Letting You Go escrita por Lana


Capítulo 9
Quebrada.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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"Eu dirigi a noite toda por ruas que não curvaria, mas de algum jeito elas me trouxeram pra cá mais uma vez. Para o lugar onde perdi o amor e o lugar onde perdi minha alma."

Na manhã seguinte ao casamento, na casa de campo, Rosalie foi para a cozinha preparar um café da manhã para ela e o marido. Dispensara a cozinheira e estava mais que feliz com a situação. Totalmente esquecida da dor que sentira na noite anterior, ela só conseguia se concentrar em todas as cenas maravilhosas das quais fizera parte nas últimas horas.

Enquanto preparava torradas a dor acometeu Rosalie como normalmente vinha acontecendo nas últimas semanas. Começou fraca na região do tórax, mas gradualmente foi aumentando. Ela foi até o quarto silenciosamente para pegar seus remédios depois de um tempo, uma vez que a dor não passava e só crescia. Enquanto voltava para a cozinha para pegar um copo de água sentiu como se um ferro em chamas estivesse sendo enfiado em seu tórax e perdeu o fôlego, caindo no chão da cozinha sem conseguir manter as pernas erguidas, sem ter forças pra se levantar. Os olhos estavam arregalados enquanto ela exprimia alguns gemidos de dor, mas nada mais que isso, porque sua voz não permitia que ela chamasse alguém, que ela falasse sequer no tom de voz normal.

Ela sentia como se estivesse se despedaçando ali no chão e tentava pedir por ajuda, mas não ouvia a própria voz por mais que gritasse. Estava gritando intimamente. A dor era tanta que a consciência lhe foi sendo gradualmente tirada até que ela não sentisse mais nada.

Rosalie acordou algumas horas depois no hospital. A agulha inserida em sua veia e o gosto ruim em sua boca a alertou disso antes que de fato tivesse que abrir os olhos. Ouviu ruídos no quarto, respirações pesadas e suspiros. Sentiu que uma de suas mãos estava sendo segurada por outras duas grandes mãos e facilmente reconheceu o toque de Emmett. Abriu os olhos e encontrou-o lá junto com Edward.

– Graças a Deus você acordou. – Edward disse quando a viu abrir os olhos, chegando mais perto da cama e pegando sua outra mão.

– Rosalie. – a voz de Emmett soou profunda e intensa. – Não faça isso novamente. – pediu a encarando. Ela estava levemente desorientada. Respirou fundo e assentiu, sem saber o que fazer.

– Como está se sentindo? – Edward perguntou.

– Com sede. – respondeu com a voz rouca. Ele sorriu de lado, aliviado, e pegou um copo que estava ao lado da cama dela com água e a entregou. Ela agradeceu e sugou a água por dois canudos que saiam do copo, depois ele o devolveu a mesa. – O que aconteceu?

– Você desmaiou na casa de campo. – Edward contou. – Emmett a achou caída na cozinha. Tinha um copo quebrado no chão e seus remédios estavam lá também.

– Por que você não me acordou, Rose? Eu iria te ajudar. – Emmett falou com a voz um pouco irritada, o que surpreendeu Rosalie. Edward deu alguns passos para trás, tentando conceder um pouco de intimidade ao casal sem precisar sair do quarto, o que certamente não faria, pois não queria ficar longe da irmã.

– Porque não havia necessidade. Você estava dormindo e estava cansado. – ela explicou. – Não achei que seria necessário. – Emmett emitiu um grunhido zangado.

– Você devia ter me acordado.

– Emm, eu não achei que fosse desmaiar. Não precisa ficar assim. – ela franziu as sobrancelhas. Ele deu um longo suspiro.

– Você tem ideia do quanto me assusta a ideia de ir dormir e quando acordar você não estar lá? – Emmett perguntou a encarando de forma séria. – Acho que você não faz ideia do quanto eu te amo. De que não posso te perder. – o coração de Rosalie se apertou e ela franziu os lábios. Emmett claramente ignorava o que estava em sua frente. Ela apertou as mãos do grandão.

– Eu sei que você me ama. E eu também amo muito você. Mas você não vai poder estar comigo todo o tempo e não podemos prever tudo o que vai acontecer, Emm. – ela disse com a voz calma.

– Claro que vou poder estar com você todo o tempo. Não vou deixar você sair da minha supervisão por nenhum minuto depois disso. – ela revirou os olhos com um sorriso.

– Emm, não é pra tanto. Não seja exagerado. O que aconteceu não foi nada.

– Não faça isso. – ele pediu.

– Fazer o que?

– Tentar me deixar longe de você.

– Emm! Não estou tentando te deixar longe de mim. Não seja tolo. Só quero que você viva sua vida, eu não sou toda ela.

– Mas você é. – ele a contrariou. Ela balançou a cabeça negativamente de forma lenta.

– Acho melhor você descansar. – Edward interveio antes que a irmã começasse uma discussão com o marido. – Nosso pai foi comer algo, mas logo deve estar de volta. Vai ficar feliz por você ter acordado. – ela sorriu.

– Tudo bem. E... Carmen está aqui? – ela perguntou hesitante.

– Ela voltou para casa para descansar. – Emmett falou depois de Edward hesitar em responder. Rosalie ficou surpreendentemente feliz com a atitude da mãe de ter ficado lá antes. Edward não tinha certeza se ficava satisfeito ou irritado por Emmett ter mentindo, uma vez que Carmen não chegara a ir ao hospital, mas preferiu a mentira ao ver a expressão no rosto da irmã mais nova.

Logo Eleazer e Carlisle, que vinha checar Rosalie, chegaram ao quarto. O pai demonstrou uma imensa satisfação ao vê-la acordada e parecendo bem. Carlisle examinou-a, constatando um chiado no peito e a voz um pouco rouca. Ela omitiu o fato de sentir dores abdominais e de cabeça mais do que antes, além da dificuldade de engolir o que levava à falta de apetite.

Carlisle, mais consciente sobre o que acontecia do que deixara transparecer, decidiu deixar a loura em observação mais um dia antes de liberá-la. Como não houve nada de novo naquelas vinte e quatro horas, ele lhe deu alta e trocou sua medicação, aumentando e colocando comprimidos mais fortes, então eles foram para casa.

Rosalie iria morar na casa de Emmett após o casamento, e contrariando todos, ela seguiu em frente com a ideia quando voltou do hospital. Muitas de suas coisas já estavam na casa do grandão e ele fizera tudo que podia para deixar o ambiente o mais confortável possível para ela. Depois de conversar com seu tio e conseguir mais algum tempo de folga no emprego por causa da esposa, ele tentava passar todo momento que podia com Rosalie.

A vida seguia como tinha que ser, Rosalie tinha crises com intervalos cada vez menores, e fazia todo o possível para que Emmett não percebesse. Não reclamava de dores, tomava sus remédios discretamente, dormia mais do que queria, apesar de ser necessário, comia muito pouco, sempre que vomitava por causa dos remédios omitia o fato e tentava não revelar suas crises de falta de ar.

O pai, o irmão e Bella iam sempre a visitar. Harry, seu sogro, também era uma visão constante na casa do casal. Ela conversava muito com Harry, que se mostrara uma companhia surpreendentemente agradável com suas histórias e piadas. Ela gostava cada vez mais do sogro. Muitas vezes sentava-se na varanda com Emmett, Eleazer e Harry e passava horas conversando e os ouvindo. Adorava aqueles dias.

As saídas de casa começaram a minguar, ela sempre inventava uma desculpa para não sair já que não queria que soubessem o real motivo de preferir ficar em casa. Com a falta de apetite, começou a emagrecer e seu corpo não tinha mais as curvas voluptuosas de outrora. O rosto estava cansada e ela parecia mais velha, mas ela ainda era feliz.

As noites eram seus momentos preferidos. Ela e Emmett ficavam deitados na grande cama de casal, conversando sobre tudo. Ela lhe contava todos os seus sonhos de infância, tudo que fez e tudo que queria poder fazer. Ele também revelava seus segredos e desejos, e ela ficava com um sentimento agridoce ao se dar conta de que estava maioria delas.

– Você está especialmente bonita essa noite. – ele comentou certa vez quando estavam deitados. Rosalie franziu o cenho.

– Está sendo irônico, não é? – ela ergueu uma sobrancelha. Aquele havia sido um dia terrível. Ela tivera crises de tosse sangrenta, sofrera falta de ar por um longo período, mal comera e se entupira de remédios o dia todo. Naquele momento estava com a aparência cansada, vestindo uma calça velha de moletom e uma blusa de alças manchada com respingos de tinta que usara há muito tempo atrás quando decidira pintar o próprio quarto.

– Claro que não. – ele negou.

– Emm, eu estou uma bagunça. E feia. Meu rosto deve ter envelhecido uns dez anos só hoje.

– Eu não vejo uma velha no seu rosto. – ele maneou a cabeça de forma negativa.

– O que você vê então?

– Uma lutadora. – ele a apertou em seus braços. – E nada me orgulha tanto quanto saber que estou casado com uma mulher tão forte quanto você. Que apesar de tudo permanece com esse sorriso absurdo nos lábios e com esse brilho nos olhos. – ele sussurrou no ouvido da loura que deu um sorriso de lado.

– Uh, sabe o que faria com que esse sorriso absurdo permanecesse mais nos meus lábios? – ela perguntou se virando para ele. Ele sorriu.

– Um beijo do seu marido absurdamente charmoso? – ele chutou e ela deu uma risada.

– Isso também seria bom. – ela concordou.

– Também? – ele soou ultrajado e ela sorriu. – Quer dizer que estava pensando em outra coisa?

– Bobo. – ela revirou os olhos ainda sorrindo e puxou-o para um beijo.

Na manhã seguinte, Emmett saiu para ir ao mercado e Rosalie ficou em casa sozinha enquanto esperava Bella para fazer companhia à ela.

Antes que a morena pudesse chegar, Rosalie começou a se sentir mal. Estava na sala assistindo a um programa de televisão quando sentiu uma dor tão intensa que mal conseguia se mexer. Bella bateu na porta naquele momento e Rosalie pediu com uma voz fraca que ela entrasse. Bella já entrou em estado de alerta por conta do tom da voz da amiga e ao encontra-la encolhida no sofá correu em sua direção.

– Rose! – falou enquanto a levantava e a apoiava na intenção de leva-la até o quarto. A loura dava pequenos gemidos de dor e andava de olhos fechados. – Onde estão seus remédios?

– Na gaveta do criado mudo. – Rosalie respondeu com a voz fraca. Estava agora deitada na cama, encolhida como uma bola. Bella rapidamente pegou a medicação, entregando a ela junto com um copo de água que permanecia sempre sobre o criado mudo. Rosalie tomou e voltou à posição anterior. Bella suspirou se sentando na cama e passando a mão pelos cabelos da loura.

– Eu achei que você estava melhor. – Bella confessou com a voz embargada. – Você não está melhorando. Você continua mal como nas outras semanas, se não pior. – ela suspirou e as lágrimas se acumularam em seus olhos. – Não posso continuar encobrindo você, Rose. Não quero que você morra. – ela disse baixinho e Rosalie passou a mão sobre a dela, a confortando.

– Eu realmente não sei se consigo falar sobre isso agora, Bella. – ela falou entre arfadas. A dor não passava. – Mas você não pode conta-los. O Emmett não pode saber que estou assim. Ele está tão esperançoso e depois de tudo... Não pode.

– Não me peça para assisti-la morrer e não mover um dedo. – a amiga pediu enquanto finas lagrimas desciam por seu rosto. – Não é justo fazer isso.

– Bella, você quer realmente ver o Edward magoado? Ou mesmo o Emmett? – Rosalie perguntou se esforçando para falar. – Eu não. Eles estão bem, finalmente. – ela respirou fundo e mordeu os lábios. Depois de alguns segundos continuou. – Talvez seja apenas negação, mas consciente ou inconscientemente eles estão ignorando o fato, principalmente o Emm, e até certo ponto, talvez seja melhor.

– Não vai ser melhor! – Bella disse de forma intensa, com um soluço. – Não vai ser melhor, Rosalie! O Emmett vai morrer quando algo acontecer! O Edward vai ficar de coração partido! Sem falar no seu pai, que está louco de felicidade por ter a filha de volta. – ela soluçou novamente. – Por Deus, isso não é justo! – disse, chorando de forma veemente. Rosalie olhou a amiga entendendo sua dor e chamou-a para ficar na cama com ela. Bella se juntou à loura, que a abraçava de forma acolhedora.

– Mas você vai ajuda-los se isso acontecer. Você me prometeu. – Rosalie lembrou-a com a voz miúda.

Por mais que tivesse tomado seus remédios, a dor ainda não passara. Sentir a dor física e a dor emocional que sentia ao ver a amiga daquele jeito por culpa dela, além de pensar nas consequências de seus atos em sua família era esmagador. Ela estava em pedaços. Ela olhou para o teto pintado de branco e gritou. Mas era como gritar cem vezes um nome e não receber resposta alguma além de uma expressão de frieza com a boca em uma linha rígida. Mas não gritou em voz alta, não. Gritou para si. Havia certa beleza em sofrer em silêncio, com orgulho. Gritou pela dor que sentia, pela dor que causara, pela dor que viria a causar. Mas aos poucos, o corpo não conseguia resistir mais à dor e ia caindo em inconsciência, levando à perseverante Rosalie a fechar os olhos novamente.

Ela só voltaria a abrir os olhos dois dias mais tarde. Era madrugada quando ela acordou, desorientada, se sentindo perdida e enjoada. Olhou em volta e se deu conta de que voltara ao hospital. Emmett estava sentado ao lado de seu leito, em uma cadeira plástica, parecendo cochilar em um sono muito frágil. Parecia cansado, mais do ela jamais o vira. Olhar para a situação em que ele se encontrava era de partir o coração. O pai estava meio deitado em um pequeno sofá que havia no canto do quarto e emitia um ronco baixo e ritmado.

Ao voltar o olhar para Emmett novamente, ela encontrou um par de olhos claros bem abertos e a encarando profundamente. A expressão não demonstrava alivio, não demonstrava dor, não demonstrava nada. Mas os olhos diziam muito. Ela encarou-o de volta, mas nenhum dos dois disse uma palavra sequer. Os olhos não se desviavam e a comunicação era puramente por ali. Palavras eram facilmente dispensáveis.

Por um longo tempo, eles continuaram daquele jeito, até Rosalie resolver quebrar o silêncio, depois de se sentir menos confusa com a situação.

– Como vim parar aqui?

– Você desmaiou novamente. – o marido respondeu em voz sussurrada.

– Me desculpe.

– Não é sua culpa. – ele expirou o ar.

– Desculpe por fazer você passar por isso novamente. – ele balançou a cabeça, negando. – Estou aqui há quanto tempo?

– Dois dias.

– Dois dias?! – ela ecoou surpresa. Depois hesitou. – Emm, você foi em casa? Comeu algo? Dormiu? – as perguntas eram ridículas quando era obvio que não. Ele usava as mesmas roupas que usara dois dias antes quando saíra para ir ao mercado. Os círculos abaixo dos olhos estavam escuros.

– Não se preocupe comigo.

– Emmett...

– Não, Rosalie. – ele a cortou. – Não se atreva. Como está se sentindo?

– Bem, eu acho.

Ambos voltaram a ficar em silêncio e Rosalie deu um suspiro longo.

– Está chegando a hora. – ela disse depois de um tempo. Emmett a encarou sem expressão alguma. – Eu sinto, eu sei, e acho que você também sabe.

– Rose, por favor, não... – ela sorriu e balançou levemente a cabeça.

– Não fique com medo, querido. Tudo vai ficar bem. – ela assegurou.

– Pare.

– Emmett, – ela disse com a expressão firme, mas a voz fraca. – eu estou prestes a ir. Não vou durar muito mais. Já extrapolei todas as expectativas possíveis. Por você. Eu continuei aqui por você, mas você não pode esperar que eu faça isso pra sempre. Eu o amo tanto, Emm... mas não posso continuar a fazer isso. Não posso me agarrar mais à isso. – os olhos de Emmett marejaram. Rosalie mordeu os lábios. – Eu sei que não é o que você quer ouvir agora, eu queria poder te dar mais, mas não posso.

– Pare.

– Emm, eu preciso que você fique firme.

– Pare! – ele disse se levantando num ímpeto. Ela o olhou e inclinou a cabeça de leve.

– Vá. – ela sussurrou assentindo, ela sabia que ele precisava de um tempo. – Eu vou estar aqui quando você voltar. – ela disse quando ele hesitou. – Eu prometo. Agora vá.

Depois de alguns segundos, Emmett atravessou a porta do quarto. A loura suspirou e ao olhar novamente para o sofá onde o pai dormia, encontrou seus olhos bem abertos, repletos de lagrimas, encarando-a.

– Desculpe por acorda-lo, papai. – ela disse com um sorriso fraco. O homem mais velho se levantou em silêncio e foi para o lado da filha, que o puxou para cama. Ambos ficaram deitados em silêncio, de mãos dadas, o rosto de Rosalie encostado no ombro do pai, que usava a mão livre para acariciar o cabelo da filha.

– Eu estou tão orgulhoso pela mulher que você se tornou, querida... Tão orgulhoso. – ele disse depois de um tempo. – Eu queria que todo o mundo pudesse saber quão incrível você é.

– Obrigada, papai. – ela sussurrou meio sonolenta. – Onde está a Carmen? – Eleazer hesitou.

– Ela... Ela está fora da cidade. – Rosalie, mesmo não querendo e sabendo que não deveria, se sentiu magoada. Eleazer não dissera que a mãe da filha estava em um spa, sabendo que aquilo a perturbaria ainda mais. – Nós todos estávamos muito preocupados com você.

– O Emmett comeu algo? Dormiu? – ela quis saber. – Ele parece horrível.

– Ele não saiu do seu lado em momento algum. – o pai negou. – Ele fica aqui o tempo todo. Apesar de insistirmos para ele ir comer ou descansar ele continua aqui. Esse homem abriu mão de tudo para ficar com você. – Rosalie suspirou.

– Você não tem ideia de como está certo. – ela concordou.

– Como vocês se conheceram? Você nunca me contou. – Eleazer quis saber. Depois de hesitar alguns segundo, Rosalie se lançou à narrativa de sua história com Emmett.

O pai ouviu tudo e depois conversaram mais sobre tudo que ela vinha vivendo com o marido. Depois Rosalie quis saber sobre Henry, o primogênito de Eleazer que também havia morrido por culpa de uma doença que não pudera ser curada. Conversaram por bastante tempo, até Eleazer insistir para a filha dormir um pouco, quando já era quase manhã.

Depois de beijar o topo da cabeça da loura, ele sentou-se na cadeira ao lado do leito e observou Rosalie adormecer.

Uma semana se passou com Rosalie internada. Ela vomitava por causa da medicação, tinha crises severas, se sentia enjoada, mal, fortes dores de cabeça e seu humor definhava a cada dia que passava. A cada dia a mais no hospital, um novo patamar de mau humor ela ia alcançando. Ela por fim convencera Emmett a ir em casa, dizendo que ele precisava de um banho e algumas horas de sono. Depois de muita insistência da loura, e não querendo piorar ainda mais seu humor, ele concordara em ir, mas não demorara pouco mais de algumas horas.

– Rose, como você está se sentindo? – Emmett perguntou entrando hesitante no quarto após voltar da casa deles. Ao ver a esposa ele se perguntou se se ausentara de fato só por algumas horas. Ela parecia mais fraca que antes, mais pálida, mais quebradiça.

Sabia que ela estava muito mal humorada. Edward dissera que ela não queria ver ninguém e estava mais irritadiça que o normal. Mas ele foi ainda assim, afinal, seus votos foram para a saúde e a doença. Para os momentos bons e também os ruins. Ela parecia estar com dor. Estava deitada e olhava para o teto com uma expressão de resistência.

– Mal. – ela disse sem sequer olhar para o marido.

– Eu posso fazer alguma coisa por você? – ele perguntou sentando-se na cadeira ao lado do leito e segurando a mão dela.

– Não. Talvez uma overdose de morfina. – franziu os lábios como se estivesse pensando na ideia. Emmett suspirou.

– Não faça isso. – ele pediu.

– Eu falei sério. – ela disse se virando finalmente para encará-lo.

– Rosalie. – ele disse com o tom repreensivo.

– Tá. – ela revirou os olhos e voltou a olhar para cima.

– Você quer ver um filme? Um livro? Qualquer coisa? – ele perguntou desesperado, querendo ajuda-la.

– Eu quero ficar sozinha. – ela virou o rosto para ele novamente. – Você pode fazer isso possível pra mim? – ela quase sibilou e o mau humor impregnava a voz. Emmett sentiu uma pontada de mágoa, mas sabia que não podia reclamar. Ela estava passando por um momento difícil. Quem poderia culpa-la? Ele franziu os lábios e assentiu.

– Certo. – disse enquanto se levantava. – Se você precisar de qualquer coisa é só me chamar. – disse e depois encostou os lábios na testa da esposa.

– Tá. – ela concordou e com um suspiro resignado ele deixou o quarto.

Ao sair encontrou apenas Edward. Eleazer havia ido para casa descansar e Bella estava na cafeteria. Ele sentou-se ao lado do cunhado.

– Isso nunca acaba. – Edward comentou depois de algum tempo, encarando a ponta do sapato. Emmett o olhou. – Eu não a via nesse humor há muito tempo. Deve estar bem ruim. – ele suspirou.

– Acho que sim. – Emmett concordou.

– Eu só queria que ela parasse de sofrer. Deus... Ela não merece isso. – ele soou cansado. – Ela está apenas esperando que algo aconteça. Ela não quer mais lutar contra isso. – Emmett permaneceu em silêncio, sem saber ao certo o que responder, ou saber se o cunhado de fato queria uma resposta ou só queria desabafar. – Eu sempre soube que esse momento chegaria, essa sombra sempre esteve sobre nossas cabeças, mas nunca achei que seria tão difícil assisti-la passar por isso. – ele continuou. – Não achei que seria tão difícil... – a voz dele minguou e Emmett colocou uma das grandes mãos sobre o ombro de Edward.

– Ela vai superar isso. – ele disse, mas parte dele se questionava a quem ele tentava convencer. – Nós todos vamos.

Bella voltou algum tempo depois com dois cafés e entregou um a cada homem. Depois do que pareceu um longo tempo naquela sala de espera, Bella resolveu tentar falar com Rosalie. Pelo tempo que demorou no quarto, Emmett deduziu que o estado de espírito de Rosalie estava melhor. Quando Bella voltou, disse a Emmett que Rosalie queria vê-lo.

– Emm, me desculpe por como eu te tratei antes. – ela disse com a voz fraca quando ele entrou hesitante e em silêncio no quarto e sentava-se na cadeira. A loura deu um suspiro.

– Está tudo bem, Rose. – ele assegurou enquanto pegava uma das mãos dela entre as suas.

– Não, não está. – ela balançou levemente a cabeça.

– Está, baby. Eu não culpo você. Deus sabe que você tem todo o direito de ficar com raiva e de querer ficar sozinha. – ele disse acariciando a mão dela que estava envolta pelas suas.

– Não. – ela repetiu. – Eu me casei com você. Eu prometi na doença e na saúde, e mesmo que a doença seja minha, eu sei que você quer ficar aqui comigo e eu sei que te magoei agindo daquela forma. É só que eu estava tão cansada de todos fal...

– Shhh. – ele apertou a mão dela e balançou a cabeça. – Está tudo bem. – ele repetiu encarando seus olhos claros. – Não se preocupe com isso, tudo bem? Não se preocupe com nada. Não me importo com quantas vezes você me mandar para longe, eu ainda vou estar aqui quando você precisar. E quando não precisar também. Eu não vou sair do seu lado. – ele prometeu. Ela esboçou um sorriso.

– Você é, de verdade, o melhor marido do mundo inteiro.

– Eu acho que posso me acostumar com esse título. – ele disse com um sorriso de lado e Rosalie riu.

– Eu amo você. Me desculpe. E eu vou tentar ser menos rabugenta daqui pra frente, eu prometo. – ela disse apertando levemente a mão dele.

– Não se preocupe. – ele falou novamente. – Apenas faça o que você tem que fazer para se sentir bem, não importa o que seja, está bem? – ela esboçou um sorriso.

– Bom, eu me sentiria bem saindo do hospital... – ela tentou. Emmett suspirou.

– Já discutimos sobre isso, por favor. – ele pediu cansado.

– Tá bem. – ela resmungou e Emmett deu um pequeno sorriso.

– Eu senti falta dessa sua expressão.

– Que expressão?

– De birra. De quando você é contrariada. – ele sorriu. – É absurdamente encantadora.

– Idiota. – ela mostrou-lhe a língua e o sorriso do grandão aumentou. – Deite-se aqui comigo. – ela pediu. – Estou com saudades de ficar perto de você.

Com cuidado, ele deitou-se na beirada do leito, ocupando menos espaço do que precisaria para ficar confortável. Rosalie puxou-o mais para si e ficou encostada a ele, o rosto perto de seu pescoço, inspirando seu cheiro, guardando aquilo na memória. Emmett acariciava o cabelo da loura e mantinha seu queixo recostado na cabeça dela. Aquilo lhe parecia familiar e o pensamento de que Rosalie não sairia daquilo cruzou sua mente sem que ele permitisse de fato.

A perda era algo que assolava o peito do moreno. Ele nunca respondera bem a ela. Pelo menos, não se tratando da emocional. Sendo musculoso desde jovem, a dor física não era rotineiramente lhe imposta e quando era, não se prolongava por muito tempo e não era grande. Entretanto, a emocional era algo com a qual não se acostumava e não sabia bem como lidar. Quando o pai passara semanas internado devido a um problema cardíaco, ele quase morrera de preocupação, pois era muito ligado ao pai e não conseguia pensar na hipótese de perde-lo.

Com Rosalie ele sentia que era ainda pior.

Com o passar da semana seguinte, Rosalie apresentou melhoras de humor, mas não melhoras no seu quadro. Ficava cada vez mais fraca, sem apetite, dormia muito e conversava pouco. Entrou em coma em uma ensolarada tarde de quinta que marcava o aniversário de um mês de seu casamento. Emmett não saiu de seu lado um segundo sequer. Passou todo o dia com ela, mesmo ela estando inconsciente, e se sentia cada vez pior. Conversou com a loura, tocou-lhe as mãos, os braços, o rosto. Beijou-lhe os pulsos, a testa, a boca. Implorou-lhe que acordasse. Mas a única resposta foi sua imobilidade.

Depois de três dias na mesma situação, Edward e Eleazer o fizeram ir para casa, alegando que ele precisava de um banho, de algumas horas de sono e de algo no estômago. Ele negara veementemente a sugestão, mas seu corpo falou mais alto, sentindo as consequências das últimas semanas e da situação em que se encontrava, e ele decidiu ir para casa tomar um banho e comer algo que não fosse comida de lanchonete de hospital.

– Eu volto logo, baby. – ele disse ao ouvido dela antes de partir. – Espere por mim.

Tomara um banho rápido, comera a primeira coisa que vira na geladeira e sem perder tempo pegou seu carro para voltar ao hospital. Não queria desperdiçar momento algum. Parou no caminho e comprou girassóis amarelos, flores que Rosalie particularmente gostava, para levar para a esposa. Entrou no hospital e caminhou direto para o corredor onde ficava o quarto de Rosalie, mas estacou quando viu uma figura agachada no chão. As flores caíram de sua mão antes que ele se desse conta. Com passadas largas ele abriu a porta do quarto de Rosalie.

Não havia ninguém lá. A cama estava arrumada e vazia.

– Não... – ele sussurrou com os olhos vidrados na cama. A visão se embaçou e ele deu passos cambaleantes para trás.

– Emmett. – ele virou-se automaticamente ao ouvir seu nome. Edward estava parado ao lado da figura agachada no chão – Eleazer – e estava com uma aparência horrível. Os olhos estavam inchados, vermelhos e repletos de lagrimas. A expressão verdadeiramente desolada.

– Não. – Emmett repetiu. Edward se aproximou dele.

– Foi há cerca de meia hora. Fizeram tudo que podiam, mas ela não resistiu. – ele disse com a voz entrecortada.

– Não! – Emmett gritou antes de se virar e sair daquele corredor numa corrida desesperada.


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Notas finais do capítulo

Oi gente linda! Nada de matar a autora!
Chegou a hora triste de ver a Rosa partir, mas sempre há esses momentos na vida. A gente sempre perde pessoas que ama.
Mas fora isso, o que acharam do capítulo? Bom? Ruim? Deixem reviews! Postei rapidinho e o próximo deve ser rapidinho também, tá quase todo pronto. Com essa fanfic terminada me dedicarei mais à The Number 20 (deem uma lida nela!).
Enfim, espero ver voces nos reviews, hein!
Beijo grande e bom domingo!