Do Lado De Dentro escrita por Mi Freire


Capítulo 3
Começo


Notas iniciais do capítulo

Um única alternativa para o bem da Hayley.
Ou não.



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"Querer ser outra pessoa é um desperdício da pessoa que você é."

Papai era xerife da cidade onde vivemos desde que me entendo por gente. Ele se aposentou antes do tempo devido a um acidente de trabalho que fez ele quebrar uma das pernas. Até os dias de hoje, mesmo depois de muito tempo, cirurgia e tratamento, ele ainda manca para poder andar. Algumas vezes é preciso usar o auxilio de uma bengala ou algo do tipo para que ele tenha apoio.

Mamãe trabalhava em um restaurante famoso na cidade um pouco antes de conhecer meu pai. Foi lá que eles se conheceram por acaso. Mas então eles se casaram e ficou decidido que ela não precisaria mais trabalhar para poder cuidar da casa, marido e filhos. Um típico pensamento de machista. Mas que ela aceitou numa boa.

Meu pai, Bruce, e minha mãe, Margaret, sempre se deram bem. Foi amor à primeira vista e eles já estão casados há quase trinta anos. Eles se conheceram em um ano e em menos de seis meses já estavam se casando. No inicio, mamãe teve sérios problemas até conseguir engravidar do primeiro filho. Ela e papai chegaram a fazer tratamentos. Mamãe conseguiu engravidar cinco anos depois de casados e nasceu Elisabeth.

E para a infelicidade e desprezo deles, seis anos depois nasceu Oliver e quando ele tinha dois anos, eu nasci. O que não foi para o agrado deles, já que nascemos o oposto da perfeita Elisabeth.

Em casa, não éramos muito chegados. Oliver, por ser o único menino, tinha um quarto só para ele. Eu e Beth dividimos o mesmo quarto nos primeiros anos da minha vida. Mas então ela se foi, deixando o quarto só para mim. O que foi um alivio, já que eu não suportaria conviver com ela por muito tempo. Sorte a minha ela ter ido embora.

A partida de Beth para meus pais foi praticamente o fim. Como se ela tivesse morrido. Mamãe chorou muito nos primeiros dias e papai não conseguia esconder seu desapontamento. Mas eles logo se recuperaram e descontaram tudo sobre mim e Oliver. Mandando-nos fazer os afazeres de casa, que antes eram de Beth. Pois só ela era paciente o suficiente para ajudar em casa. Ao contrário de nós que nunca nem lavamos uma louça.

Oliver escapava com facilidade dos afazeres, já que meu pai sempre foi o tipo machista que acha que os homens devem ser apenas servidos e nada mais. Mas eu me ferrei por um bom tempo. Eu até tentei ajudar mamãe, mas eu não era boa no que fazia e quando fazia não fazia direito ou como ela gostaria que fosse feito. Eu sempre quebrava a louça sem querer, sujava os panos, deixava algumas migalhas pelo chão e esquecia-se de recolher o lixo.

Mamãe acabou desistindo de mim e eu fiquei livre desde então, tendo que apenas arrumar meu quarto. O que pra mim nunca foi preciso. Não que ele vivesse sempre limpo, mas sim porque eu não conseguia enxerga-lo de outra maneira que não fosse todo bagunçado do jeitinho que eu havia deixado da ultima vez que entrei nele.

Fora isso, fazíamos de tudo para conviver bem entre os outros cômodos da nossa casa. Cumprimentávamos-nos pela manhã e nos despedíamos antes de deitar. Pouco conversávamos e mau tínhamos um dialogo descente que não fosse a base de gritos.

Oliver passava o dia fora com os amigos, só voltava para comer, tomar banho ou pegar algo. Como se nossa casa fosse uma pensão. Papai se ocupava com poucos amigos em bares, golfe, sinuca, pescaria, ou qualquer outra programa de homem. Mamãe passava o dia inteiro em casa, arrumando e colocando as coisas em ordem. Às vezes ela se lamentava em ter perdido Beth e resmungava por ter filhos tão maus como eu e Oliver. Ou então, ela estava na casa na vizinha, fofocando sobre a vida dos outros.

Eu, também não gostava de ficar em casa. Tendo que ouvir os resmungos da minha mãe, suas queixas ou o desapontamento e o machismo do meu pai. Eu preferia ficar o dia fora, voltar somente quando era preciso. Mais ou menos como Oliver. Gostava de ficar com Brandon.

Desde o inicio, Brandon e eu não nos separávamos de maneira alguma. Fazíamos de tudo juntos. E isso era o mais agradável. O melhor é que nunca nos enjoávamos um do outro e sempre queríamos mais.

Brandon sempre foi um dos garotos mais bonitos do colégio, disso ninguém tinha dúvida. Muitas garotas queriam ficar por perto. O que me causava certo incomodo e me deixava bastante enciumada. Logo eu que não dou muito valor para as minhas coisas, agora, com Brandon, não conseguia conter minhas crises. Mas para não assusta-lo, afasta-lo de mim, eu me controlava e fingia não sentir nada. Ou se sentia, tentava demonstrar o mínimo possível, pois não queria perde-lo e nem sufoca-lo.

Mamãe foi muito a favor do nosso namoro por muitos aspectos. O principal deles é que Brandon fazia de mim alguém melhor. Por mais que eu não quisesse, ele sempre me ajudava com os deveres da escola. E por causa dele eu consegui passar de ano, o que agradou muito a minha mãe e o meu pai também. Eles já estavam perdendo as esperanças, assim como eu, mas ai, apareceu o Brandon e tudo mudou. Eu me desempenhei, me dediquei e ao seu lado eu pratiquei até conseguir.

Em outros tempos, antes de conhecê-lo, eu não teria dado a mínima para a escola já sabendo que iria repetir e meus esforços seriam em vão.  O que me motivou a aceitar a ajuda dele, foi lembrar que, foi assim que nos conhecemos: nas aulas de reforços.

Brandon ofereceu a mim muitas coisas que antes eu não valorizava ou despreza a existência. Ele me presenteava, se preocupava, telefonema, cuidava de mim, me ajudava tantos na escola como em casa, estava sempre disponível e presente. Era o namorado perfeito. Muitas meninas morriam de inveja de mim. Muitas também tentaram destruir o nosso relacionamento. Mas eu dei uma boa lição a todas elas. 

Brandon era o lado frágil do nosso relacionamento. E eu o mais durão e insensível. Apesar de ter aprendido muito com ele. Ele também tinha os seus problemas, é claro. Eu tentava ajudar, porque queria ajudar, fazer por ele o que ele fazia por mim. Mas eu não era boa nessas coisas e no final, nunca conseguia ajuda-lo. O que me causava certa decepção, me fazendo acreditar que eu não era uma boa namorada e que ele merecia alguém bem melhor que eu.

— Nunca mais diga uma bobagem dessas! – ele me olhava fixamente, me derretendo por dentro. Ativando meu lado sentimental, sensível e frágil. Com um simples olhar. — Eu amo você, Hayley. Será que dá pra entender? Eu amo você!

Sim, ele me amava. E eu o amava mais que qualquer coisa no mundo. Mais que amava meus pais, meu irmão e minha própria vida. Eu nunca havia amado daquela forma. Nem ao menos sabia que aquele tipo de amor era capaz de existir.

Brandon e eu fomos muito intensos. Ou estávamos morrendo de amores ou estávamos nos matando enquanto discutíamos. Assim como ele me fez mais sensível, eu o fiz mais cruel. Mesmo sem querer. E quando brigávamos era muito feio. Eu queria mata-lo e ele queria me matar. O melhor é no mesmo segundo fazíamos as pazes, nos abraçávamos, nos beijamos, fazíamos juras de amor e prometíamos um para o outro que aquilo jamais voltaria a acontecer. Mas sempre brigávamos outra vez, não tinha como não brigar. Tínhamos lá nossas diferenças e atritos.

O meu desejo por Brandon era muito grande. Eu quase não conseguia me conter quando estávamos sozinhos. Eu relutei, mas foi bem mais forte que eu. Então, resolvi fazer o que tinha vontade. E me entreguei para ele antes mesmo de completarmos um mês de namoro.

Tivermos nossa primeira noite juntos no quarto dele, enquanto a mãe dele fora viajar para a casa de uns parentes na cidade vizinha. Brandon não tinha pai, pois sua mãe nunca revelara quem ele era. Por medo ou por precaução ela preferia manter em segredo e ele não insistia em saber.

Eu já tinha me envolvido com muitos outros garotos, mas sem nenhum tipo de afeto ou sentimento. Mas por curtição. E Brando além de minha primeira paixão, foi também meu primeiro parceiro sexual. Foi tudo muito lindo e mágico aquela noite. Exatamente como eu havia imaginado que seria ao lado dele. O sempre todo perfeitinho. A única coisa que me decepcionou aquela noite, apesar de eu ter disfarçado assim que soube, foi descobrir que eu não fora a sua primeira. Ele já havia se deitado sim com outras, mas garantiu que nunca as amara como me amou.

E eu acreditei, porque sempre acreditava nele. Ele nunca me enganou. Por Brandon, eu colocaria minha mão no fogo e confiava nele até de olhos fechados. Sabia de alguma forma que ele nunca me decepcionaria. Teríamos tido uma vida perfeita e maravilhosa juntos se ele tivesse sobrevivido a aquele acidente. Mas eu não o merecia e ele se foi.

Depois da primeira noite, tivemos muitas outras. E tivemos também muitas outras primeiras vezes juntos. Estávamos sempre em busca de novidade, aventura e adrenalina. Fazíamos loucuras juntos. Ele era o companheiro ideal, o tipo de garoto que qualquer garoto quer ter por perto, mesmo quando se está na bendita TPM ou naqueles dias terríveis de cólica menstrual. Pois Brandon sabia lhe dar comigo em qualquer circunstância, desde uma crise sentimental, até um ataque de fúria.

Eu ainda continuava me envolvendo com minhas coisas erradas, mesmo que tivesse diminuído o ritmo para ficar mais perto dele. Algumas vezes ele fazia questão de me acompanhar. Era tudo muito novo para ele e ele sempre ficava admirado ou um pouco assustado. Mas nunca, nunca, me pediu para parar ou não fazer. Ele fazia de mim alguém livre.

Mesmo assim, ele me transformava a cada dia em uma pessoa um pouquinho melhor, para a alegria dos meus pais. Uma vez, eu estava prestes a dar uma surra daquelas em uma garota, mas Brandon me segurou e me conteve. Disse que não era preciso e me arrancou dali antes que eu fizesse mal a tal garota.

Ele só interferia quando eu pegava pesado demais ou quando ele ficava preocupado com o meu bem estar. Ele tinha o dom de me acalmar e me manter longe das coisas ruim. Eu fazia por ele, o que nunca fiz por meus pais. Papai e mamãe muitas vezes imploraram para que eu parasse com aquelas coisas, chegaram a me desafiar, dizendo que me internaria ou me levaria para longe dali. Eu nunca acreditava e continuava. Mas Brandon nem precisava me ameaçar ou nada do tipo. Eu parei por quis, pois tinha medo de perdê-lo e me tornar uma pessoa mais monstruosa a ponto dele não me querer mais e preferir a outra que fosse mais parecida com ele.

Meninas que tinham mais a ver com ele, estavam por todos os lados e por todas as partes. Havia muitas delas. E eu temia que ele as enxergasse uma hora ou outra cansado de mim. Eu não sei até que ponto ele iria me aturar, me aguentar e ter paciência. Mas previa que uma hora ou outro ele colocaria tudo a perder. Cansado e com razão.

— Hayley, você precisa ter cuidado. – mamãe dizia. Ela sempre dizia isso, para me perturbar ainda mais. — Esse garoto vai cansar de você, filha. Você precisa ser uma pessoa melhor. Pense nisso.

Mas eu não poderia ser melhor. Porque eu não queria e Brandon gostava de mim pelo que eu era. Ele repetia isso todo o tempo. Mas algo dentro de mim dizia que esse sentimento era temporário e ele se cansaria e me deixaria de vez. Isso eu não poderia suportar.

— Mudou o visual por mim? – ele perguntou sorrindo, tocando uma mecha rebelde do meu cabelo que insistia em cair sobre meus olhos.

— Eu sempre faço tudo por você. – eu sussurrei, antes de beija-lo. Contente por ele ter reparado a minha mudança.

Quando nos conhecemos, meu cabelo estava pintando de violeta. Um tanto diferente e chamativo. Mas então eu decidi mudar rapidamente outra vez e pintei de azul. Para o pavor da minha mãe, que sempre detestou o meu visual. Meu pai também nunca aceitou muito bem.

 — Sabe que, eu preferi seu cabelo assim. – ele tocou meu rosto com a ponta dos dedos. — Minha cor favorita é o azul. Azul me faz lembrar você porque azul simboliza a água, o céu, o infinito, o sonho. Azul me traz harmonia, tranquilidade e serenidade. De alguma forma, tudo isso está relacionado ao que eu sinto por você, meu amor.

Eu o abracei, sentindo o cheirinho do seu perfume amadeirado. Uma fragrância da qual eu sempre me lembraria dele. O cheiro na medida certa, nem tão forte, nem tão fraco. Apenas suave.

Doía muito só de pensar em perder Brandon. Sempre que eu pegava me pensando nisso, meus olhos se enxiam de água, mas Brandon estava sempre por perto e como quem lia meus pensamentos, ele sempre dizia palavras de conforto.

Perde-lo foi à coisa mais difícil na minha vida. Eu não fiquei bem e não conseguia imaginar se algum dia ficaria. Além dos pesadelos, eu tive sérias crises de fúria e tristeza. Fui internada algumas vezes em estado de observação pelo meu comportamento. Os médicos diziam que era só uma fase e que isso logo passaria. Mas eu sabia que eles estavam enganados e o que eu sentia nunca diminuiria de intensidade. Se eu já não era normal antes de conhecer Brandon, eu seria ainda pior depois de perdê-lo.

Entrei em depressão, o que preocupou meus pais. Até mesmo Oliver que sempre mostrou indiferença em relação a mim. Meu estado físico, aparente e mental era realmente preocupante. Precisei de remédios para muitas coisas.

Eu não tinha animo para nada, nem para respirar. Não saia da cama, do quarto nem para ir ao banheiro ou comer algo. Preferia me perder na minha própria escuridão. Afundar-me ainda mais no buraco que a morte de Brandon causou ao meu coração. Eu não via luz no fim do túnel. Queria ouvi-lo, toca-lo, senti-lo, mas não poderia. Mesmo que fosse somente espiritualmente, eu ficaria feliz em saber que ele estava por perto. Mas eu nunca soube e acreditar me custava caro.

Perdi um ano inteiro na escola e precisei ser internada em um clinica psicológica. Poucos sentiram pena de mim. Nem mesmo os diretos ou professores do colégio. Afinal, eu nunca fui exemplo. Nunca tive as melhores notas e nem o melhor comportamento. Eu só prejudicava a imagem do colégio. E para me punir, eles não relevaram meu caso e ainda assim, conscientes de tudo que eu estava passando, me repetiram de ano alegando que seria o melhor para mim.

Alguns longos meses depois eu sai na clinica. Estavam todos crentes que eu já estava bem e preparada para prosseguir. Mal sabiam eles que não, eu não estava e nunca estaria. Mamãe me obrigou a voltar para a escola tentar recuperar o tempo perdido. Eu me recusei. Mas meu pai me levou arrastada até lá e eu fiquei.

Não fiz o combinado e nem o que me pediram. Só faria se Brandon estivesse ao meu lado, me apoiando, me ensinando, me motivando e se orgulhando de mim. A opinião dele era a única coisa que me importava. O resto podia se explodir que eu não estava nem ai.

Cansados, meus pais tomaram uma decisão definitiva. Me mandariam para longe dali, na esperança que eu reconstruísse minha vida e encontrasse um novo amor capaz de me mudar. Mas isso nunca aconteceria, pois só somos capazes de amar uma pessoa na vida. E eu já amei, mas ele morreu.

— Se deixarmos eles juntos, não vai dá certo. Cada um precisa ir para um canto. – meu pai se referia a mim e Oliver.

— Não podemos separa-los. Eles precisam um do outro. Quero que fiquem juntos e cuidem um do outro.

— Eu não vou cuidar dela! - Oliver gritou, atordoado. — Ela nem é minha irmã. Eu nem faço parte dessa família. Me deixem em paz. Eu quero viver minha própria vida.

— Não podemos mais suportar. – papai estava prestes a chorar.  E olha, que poucas vezes eu o vi chorar. — Não é assim que uma família tem que ser. Está decidido. Vocês dois vão para um internato. Bem longe daqui. Só saíram de lá com a nossa permissão. E para terem nossa permissão, vão precisar ser pessoas melhores, capaz de cuidar de si mesmas, se amarem e viverem cada qual a sua vida. Chega! Não suporto mais ver vocês se afundarem nesse mundinho imundo de vocês.

Não tinha o que fazer. Estava decidido. Oliver bem que tentou relutar, ele pensou em fugir naquela mesma noite. Mas papai, pela primeira vez, foi mais esperto e o pegou a tempo. Mamãe já estava arrumando minhas coisas em malas, bolsas e mochilas. Eles queriam se ver livres de nós dois o mais rápido possível. A paciência deles já estava esgotada. Colocar-nos para estudar e morar longe dali parecia à última saída. Eles ainda tinham esperanças que algum dia fosse do jeito que eles queriam.

— Você não vai fazer nada? Vai ficar aí parada? – Oliver perguntou ainda muito irritado. — Sabe qual o seu problema? Você só pensa naquele garoto! Mas ele já morreu. Ele se foi. Para sempre.

Para sempre.

Era o tempo em que teríamos vividos juntos se Brandon não tivesse partido dessa para melhor.

— Eu o amo. Você não sabe o que é amar, por isso não entende como eu me sinto.  E não. Eu não vou fazer nada. Talvez essa seja a minha única esperança. Viver longe daqui é que eu quero nesse momento.

Oliver pareceu refletir na minha ultima observação. Sair dali, de casa, daquela vidinha mais ou menos, sem ter nada a perder, era o melhor a se fazer naquele momento. Um internato, para muitos, podem parecer sóbrio e aterrorizante. Mas para mim, assim como para Oliver, era só mais uma possibilidade de aprontar ainda mais do que já aprontávamos.

Seria um bom começo para uma nova fase das nossas vidas.


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Notas finais do capítulo

E ai, vocês acharam que os pais da Hayley e do Oliver agiram bem?
Deixe sua opinião ♥