhinha a atravessar a rua.Então, decidiu casar com ela.Mesmo sem saber que ela era extremamente superficial, áspera e egoísta, e que sempre houve alguém que ......Alguém que.....
         Ryan vira-se para Brendon e sorri:
         - Parece mesmo.
         Brendon tenta fazer o mesmo, mas a realidade volta a perturbá-lo. Não conseguiria sorrir mais. Ainda que Ryan não se casasse, não havia sinais de que ele amava-o.
          - Você se lembra não é? Quando nós éramos crianças...
          - Nunca esqueci aquele dia Bren...Mesmo que....Mesmo que eu não te corresponda, prometi sempre ficar com você...-Ryan sorri mais uma vez.Brendon acariciou o rosto de Ryan e se recompôs.
         - É melhor nós voltarmos, o Spen vai nos matar....
         - É né?- Ryan abre a porta, mas antes de sair escuta uma pergunta que o torturava á muitos dias:
         - Você ainda vai se casar?- Brendon pergunta, almejando uma luz no fim do túnel.
         Ryan não responde, e fecha a porta.