Isto não é mais um romance água-com-açúcar escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 32
Um bilhete premiado para um azarado




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Em Kabuki, naquele momento, apenas corajosos e doidos varridos saíam às ruas em meio ao frio intenso. Um desses corajosos – só que não – era Gintoki, que se vira obrigado a sair de casa para ir às compras em meio a um vento para lá de gelado, mesmo mal tendo se recuperado daquele maldito resfriado de dias atrás. A pirralha da Kagura simplesmente alegou que não queria gelar seus dedos e nem seu nariz naquele frio todo, e o par de óculos ambulante chamado Shinpachi nem dera as caras por lá, visto que nada havia a se fazer na Yorozuya e pelo menos não era sua irmã quem faria as refeições do dia.

Parou sua scooter em frente ao supermercado, tirou os óculos de proteção e o capacete e ajeitou melhor o pesado casaco de frio, para depois entrar. Fez as compras e, quando se pôs a caminho de casa, um pedaço de papel veio voando até a sua cara. Imediatamente, parou a scooter e o retirou do rosto.

— Hã? Uma estadia grátis nas águas termais? – perguntou após ler o que era um bilhete numerado. – Com um acompanhante e todas as despesas pagas?

Pensou imediatamente na pessoa que queria como acompanhante, caso ganhasse. Pelo sorrisinho pervertido que deixou escapar, não era surpresa alguma que ele queria fazer alguma coisa a sós com Tsukuyo, já que fazia muito tempo que não tinham suas “aventuras noturnas”. Quando pensavam que estavam a sós, ou Shinpachi e Kagura atrapalhavam, ou era o Zura fugindo do Shinsengumi, cujo Vice-Comandante Mayora o irritava, ou ainda aquela ninja míope sadomasoquista e stalker o importunando.

Definitivamente, estava cada vez mais difícil namorar ou qualquer coisa do gênero. Era um desafio. E estava tão mal-acostumado que sentia falta de dar uns bons amassos na loira e de levá-la para o futon.

No entanto, lembrou-se de que ainda tinha um pouco de trauma de águas termais... Mas se ganhasse aquela estadia, não se importaria em superar o trauma. Afinal, o que era bom e de graça jamais deveria ser recusado.

Alguns minutos depois, já estava em casa. Assim que fechou a porta corrediça pela qual entrara, Gintoki suspirou aliviado. Finalmente estava de volta ao aconchego do lar, porque ninguém merecia aquele frio todo do lado de fora. Nem parecia que o inverno estava caminhando para o seu final.

— Cheguei! – ele anunciou enquanto levava as sacolas de compras para a cozinha.

— Cadê meu sukonbu, Gin-chan?

— Tá aqui. – ele disse e jogou uma caixinha vermelha para Kagura, que não perdeu tempo e abriu para pegar uma tirinha de alga seca para mascar. – Alguém ligou pedindo serviço?

— Só teve uma ligação por engano.

— O que não é nenhuma novidade, pra variar.

— Gin-chan, tem uns dias que você não sai pra ver a Tsukky, e nem ela vem aqui. Vocês brigaram, é?

— Não, não brigamos. Apesar do frio, ela estava bastante ocupada com bebuns incomodando por aqueles lados e a Hyakka precisava manter a ordem em Yoshiwara. Por isso, nem combinamos nada.

— Você e a Tsukky formam um casal fofo. – a ruiva sorriu.

— Você acha? – o Yorozuya se sentou no sofá e fitava o teto, enquanto abria o lacre do copo de chocolate quente. – Muita gente que me conhece acha que é esquisito eu estar com uma mulher como a Tsukuyo.

— Não entendo vocês. – Kagura disse enquanto mascava outra tirinha de sukonbu. – Por que acham isso?

— Porque me veem como um fracasso com as mulheres.

— Quanto mais mulher um cara tiver, mais esse cara é popular?

— É, a maioria dos caras pensa assim. Quanto mais mulher bonita eles puderem levar pra cama, mais popular ele é... E mais “macho”, por assim dizer.

Kagura não respondeu, apenas demonstrava estar atenta ao que o albino dizia.

— Kagura – Gintoki prosseguiu. – Quando você for mais velha, tenha em mente uma coisa... Muitos dos caras que se aproximarem de você vão querer apenas o seu corpo, fazer com que você seja apenas mais uma na lista deles. Caso encontre caras assim, não pense duas vezes em acabar com a raça deles agindo como um monstro.

A garota Yato continuou encarando o ex-samurai, que suspirou:

— Essa não... Tô bancando o pai superprotetor de novo...!

Ele se levantou e ligou o aparelho de TV, onde passava um sorteio.

— Atenção! A partir de agora será feito o sorteio de duas estadias na estância de águas termais Osui, com todas as despesas pagas e com direito a um acompanhante! Boa sorte!

Gintoki pegou do bolso o bilhete amassado que encontrara na rua. À medida que os números eram falados na TV, ele conferia com os que tinha no papel. Foi quando soube que era um dos ganhadores, e aí começou a comemorar um fato raro em sua vida: ganhar um sorteio.

Perfeito! Todos os seus planos poderiam ser realidade agora, do jeitinho que queria! Não se conteve e começou a comemorar pulando e com dancinha, até que viu Kagura o encarando com olhar cético.

Alegria de pobre sempre durou pouco mesmo...

*

Definitivamente, não era assim que ele planejava a sua estadia em Osui. A ideia original era que isso fosse apenas com Tsukuyo e mais ninguém! Mas não foi isso o que aconteceu, pois havia mais dois intrusos com eles. A Cortesã da Morte também teve um bilhete sorteado e, com isso, foram duas vagas de acompanhantes, que o Yorozuya teve que preencher. Sem opção, os dois tiveram que encaixar Shinpachi e Kagura nas vagas restantes.

“Adeus, privacidade...!”, ele pensou.

Os quatro chegaram a Osui e logo se impressionaram com a beleza do local. Era um lugar bastante convidativo, ao contrário do local onde o Trio Yorozuya, junto com Tae, estivera antes. Pelo menos ali não tinha nenhum sinal de stands ou assombrações.

Dos males, o menor. Era bolar um jeito para tentar ficar a sós com ela e o problema estaria resolvido. Mas, antes de arquitetar qualquer plano, precisava relaxar... E nada mais relaxante do que ir logo ao banho quente e ficar ali sossegado por alguns minutos.

O quarteto formado por Gintoki, Shinpachi, Kagura e Tsukuyo já estava com os quimonos do local e se dividiu. O Yorozuya e o garoto de óculos se deslocaram para o lado masculino, enquanto a garota Yato e a kunoichi foram para o lado feminino.

O albino logo entrou naquela água agradavelmente quente, junto com seu companheiro de Yorozuya. Ele avistou uma divisória de bambu e não perdeu tempo, procurando alguma brecha, sem se importar com mais nada. Logo que achou uma brecha, tratou de espionar o que tinha do outro lado e imediatamente seu nariz começou a sangrar espontaneamente, fazendo com que caísse para trás.

— Que feio, Gintoki! Você continua o mesmo indiscreto de sempre. Se a Tsukuyo-san souber o que você está fazendo, ela te mata!

Gintoki olhou para trás e não queria acreditar em quem estava ali:

— Zura?

— Não é Zura, é Katsura. Não deveria colocar seu namoro em risco por conta dessa espiada indiscreta.

— Mas que droga... Não posso nem espionar sossegado minha própria namorada sem roupa...! – ele resmungou enquanto limpava o sangue do nariz. – O que você tá fazendo aqui?

— Shh...! – o líder Joui sinalizou, com o indicador sobre seus lábios, um pedido de silêncio. – Estou me escondendo!

Nem ia perguntar de quem Katsura estava se escondendo, porque pressentia que, com ele, vinha confusão logo atrás. Não deu outra, ele se escondeu atrás de uma das pedras, enquanto chegava o quarteto do Shinsengumi: Kondo Isao, Hijikata Toushirou, Okita Sougo e Yamazaki Sagaru.

“Agora é que não consigo pensar num plano pra ficar a sós com a Tsukuyo...!”, Gintoki pensou completamente desolado enquanto fazia um facepalm.


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