Os dias no internato foram passando mais devagar, nada me animava naquele lugar e tudo que eu conseguia fazer era chorar: chorar por me apaixonar pelo meu professor de história, chorar por saber que finalmente encontrei alguém por quem sinto algo realmente especial, mas que não sente o mesmo por mim, chorar por saber que esse mesmo cara cara está com outra e chorar por me sentir tão idiota por chorar tanto.

Mas finalmente chegou o dia da excursão para o museu de história. Estava empolgada, afinal finalmente iria conhecer os meninos do 4º e misterioso andar do colégio, quem sabe assim não tiro Andrew da cabeça? Sem contar que seria bom ter alguma companhia que não fossem aquelas garotas chatas e enjoadas que estudavam comigo!

A viagem no ônibus foi silenciosa, a mulher que me acompanhara até meu quarto no meu primeiro dia aqui e Andrew nos acompanhariam nessa excursão e sinceramente estava me dando nojo a forma como eles se tratavam. Ela era realmente bonita, mas droga, eu gostava dele, por que ele tinha que ficar de gracinha com ela na minha frente? Aquilo doía e eu realmente era muito mais feliz quando não sentia nada disso.

- Prazer, meu nome é Jake - Disse o garoto, ele tinha os cabelos meio cacheados e andava engraçado, mas era muito fofo. Ele era aquele tipo de garoto que era impossível odiar o olhar dele esbanjava simpatia.

-Eu sou Selene.

-Caramba! - Ele me lançou um olhar bem surpreso.

-O que tem meu nome?Acha engraçado ruivinho?

-Ei, não venha com essa de ruivinho. É que seu nome é o nome da minha musica favorita de todos os tempos.

- Entendo - respondi sorrindo de canto - Na verdade meu nome é Sophie Selene, em homenagem aos meus avós - respondi, sem saber bem por que. Depois disso conversamos por horas ate chegarmos ao museu. Estava completamente grata a Jake por ter feito a primeira parte da excursão uma coisa legal.

Andrew e a moça que até hoje não sei o nome nos levaram por um tour, explicando sobre cada obra de arte ali, eu acabei ficando um pouco para trás da turma, com Jake, afinal ele andava mais devagar.

-Ei Jake você esta bem? – Perguntei, preocupada.

-Estou é só que tenho dificuldade em andar.

-Okay eu te ajudo. – Me ofereci.

-Nao pre... - ele começou a falar, mas peguei a mão dele e coloquei sobre meus ombros antes que ele dissesse qualquer palavra. Eu coloquei minha mão em sua cintura e andamos numa velocidade razoável, era estranho, mas eu sentia que podia confiar em Jake, claro que não sentia nada demais por ele, além de amizade, mas podia confiar nele.

Ele retribui beijando minha bochecha e nesse momento parece que a turma toda parou pra olhar nos dois.

- Senhorita Selene, poderia me dizer qual o nome dessa obra? - Perguntou-me Andrew apontando para um quadro belíssimo, é claro que eu sabia o nome, ele simplesmente veio para minha cabeça.

- O nascimento de Venus – respondi, olhando nos olhos azuis de Andrew e corando - Mas prefiro o nome Afrodite - falei a ultima parte mais baixo, para mim mesma, e dei de ombros

- Correto - concordou o professor com um olhar avaliativo, fazia tempo que esse era o único olhar que ele me mandava e aquilo me magoava profundamente. Jake se aproximou de mim e sorriu.

-Ate que você sabe das coisas. – brincou, nós rimos juntos por alguns segundos e notei Andrew nos encarando.

- Estão liberados para olhar o que quiserem - Disse o professor e eu continuei admirando o quadro, era tão bonito, a essência da beleza estava ali, estampada nesse maravilhoso quadro.

- Eu gosto de mitologia, não entendo bem por que, mas gosto e sinto uma ligação com o nome de Afrodite, acho que pelo poder dela - falo pra Jake e sorrio abertamente - ela é perfeita.

No ônibus de volta pro internato aconteceu algo meio estranho. Jake pegou na minha mão e eu deixei porque não seria legal soltar nem nada. Depois, quando chegamos, ele me deu outro beijo na bochecha e perguntou o que faria amanha, sábado. A maioria dos alunos ia pra casa dos familiares, mas meu pai e eu concordamos de ficar ali sem descanso ate o fim do ano.

- Bom acho que vou ficar por aqui mesmo, por quê? – perguntei

-Então... Eu - Ele gaguejou. - A verdade é que, você topa um cinema no sábado?

- eu... Eu... - fiquei surpresa com seu convite, mas seria legal não é mesmo? Ele parecia um bom amigo, quem sabe eu não me distraio e tiro Andrew da cabeça? - Claro, vai ser legal – concordo.

O sábado passou rapidamente. No cinema eu vi que Jake não estava dando a mínima pro filme, ele não parava de olhar pra mim. Quando chegamos ao internato ele me deixou nas escadas do segundo andar, o limite para meninos e ele puxou minha cintura. Olhou fixamente em meus olhos. Seus olhos verdes brilhavam mais do que o próprio sol, o sorriso dele era de um encanto que jamais havia sido visto pelo menos por mim.

Ele aproximou seu corpo ao meu e em menos de segundos seus lábios doces e suaves estavam juntas ao meu. O coração dele batia tão rápido que conseguia sentir sua pulsação. Era um beijo diferente, gostoso, porém era como se faltasse algo, Jake era um amor de pessoa, porem não era MEU amor!

Talvez eu fosse o amor de Jake, mas tudo que mais queria nesse mundo era não magoar o único amigo que tinha ali. Ouvi um pigarro e me separei de Jake, olhando assustada para o autor do barulho

- Senhorita Selene, com licença, me espere em minha sala que preciso conversar com a senhorita, enquanto você - Disse Andrew apontando então para Jake - Vamos conversar agora.

Não pensei duas vezes e com um sorriso de desculpa para Jake sai de perto, porém não fui para a sala como Andrew mandara, fiquei atrás de uma parede ouvindo atentamente o que eles diziam

- O que você pensa que ta fazendo Jake? Você tá aqui a trabalho cara, não pode se envolver com as garotas só porquê são bonitas - Ouvi Andrew dizer, a trabalho? Como assim? Pensei

- Você não ta entendendo Andy - Jake disse tentando se defender, pera, eles têm essa intimidade toda? Ok né.

- Não quero te ver por ai agarrando a Sophie entendeu? - Disse Andrew meio bravo, como se Jake tivesse feito algo muito errado.

- Você não ta entendendo nada! - Disse Jake, bravo, e eu jurava que nunca o veria assim, mas ele simplesmente saiu furioso de perto, andando meio desengonçado como sempre. Eu, é claro, corri para a sala de Andrew, ele não podia nem sonhar que eu tinha ouvido sua conversa com meu recente Affair