INTERRUPTED

Capítulo Único

Era uma noite quente e tranquila de verão — o que era um pouco anormal —, por conta disso, o Esquadrão de Exploração teve a oportunidade de descansar um pouco e acalmar os nervos, aliviar a tensão. Ainda era cedo, mas grande parte dos oficiais já dormiam, afinal, não era todo dia que havia chance para um descanso.

Apenas a fraca luz dos candelabros tremulava no corredor mal iluminado. Vestido com seu típico traje de dormir — uma camisa branca folgada de mangas longas e uma calça solta e escura —, Levi atravessou o corredor em silêncio, usando suas habilidades para passar despercebido.

Parou em frente a uma porta de madeira e não se importou em bater, girou a maçaneta abrindo apenas o suficiente para poder passar e fechou-a devagar depois de entrar.

— Ah, você veio, Levi — Hanji murmurou, olhando na direção da porta com um sorriso discreto, parada perto da cama parecendo ter recém saído do banho. Ela estava se vestindo, já tinha enfiado uma camisa grande demais para o seu corpo por cima da cabeça e roupa íntima.

— Por que você ainda está se vestindo? — indagou, aproximando-se de forma cautelosa, as sobrancelhas erguidas como se dissesse “vai apenas me dar mais trabalho”.

— Hum... — Só nesse instante ela pareceu notar que continuava se vestindo, parou de puxar o short para cima. — Ah, é mesmo. Força do hábito.

Com um de seus raros sorrisos, Levi terminou de cruzar os poucos metros que os separavam, e enlaçou a cintura feminina com um braço, não se importando com a diferença de altura entre eles, e tirou o cabelo castanho do rosto dela, puxando sua nuca para um beijo quente em seguida.

Hanji foi empurrada na direção da cama e deixou o corpo pender sem hesitação, o corpo masculino cobriu o dela. Em nenhum momento pararam de se beijar. A mão calejada subiu por suas coxas, apalpando cada centímetro de sua pele macia, um gemido languido escapou de seus lábios e cravou as unhas nas costas bem trabalhadas do parceiro.

Separaram-se um instante, apenas para respirar.

— Você está bem disposto hoje — comentou maliciosa, apertando as pernas em volta do quadril dele, o que fez com que sentisse sua virilidade.

Levi soltou uma espécie de ronronado, deslizando o nariz pelo pescoço macio, os dentes raspando suavemente sua clavícula, para depois chupar o local, o que deixou uma marca roxa. Os dedos finos da mulher percorreram os fios negros e curtos dele, enquanto ele se deliciava com o contato carinhoso e sexy.

Quando estava preparado para arrancar o short fora, alguém bateu na porta, interrompendo o processo. Assustada, Hanji derrubou Levi no chão — o que provocou um baque surdo e o fez soltar um gemido — e levantou da cama de uma vez só.

— Hanji-san? Você está aí? — Era Eren.

Ela arrumou a roupa que estava toda amassada e ajeitou a blusa para esconder a marca que Levi tinha feito em sua clavícula. Deu uma pigarreada básica e correu para abrir a porta. Abriu só o suficiente para que Eren pudesse ver seu rosto.

— Eren? Está tarde. Aconteceu alguma coisa? — perguntou calmamente, avaliando bem o garoto que parecia sem graça.

— Na verdade... — hesitou e só continuou quando ela fez um gesto de incentivo. — É sobre eu me transformar em titã, eu andei reparando em algumas coisas e...

— Já entendi! Espera aí que já venho, só um minuto! — Fechou a porta, bem empolgada. Bastou que Eren falasse “titã” e pronto, sua atenção tinha sido ganha. — Vamos Levi, vá para outro lugar.

— Você só pode estar de brincadeira, quatro olhos — sibilou, já de pé e parado no mesmo lugar, realmente não acreditando que ela estava fazendo aquilo. — Isso é sério? — Hanji balançou a cabeça, tirando o short, trocando por uma calça comprida e ajeitando os botões da blusa. — E por onde você espera que eu saia sem ninguém me ver?

— Bem, isso é verdade — observou, as janelas possuíam grades, para o azar ou sorte de Levi. — Você pode se esconder debaixo da cama ou no guarda roupa...

— Na sujeira do seu quarto? Nem pensar! — protestou.        

— Então fique aí mesmo. — Deu de ombros. — Já estou indo, Eren!

— Essa mulher... — sussurrou para si com uma expressão insatisfeita, caminhando até a mesa e sentando na cadeira, remexendo aleatoriamente em um dos papéis dela. — Não acredito que está trocando sexo por titãs. Por titãs! — acrescentou com desprezo.

— Você já pode entrar, Eren — anunciou, deixando o cabelo solto para cobrir o pescoço.

O rapaz entrou no quarto devagar, acanhado. Soltou uma exclamação surpresa ao vê-lo no quarto, sentado na cadeira e parecendo zangado.

— Heichou — murmurou, estancando na porta.

— Ah, é você Eren — disse fingindo surpresa, sentindo a estranha necessidade de justificar o motivo de estar ali. Que diabos! — Veio nos ajudar a preencher relatórios?

— Bem... Não foi bem por isso, mas vocês estão trabalhando até aqui, que coisa...

— Pode sentar na cama mesmo, Eren. Me conte, o que está havendo?

Eren começou a contar como estava tendo dificuldades para dormir e que achava que isso tinha a ver com seus poderes de titã, um dente a mais tinha aparecido em sua boca do nada, assim como seu cabelo estava crescendo anormalmente rápido. Hanji ouviu tudo com empolgação e interesse, enquanto o cabo fechava mais a cara a cada palavra proferida.

Raios! Será que Eren não podia ir simplesmente ir embora? De todas as noites que ele poderia ficar com esse mimimi de titã, tinha que ter sido logo na noite que iria passar um tempo com Hanji? Inconscientemente uma aura negra começou a emanar de seu corpo, enquanto uma expressão assassina tomava conta de seu rosto.

Eren desviou o olhar de Hanji por um momento, um arrepio percorreu toda sua espinha ao olhar para o heichou. Ah céus! O que tinha feito de errado dessa vez? Pressentia que iria levar uma baita surra. Apressado, levantou de uma vez da cama.

— Hanji-san, depois conversamos mais. — Recuou, parecendo um gatinho assustado indo na direção da porta. — Desculpe o incômodo...

— Mas... — Não pôde terminar a frase, pois ele saiu antes que pudesse entender o que tinha acontecido. — Você entendeu o que acabou de acontecer? Ele foi embora do nada! Nem pude terminar de fazer minhas perguntas! — reclamou.

Levi deu de ombros, contendo um sorriso discreto. Ah! Agora sim. O idiota do Eren finalmente tinha ido embora e poderia aproveitar o tempo com ela.

— Você pode perguntar para ele depois, não é como se ele fosse fugir ou algo parecido — murmurou com desdém. — Nós podemos continuar de onde tínhamos parado?

— Ora, você está realmente animado com isso. — Sorriu, mordendo o lábio inferior e incrivelmente deixando as notas que estava fazendo de lado. Esperou que ele viesse na sua direção, chamando-o provocativamente com o dedo. — Estou disposta hoje.

Dessa vez, ele deixou um sorriso escapar. Apesar de não dizer em voz alta, gostava de compartilhar as noites com Hanji, fazia-o se sentir menos... Solitário. Ela era meio — completamente — maluca, mas já estava acostumado e gostava dela assim mesmo.

Novamente Levi retirou os óculos do rosto feminino, depositando em cima da pequena cômoda que possuía um abajur, deslizou uma mão para a nuca e a outra continuou descendo até o final das costas dela, fazendo-a soltar um suspiro de prazer. Os olhos hazel encararam os acinzentados por um instante, e finalmente os lábios voltaram se encontrar.

Famintos, sedentos, apaixonados.

As mãos pequenas e calejadas começaram a despi-lo com rapidez, puxando a camisa para cima e jogando-a para qualquer canto ao mesmo tempo em que a calça dela também era puxada, sendo tirada igualmente rápido. Os dedos dele se enrolaram nos fios castanhos para depois puxar sua cabeça para trás para ter acesso ao pescoço pálido e macio.

À medida que o contato ficava mais intenso, Levi ia depositando o corpo entregue na cama, cobrindo quase completamente o corpo dela com o seu. Quando ele começou a tirar a blusa que impedia o contato direto aos seus seios, alguém bateu na porta.

De novo.

Levi soltou um grunhido irritado, mas resolveu ignorar, continuando o processo de retirada da incômoda blusa. Hanji estava tão inebriada, que mal notou as batidas na porta. Sua mente estava inteiramente focada nele, nos seus toques, nos seus beijos, na sua paixão. E só escutou quando a pessoa insistiu.

— Estão batendo na porta — ela observou sem fôlego quando se separaram de mais um beijo.

— Só pode estar de brincadeira comigo — sibilou sem paciência, desviando o olhar para a porta. — Apenas ignore.

Ela fez como ele disse, deixando que continuasse a despi-la. Levi estava impaciente, o que era um pouco anormal, mas deixou isso para lá. Porém a batida persistiu.

— Talvez seja importante — murmurou entre os lábios masculinos.

O rapaz teve que reprimir outro grunhido, saiu de cima dela com dificuldade, amaldiçoando o universo inteiro por mais aquela interrupção. Ah, senhor! Isso realmente só podia ser brincadeira. Será que seria paranoico demais de sua parte pensar, que todos já tinham descoberto o seu relacionamento e estavam os interrompendo de propósito?

— Já estou indo! — Hanji disse em voz alta, levantando. Arrumou o cabelo e ajeitou a blusa. Dirigiu-se a porta e ao abrir, enfiou apenas a cabeça para ver quem era. — Mikasa?

Oh, para logo ela estar ali, algo realmente estranho deveria estar acontecendo. Com as sobrancelhas juntas de curiosidade — e de irritação —, continuou encarando a garota, que aparentemente estava acanhada.

— Aconteceu alguma coisa?

— Eren — sussurrou, envergonhada, as bochechas tingidas de um vermelho vívido. Ah, era isso! Hanji balançou a cabeça afirmativamente. — Ele estava demorando e...

— Ficou preocupada — completou com um sorriso, que só aumentou ao ver a garota ficar mais corada ainda. — Ele já foi, há quase cinco minutos.

— Tudo bem, desculpe pelo incômodo. — Fez uma breve reverência e seguiu pelo caminho mal iluminado.

A cientista fechou a porta e soltou um suspiro.

— Bem, acho que ninguém vai nos interromper agora — disse com otimismo. — Vou facilitar o trabalho. — Tirou a blusa, ficando apenas de sutiã e calcinha.

Ah, finalmente! Finalmente poderiam aproveitar o resto do dia. Dessa vez, pacientemente ela voltou para cama, deitando ao lado dele e acariciando seu rosto com a ponta dos dedos, o clima foi voltando devagar, enquanto ambos curtiam aquele momento. Fecharam os olhos por um instante, apenas ouvindo a respiração um do outro.

Estavam tão cansados... Mas ainda assim, a vontade de compartilhar o amor que sentiam um pelo outro era muito maior. Pena que tudo estava conspirando contra. Hanji deu uma risadinha, os lábios roçando suavemente nos dele.

— O que foi?

— Estava apenas... Pensando — respondeu, as bocas ainda se tocando levemente, enquanto ela falava, abrindo os olhos apenas para encontrar os dele. — Que nossa relação é esquisita.

Não tinha como discordar, então apenas balançou a cabeça e mordeu o lábio dela de leve, provocando-a, incitando-a. Deixou que ela montasse em cima de si, só por uma noite não fazia mal, deixaria que Zoe se divertisse um pouquinho também, achando que poderia estar no controle. As unhas arranharam parte do seu tórax lentamente, causando um delicioso arrepio, a cientista se inclinou sobre ele, enquanto as mãos deslizavam pelas suas nádegas com maestria, de uma forma sexy e inebriante.

— Levi — murmurou o nome dele em sua orelha, devagar, soprando o hálito quente e gostoso.

Apertou as coxas femininas com força, deixando a marca dos seus dedos na pele alva, em seguida subindo na direção do sutiã, disposto a retirá-lo para que, enfim, começassem aquela brincadeira. Quando seus dedos chegaram ao fecho, mais uma batida na porta.

— Chega! — sibilou, tirando-a de cima de si com rapidez e levantando da cama, indo abrir a porta.

 Deparou-se com Armin, que se assustou assim que o viu, os olhos azuis pareciam dois pratos, enquanto observava o heichou seminu e com arranhões por todo o tórax, ficou mais assustado ao ver a expressão assassina e antes que pudesse dizer qualquer coisa, Levi foi logo dizendo:

— Não, nem o Eren e nem a maldita Mikasa está aqui! Não sei pra onde eles foram, devem estar se agarrando em algum lugar por aí! E EU QUERO FAZER O MESMO! ENTÃO, PELO AMOR DE DEUS, NOS DEIXEM EM PAZ, PORQUE EU QUERO ME DIVERTIR UM POUCO! — E bateu a porta na cara do pobre garoto.

— Bom... — Hanji começou receosa. — Agora eu acho que ninguém vai nos atrapalhar.

— Aleluia! — retrucou, mal humorado, desfazendo a expressão emburrada, apenas quando ela abriu os braços para recebê-lo.

Ah, finalmente! Quem diria que eles seriam tão interrompidos? Ter um pouquinho de diversão estava definitivamente sendo muito trabalhoso.

— Ora, não fique assim, eu amo você! — ela sussurrou divertida.

— Eu sei, eu também, agora, me ajude a tirar a merda desse sutiã.

Omake I

— Calma, Armin! — Jean tentava tranquilizá-lo, sem sucesso. — Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo! — repetia.

— Ele... Ele... Estava assustador. — E voltava a choramingar, o corpo inteirinho tremendo. — E Mikasa e o Eren estavam se agarrando sem mim.

— Espera... É sobre isso que você está chateado?

Jean estava definitivamente chocado.

Omake II

— Pelo amor das santas muralhas! Alguém faça eles pararem! — reclamou Connie, colocando o travesseiro sobre a cabeça.

— Não acho que isso seja uma boa ideia — Sasha retrucou, engolindo um pedaço de pão que tinha roubado na hora do jantar. — Heichou estava estressado — acrescentou, apertando os olhos quando o barulho da cabeceira da cama batendo na parede ecoou novamente. — É a vida.

Omake III

— Você está me devendo, Mike! — Erwin comentou com um sorriso.

— Tsc. — Estalou a língua de má vontade. — Foi apenas sorte, jamais imaginei que Levi se irritaria tão facilmente.

— Estamos falando de diversão. De diversão!

— É, agora vamos ter que ficar ouvindo. Que maravilha! — murmurou com sarcasmo.

— O preço a se pagar.