Condenados escrita por Lilian Smith


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Gostaria de agradecer mais uma vez, a cada um dos comentários! Sério, amo vocês pessoal, muito! De verdade mesmo, foi muito especial para mim, quase surtei de alegria! Bem, desculpem-me pela demora, como eu disse eu não tenho um prazo para postar por isto esse capítulo demorou. Espero que gostem, e nos vemos nas notas finais.



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Percy Jackson observou entretido, a briga de dois ratos por um pequeno grau de arroz. Era estranho, o quanto aquela discussão entre dois animais, se familiariza com a sua atual condição, dentro do reformatório. Havia se passado três meses, e ele já tinha esquecido completamente como era sua vida, antes daquele pesadelo.

Enquanto os pequenos roedores se mutilavam pela comida, Percy relembrou suas próprias brigas contra outros membros do reformatório, todas em busca da sobrevivência necessária. Quando viu pela primeira vez a situação miserável em que os adolescentes viviam e o grau de loucura que cada um deles chegava a fazer, por miseras coisas, ele disse a si mesmo, que não se tornaria mais um condenado a brigar com unhas e dentes por um copo de água. Porem em poucas semanas, se viu fazendo exatamente o que todos os outros faziam. Gritava, estapeava e por muitas vezes, usava de facas e tesouras para conseguir um pedaço de alimento. Se viu até prejudicando pessoas mais novas, apenas para obter um pedaço de pão.

Esse lugar realmente me mudou bastante. Percy pensou um pouco decepcionado consigo mesmo. Tirando a atenção dos ratos, ele olhou para a sua cela, agora com apenas ele como ocupante. Há dois dias, as duas meninas que compartilhavam aquele mínimo espaço com ele tinham ido para o chamado “batalha de titãs”. Nenhuma delas tinha retornado, e Percy nem sequer sabia o que aquelas batalhas eram.

Com um suspiro, ele abandonou a cama em que estava refugiado, e se aproximou da grade que o prendia. Não a tocou de fato, pois apenas um mínimo raspão na porta, causaria uma dor ardente por todo o corpo de uma pessoa, os únicos que mexiam nas portas do reformatório sem problema nenhum, eram os funcionários. Foi nessa pequena aproximação à porta, que Percy ouviu pela primeira vez em muito tempo, uma movimentação vinda do corredor. Ele desejou poder aproximar-se mais, para tentar ver pelas brechas, mas não correu o risco.

Os barulhos, que lembravam choro e gritos de adolescentes, se aproximaram da cela de Percy, e um pouco surpreso, ele recuou da porta, e deixou-se cair na cama. Observou em silencio, a porta ser aberta com agressividade, e dois jovens – um menino e uma menina- serem empurrados para dentro da cela.

- Parem de barulho seus vermes. – O guarda que os tinha levado até lá, resmungou. Percy reconheceu o rosto do homem, e ele olhou para o garoto, com ar de divertimento. – Companheiros para você, imprestável.

Depois disso, para alivio de Percy, ele fechou a porta e a trancou, desaparecendo no corredor. Com uma expressão curiosa, o menino voltou os olhos para os dois novos companheiros. A menina devia ser um ano mais nova que ele, e tinha olhos e cabelos escuros, pretos como a noite. A pele dela era morena, e ela era alta para a idade. O menino, que ao que tudo indicava, era seu irmão, também tinha cabelos e olhos escuros, porem, era mais baixo e provavelmente mais novo que a irmã. Os dois eram bonitos, ainda mais com a expressão de pavor e tristeza que exibiam no rosto. Lembrava a Percy, as imagens dos anjos esculpidas em capelas. Gloriosamente lindos, porém, com uma beleza depressiva.

- Quem... - a menina começou, com a voz trêmula. – Quem é você?

Percy olhou para ela com simpatia, pelo estado em que as roupas dela e do irmão se encontravam, e o medo na voz, ele tinha certeza de que eles tinham passado pela “tortura para novatos”, e buscou responder a pergunta dela com delicadeza, para mostrar que a compreendia.

- Perseu. – ele esclareceu. – Mas podem me chamar de Percy.

A garota lançou um olhar hesitante para o irmão, e ambos trocaram uma mensagem através do olhar. Percy não teve certeza, mas imaginou que era alivio.

- Me chamo Bianca. – Ela respondeu, esticando a mão para Percy, que ao aceitar o cumprimento, percebeu que estavam frias. – E este é meu irmão, Nico.

***

- O que fez vocês virem parar aqui? – Percy perguntou, temendo ter soado intrometido, mas cedo ou tarde, o motivo para ter sido enviado ao Força Titã aparecia. Percy estava gostando dos dois irmãos, e queria conhecer suas vidas um pouco mais. Suas duas ultimas companheiras, haviam se mostrado distantes dele e até um pouco maldosas. – Ou melhor, o que disseram que vocês tinham feito?

Nico trocou um olhar rápido com Bianca, buscando na irmã autorização para contar ou não a respostas. Percy não se ofendeu, compreendia o medo dos dois sobre a questão de confiar ou não nele.

- Bem... – Nico começou um pouco atrapalhado. – Eu e Bianca não compreendemos direito o que aconteceu.

- Vivíamos em um hotel, em Las Vegas, e então de repente, fomos enviados por um homem para uma casa de família. – Bianca continuou, e ao proferir a palavra família, sua voz tremeu um pouco. – Tudo ocorreu bem por algumas semanas, e o casal que estava conosco era bastante simpático, porem depois de um tempo, umas coisas estranhas começaram a acontecer.

- Pessoas estranhas visitavam a casa deles, e eles próprios agiam de um modo diferente conosco. Estavam distantes, frios e mal se dirigiam a nos. – Nico completou. – Um dia, Bianca e eu, fomos para a biblioteca e quando voltamos – Nico soluçou. – Encontramos os dois mortos, na cozinha. Não demorou um minuto para a policia chegar, e a primeira coisa que disseram, é que tinha uma denuncia sobre a gente. Depois disso, fomos detidos, e julgados.

- Então viemos parar aqui. – Bianca finalizou, contendo as lágrimas. Percy ficou tentado a perguntar quem os tinha levado até lá, e quem tinha recebido eles, mas se conteve. Sabia o pelo que eles tinham passado, e por experiência própria, tinha consciência do quanto aquele assunto era delicado. – E você? Como veio parar aqui?

- É uma historia um pouco diferente. – Percy respondeu, e demorou a meia hora seguinte, contando detalhadamente seu triste julgamento. No inicio, havia planejado ser breve, mas ao começar o relato, percebeu que há muito tempo necessitava de alguém para desabafar, colocar tudo para fora. Mesmo conhecendo Bianca e Nico há pouco tempo, sentia uma forte ligação com eles. Algo naqueles dois, o enchia de confiança e segurança.

- Não tenho o que dizer. – Nico declarou, ao final do relato de Percy. O menino, que agora Percy tinha certeza de ter dez anos, falava com uma sinceridade convicta. Percy simpatizava bastante com ele.

- Você pode nos explicar como funciona as coisas por aqui? – Bianca perguntou. – Sabe, nos já percebemos que é um lugar detestável, mas digo em referencia, a banhos, comida, roupas...

- Bem, comer, você só come se souber lutar. – Percy esclareceu, e sentiu compaixão ao ver os olhos dos meninos se arregalarem. – Aqui, a comida é limitada, mas não se preocupe, eu tenho minhas táticas e vou ajudar vocês. – garantiu. – Quanto ao banho... Hum, não é muito agradável falar, é em grupo e os guardas ficam... Como posso dizer vigiando a gente o tempo todo. Acontece uma vez por semana. – Percy omitiu alguns detalhes sobre o banho coletivo, como os jatos de água seguidos de choque, e a “liberdade” que alguns guardas tomavam em cima dos prisioneiros. – Roupas, bem, nos ficamos com estas, até elas se desgastarem.

- É necessário assinar alguma coisa, para pedir minha sentença de morte? – Nico ironizou, enquanto se jogava em uma das camas existentes na cela. – Isso é o que chamo de miséria.

- E pior, - Percy continuou. – Nos temos que trabalhar aqui. Digo trabalho duro mesmo, limpar o chão, os banheiros, carregar materiais...

Bianca deu a entender que ia começar a chorar, e Percy se interrompeu, não queria ver à recém-amiga se desmanchando em mais lagrimas. E bem nesse instante, dois guardas interromperam pela porta. Os três estavam tão concentrados em suas conversas que não ouviram a cela ser destrancada. Um homem grande e com ar rude invadiu o espaço, encarando irritado cada um dos meninos.

- Os três, levantem-se! – ordenou, e imediatamente, os três ficaram de pé. – Nada de graçinhas. – Ele ameaçou, enquanto erguia uma espécie de corrente, e prendia cada um dos três, como numa daquelas filas feitas na escolinha. Percy estranhou aquela chamada tão cedo, geralmente, o horário de trabalho ou tortura da ala leste – onde ele ficava- era apenas de tarde, o garoto podia não ter um relógio, mas sabia que não passava das dez da manha.

Os dois guardas empurram os garotos para fora do corredor, levando eles ao chamado “pátio central”, local que segundo a lógica, deveria ser uma área recreativa para os prisioneiros, mas na verdade, era o palco para as humilhações psicológicas. O grupo passou rapidamente pelo pátio, e entrou em uns dois corredores, abrindo e fechando portas, até que Percy se viu completamente sem noção de onde estava. Ele tinha conhecimento de que existiam áreas proibidas no reformatório, mas algo dizia ao menino que aquela área, era praticamente desconhecida. Por fim, eles pararam em frente a uma porta de metal retangular.

A porta se abriu com um clique, e os três foram empurrador por um longo corredor, que terminou em uma sala vazia. Percy não compreendia o que estava acontecendo, Bianca e Nico muito menos.

- Hora – uma voz exclamou de algum lugar da sala. – Finalmente chegaram.

Percy a tinha reconhecido, apenas não se lembrava de onde, e assim como Bianca e Nico, ele girou a cabeça em todas as direções, buscando o dono da saudação.

- Não fiquem agitados, meus queridos. – A voz tornou-se mais clara, era suave, porem firme, e com toda a certeza, pertencia a um homem. – Não é bom para minhas futuras cobaias, que se citam ansiosas.

- Cobaias? – Nico questionou, em um fio de voz, porém que foi escutado, pelo o homem misterioso.

- Oh, sim! – a voz respondeu, excitada de alegria. – Assim como virão muitos outros, depois de vocês, pretendo transforma-los em seres fantásticos, poderosos, invencíveis... E sanguinários.

                                   ***

Dois anos mais tarde – Em algum lugar de São Francisco

O prédio escolar estava extremamente barulhento, naquela tarde. Crianças gritando, esganiçadas, professores correndo de um lado para o outro, buscando conter os menores e supervisores fofocando pelos cantos, sobre a vida aleia. Não foi complicado para uma pessoa sem boas intenções, ultrapassar os muros escolares.

Ela andava depressa, mas com uma segurança e calma, que jamais causaria suspeita em alguém. Sem muitas preocupações, subiu as escadas, entrou e saiu de salas e ainda teve tempo de fazer um lanche, como se fosse o familiar de algum aluno.

Eles não se lembraram de nada mesmo. Ela pensou. Não preciso me preocupar em fazer um serviço perfeito.

Despreocupado com o cumprimento de horários, a pessoa misteriosa, apenas se dirigiu ao seu destino final, com o passar de meia hora. Há esta altura, o intervalo havia acabado, e todas as crianças tinham retornado a suas salas. É agora.

Andando tranquilamente, o ser misterioso, se dirigiu a uma das salas de aula do segundo andar, onde ficavam as crianças entre nove e dez anos. A sala que buscava, ficava no final do corredor e ele passou sem ser notado pelos alunos de outras salas, graças ao uso de um dos seus poderes. Há como eu amo isso.

Finalmente, ele chegou ao seu destino. Com um sorrisinho de ansiedade, para o evento que aconteceria a seguir, ele abriu a porta da sala de aula, sem se importar agora, com o que os alunos diriam mais tarde, sobre portas serem abertas do nada. Mortos não falam.

Foi com um prazer contido, que ele observou as pobres crianças arregalando os olhos em sua direção, sem de fato, o verem. A professora deu uma risadinha, ao notar a reação de seus alunos, e deu uma explicação lógica, que todo o tipo de adulto diria.

- É apenas o vento, crianças.

Oh, sim. Apenas o vento. Rápido como uma águia, os olhos dele esquadrinharam a sala, buscando sua verdadeira vitima. Não foi difícil encontra-la. Era a única pessoa da sala, que não havia se sentido aliviada ao ouvir a explicação da professora. Era a única pessoa que podia vê-lo, não por ser especial, mas por que ele deixava mesmo. Ao encontrar o olhar da garota, a pessoa sorriu de uma forma quase demoníaca. E em menos de um segundo, os vidros da sala explodiram, em milhares de pedaçinhos.

As crianças gritaram, mas ele não deu tempo para elas se levantarem de suas cadeiras, e buscarem abrigo fora da sala. Concentrando-se, como tinha feito em seu treinamento, ele sentiu cada veia de cada um dos presentes na sala, com apenas uma exceção. Buscou seguir cada um dos vasos sanguíneos, até que finalmente chegou ao coração de todos eles. Ele viu tudo em vermelho escarlate. E bastou uma mexida nos dedos, para todos os corações, ao mesmo tempo, explodirem como se estivessem em uma combustão.

Sangue explodiu por todos os lados, e ele se arrependeu profundamente por não ter torturado mais cada um dos pequenos. Sangue fresco era muito divertido, mas teria sido muito mais prazeroso, o ver surgir aos poucos, enquanto suas vitimas berravam de dor. Podia ter pelo menos arrancado um ou dois braços. Aquela espécie de ataque cardíaco não tinha sido divertida.

Bem, ainda tenho a garota. Ignorando o sangue que pingava do seu cabelo, ele olhou para a menina com a qual tinha trocado um olhar, antes de massacrar a sala. Ela estava encolhida entre duas cadeiras, com lagrimas nos olhos e coberta de sangue. Ele se sentiu estranho, como se compartilhasse dos sentimentos dela, mas aquela sensação foi logo substituída pelo prazer de ver a garota aterrorizada.

- O que... - ela pronunciou, com a voz trêmula e lágrimas a escorrer de seus olhos. – O que é você?

- Eu? – ele respondeu, sorrindo. – Ninguém que você precise conhecer.

No instante seguinte, o coração da menina, acelerou. Bateu tão rápido, que ela mal teve tempo de prever o aconteceria. Apenas sentiu uma dor repentina, e no instante seguinte, não sentiu mais nada.

                                    ***

Quíron guiava sua cadeira de rodas pela multidão de pessoas e policiais com impaciência. Poderia ter enviado algum semideus em seu lugar, apenas para verificar o corpo, mas daquela vez, queria ver de perto.

Com um pouco de dificuldade, ele ultrapassou uma fileira de homens armados, e conseguiu chegar até os corpos. Eram trinta e cinco, no total. Tirando a pobre professora. Por todos os lados, pais e mães choravam, lamentando a morte de seus filhos. Quíron buscou fugir daquela onda de lamentação, já tinha dramas demais, para se sentir triste por mais alguns. Sem olhar para mais ninguém, ele guiou sua cadeira de rodas, em direção a o único corpo, que não possuía visitantes.

Com cuidado, retirou o lenço que cobria a menina, e sufocou um soluço, ao perceber que sua suposição estava correta. Era uma semideusa, filha de Demeter. A quinta morte, só aquela semana. Sem mais nenhuma declaração, o velho centauro, saiu da cena do crime e da acumulação de seres humanos.

Mais um semideus morto. E dessa vez, não foram monstros do tártaro, mas também não podem ter sido humanos. Quíron refletiu. Ou pode? Nem mesmo os deuses sabem quem é o assassino. Por Zeus, o que está acontecendo?

De longe, uma sombra observava o velho centauro, com um sorriso estampado no rosto. Eu estou ganhando. Pensou. E em breve, o olimpo caíra.


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Notas finais do capítulo

Então? Aceitável?
Prometo que no próximo capítulo, teremos mais ação, e...Acampamento-Meio sangue.
Sei que essas não são as idades reais que o Nico e a Bianca teriam se tivessem conhecido o Percy com doze anos no livro. Mas acho que combina melhor assim.
Perguntaram para mim, sobre A Grande Profecia, e a guerra dos Titãs...bem, sim, elas irão aparecer por aqui. Em breve vocês saberão mais informações, e em relação aos romanos...bom, não posso responder agora. Será surpresa, com relação á Leo, Piper, Jason, Hazel, Reyna e Frank.
Gostaria de perguntar uma coisa a vocês, ou melhor, duas. Pensei em criar dois capítulos, extras curtinhos, em relação ao julgamento da Bianca e do Nico, e sobre o massacre na escola do Percy. Gostariam que esses extras fossem feitos? Por favor, me respondam com suas opiniões.
Bem, acho que hoje é só isto...e prometo melhor no próximo capítulo, espero que gostem, e estou extremamente feliz por cada comentário e mensagem que recebi! Obrigada mesmo!