Do Lado De Dentro escrita por Mi Freire


Capítulo 5
Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Uma simples ideia pode trazer muitas surpresas e descobertas.



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"Nada assusta mais que a realidade."

Há dias que a saudade que sinto de Brandon é muito maior do que eu poderia suportar. Sempre acabo chorando sozinha, em um canto isolado, sem quer ninguém me flagre fragilizada. A visão que a galera de mim tem aqui no internato, é que sou uma garota durona, forte como uma pedra, insensível, rebelde e revoltada. Quando na verdade eu estou desmoronando por dentro com saudade do garoto que eu amei e perdi.

Há alguns casais no jardim. De longe os observo e percebo o quanto muito deles são felizes. Brandon e eu éramos felizes também. Invejo esses casais por terem um ao outro, mesmo que nada que eles sintam um pelo outro se compare ao que eu sinto e senti por Brandon. O pior pra mim é saber que muitos de casais não se valorizam, prefere passar o pouco tempo que têm juntos para brigar ou discutir, fazem birras, dão as costas um para o outro quando na verdade deveria estar se amando como se fosse a ultima vez em que pudessem ficar juntos.

Se eu tivesse uma ultima chance com Brandon antes de ele morrer, me certificaria que ele partiria certo de que eu o amava acima de qualquer outra coisa e que eu nunca amaria nenhum outro como o amei.

O céu está escuro, a lua brilha no centro do céu e as estrelas dançam ao seu redor. O ar é puro e a brisa suave balança as árvores e a vegetação em volta. Suspiro profundamente. E como já de se esperar, sinto o perfume amadeirado de Brandon pairando pelo ar. Pode parecer paranoico da minha parte, mas imaginar certas coisas é o que me mantem viva e não me deixa desistir. Como se ele estivesse por perto todo o tempo.

Pensando melhor, eu deveria ter tido a Amy que não complicasse tanto a sua vida. Mas eu não quis interferir diretamente na sua vida. Não pareceu coerente, sendo que ainda nem podemos nos considerar amigas.

Poderia ter dito a ela que não tinha porque complicar. Tudo é muito simples, nós é que temos o hábito de complicar e meter problemas onde não se tem. Se ela gosta do garoto, tem que ir atrás dele e resolver essa situação de frente. Antes que seja tarde demais. Se ele não sentir o mesmo, que se dane. Ao menos ela fez sua parte, não fraquejou, foi sincera consigo mesmo e com ele.

Parece fácil falando assim. Mas realmente é. Aprendi com o tempo em que não se deve deixar nada para ultima hora, ou podemos acabar perdendo algo muito valioso. Viver é quebrar a cara, arriscar e correr perigo. Só não erra quem não tenta acertar.

Deito na grama, sem me importa se vou sujar a roupa limpa ou não, cruzo os braços de baixo da cabeça e olho para o céu. Lembrando que Brandon era apaixonado pela noite. Acho que todos nós somos. O céu, as estrelas e as fases da lua fazem mais sentido quando se está amando.

Pena que saudade não traz ninguém de volta.

Entre todas as aulas, a preferida de Brandon era Artes. Ele tinha inúmeros talentos e poucos defeitos. Brandon gostava de pintar quadros, escrever pensamentos, ouvir música, praticar artesanato, teatro e estudar história.

E acho que por causa dele, apesar de não ter um décimo do seu talento, eu penso em um dia ser professora de Artes ou me profissionalizar em alguma dessas áreas. Seria o que ele faria caso ainda estivesse vivo e como não está, farei por ele por todo amor que sinto.

— Parabéns Hayley! – Eliza, a professora de artes, é uma das poucas que me parabenizava. — Você sempre me surpreende!

Às vezes sinto que Brandon me guia e até me ajuda onde tenho mais dificuldade. O mínimo de positivo que tenho, devo a ele.

— O que é isso? – Natalie se aproximou da minha tela um tanto espantada. — Isso tem algum significado?

— Na verdade, tem sim. – sorriu largo. — Mas é confidencial. E isso é uma arte abstrata. Só tentei colocar pra fora o que sinto.

— Puxa! Não sei se te elogio ou se sinto pena de ti. Pela pintura, deduzo que seus sentimentos são uma verdadeira confusão.

Ela ri, Amy a acompanha. Natalie tem razão. Tudo que eu sinto nada passa de uma grande confusão.

A aula de natação não é uma das minhas preferidas, já que eu mal sei nadar. Brandon me prometeu que faria de mim uma profissional. Mas ele não teve tempo. Naquela época eu fiquei empolgada. Hoje já não sei se ainda quero aprender a nadar.

Sempre que coloco o maiô todos ficam me olhando. Não que eu tenha um corpo de dar inveja. Pelo contrário, sou magra, sem curvas, um tanto sem graça, desengonçada, branca demais, tenho pernas longas e nada de seios ou bunda. O que todos olham são as minhas tatuagens. Acho que sou das poucas meninas em todo o internato que têm tatuagem.

Muitas das minhas tatuagens eu fiz com através de uns conhecidos antes de completar maior idade. Elas estão espalhadas entre as minhas pernas e meus braços. Na maior parte do tempo ficam cobertas pela roupa, pois chamam muita a atenção.

— Quer uma ajudinha ai doçura? – Jake senta-se ao meu lado, na borda da piscina com os pés dentro da água enquanto todos treinam seus nados. Jake é um dos melhores amigos do Tyler.

— Você é muito educado, Jake. Mas dispenso sua ajuda – sorriu para ele amigavelmente. — Sabe onde está o Tyler?

— Tá por ai com suas "meninas" – ele sempre faz a mesma piada, na tentativa de me tirar do sério ou pra ver se eu sinto um pingo de ciúmes. Mas não, eu não tenho ciúmes do Tyler. Já disse que o que temos juntos é algo completamente sem qualquer tipo de envolvimento ou compromisso. — Na verdade, eu tenho um recado dele. Pediu para que se encontre com ele no refeitório, na hora do almoço. No mesmo lugar de sempre.

Tyler só tem uma coisa em comum com Brandon: ambos são/eram apaixonados por música. Assim que me encontro com Tyler no intervalo, ele me arrasta até o auditório, onde algumas bandas do colégio sempre se apresentam no tempo livre entre as aulas e os intervalos.

— Os caras são irados! – ele salta de alegria. Não consigo agir da mesma forma. Também gosto muito de músicas, mas essas bandinhas da escola não fazem muito o meu tipo.

— Eu te vi mais cedo no auditório. Gostou do som da banda? – Amy perguntou, assim que entrei no quarto para deixar minhas coisas.

— Nem fiquei para ouvir. Mas o Tyler pareceu curtir bastante – dei-lhe um rápido sorriso. Joguei minhas coisas no chão e ela suspirou pacientemente. Natalie saiu do banheiro.

— Sabe o garoto de quem estou gostando? Aquele que eu acabei falando pra você alguns dias atrás aqui mesmo no quarto. – assenti, lembrando-me. — Então, ele é o baterista da banda. Da próxima vez, da uma olhadinha nele e me diz o que achou.

Natalie ouvia tudo com atenção.

— Que história é essa? – ela soltou um gritinho. — Amy! Você ainda não me falou desse tal garoto. Por quê?

Sabia que uma briguinha de amigas estava por vir. Só não queria atrapalhar e sai do quarto, deixando-as mais a vontade para se atacarem.

Natalie namora um garoto que ela conheceu há poucos dias. Digamos que tenha sido amor à primeira vista. Nisso eu acredito bastante, além de crer que eles foram feito um para o outro, na medida certa.

Avisto Oliver, meu irmão, de longe. Apesar de estudarmos e morarmos no mesmo lugar há quase um ano, eu pouco o vejo. Raramente nos esbarramos nos corredores e quando nos cruzamos ele finge que não nos conhecemos. Oliver está sempre com a sua galerinha do mal ou rodeado de garotas. Cada dia uma diferente. Ele usa e abusa delas, como se fossem objetos. O pior é saber que elas estão cientes disso, mesmo assim gostam de ficar com ele.

— Surpresa! – Tyler surgiu do nada, assim, de repente. — Olha só o que eu trouxe pra você.

— Hum – olhei de perto me certificando de que não estava enganada. — cerveja. Parece ótima! – tomei de suas mãos e dei um longo gole do liquido geladinho. Fazia calor. — Onde é que você arruma isso?

— Já te disse: não queira saber. É coisa minha. O importante é que sempre que você precisar, qualquer coisa, me peça e eu te arrumarei.

Às escondidas tomamos cerveja e também conversamos muito.

— Quer dar uma passadinha hoje à noite lá no meu quarto? – ele perguntou, de maneira provocante.

— O quarto que você divide com mais três amigos? Não, obrigada. Você sabe que a entrada de meninas na ala masculina é proibida. Não é sempre que eu consigo burlar as regras – soltei um riso.

— Você é espertinha, Hayley. Não é como as outras! É por isso que eu sou amarradão na sua – nós dois rimos juntos. — Mas que tal ir comigo na sexta à noite na festinha Trace? A ruivinha do terceiro ano.

— Ela vai dar uma festa na sexta à noite? E isso é permitido? – eu mal conheço essa Trace, só de vista, mais uma festa era tudo que eu precisava para me divertir um pouco.

— Depende. Só se ela for filha única de pais podres de ricos assim como eu – ele riu. — Topa?

— É claro que sim. Eu vou com você.

No quarto, aproveitando o momento sozinha, peguei uma tesoura dentro da gaveta e a coloquei sobre a penteadeira enquanto me encarava no reflexo do espelho.

Não sou uma garota muito vaidosa. Alguns dias acordo muito irada com a minha aparência e nesses dias cometo algumas loucuras das quais eu nunca me arrependo depois.

O que eu quero mesmo é mudar. Não suporto me ver sempre da mesma maneira. Ou troco a cor do cabelo, o corte, o penteado, a maquiagem forte por nada ou a roupa, deixando o que mais uso de lado.

Dessa vez, o problema está no meu cabelo, não tanto pela cor, mas sim o corte. Ele já não me agrada mais. Eu preciso fazer algo a respeito.

Peguei a tesoura e comecei a corta-lo.

— Hayley? Não! – Amy entra quando já estou quase finalizado. — O que você pensa que tá fazendo com o seu cabelo? Ficou maluca!

— Qual o problema? – me virei para ela. — Só estou radicalizando.

— Até ai tudo bem. Mas você não sabe o que está fazendo, Hayley. Seu cabelo é lindo! Não pode estraga-lo.

— Amy, cabelos crescem.

— Sim, alguns levam mais tempo que eu os outros. Mas Hayley – ela se aproxima, tomando a tesoura de minhas mãos. — não estrague o que já é bonito. Ficou maluca? Olha só, tá tudo torto. Se quer mesmo mudar, deixa que eu faço pra você, tudo bem?

Aceitei a ajuda. Amy está sempre preocupada comigo. Ela acertou as pontas e desfiou-as, exatamente como eu queria.

— Você não vai sair assim, não é? Sem antes pegar os cabelos que caiu no chão. – Amy me encarava feio. Soltei uma gargalhada. — Vamos lá! Me ajude a dar uma organizada nesse quarto. Está uma bagunça!

Nosso quarto não é muito grande. Há três camas. Uma só minha no canto da parede do lado esquerdo e a beliche Amy divide com Natalia. Ela dorme em baixo, no beliche, Natalie em cima. Temos um dois guarda-roupas, uma cômoda, penteadeira e uma escrivaninha. Um aparelho de som, alguns disco das minhas bandas favoritas, postes enfeitam as paredes brancas, um computador velho, prateleiras com livros de estudos, um carpete, algumas almofadas e uma cortina na única janela no centro do cômodo. Ah, tem também o banheiro, que é pequeno.

— Pronto! Acabei. Esse é o melhor que posso fazer. Mas e agora, já posso sair? – perguntei, cansada.

— Sim, pode sair. Mas lembre-se: se não gosta de arrumação, tente manter suas coisas no mínimo organizadas.

Boa parte da galera se uniu no auditório aquela tarde. As bandas faziam showzinhos particulares. O colégio estava praticamente vazio, até mesmo nas áreas de lazer. Estranhei. E fui ver de perto o que estava acontecendo.

O auditório é grande, mas diante daquela multidão pareceu minúsculo. Uma turma que não conseguiu lugares para sentar estava de pé nos fundos, onde fica a entrada, e outra galera se alojou nas laterais e corredores, também de pé.

Pulavam, gritavam, aplaudiam. Aquilo estava uma loucura.

Tive dificuldade para pisar meus pés dentro do auditório. Uma galera ficou presa na porta de entrada e não me deixou passar. Mas dei um jeito e entrei no meio daquele mar de pessoas procurando por um conhecido.

As luzes fluorescentes brilhavam diante da escuridão acompanhada da euforia da galera. Como não sou muito alta, não consegui ver a banda que se apresentava. Mas pareciam realmente bons, não tanto pela reação da galera, mas também pelo que eu os ouvia tocando.

Uma mistura de rock agitado com pop.

A próxima música escolhida foi Seize The Day – Avenged Sevenfold.

Parei onde estava. Eu simplesmente amo essa música. E eles tocavam quase como profissionais, o que me agradou bastante. Pois geralmente covers tendem a estragar as musicas originais. Mas aquela banda do colégio não. Eles realmente me impressionaram.

Eu só precisava saber quem eles eram. Talvez mais tarde até pudesse parabenizá-los pelo trabalho.

Levantei os pés, procurei com os olhos pela banda, mais foi muito difícil localiza-lo. Por minha sorte o refletor surgiu como uma luz que cai do céu e focou em um dos astros: o baterista.

Meu coração parou por um momento quando eu puder olhar diretamente para o baterista. Um garoto não muito comum como a maioria, mas o que realmente me chamou a atenção nele foram os olhos cor de âmbar. O mesmo par de olhos do Brandon.

Estaria eu tendo uma alucinação?

O baterista, cujo o nome eu desconheço, tem a pele clarinha, alguns sardas espalhadas próximas aos olhos e o nariz, seu cabelo dourado é ondulado e seu sorriso é metálico.

— Ele não é lindo? – ouvi uma voz familiar vindo de um dos meus lados. Como quem acorda de um sonho eu caio na realidade, dando-me de cara com Amy sorrindo torto. — Era dele que eu estava falando.

Demorei um tempo até processar: afinal, de quem essa maluca está falando? Então, lembro-me que era a esse baterista que ela se referia. É por ele quem ela está apaixonada. Claro!

— Jesse é o nome dele. Jesse Henckel. Baterista da banda e um dos compositores também. Dá pra ser mais perfeito?

Olhei uma ultima vez para o tal de Jesse. Queria dar uma ultima conferida nele antes de fazer qualquer tipo de comentário.

Fiquei admirada tamanha semelhança à cor dos olhos de âmbar de Jesse idênticos ao de Brandon. Mesmo de longe, por um momento, acreditei que fossem os mesmos olhos. Mas isso não seria possível. Apesar de eu nunca ter conhecido nenhum par de olhos que fossem tão perfeitos quanto eram os de Brandon.

Jesse estava ali, para me provar o contrário.

— Tive uma ideia! – sorri, voltando-me para Amy que ainda suspirava para o amado. — Vou te ajudar nessa.

— Como? – ela me olhou, confusa. — Como assim vai me ajudar? Eu não entendi direito, Hayley.

— Simples: vou ajuda-la a ficar com Jesse. – disse prontamente. Essa missão seria a mais fácil de toda a minha vida.

— Não, Hayley. Eu não quero que ele saiba de mim. – ela soltou um risinho constrangido. — Na verdade, eu duvido que um garoto como ele, astro de uma banda, cercado de fãs, olhe para mim...

— Não seja tola Amy! – pousei as mãos na cintura. — Porque complicar tanto? Ele é um gato! Você também é linda! Tem tudo pra dá certo. Isso só depende de você. E eu, posso até dar uma forcinha...

— Hayley – ela me interrompeu. — Por favor. A ideia parece ótima, mas não quero que você fale mim para ele. Seria o fim do mundo para mim! Não sei se estou preparada. Hayley prometa que não falará nada para ele?

— Depende – puxei-a para sairmos dali. Para que pudéssemos nos ouvir melhor e respirar melhor. — Vai aceitar a minha ajuda ou não? Eu tenho um grande plano. Vamos nos divertir!

Sentei-me em um dos bancos vazios, debaixo de uma figueira no jardim do Campus, quando vi uma das inspetoras do colégio se aproximar com seus cabelos brancos presos iluminados pelos raios solares.

— Srta. Collins? Tem visita pra você na sala de espera.

Atrevi-me a perguntar quem era essa tal visita, mas ela se limitou a responder. Ao invés de ser no mínimo educada comigo, ela ignorou minhas perguntas para poder me questionar da possibilidade de eu saber onde estaria meu irmão, Oliver. Mas eu não saberia responder e ela saiu apressadamente a sua procura enquanto eu segui em direção a sala de esperar para conferir de perto quem estaria a minha espera.

Mamãe levantou-se do sofá onde me aguardava no mesmo instante em que entrei pela larga porta. Ela chorava emocionada e me apertou tão forte junto do seu corpo magro e frágil que senti meus ossos estralar.

Papai por outro lado, como sempre, não mostrou muito afeto. Apenas me deu um rápido abraço, beijou o meu rosto e disse “Olá Hayley!”.

— Onde está seu irmão? – mamãe perguntou depois de fazer mais de mil perguntas ao meu respeito. Todas elas para se certificar de que eu estava bem ali no internato, me comportando direitinho, sem arrumar intrigas ou confusões. Ela estava apenas preocupando, fazendo seu papel.

— Eu não sei mãe – dei de ombros. — Oliver não está nem ai pra mim. Ele finge que não nos conhecemos... Ele é impossível.

No mesmo momento, Oliver entrou pela porta. Parou sem dar nenhum passo a mais à frente. Ficou paralisado vendo aquela cena, um tanto assustado ou confuso. Depois, ele girou o corpo sem dizer uma se quer palavra e fez menção de sair.

— Volte já aqui, Oliver – papai resolveu agir.

— Porque eu deveria? – Oliver voltou-se. — Quem são vocês? Aqueles que dizem ser a minha família? A mãe e o pai que me jogaram aqui nesse internato como forma de punição? Não! Vocês não são a minha família. Eu não quero ver e nem falar com vocês. Estou bem, obrigado. Só me deixem em paz, por favor.

— Oliver! Não vai – mamãe gritou, chorosa. Às vezes eu sinto tanta dó da minha mãe. Ela é tão sensível e frágil quando se trata de nós. Sinto-me tão culpada não fazê-la sofrer de certa forma. — Fica, filho.

Ao contrário de mim, Oliver não tem um pingo de dó dela. Ele se vai mesmo ela clamando para que ele fique. Mamãe cai sentada aos prantos e de uma maneira muito dura meu pai a consola. Fico ali apenas observando aquela cena. O que eles esperam de Oliver? Ele não suporta a ideia de estar aqui trancafiado. Ele nunca aceitará bem esse fato. Eu também não deveria aceitar. Mas aconteceram tantas coisas boas aqui, que acho que aqui é um bom lugar para estar, é quase um lar. Ou talvez até melhor.

Aquela noite, depois de muito tempo livre, voltei a ter pesadelos. A causa pode ter sido o reencontro com meus pais. Eu não sei bem. Mas tive um sonho horrível. Sonhei que perdia Brandon outra vez. Só que dessa vez de uma maneira diferente. Estávamos lado a lado dentro do carro quando uma carreta vem em nossa direção, chocando-se com a lateral do veiculo, exatamente do lado onde Brandon estava sentando sorrido e depois eu só pude ouvir gritos, o vidro quebrado e uma escuridão sem fim.

— Ei, Hayley. Acorde! Acorde! – Amy e Natalie me chacoalhavam. — Você está tendo um pesadelo! Acorde.

Amy me acompanhou até a cantina e tomei um copão de água antes de voltar a dormir. Estava tudo escuro e calmo outra vez. Apesar do meu coração ainda está muito acelerado e eu não ter conseguido voltar a dormir, pois tinha medo de voltar a sonhar e acordar todo o internato com meus gritos desesperador.

“Ah Brandon, eu sinto tanta sua falta. Só queria que você estivesse aqui, ao meu lado, me assegurando de que tudo vai ficar bem outra vez.”

Rolei para o lado, retornei a fechar os olhos, tentei pensar em momentos bons que tive ao seu lado e acabei adormecendo outra vez.

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Notas finais do capítulo

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