Hermione estava deitada, de baixo de uma pilha de cobertores pesados e quentes. Não conseguia dormir, desde o colar enfeitiçado dado à Kátia que não conseguia pensar em mais nada além dos perigos que podiam vir dali em diante. A madrugada estava fria, gelada e o vento batia nas janelas com força. Hermione jogou os pés para fora da cama, enrolou-se numa coberta e desceu os degraus, encontrou então Harry e Ronald sentados de frente à lareira.

-Não conseguem dormir? –Pergunta chamando a atenção dos rapazes que assentem. –Também não consigo!

A garota senta-se escorada no sofá, observara aquelas chamas tantas vezes durante as madrugadas de insônia que nunca havia imaginado quão reconfortante elas eram, em poucos minutos adormeceu.

.....

“Querido Fred.

Não sei bem por que resolvi começar com “querido”, talvez para me apegar à esperança de que um dia poderei lhe chamar assim sem que possam ser nossas ultimas palavras. Não lhe escrevi desde o nosso encontro em Hogsmeade e por Mérlin espero que me desculpe, mas não estava com cabeça. Depois que nos despedimos aconteceram coisas estranhas, Kátia Bell foi amaldiçoada, tocou em um colar enfeitiçado e desde então está em coma no St.Mungus. Harry teve outra aula particular com Dumbledore e agora descobriu uma parte do passado de Tom Riddle. Sei que nesse momento você deve estar revirando os olhos e querendo ouvir noticias boas, mas creio que não tenho nenhuma!

Apenas posso lhe assegurar que nosso encontro foi perfeitamente maravilhoso, eu já disse que também foi perfeito? Espero lhe ver no Natal e quem sabe contarmos sobre nós para seus irmãos ao menos. Sem pressão, por mim poderíamos ficar assim o resto da vida, mas foi você quem me disse que queria gritar ao mundo que estava... Comigo.

Perdoe-me pela demora! O tempo por aqui está frio, só queria estar enterrada em seu abraço agora!

Com amor. H.G”

O ruivo encara o pergaminho em suas mãos. A porta se abre e sua cópia entra por ela segurando uma caixa lacrada.

-Pensando novamente sobre aquilo? –George pergunta encarando o irmão sério.

-Não consigo tirar essa ideia da cabeça! –Diz. –Seria traição, não?

-Talvez. –Responde George escorando-se à janela que refletia os últimos raios de sol daquela tarde.

-Ela é apenas uma garota, não pode ser tão difícil! –Fred esfrega as mãos no rosto apreensivo.

-Não está pensando mesmo em... –Fred assente. –Você sabe que está fazendo uma grande estupidez.

O ruivo encara o irmão sentado com as mãos no rosto.

-Você estava decidido a contar para todos sobre vocês e agora... –George pausa a respiração aumentando o tom de desprezo. –Agora está sendo covarde o suficiente para simplesmente deixa-la.

-Não estou sendo covarde! –Fred tenta se defender. –Só não sei o que fazer!

-Responda essa carta e no natal, quando levantar sua taça, grite para os ventos que ama Hermione e quer passar o resto da vida com ela! –Diz o ruivo saindo, ouviu um murmúrio como “não é tão fácil” e finalmente bateu a porta à suas costas.

Em Hogwarts Hermione continuava sem resposta, mas com todos os problemas e coisas acontecendo não deu importância, mesmo querendo muito ter noticias do rapaz.

O jogo de estreia de Ron finalmente chegou, o garoto encarara seu prato o café da manha inteiro.

-Harry, hoje depois do jogo eu vou desistir. –Disse meio tremulo. –Vou dar minha vaga para o McLaggen.

Luna lia O Pasquim um pouco afastada do trio até que comentava sobre algum “tônico”, Harry meche-se desconfortável e guarda o frasco de Félix Felicis no bolso. Ron encara o copo.

-Não bebe Ron. –Hermione diz olhando feio para Harry. O ruivo, porém, em um gole bebe todo o conteúdo do copo, levanta-se confiante.

-Vamos Harry, temos um jogo para ganhar! –Diz apertando a mãe do amigo e então ambos saem do salão principal.

.....

-Vai, vai Grifinória!

Era o único som que se podia escutar no campo de quadribol. A torcida vibrava a cada goles que Ron defendia. Hermione mesmo se contendo acaba por aplaudir o amigo que após ajudar na vitória do time é levantado por Lino e outro garoto.

-Weasley é nosso rei! –O salão comunal da Grifinória gritava explodindo em aplausos.

-Não devia ter feito isso! –Hermione diz a Harry.

-Não devia ter usado “confundus”. –Retruca Harry.

Hermione boquiaberta pensa em uma resposta o mais rápido.

-É diferente, aquilo eram testes. Poderiam ser expulsos. –Diz enquanto observa o amigo tirar do bolso o frasco intacto. –Não usou? –Harry acena negativamente com a cabeça. –Mas Ron pensa que sim.

De repente Ronald é puxado para baixo e Lilá Brown beija o rapaz apaixonadamente. Hermione de inicio sorri, mas de repente um turbilhão de pensamente passa por usa cabeça e se retira do local. Senta-se na escada onde não havia ninguém, com um balançar da varinha produz pássaros. Não sabe o porquê, mas apenas sentia vontade de chorar, essa vontade logo tomou conta de seu corpo e lágrimas escorriam por seu rosto delicado. Ouve passos atrás de si e vê Harry andando lentamente em sua direção, senta-se ao lado da amiga e a abraça.

Risadas ecoaram e logo Lilá montada nas costas de Ron surge na frente de Hermione e Harry que a olha sério.

-Ah, acho que aqui já está ocupado! –Diz a garota se dirigindo para a porta novamente.

-Que pássaros são esses? –O ruivo pergunta sorridente.

“Opugno”, a voz de Hermione ecoa e os pássaros rapidamente voam em direção a Ron que corre, os pequenos pássaros explodem ao chocarem-se com a parede.

Hermione senta-se novamente com o amigo que apegas acaricia sua mão.

-Como se sente quando vê Gina com Dino? –Pergunta e o garoto a encara assustado. –Vi como olha para ela.

Hermione seca as lágrimas.

-Assim. –Responde.

-Me sinto mal. - Diz Hermione levantando o rosto e limpando os rastros que antes lágrimas deixaram ali. –Não sei o porquê, mas ver Ron com Lilá me magoou de alguma forma!

-Eu acho que te entendo! Apenas tente esclarecer sua mente e não conte nada a Fred, ele ficaria muito magoado. –Harry sorri levantando-se e esticando a mão para a amiga. –Tentarei convencer Ron que você estava passando mal, ou que recebeu alguma carta de seus pais.

-Obrigada Harry! –Abraça o amigo e sobe para seu dormitório.

Enquanto rolava na cama continuava a pensar o porquê de ter chorado por Ronald que sempre foi seu amigo. Abriu a gaveta de cartas e encontrou o ramo de Almíscar Selvagem ali, o perfume ainda agradava seu olfato.

-Impossível. –Lembrou-se que mais cedo havia sentido o mesmo perfume em Ronald, provavelmente o cheiro fez lembrar-se de Fred, ligou o perfume e cabelos ruivos ao namorado. Pensou ainda mais na carta que mandara para o rapaz que não havia respondido. Na manhã seguinte explicou a Harry que disse que aquele era a “mistura” de desodorantes que o amigo havia feito mais cedo. Viu então o ruivo esgueirar-se pelo salão até sentar-se ao seu lado.

-Hermione eu... Desculpa por ontem, Harry me contou que você recebeu uma carta de sua mãe! –A garota apenas assente e o abraça. –Eu peguei uma flor para você, mas Lilá pegou e disse que eu sou o namorado mais fofo do mundo.

Hermione ri seguida por Harry.

.....

Hoje era o jantar de Natal do Slughorn, apenas para seus melhores alunos ou troféus como eram chamados por outros alunos. Hermione convidou McLaggen, já que Ron estaria ocupado com Lilá. Harry acabou por convidar Luna que aceitou sem hesitar. Durante a festa inteira Hermione se esgueirou para longe de seu par que vomitou nos pés de Snape.

Filch invadiu a festa trazendo Malfoy pelo colarinho da camisa e apresentando-o a todos como penetra. Snape o carregou para fora, Hermione viu quando Harry saiu seguindo os dois, mas não se importou com o fato.

.....

Estava no corujal, gostava da vista que proporcionava nos finais da tarde, acariciou Acxel e lhe entregou um biscoito. Já terminara de arrumar as malas que levaria para a casa dos Weasley, mas precisava mandar uma carta para seus pais, desejando-lhes um Feliz Natal. De volta ao dormitório, deitou-se e caiu em sono profundo.