Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 46
Como Orihime e Hikoboshi




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Fazia uma brisa fresca naquela noite de verão, que agitava suavemente as lanternas feitas de papel que davam um alegre colorido ao festival. O som da música tocada pelos instrumentos tradicionais ecoava, dando uma sensação ainda maior de alegria e animação àquela área dentro do Distrito Kabuki. Fukinagashis e origamis se agitavam ao sabor da leve brisa e davam ainda mais vida, junto com as barracas de jogos, comidas, guloseimas e lembrancinhas.

Tae acompanhava Shinpachi e Kagura. O garoto de óculos substituíra quimono e hakama por um yukata verde com detalhes em um tom alaranjado. Sua irmã vestia um yukata azul-escuro com estampa de flores lilases. A Yato também vestia um yukata, de cor vermelha e detalhes de flores amarelas.

Os dois adolescentes procuravam, em meio às pessoas que passavam de um lado para o outro, alguém com cabelos prateados. Tinham combinado de encontrá-lo no festival, pois ele havia ido a Yoshiwara buscar Tsukuyo. O Trio Yorozuya sempre estava junto, nem que fosse por alguns minutos. Além disso, Kagura queria ver se Tsukky estaria tão linda quanto havia imaginado.

Eles adoravam ver Gintoki e Tsukuyo juntos. Kagura fora quem começara a tentar juntá-los como um verdadeiro Cupido. Depois arrastou Shinpachi para ajudar e os dois davam aquele “empurrãozinho” para finalmente engatarem o romance que seguia firme e forte.

Faziam qualquer coisa por Gin-san/Gin-chan. Era assim que funcionava a família Yorozuya.

Logo que avistaram o homem de cabelos prateados, não pensaram duas vezes e correram até ele que, como avisara antes, chegara com Tsukuyo para aproveitar o festival. Tão logo Kagura pôs seus olhos azuis no casal, exclamou:

― Tsukky, você tá linda!

A loira agradeceu e também elogiou Kagura, enquanto Tae se aproximava do casal com seu típico sorriso no rosto, geralmente indecifrável:

― Ora, ora, Tsuki... Você realmente está muito linda! Eu estava preocupada se o namoro com o Gin-san poderia te causar problemas.

Gintoki, obviamente, não gostou do que a irmã do Quatro-Olhos dissera:

― Ei, ei, não precisa queimar meu filme, não! Tô me esforçando aqui pra ser um bom namorado!

Tsukuyo não precisava dizer nada. Sabia que Tae estava apenas provocando. Conhecia a irmã de Shinpachi o suficiente para saber que ela percebia que a relação dos dois fazia bem a ambos. Aquela provocação da morena era em tom de brincadeira, pela amizade que tinham, além de saber da amizade de longa data entre ela e Gintoki. Embora não fosse tão próxima da Shimura como era de Hinowa, considerava-a uma amiga.

O grupo seguiu para ver as várias atrações do Tanabata Matsuri (Festival das Estrelas). Em uma das barraquinhas – de tiro ao alvo – encontraram Hasegawa fazendo mais um de seus vários bicos. Enquanto decidiam quem iria começar a atirar no alvo, duas pessoas disputavam arduamente a espingarda de pressão.

Sacchan – que vestia um yukata rosa – e Kondo disputavam a mesma espingarda de pressão, cada um puxando-a para si. Os dois stalkers queriam impressionar os alvos de seus interesses amorosos, mas...

― Dá licença, Gorila, que eu preciso ganhar o prêmio pro Gin-san! – a kunoichi de cabelos cor lavanda esbravejava.

― Só depois que eu ganhar o prêmio para Otae-chan! – o comandante do Shinsengumi rebatia.

― De repente me deu uma vontade de comer uns dangos... – Gintoki disse enquanto cutucava o nariz com o dedo mindinho. – O que acham?

Mesmo ignorados por seus interesses amorosos, Sacchan e Kondo continuavam a disputar a arma. Quando Hasegawa tentava apaziguar os ânimos, a espingarda disparou acidentalmente uma rolha, que o atingiu na testa e o derrubou, inconsciente, sobre as latas que serviam de alvos.

Quando olharam para trás, não havia nem sinal de Gintoki e nem de Tae.

O grupo formado por Gintoki, Tsukuyo, Shinpachi, Kagura e Tae seguiu até uma barraquinha que vendia dangos. O Yorozuya se encarregou de pedir dangos para todos, após cada um passar para ele os trocados para tal. Com o dinheiro na mão, ele encarou a fila que andou com certa rapidez. Enquanto esperava o vendedor separar os dangos que pedira, olhou para o lado e viu alguém conhecido saboreando o dango recém-comprado. O sujeito conhecido em questão era um homem de sua altura, cabelos negros, olhos azuis e vestia um yukata escuro. Naquele momento, Hijikata espremia um frasco de maionese em cima do doce, cobrindo-o com seu conteúdo para depois começar a comê-lo.

Fez uma cara de nojo e saiu logo de perto. Por mais que tivesse vontade de criticar aquele peculiar hábito alimentar, resistiu à tentação. Fizera a si mesmo a promessa de que esta noite não iria se meter em encrenca com ninguém, e um samurai só prometia o que podia cumprir. E ele se esforçaria em cumprir, em nome de uma noite perfeita para Tsukuyo.

“Nada de tretas hoje, Gin-san...”, ele repetia a si mesmo. “Nada de tretas por hoje...”

Afastou-se do Vice-Comandante do Shinsengumi. Tinha que resistir à tentação de querer procurar encrencas. Até agora tudo corria bem, e queria continuar assim. O que importava naquele momento era curtir o festival e, principalmente, proporcionar a Tsukuyo uma noite inesquecível.

Tae, Shinpachi e Kagura foram nas outras barraquinhas de jogos, embora Gintoki soubesse que aqueles três causariam muita confusão. Mas isso não importava, pois ele e a kunoichi iriam por outro caminho. Aproximaram-se de onde estavam os tanzaku de várias cores, e ambos começaram a escrever seus desejos. Tsukuyo escreveu desejos em tanzaku vermelho e rosa, que significavam, respectivamente, paixão e amor. Gintoki também fizera o mesmo, escrevendo desejos em um tanzaku vermelho e um rosa, além de um amarelo, que significava dinheiro – que, obviamente, ele sempre vivia precisando.

Os dois penduravam suas tiras de papel nos ramos de bambu, esperando que Orihime e Hikoboshi atendessem seus desejos quando os recebessem.

Reza a lenda que Orihime, princesa tecelã e filha de Tentei, um poderoso deus do reino celestial, se apaixonou por Hikoboshi, um pastor de gado. Os dois se dedicavam ao amor que tinham um pelo outro, deixando suas responsabilidades de lado. Por isso, Tentei acabou os separando, obrigando-os a morarem em lados opostos do rio Amanogawa. Vendo a tristeza da filha, ele autorizou o casal a se encontrar uma vez ao ano, no sétimo dia do sétimo mês.

Mas, para isso acontecer, havia uma condição: a de que eles deveriam atender os pedidos vindos da Terra. Cumprindo essa condição, eles se encontrariam atravessando o Amanogawa.

Gintoki conhecia o Distrito Kabuki como a palma de sua mão e, segurando a mão de Tsukuyo, conduziu-a para um gramado próximo do local, meio distante das luzes do festival e, assim, facilitando a visualização do céu estrelado. Os dois se sentaram, um juntinho ao outro, e olharam para o céu.

 

Sasa no ha sara-sara

Nokiba ni yureru

Ohoshi-sama kira-kira

Kin Gin sunago

 

As folhas do bambu, murmuram, murmuram,

Abanando as suas pontas

As estrelas brilham, brilham,

Como pó de ouro e prata

 

― Tsuki – o Yorozuya mantinha os olhos rubros na direção do céu estrelado e apontou a Via-Láctea. – Aquele é o Amanogawa da lenda.

― Conheço bem essa lenda. – Tsukuyo também mantinha os olhos violetas no céu e apontou a estrela Vega. – Lá está a princesa Orihime.

Gintoki apontou para a estrela Altair:

― Então ali está o Hikoboshi, e os dois estão se encontrando. Mas eles demoram pra se encontrar, não? Uma vez ao ano... Deve ser difícil manter um relacionamento à distância assim.

Tsukuyo sentiu a mão dele sobre a dela, buscando entrelaçar seus dedos sobre os dela. Seus olhos violetas encontraram os olhos rubros dele:

― E nós, aqui, podemos ficar juntos sempre que queremos, não é? Acho que somos privilegiados. Não temos que atravessar um rio só uma vez ao ano.

― Eu não daria muito certo para um namoro à distância. Não sou um cara muito paciente pra isso.

― Eu também acho que não aguentaria ficar tanto tempo longe de você.

 

Goshiki no tanzaku

Watashi ga kaita

Ohoshi-sama kira-kira

Sora kara miteru

 

Em papeis longos e coloridos,

Eu escrevi (os meus desejos)

As estrelas brilham, brilham,

Assistindo lá do céu

 

O Yorozuya sorriu:

 

― Eles são um casal muito ocupado, realizando os desejos naqueles tanzaku que depois vão queimar.

― Espero que eles realizem os nossos.

― No que depender de nós – ele sussurrou enquanto aproximava seu rosto do dela. – Acho que vamos ter nossos desejos realizados.

― Que coincidência... – ela respondeu no mesmo tom. – Eu também acho a mesma coisa.

Tsukuyo também aproximou seu rosto do de Gintoki e os dois se beijaram. Sem pressa, sem afobação, sem qualquer urgência. Apenas queriam desfrutar de cada segundo, juntos sob a luz das estrelas e sentindo a suave brisa fresca de uma noite de verão. Era um beijo intenso, mas repleto de amor, carinho e paixão.

Era um beijo apaixonado de um casal que se amava intensamente... Como Orihime e Hikoboshi.


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