Réquiem escrita por Ghanima


Capítulo 2
Cartas e Bilhetes


Notas iniciais do capítulo

Que coisa feliz! o/
Não pensei que fosse ter gente com o mesmo gosto que eu pra casais estranhos. X3
Vamos ao que interessa, shall we? ;D



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No dia seguinte, a notícia de espalha por toda Konoha. Um milagre salvara os Yamanaka e uma festa é programada para celebrar tão fortuito acontecimento. Apesar da enorme alegria em seu coração, algo diz a Ino que ela fez algo errado, mas não consegue se lembrar exatamente o que fora.

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OoOoOoOoOoOo 9 anos depois oOoOoOoOoOoO

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Pouco se comentava daquele acontecimento depois de 9 anos, aliás, raramente ele era lembrado pelos que estiveram envolvidos nele. O casal Yamanaka continuou seguindo a sua vida e a próspera terra de Konoha vivia em seu período de glória e poucos problemas se apresentavam. As condições de vida melhoraram, a economia dera um salto, as relações com as terras vizinhas estavam indo de vento em poupa, os cofres públicos estavam cheios. Tudo corria às mil maravilhas.

Numa casa perto das montanhas, duas moças estavam sentadas num sofá da biblioteca da dita casa, matando o tempo. Uma delas lia um livro e fazia seus dedos brancos e finos se enrolarem nos fios longos e róseos que cascateavam por sua cabeça, os olhos verdes estavam fixos nas páginas. Uma vez ou outra, seus dedos tamborilavam sobre a mesa de mogno.

Já a outra jovem, estava quase deitada num divã próximo à uma enorme janela, os olhos azuis observavam preguiçosamente o movimento das gotas contra o vidro, seus longos cabelos dourados estavam presos num rabo-de-cavalo frouxo e suas mãos brancas brincavam com algumas flores que ela tirara do jardim.

-Por que tem que chover tanto nessa terra? – a irritação da loira fica evidente.

-Dá pra reclamar menos, Porquinha? – a outra jovem tira a sua atenção do livro momentaneamente. – Eu estou tentando ler.

-Que bela amiga você é, Testuda! – a loira levanta do divã, chega até a janela e encosta-se à mesma, ficando de costas para o lado de fora. – Eu não suporto dias de chuva, Sakura... – ela comenta e o tom que se apresenta é totalmente diferente. De irritado passa para tenso.

Sakura não entende bem o que quer dizer, mas fica preocupada com a súbita mudança de comportamento da amiga, e decide abandonar sua leitura. Ela vai até a amiga e a abraça, mesmo depois de anos de convivência, a jovem Haruno nunca conseguira entender que medo era esse que Ino tinha da chuva.

-E qual o motivo? – a voz de Sakura sai baixa e ela vai levando a Yamanaka até o divã em que a última estivera há pouco.

-Eu sinto que algo ruim aconteceu num dia de chuva, mas não sei dizer o que foi. – a loira esconde seu rosto nas mãos.

-Talvez tenha sido um pesadelo que você teve... – Sakura começa a pensar em possibilidades que expliquem aquele medo estranho que Ino sentia. – Ou algo que você leu?

-Não, Testudinha! – por mais incrível que possa parecer, esse era um jeito carinhoso de falar. – Eu sei que alguma coisa aconteceu, mas não consigo lembrar o que é!

-O que pode ser um problema, bela senhorita. – a súbita voz na conversa assusta as duas moças que se viram em direção à porta.

Um jovem pálido, de cabelos lisos e negros estava escorado num lado ainda fechado na porta e trazia em seus lábios um sorriso, no mínimo, irritante. Sua roupa verde e branca estava impecavelmente arrumada e em suas mãos, estava uma pasta cheia de desenhos.

-Como você chegou aqui, Sai? – Sakura pergunta ao mesmo tempo em que vai à direção do rapaz.

-Essa é uma boa pergunta, feiosa... – ele começa sua explicação no tom mais casual do mundo. – Eu desci as escadas, dei alguns passos, pus a mão na maçaneta... – o jovem não termina de falar por causa de um livro que, por pouco, não colidiu com seu rosto. – Isso é tão pouco feminino, não me admira que você ainda não tenha pretendente nenhum.

-Você entendeu, seu idiota! – Sakura agarra a camisa do rapaz. – Homens não são permitidos aqui, vá embora!

-Chegaaaa! – o tom autoritário de Ino faz com que os outros dois parem com a criancice. – Sai, o que você veio fazer aqui?

-Avisar que o intervalo já está no final e que senhorita Anko não está bom humor.

Isso foi tudo que precisava ser dito para as duas jovens irem correndo em direção à sala de aula. Os uniformes verdes e brancos das jovens balançavam enquanto elas corriam e logo chegaram ao seu destino, sendo brindadas com a carranca da jovem professora de Literatura.

-Muito bonito, senhoritas! – Ino e Sakura vão indo para as suas carteiras. – Aproveitem que eu estou de bom humor e abram logo os seus livros!

-Perdão, senhorita Anko. – as duas abaixam as cabeças e contém os risos.

Ino e Sakura sentam-se lado a lado e cumprem a ordem dada. A professora Anko Mitarashi era conhecida por sua energia e leve dose de sadismo com a qual tratava as suas alunas; muitos diziam que esse distinto traço de personalidade fora herdado de seu pai adotivo, a figura mais enigmática e controvertida de toda Konoha, Orochimaru.

-Eu realmente não sei como o Kakashi Hatake consegue ficar casado com ela. – comenta uma voz risonha atrás de Ino. As jovens Haruno e Yamanaka viram o pescoço e vêem o rosto jovial de Tenten Kozumi (N/A: sobrenome totalmente inventado. X.x), os cabelos castanhos da jovem estavam presos num estranho penteado e os olhos castanhos, ora estavam na professora que escrevi na lousa ora olhavam para as amigas.

-Ele é um herói. – Ino responde enquanto finge escrever numa folha.

-Além de muito interessante. – complementa Sakura que olha pra janela. – Alguém sabe por que ele usa aquela máscara?

-Di...Dizem que é por causa do pai dele. – uma voz tímida e gentil responde. As jovens olham para o lado de Tenten e vêem uma moça de cabelos escuros e olhos de pérola sorrindo discretamente para elas. Esta era Hinata Hyuuga, a herdeira da mais nobre família de Konoha.

-O que sobre o pai? – a curiosidade de Tenten viera na hora errada.

-Senhorita Kozumi! – o semigrito da professora faz com que todas as moças da sala voltem seus rostos para a direção de vida.

-Sim, senhorita Anko. – Tenten se levanta e tenta esconder a tremedeira que se abate sobre seu corpo.

-Leia para a turma o trecho onde parei. – a professora de deleita com o nervosismo da aluna. – E leia decentemente!

Tenten olha rapidamente para a carteira de Hinata e vê os dedos da amiga indicando de onde ela devia começar.

-Deus meu, Deus meu, que já não posso com essa guerra interior.(1) – a mão da professora no ar indica que algo não estava muito bom.

-Pode parar!Prefiro não continuar ouvindo essa ofensa ao mestre Goethe, pode se sentar. – a professora volta para a lousa e Tenten, aliviada, senta em sua cadeira.

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A aula de Literatura foi se arrastando até a hora em que, finalmente, terminou. Uma multidão de meninas saia das salas e se dirigiam aos seus dormitórios.

Aquele era um colégio interno, exclusivo para meninas e onde eram ensinadas todas as disciplinas que eram julgadas “úteis” para as futuras mulheres de Konoha, tais como: culinária, escrita, bordado, música, dança e tudo de mais tedioso que se pudesse encontrar.

Por mais dinâmica que fosse aquela sociedade, não eram muitas as mulheres que conseguiam se destacar por seus próprios talentos, a única exceção mais proeminente era Tsunade, que além de médica talentosíssima era um exemplo que todas as moças de Konoha desejavam seguir.

Era bem verdade que oficialmente, o governo estava nas mãos de Jiraya, o marido de Tsunade, mas como todos sabiam que o poder estava nas mãos da mulher que, vinha tentando mudar certas estruturas de Konoha há anos, mas sabia que era uma missão que demandaria tempo e trabalho.

O quarteto tagarela da aula de Literatura chegou finalmente em seu dormitório e logo começaram a se espalhar pelo ambiente. O quarto era grande e com duas beliches onde as jovens dormiam, numa ficavam Hinata e Ino e na outra, Sakura e Tenten. Cada uma possuía um espaço reservado no enorme armário que, sozinho, ocupava uma das paredes. Uma janela ficava entre as duas beliches e abaixo dessa mesma janela, estava uma marquise que costumava servir de rota de fuga dos quartos.

-Alguém sabe quando será o próximo dia de passeio na cidade? – Sakura se joga na cama.

-Acho que é no sábado. Se bem que, como já estamos no final do período escolar, acho que vão suspender as visitas. – Ino vai separando uma roupa mais a vontade se dirige ao banheiro.

-Credo! Não agüento mais ficar dentro dessa prisão! – Tenten começa a separar as lições do dia.

-Concordo com vocês. – Hinata vai até a janela.

Uma batida na porta interrompe a conversa e alguns envelopes entram no quarto, por baixo da porta. Sakura se adiante e pega os envelopes, voltando para sua cama logo em seguida. Ela leva alguns segundos observando-os.

-Carta para nós! – a Haruno pega a sua e distribui as outras, mas como Ino estava no banho, decidiu por a desta na cama.

Não demora muito e a loira sai do banho, sendo substituída por Hinata. Ino pega a sua carta e, assim como as outras, começa a lê-las.O silêncio do quarto só é quebrado pelo som da água e das vozes femininas do lado de fora da janela.

-Notícias? – Tenten quebra o silêncio.

-Meus pais decidiram que vão começar a procurar um pretendente pra mim. – o desânimo na voz da menina de cabelos rosados é claro.

-Não é tão ruim. – a Kozumi diz com um tom simpático.

-Fácil dizer isso quando seus pais já te arrumaram um. – Ino afunda o rosto no travesseiro.

-O Neji não é ruim...- o jeito como a morena fala dá a entender que ela estava tentando se convencer muito disso.

-De fato, ele é rico e bonito. – Sakura começa e vai até o armário. – Só é frio, estóico e levemente insensível mais isso não é naaada se comparado ao nome que você vai carregar.

-Ter o nome é que é o problema. – isso veio de Hinata que saíra do banheiro, penteando seus cabelos. – O nome Hyuuga é um fardo enorme pra se carregar. – E quanto à você, Ino-chan?

-Meu primo maluco vai chegar de Iwagakure. – ela responde, ainda com a cara no travesseiro.

-Aquele que quase explodiu o estábulo? – Tenten se segura pra não rir, lembrando da cena.

-Ele mesmo.

-E que notícia você recebeu, Hinata? – Sakura para na porta do banheiro.

-Nada...só que... – as amigas já conheciam a personalidade de Hinata e preferiram esperar que a jovem Hyuuga estivesse pronta pra responder. – Eu vou ter que ir à reunião do Clã Hyuuga na semana que vêm.

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O resto do dia transcorreu normalmente para as jovens do internato, e quando a noite chegou, um grupinho se reuniu em um outro dormitório, onde ficaram até tarde conversando e contando histórias umas para as outras.

-Vocês souberam? – uma jovem de cabelos e olhos escuros pergunta às outras enquanto pega uma carta de um baralho, emprestado por um dos meninos do internato vizinho.

-Não, Kin-chan. O que houve? – Ino sussurra ao mesmo tempo em que acerta as cartas em sua mão.

-Estão dizendo que a professora Kurenai está grávida. – Kin responde e fica feliz ao notar que todos os olhares do recinto se voltaram para ela.

-Mentira! – Tenten quase cai da cama ao receber a notícia.

A fofoca continua rolando solta até, pelo menos, 23:00 quando passos são ouvidos no corredor. As meninas se desesperam e as que não pertenciam àquele dormitório têm que correr pela fina marquise até os seus quartos além da preocupação de não fazer barulho para não alertar as vigias que estavam rondando pelos terrenos da escola.

Em questão de segundos Tenten, Sakura, Ino e Hinata estão de volta às suas camas e fingindo dormir tranqüilamente. Não demora muito para ouvirem uma batida na porta e a maçaneta se virar. Uma mulher de cabelos negros e olhos vermelhos adentra o quarto e tudo o que vê são quatro meninas dormindo tranqüilamente. Logo a mulher, professora Kurenai Yuuhi sai do quarto e as jovens respiram aliviadas.

-Essa foi por pouco! – Ino se esconde embaixo dos cobertores.

-Meu coração tava quase saindo pela boca. – Tenten se senta na cama.

-Que perigo...- comenta Hinata que leva a mão direita ao coração.

-Mas é divertido! – Sakura começa a rir e logo e seguida pelas amigas.

O som de algo batendo contra a janela interrompe as risadas e Hinata vai averiguar o que foi, abrindo a janela, ela vê uma pedra enrolada no papel. A Hyuuga pega a pedra a fecha a janela, abrindo o papel ela vê uma mensagem escrita no papel.

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1852114115 / 31381559181

491 30!

Ass: CA

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-Meninas, mensagem do Arlequim! – as outras três se unem a Hinata e começam a decodificar o que estava escrito, na verdade, era uma coisa simples e bem prática de usar.

-Já sei o que é. – diz Ino, ela pega uma pena e começa e escrever na mesma folha.

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Reunião na cachoeira.

Dia 30!

Ass. CA

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-Por que dia 30? – Sakura dá um bocejo.

-É o último dia de aula e nós sempre saímos mais cedo. – Tenten explica. – Mas vamos ter que dar um jeito de encontrar algum dos meninos do Arlequim pra perguntarmos a hora.

-Acho que podemos fazer isso amanhã. – Ino gruda o ouvido na porta pra ter certeza de que ninguém está ouvindo-as

-Como? – Hinata guarda o bilhete dentro de seu sapato.

-Eles vão treinar amanhã, perto daqui. – Ino volta pra cama. – Basta um de nós ir até um deles.

-Eu vou. – Tenten se oferece. – O Lee vai falar rapidinho.

-Tudo acertado! – Sakura se afunda na cama. – Boa noite, moças.

-Boa noite.

Logo as quatro caem no mais profundo sono e sonham com a próxima reunião do Arlequim. A única expressão de liberdade que se tinha naqueles internatos, expressão clandestina é verdade, mas ainda sim, o maior prazer dos jovens estudantes de Konoha.

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Continua...


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Notas finais do capítulo

(1)Isso é um trecho do livro Fausto, de Goethe



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