Another escrita por chocolatte
– Devo mostrar? - perguntou. - Devo te mostrar... O que está debaixo desse tapa-olho? - tocou no tapa-olho.
Começou tirando ele. Quando vi seu olho esquerdo, a primeira coisa que fiz, foi ficar chocado.
Olhei para seu olho esquerdo novamente, o analizando. Seu olho direito era vermelho, já o esquerdo, que ficava coberto com o tapa-olho, era verde.
– Um olho artificial? - pergunto.
– Meu olho esquerdo é o olho de uma boneca. - respondeu. - Ele é capaz de ver coisas que não deveriam ser vistas. - disse um pouco triste. - Por isso, eu normalmente deixo ele coberto. Se sente mal? - perguntou. - Esse lugar pode não ser bom para você, já que não está acostumado com ele.
– Não é um bom lugar?
– As bonecas... - colocou o tapa-olho novamente. - Sabe, as bonecas são ocas. Completamente ocas, de corpo e alma. - se virou de costas para mim. - Esse vazio conecta elas com a morte. Mas coisas ocas procuram preencher seus vazios. - disse melancolicamente. - Não sente como se esse lugar estivesse sugando alguma coisa de você?
– Sinto.
– Devemos sair. - se virou novamente para mim. - É mais confortável lá em cima.
Voltamos para o início da loja.
– Você mora aqui? - perguntei.
– Sim.
– Aquela coisa de "Forks no Crepusculo"... - começo. - É o nome da loja? - ela assentiu. - O que é o Estúdio S?
– O estúdio da Reéne. Fica no segundo andar.
– Reéne? - pergunto.
– A pessoa que faz essas bonecas.
– As do porão também?
– Sim, acho que são todas da Reéne.
Depois de alguns segundo em silêncio, me lembro da boneca que era indêntica a Isabella.
– Por que aquela boneca... Parece tanto com você?
– Vai saber... - falou.
– Quando te vi pela primeira vez, não estava segurando uma boneca?
– Estava.
– Ouvi dizer que uma garota morreu no hospital, naquele dia. - falei calmamente. - Era para ela? Digo... Bem... - lembrei do Alice contou.
"Acho que o sobrenome dela era Swan, ou Swun. Algo assim."
– Você tem irmã? - perguntei. - mexeu a cabeça, sinalizando um não. Me lembrei de outra coisa que Alice disse.
"Pelo que soube, ela era filha única, então seus pais ficaram arrasados."
Estava começando a ficar mais assustado ainda.
– Por que você... - comecei a falar.
– De fato, por quê? - falou. Lembrei do que a senhora, atrás do balcão falou.
"Não tenho outros clientes."
– Tem mais alguma coisa para me perguntar? - falou.
– Bem, sim. - fiz uma pausa. - Algumas coisas parecem estranhas ao meu ver. Como...
– Eu te avisei para não se aproximar de mim. Mas pode ser tarde.
– Tarde?
– Você não sabe de nada, sabe? - se inclinou para frente, para ficar mais próxima à mim. - Tem um antiga história nessa cidade... Que fala sobre a classe 3 de 26 anos atrás. Suponho que ninguém tenha te contado. - se sentou em um sofá, que tinha perto. - Havia uma aluna naquela classe... Que era a melhor nos esportes e nos estudos. Ela era gentil com todos. Ela era amada pelos professores e pelos alunos. - explicou. - Mas pouco após começar o quarto ano, ela morreu.
– Como?
– A história que ouvi diz que ela estava num acidente aéreo que ocorreu com a família. Mas há muitas outras teorias. Alguns dizem que foi acidente de carro. Outros, que foi um incêndio em casa. - pausou. - De qualquer forma, todos da classe ficaram chocados. Eles estavam dominados pela tristeza. Mas então, de repente, alguém disse: "Ela não está morta". Ele apontou para a carteira dela e disse: "Vejam, ela está bem ali. Viram? Ela está viva". - disse. - Então, os outros estudantes começaram a dizer a mesma coisa: "É verdade, ela não está morta". Aquele comportamento se espalhou pelo resto da classe, como uma reação em cadeia. Eles não queriam acreditar na verdade. Não queriam aceitar a realidade cruel. Tenho certeza que você consegue relacionar. - pausou. - Todos da classe continuaram agindo, e insistindo como se a garota ainda estivesse viva. Até mesmo o professor ficou do lado dos alunos, declarando: "É verdade, ela está viva. Portanto todos vocês devem continuar trabalhando duro como um time, até o dia em que vocês se formarem juntos". - citou. - O diretor até deu um jeito de arrumar um assento para ela na cerimônia de formatura.
– Essa história... É verdadeira?
– Então, depois da graduação, todos se juntaram na classe para tirar uma foto. A classe toda, incluindo o professor. Mas quando olharam a foto, prceberam uma coisa. - fez uma pausa. - Na foto, bem ao lado, podiam ver uma garota que já deveria ter partido. O rosto dela estava incrivelmente pálido, mas ela sorria como os outros. Aquela garota... A estudante que morreu... Se chamava Isabella.
Arregalei os olhos. Isabella? A menina que morreu se chamava Isabella?
– A história não acaba aí. - continuou.
Meu celular começou a tocar, interrompendo Isabella.
– Ah, desculpe. - falei. Peguei o celular e vi que era minha avó. Atendi. - Sinto muito, vovó...
– Está tudo bem?
– Sim, estou bem.
– Aconteceu algo?
– Apenas me distraí um pouco.
– Venha para casa.
– Estou indo. - e desliguei.
– Odeio esses aparelhos. - Isabella comentou. - Você pode ser encontrado e pego em qualquer lugar. - e se levantou.
– Estamos fechando. - disse a senhora, atrás do balcão. - Por favor, vá para casa.
Olhei para aonde Isabella estava. Ela já havia saido.
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Estavamos olhando o quadro de provas:
"2013, Calendário de Provas: Classe 3 - Data das Provas:
Matemática: 23/05 Ciências: 23/05
Estudos Sociais: 24/05 Inglês: 24/05"
– Assim que as provas terminarem, começaremos os conselhos de carreira... - comentou Emmett. - Ter que conversar formalmente com um professor é deprimente.
– Hoje em dia, a taxa de aceito das faculdades é de 70%. - disse Eric. - Portanto, não se preocupe tanto. Existe uma faculdade por aí que até você consegue entrar. - falou para Emmett.
– Isso deveria me encorajar? - Emmett perguntou.
– Era minha intenção. - Eric falou calmamente.
– Para onde vai? - perguntou.
– Yale.
– Suas notas são altas assim? - Emmett perguntou.
– Estou trabalhando nelas. - Eric falou.
– Ah... Bem, boa sorte. - Emmett disse. - De qualquer forma, você ficará comigo até a formatura. Continua forte!
– São bons amigos? - pergunto.
– Estamos juntos desde a segunda série. - Eric respondeu. - Somos até vizinhos.
– Quando éramos menores, fazíamos todos os tipos de coisas idiotas juntos. Mas agora, Eric virou um "honrado estudante"... - disse fazendo aspas. - ... Que não consegue acompanhar seus melhoramentos.
– Para mim, parece que você não mudou. - Eric retrucou.
– Eu mudei muito! - Emmett disse indignado. - O que você sabe sobre mim?
– Sei coisas sobre você que nem você sabe. - falou, deixando Emmett assustado.
– Tipo o quê? - perguntou curioso. Confesso, também estava curioso.
– Esse é o tamanho de nossa amizade. - Eric falou, para mim. Sorri um pouco.
– Faz sentido. - comentei.
– Então, o que você fará quanto a faculdade? - Emmett perguntou, para mim. - Voltará para Nova York?
– Sim. - respondi. - Meu pai voltará para Nova York na primavera que vem.
– Frequentará uma faculdade particular lá? - Eric quis saber.
– Provavelmente.
– É um jeito, eu acho. - disse Rosalie, aparecendo e entrando na conversa.
– Como assim? - Emmett perguntou.
– Talvez eu também vá para uma faculdade particular em Nova York. - respondeu. - Para qual você vai, Edward?
– Universidade de Nova York.
– NYU, é? - falou Rosalie.
– Rosalie, você vai para Nova York? - perguntou Sam Uley, um colega nosso. Ele parecia ter uma queda por Rosalie.
– Se eu for, acho que vou morar sozinha. - afirmou.
– Você não ia para aquela faculdade Coração Sagrado-alguma-coisa que é só para garotas? - perguntou Emmett.
– Nunca disse que queria ir para lá!
– Mais alguém que está se esforçando demais pra nada. - Emmett comentou.
Rimos. Os dois vivem brigando.
Vejo que a classe de Isabella está vazia. Mais um vez ela falta.
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Estava chovendo muito. Novamente, a hora de ir para casa. Só sobrara na sala Angela eu. Eu estava olhando a chuva pela janela.
– Edward? - perguntou. Me virei para ela. - Não trouxe um guarda-chuva?
– Não. Não achei que fosse precisar de um.
– Bem... Gostaria de voltar comigo, então? - perguntou, um pouco nervosa. - Minha casa fica logo depois da sua.
– Mas... Não posso pedir para me levar.
– Não é nada de mais. - falou. - Venha, vamos.
Descemos um lance de escadas. Estavamos andando pelo corredor, em silêncio, quando resolvi puxar assunto.
– A propósito, para onde vocês vão em excursões aqui?
– Fomos para Nova York, ano passado. Fomos em um grande parque de diversões, e visitamos o Empire State Building, o Central Park e a Estátua da Liberdade. Foi muito legal.
– Foram para Nova York, é? - descemos mais um lance de escadas.
– Adoro Nova York. Tem muita coisa bacana para se fazer lá. - falou. - Queria poder ir á uma faculdade lá...
– Por que não vai? - perguntei.
– Minha família não pode pagar. - falou calmamente.
– Espere, não há excursões durante o 4º ano?
– Não aqui. Nós vamos durante a estação de outono, no 3º ano. - explicou. - Apesar de que costumava ser na primavera do 4º ano.
– Costumava?
– Sim... - chegamos na parte com armários. - Não sei quando mudou.
Lembrei do que Isabella me disse, outro dia, quando a perguntei por que estava parada, na calçada, no meio da chuva:
"Não odeio a chuva."
– Ei, Angela? - falei. - Como é a Isabella? - ela parou de andar. Depois de um tempo falou:
– Não...
– Não o quê? - se virou, para mim, nervosa.
– Não fale jamais esse nome na classe 3! - afirmou nervosa. Depois abaixou o rosto.
– O quê? - ela não disse nada. - Mas por que...
– Cara, a chuva aumentou. - Emmett me interrompeu.
– Ei, você sabe da história sobre a classe 3 de 26 anos atrás? - perguntei. Emmett, que ainda andava, parou no mesmo instante.
– Realmente acredita em histórias como essa? - perguntou.
– Como... - Angela começou. - Como você sabe...
– Ouvi um boato. - menti. Havia acreditado mais do que devia na história de Isabella.
– Quanto você ouviu? - Emmett perguntou.
– Uma estudante popular morreu, e depois apareceu na foto de formatura da sala. - falei. - Só isso.
– Só o primeiro ano... - Angela comentou.
– Por que todos estão com essa cara séria? - apareceu a "Sra. Anne".
– O Edward sabe do primeiro ano... - disse Angela.
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– Bom dia, Carm! - disse o papagaio. - Carm!
– Tá, tá, bom dia. - respondi.
Já estava em casa. Ainda não havia entendido sobre o que Angela estava falando hoje, na hora da saída. Mas me lembrei do que "Sra. Anne" disse:
"Ah, É um assunto delicado.' 'Vamos tentar deixar ele quieto, por enquanto.' 'Fiquem de olho nas coisas"
A porta da frente abriu, mostrando minha tia chegando em casa.
– Cheguei! - Carmen disse.
– Bem-vinda de volta. - falei. Ela se atirou no sofá.
– Ei, você não tem prova semana que vem? - perguntou. - Acha que serão fáceis? - era um pouco estranho falar sobre a escola, com minha tia.
– Não mesmo. Estou fazendo os estudos necessários.
– Muito bem, desculpe por perguntar. - deu uma risada e se espreguiçou. - Nossa, estou acabada!
– Carmen? Você se lembra de qual classe minha mãe participou, no 4º ano? - perguntei. Ela ficou um pouco nervosa. Falar sobre minha mãe, as vezes er aum assunto delicado.
– Não.
– Então, você sabe algo sobre a classe 3 de 26 anos atrás? - ela ficou olhando para o nada, como se refletisse. - Carmen? - levou um susto quando a chamei. - Bem... eu perguntei sobre a classe 3 de 26 anos atrás. - seu olhar ficou triste.
– Essa história tem rodado por anos.
– Ouvi falar que há uma continuação dela.
– Não conhece ela toda? - perguntou.
– Você sabe, não sabe?
– Esse tipo de história tende a ser contorcida. - disse se levantando. - Não sei se você deve levar a sério. Tem uma hora certa para tudo. - estava indo em direção a porta do seu quarto. - Esme estava na classe 3. - disse e entrou em seu quarto.
Suspirei.
– Por que, Carm? - o papagaio repetiu. - Por quê?
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Estava na escola. Indo para o pátio com Eric. Quando vi Isabella, ne parte mais alta da escola, olhando para o céu, como sempre faz.
– Espere. - digo para Eric, correndo em direção aonde Isabella está.
Antes de abrir a porta para o terraço, vejo uma folha ao lado, escrito: "Não Entre". Abro a porta e sinto o vento bem forte e gelado batendo em meu rosto. O celular toca. Atendo ele.
– Sim? - digo.
– Você está bem? - disse a voz de Emmett, do outro lado da linha.
– Por que pergunta?
– Eu liguei por que achei que estivesse com problemas! Rosalie parece que está prestes a explodir!
– Por que ela... - a ligação falha.
– Escute, Edward. Não brinque com coisas que não existem! - a ligação falha novamente.
– Do que está falando?
– É perigoso! Sobre a história que perguntou ontem, eu te conto tudo mês que vem. - a ligação falha novamente. - Então, pelo resto do mês, só... - e a ligação caí.
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– É sobre a garota que morreu no hospital. - disse Alice.
Já estava em casa. Não encontrei mais Isabella, desde a ligação de Emmett. Quando subi no terraço, ela já havia ido embora.
– Descobriu alguma coisa? - perguntei.
– Seu sobrenome era Swan. Swan, não Swun. E seu nome era Lucy.
– Lucy Swan?
– Por que quer saber sobre ela?
– Bem...
– Não precisa me contar agora. Mas algum dia você conta?
– Certo.
– A propósito, está chegando a época de provas, certo?
– Sim.
– Meu irmãozinho também está estudando feito doido.
– Você tem irmão? - perguntei.
– Dois, na verdade. Mas os dois são cabeça dura. Não estão nem aí para os livros. Acho que nunca ouviram falar de nada exceto de gibis. Não é terrível?
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24 de maio. Sexta-feira.
Estamos na sala, fazendo a última prova do dia. Isabella não estava na sala. Sai da sala, já havia terminado a prova. Vejo Isabella no corredor.
– Você sempre acaba as provas cedo. - comentei.
– Mesmo?
Nos viramos para a janela, e ficamos lado-a-lado.
– Ontem você também saiu antes que o período de prova terminasse. - falei. - Está tudo bem?
– Sim, está.
– Então, o nome dela era Lucy Swan. - contei. - Da garota que morreu.
– Lucy Swan... - fez uma pausa. - Lucy era minha prima. Nós ficavamos juntas o tempo todo. Nós eramos muito conectadas. - disse dando enfase no conectadas.
– Conectadas? - perguntei. - Ei... - falei baixo. - Sobre a classe 3 de 26 anos atrás... Qual o resto da história?
– Ninguém quer te contar? - perguntou.
– Não.
– Suponho que dá para entender.
Depois de um tempo, falei:
– Tem algo que eu quero perguntar. Algo que estive me perguntando desde que cheguei aqui. - estava realmente confuso, por que faziam isso? - Por que todos da nossa classe, incluindo os professores, agem como se você...
– Porque eu não existo.
Fiquei assustado. Me lembrei do que Emmett disse ontem:
"Escute, Edward. Não brinque com coisas que não existem!"
– Não pode ser...
"É perigoso!"
Algumas coisas estavam começando a fazer sentido, outras ficaram ainda mais confusas.
– Mas...
– Nenhum deles consegue me ver. - falou triste. - E se você for o único capaz de me ver?
– Não... Não pode ser... Isso é...
De repente, o professor de educação física, passa correndo pelo corredor, em direção a nossa classe. Angela estava saindo. Pegou seu guarda-chuva, mas quando viu Isabella e eu, ficou assustada. E saiu correndo para o outro lado.
– O que há com ela? - perguntei.
Angela foi descer as escadas correndo, mas escorregou em um degrau. O guarda-chuva saiu de suas mãos e caiu no chão. Com o impacto, acabou abrindo ficando de pé e com a ponta para cima. Angela não pode se segurar e acabou caindo. Acabou caindo em cima do guarda-chuva, fazendo a ponta dele atravessar sua garganta.
Angela morreu.
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