Pov. Julia

Hoje foi o segundo dia de aula, morar no colégio não é fácil. Você tem aula de manha ate à tarde, eu mal conseguia ficar na minha escola, quanto mais morar nela.

O sino de se recolher tocou fazendo que eu e Alice permanecêssemos em um mesmo lugar. Apesar de agora esta invertendo, eu ficando no quarto e ela andando com seu grupo dos populares sobre os corredores.

_ Eu acho que o sino deveria tocar mais tarde! – Disse Caroline inquieta.

_ Você se acostuma. – Disse Alice saindo do banheiro esfregando um creme sobre os braços.

_ Esse creme me dá enjoo. – Questionei.

_ Não posso fazer nada, é o meu preferido. – Respondeu Alice.

_ Imagina o que você menos gosta. – Impliquei.

_ Nem comecem. – Disse Caroline, vindo da varanda.

_ É ela. – Falou Alice.

_ Você que esta se esfregando nesse pote de sorvete. – Debati.

_ É um creme muito bom, ok? – Defendeu Alice.

_ Bonita a lua. – Caroline tentou mudar de assunto e evitar uma briga.

_ Esta linda mesmo! – Alice concordou.

_ Que assunto chato! – Impliquei com Caroline de brincadeira.

_ Que menina implicante. – Ela debochou.

_ Concordo. – Alice falou.

_ Vocês me cansam. – Disse. – Fui. – Coloquei meus fones de ouvido no máximo e me deitei.

_ O barulho esta me incomodando. – Disse Alice tirando meus fones.

_ Os incomodados que se retirem. – Disse.

_ Aqui as regrinhas são diferentes. – Questionou ela.

_ Eu não sigo regras, quanto mais regrinhas. – Disse.

_ Eu estou falando serio. – Disse ela.

_ Quem disse que eu não? - Debati.

_ Garota você me tira do serio. – Ela falou irritada.

_ Novidade. – Debochei.

_ Eu só estou pedindo para abaixar o volume. – Alice explicou.

_ Abaixa só um pouco, Julia. – Caroline tentou acabar com a discussão.

_ Eu não estou afim. – Disse.

_ Se você não quer por bem, vai pelo mal mesmo. – Alice falou.

_ Que medo! – Ironizei.

Alice arrancou os fones do meu ipod e saiu correndo ate a varanda.

_ Calma Alice! – Gritou Caroline.

_ Garota se você tacar ele, eu vou fazer você buscar pelo mesmo lugar que ele foi. – Disse começando a me estressar.

_ Que medo! – Ela me imitou.

_ Me devolvi meus fones! – Gritei.

_ Se afasta! – Ela gritou de volta.

_ O que eu fiz para merecer isso? – Murmurou Caroline.

_ Vou te dar cinco segundos. – Disse nervosa.

_ Você vai abaixar o volume? – Perguntou Alice com as mãos para o lado de fora da sacada segurando meus fones.

_ A única coisa que vai baixar é minha mão na sua cara se você não me devolver agora. – Estressado falei.

_ Ops... – Disse Alice soltando meus fones.

_ É melhor correr, eu vou te matar. – Gritei atrás dela.

_ Já era. – Falou ela.

_ Eu vou fazer você pegar meus fones com a língua. – Gritei correndo atrás dela.

Ela conseguiu passar para o outro lado correndo e eu fui atrás.

_ Chega! – Gritou Caroline já estressada. – Esta parecendo duas crianças. Julia não custava abaixar o volume e Alice foi desnecessário taca-los pela varando. – Disse ela se acalmando. – Agora as duas vão para cama e se eu ouvir mais uma palavra eu que vou bater, nas duas. – Caroline mostrou seu outro lado.

_ Meus fones. – Disse.

_ Vai buscar e não quero ouvir nenhuma reclamação, Alice para cama! – Caroline mandou. – Boa noite! – Disse ela apagando as luzes deixando só a TV ligada iluminando o quarto.

Sai do quarto e segui pelo corredor ate a escada, desci e estava tudo vazio e um pouco escuro, os corredores estavam iluminados.

_ O que esta fazendo aqui? – Ouvi uma voz e gelei. – O sinal já bateu. – Reconheci a voz.

_ Não é da sua conta, alem do mais essa regra se dirigi a você também. – Disse a Daniel.

_ Não sou muito de segui regras. – Questionou ele.

_ E vagar pelos corredores depois do sinal é tão arriscado. – Ironizei.

_ Eu sinto muito. – Ele falou completamente fora do assunto.

_ Quantas vezes vai precisar dizer isso? – Perguntei. – Eu não deveria nem esta conversando com você.

_ Eu estava de cabeça quente, agi sem pensar. Ainda estava chateado pelo o que você me disse na biblioteca. – Ele tentou se explicar.

_ Não preciso das suas explicações. – Disse saindo.

_ Eu só queria começar de novo. – Disse ele. – Amigos? – Perguntou.

_ Eu nunca vou ser sua amiga, Daniel. – Falei ainda de costa. – Eu não ando em bandos e muitos menos tenho amigos, estou sozinha nessa. – Disse saindo antes que ele falasse algo, voltei para meu quarto.

Entrei no quarto e me deitei, meus pensamentos estavam começando a me atrapalhar. Preciso dos meus fones, mas claro, me esqueci deles.

Eu tenho que aceita a realidade, Daniel é só mais um popular, eu não vou ser amiga dele, nunca.

__

Pov. Caroline

Acordei um pouco mais calma, a noite realmente foi estressante com duas cabeças duras no quarto. Nem sei como consegui acabar com aquela discussão toda.

Alice ainda não tinha chegando da sua corrida matinal, aproveitei para tomar meu banho mais cedo. Quando sai do banheiro Julia já estava acordada.

_ Bom dia! – Falei.

_ Não muito. – Disse ela se levantando.

_ Cheguei! – Alice falou entrando.

_ Infelizmente. – Disse Julia.

_ Eu achei isso lá em baixo enquanto corria. – Disse Alice entregando os fones para Julia.

_ Isso que eu acabei de ver foi verdade? Produção, esta certo? – Debochei.

_ Foi mais do que a obrigação dela. – Disse Julia.

_ Você não pegou ontem à noite? – Perguntei.

_ Não achei... Estava escuro. – Falou Julia insegura.

_ Vou tomar banho. – Disse Alice.

_ Nem pensar, eu já estou indo. – Falou Julia.

_ Estava demorando. – Disse.

_ Garota, chega. – Disse Alice. – Eu cansei de você querer mandar em tudo, a cama você ficou, os fones tive que dar um jeito. – Alice continuou. – Não é tudo do seu jeito.

_ Aconteci que a gente esta dividindo um quarto e eu não vou esperar a princesinha lavar e engomar o cabelo. – Disse Julia. – Eu não vou gastar meu tempo brigando com você, perdeu. – Falou Julia correndo ate o banheiro e se trancando.

_ Eu vou te matar! – Gritou Alice enquanto esmurrava a porta.

_ Não acredito, cuidado para não quebrar as unhas! – Julia gritou do banheiro.

_ Isso é demais para uma pessoa só. – Disse Alice.

_ Pois é, eu não mereço! – Falei entrando no closet.

Coloquei um vestido azul, a qual em cima do lado direito tem o símbolo da escola, ele é colado ate um pouco acima da cintura e para baixo soltinho, pus minhas meias ate panturrilha e uma sapatilha vermelha.

_ Adorei esse vestidinho. – Disse Alice. – Tenho igual, mas esta personalizado.

_ Um dos meus favoritos. – Disse.

_ Você tem que começar a personalizar seus vestidos, ate a marginal personaliza os dela. – Alice falou.

_ Não sei personalizar uniformes.

_ Espera aí. – Disse Alice indo ate o closet. – Coloca esse cinto. – Disse ela me entregando um cintinho vermelho bem fininho. – Coloca na altura da cintura.

_ Assim? – Perguntei.

_ É. Bem melhor. – Disse ela.

_Ok, obrigada! – Agradeci. – Vou indo.

_ Você já conhece alguém? Quero dizer, têm amigas ou ate um menino? – Perguntou Alice.

_ Não, ainda não arranjei nenhuma amiga. – Disse. – Tem um menino que conheci, ele é lindo. – Disse suspirando.

_ Serio, me conta. – Disse ela desesperada. – Qual o nome? – Perguntou.

_ Não vou falar, acho que você conhece e do mesmo jeito, ele só deve me ver como amiga.

_ Se um dia você quiser falar dele, estou aqui. – Disse ela.

_ Ok. – Disse indo ate a porta.

_ Tenho que te apresentar meu namorado depois. – Disse Alice. – Ele é incrível.

_ Vou adorar conhecê-lo! – Disse saindo.

Sai do meu quarto e segui ate o refeitório. Comi devagar como sempre e depois fui ate o armário, peguei alguns livros e sai andando pelo corredor. Toda desastrada esbarrei em um menino, não foi nada de mais.

_ Desculpa! – Disse.

_ Tudo bem, acho que já estou acostumando em esbarrar nas pessoas. – Ele brincou.

_ Sou Caroline. – Disse.

_ Matthew. – Ele falou.

_ Sua gravata esta errada! – Falei.

_ Não sei muito bem arruma-la.

_ Eu te ajudo! – Disse colocando meus livros em um banco ao lado.

_ A outra garota também falou isso e acabou deixando solta. – Disse ele.

_ O que você disse? – Perguntei sem entender nada.

_ Esquece. – Disse ele.

_ Ok. Presta atenção, vou te ensinar. – Disse arrumando sua gravata.

De longe vi um grupinho passando pelo corredor da frente, entre eles Alice e Ryan.

Alice parou e seus lábios se mexiam perguntando “É ele?” – Ela apontava para Matthew que esta de costa.

“Não” – Mexi meus lábios e minha cabeça ia de um lado para o outro fazendo sinal de não.

_ Esta conversando com quem? – Disse Matthew se virando.

A expressão de Alice mudou e ela saiu andando.

_ Você a conheci? – Perguntou Matthew.

_ Sim, divido quarto com ela. – Falei. – Por quê? – Perguntei.

_ Nada. - Ele falou serio.

_ Pronto. – Disse. – Aprendeu? – Perguntei.

_ Acho que sim. – Disse ele. – Obrigada.

_ Posso te chamar de Matt? – Perguntei.

_ Devi. – Ele falou.

_ Esta indo para sala? – Perguntei.

_ Sim. – Afirmou ele.

_ Então vamos. – Saímos andando.

__

Pov. Alice

Já estava de noite, terminei o treino de líder de torcida e liberei as meninas.

_ Estamos indo, quer que te esperamos? – Perguntou Katie.

_ Não, podem indo. – Disse guardando os pompons.

Terminei tudo por lá e sai andando pelo campo. Já estava escuro o bastante, meu celular marcava oito e quarenta. Estou morta, vou subir ate meu quarto, tomar um belíssimo banho, jantar e dormi.

_ Oi gracinha. – Senti uma mão me puxar pelo braço.

_ Me solta. – Disse para o desconhecido.

_ Calma, para quê a pressa? Quero só conversa. – Disse ele me segurando forte.

_ Eu não! – Disse tentando soltar meu braço.

_ Calma gatinha, só estou querendo te conhecer melhor. – Disse o menino me segurando forte. – Sou Kaio.

_ Me solta. – Disse mais uma vez, só que agora gritando.

_ Larga a garota! – Ouvi uma terceira voz aparecer no escuro, já estava começando a ficar com medo.

_ Não atrapalha, vaza daqui! – Disse o garoto que me segurava.

_ Solta ela ou eu... – O menino disse começando a se estressar.

_ Ou você o que? – Perguntou Kaio interrompendo o outro.

_ Me solta, esta me machucando. – Disse.

Em um movimento rápido o garoto que tentava me ajudar deu um soco no rosto do que me segurava fazendo ele me soltar, a luz refletiu sobre seu rosto e eu pude percebe que era Matthew que me defendia.

_ Você esta bem? – Perguntou Matthew.

_ Acho que sim. – Enquanto tentava dizer assustada vi Matthew sendo acertado por Kaio. - Meu Deus! – Gritei desesperada.

O garoto socava seu rosto e eu não sabia o que fazer.

_Socorro! – Foi a única coisa que consegui gritar ao meio do desespero e das lagrimas que começavam a cair.

_ Eu falei para você sair daqui. – Disse o desconhecido.

_ Solta ele! – Gritei chorando desesperada.

Matt desviou do soco, segurou a mão de Kaio e com a outra mão o acerto na barriga fazendo o cair.

_ Se você chegar perto dela mais uma vez eu não vou agir por mim. – Disse Matthew.

Eu estava com medo, apavorada. Eu só consegui correr ate ele e o abraçar, bem forte.

_ Você esta sangrando! – Disse ainda desesperada.

_ Vamos sair daqui – Disse Matthew me puxando.

A maioria das pessoas estão no refeitório, entramos no colégio e os corredores estavam vazios.

_ Onde você esta indo? Vamos para enfermaria agora. – Disse preocupada.

_ Eu estou bem. – Disse ele.

_ Não, você esta sangrando. – Disse.

_ Eu estou bem! – Falou ele estressado.

_ Não esta. – Bati o pé e ele continuou andando.

Seguimos ate as escadas e eu o segui.

_ É proibida a entrada de garotas no dormitório masculino.

_ Que seja. – Disse eu subindo as escadas.

Ele seguiu o corredor e entrou no quarto e eu fiz o mesmo.

_ O que você esta fazendo aqui? – Ele perguntou.

_ Vim te ajudar com essas feridas. – Disse entrando no banheiro. – Todo banheiro tem um quite de primeiro socorros. – Expliquei. – Vem aqui! – Falei indo ate a mesinha de estudos colando o quite.

_ Não precisa, vou ficar bem.

_ É o mínimo que eu posso fazer por você! – Disse abrindo a maletinha e pegando algumas gases, me escorei sobre a mesinha e ele se aproximou.

_ Você esta mais calma? – Ele perguntou preocupado.

_ Não precisa se preocupar, você que esta ferido aqui. – Disse limpando o sangue.

_ Aquele cara é um babaca! – Disse ele.

_ Pela primeira vez vou ter que concorda com você! – Disse. – Esta doendo? – Perguntei terminando de limpar.

_ Um pouco. – Respondeu.

_ Sinto muito! – Disse.

_ A culpa não foi sua! Se eu pudesse eu... – Matt começou a falar

_ Obrigada! – Disse o cortando.

_ Eu faria isso por qualquer uma. – Explicou.

_ Mais você fez por mim, mesmo eu sempre te maltratando. – Falei.

_ Eu não o deixaria encostar em um fio seu! – Disse ele voltando a se estressar.

_ Você ficou estressadinho, foi muito bonitinho. – Disse as palavras cada vez mais devagar.

Matt estava muito próximo, ele tirou as gases da minha mão, seus braços se envolverão sobre minha cintura e antes que eu fizesse algo, ele me beijou. Cruzei meus braços sobre seu pescoço e acabei cedendo ao beijo. Foi começando devagar e com tempo o beijo foi se esquentando.

_ Matthew? – Alguém bateu na porta.

_ Eu não acredito, eu tenho namorado! – Disse assim que o beijo foi interrompido.

_ Você se lembra disso agora? – Perguntou ele.

_ Eu só não te dou um tapa na cara por que aquele menino já fez um estrago grande. – Disse.

_ Estava demorando você voltar ao normal.

_ Matthew? Abra a porta. – O homem do outro lado continuou a bater.

_ Quem é? – Perguntou Matt.

_ Acho que é o direto. – Disse. – Não acredito, o diretor! – Percebi onde eu estava.

_ E agora... – Disse Matt. – Vai para debaixo da cama.

_ Muito obvio. – Disse sussurrando.

_ E você quer o que, abri a porta para o diretor? – Ele ironizou.

_ Eu não sei. – Desesperei.

_ Já sei. – Disse ele. – Entra no banheiro, tranca a porta e liga o chuveiro.

_ Será que vai da certo? – Perguntei.

_ Tem que dar.- Disse me empurrando para o banheiro.

_Ok. – Concordei e entrei, liguei o chuveiro e me encostei à porta para ouvir a conversa.

_ Com quem você estava conversando? – Perguntou o diretor.

_ Ninguém, estava cantando. – Disse Matt inventando uma desculpa.

_ Então é verdade? – Perguntou o diretor.

_ Que eu canto bem? Sim. - Debochou Matthew.

_ Não brinque comigo rapaz, você estava envolvido em uma briga? – Perguntou o diretor.

_ Olha para o meu rosto, o que você acha? – Matt perguntou de volta.

_ Droga! – Falei baixinho. Não acredito que ele vai se ferrar.

_ Quem esta no banheiro? – Perguntou o diretor.

_ Daniel, mas se fosse você passava longe. Ele esta ali tem mais de uma hora! – Disse Matt o zoando mais uma vez.

_ Venha comigo, agora! – Falou o diretor.

_ Eai. – Ouvi uma terceira voz.

_Daniel! – Ouvi Matt dizer surpreso.

_ Daniel não estava no banheiro? – Perguntou o diretor.

_ Ferrou! – Falei a mim mesma.

_ Ate onde eu saiba ainda não existe uma forma para que eu esteja em dois lugares no mesmo tempo. – Daniel como sempre humorado.

_ Eu disse Daniel, queria dizer Ryan. – Explicou Matt.

_ Tudo bem. Vamos. – Disse o diretor e ouvi a porta se fechar.

_ Eu nem acredito. – Disse suspirando, fechei o chuveiro e sai do banheiro.

_ Ryan? – Daniel zoou confuso.

_ Nem brinca. – Disse saindo do banheiro.

_ Ok. Só quero saber por que você esta no meu quarto, loira. Ou melhor, no meu banheiro. – Daniel falou.

_ Longa historia. – Falei.

_ Eu tenho tempo. – Disse Daniel.

_ Não vou me arriscar ficar aqui nem mais um segundo. – Disse dando um beijo em sua bochecha.

_ Tchau. – Falou ele.

_ Onde esta Ryan? – Perguntei antes de sair.

_ Há dois minutos estava no banheiro. – Ele zoou mais uma vez.

_ Fui. – Disse saindo.