Entre Dois Mundos escrita por Malu


Capítulo 19
Acampamento


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas, como estão? Aqui está o capítulo do mês, apesar de ter atrasado alguns dias. Bem, boa leitura! ^^



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POV Godric

As férias acabaram e eu não a vi mais. Ela nem se despediu, simplesmente sumiu. Depois de uma semana eu percebi que ela não apareceria mais e deixei de ir para o parque. Não contei a ninguém o que acontecera, mas sabia que em breve o Sr. D. iria me perguntar sobre ela. Ou alguém do Conselho do Casco Fendido. As notíticas corriam rápido e alguém provavelmente sentiria o cheiro dela em mim. Como eu havia imaginado, dois dias depois de eu parar de ir ao parque, Quíron me chamou na Casa Grande.

– Senhor? - disse, entrando. Ele estava na sua forma de centauro, de costas para a porta.

– Ah, olá, Godric. Ouvi dizer que passou um tempo indo ao parque, mas que parou de repente. Posso saber o por quê?

– Eu estava esperando encontrar algum meio-sangue nas férias, mas não encontrei ninguém.

– E por que parou a busca?

– Não encontrei ninguém e achei que não encontraria mais.

–Godric, não minta para mim... - ele ficou de frente para mim e olhou nos meus olhos. Eu abaixei a cabeça e ele suspirou. - Eu senti o cheiro em você e fiquei esperando você nos contar. Ou trazê-la aqui.

– Eu tentei, senhor, mas o pai dela não deixou. E antes que eu pudesse insistir eles foram embora.

– Quem era?

– Uma garota chamada Sophie Burton. Ela parece ter uns 11 anos.

– E sabe para onde ela foi? Mandaremos um sátiro para lá.

– Ah... - desviei o olhar mais uma vez.

– Godric?

– Ela não é daqui, senhor.

– Mas de onde ela é?

– Ah… Da Inglaterra, senhor.

– Meus deuses, isso é grave. O cheiro dela ainda está um pouco em você, ou seja, ela é poderosa.

– E, senhor, ela desenha muito bem. Vi o caderno de desenhos dela. Principalmente corujas.

– Atena...

– Foi o que pensei, senhor. O que pretende fazer?

– Ainda não sei... Pode ir, garoto.

Saí trotando pelo acampamento, tentando não pensar. Os filhos de Apolo treinavam arco e flecha. As crianças de Ares se aventuravam na parede de escalada. Já os de Atena jogavam uma partida de volêi com os de Deméter.

Parei para assistir o jogo. Não prestava muita atenção, havia voltado a pensar na estranha garota e em seu pai. Quando falamos do acampamento, ele pareceu ficar nervoso, então provavelmente sabia tudo. Mas por que escondia a filha e moravam na Inglaterra, bem próximo às terras antigas?

– Godric! Godric, ajuda aqui! - um garoto que eu não lembrava o nome me chamava. Olhei para o centro da quadra. Lucy, uma amiga minha, estava caída no chão com um corte na cabeça e com a perna em um ângulo estranho.

– Lucy! Está tudo bem? - corri até ela, pegando-a no colo e levando-a para a enfermaria.

– É claro que não! Eu levei uma bolada e caí de mau jeito. Isso está doendo!

– Calma, já estamos chegando. - eu andava o mais rápido possível, mas tinha medo de machucar. Seu cabelo loiro estava sujo de terra e caía um pouco em seu rosto. Algumas lágrimas saiam de seus olhos, lindos olhos cinzas. Olhos iguais aos da… - Sophie!

– Quem?

– Ninguém. Você tem quantos anos mesmo?

– 12. Godric, está tudo bem?

– Claro, por que não? Pronto, chegamos. - coloquei-a em uma cama e um filho de Apolo que estava por lá foi ajudá-la. -Eu tenho que ir. Tchau!

Eu precisava fazer algo em relação àquela garota. Ela podia estar correndo perigo. Fui o mais rápido possível à Casa Grande e encontrei Quíron na varanda.

– Quíron?

– Sim, garoto?

– Eu gostaria de saber o que pretende fazer com a Sophie?

– Ainda não sei. Por quê?

– Eu queria ir para lá e tentar trazê-la para cá. Ou pelo menos mantê-la segura…

– Sabe que não posso permitir isso. É proibido ir às terras antigas. E você ainda é jovem, meu garoto.

– Mas ela pode estar em perigo lá. Por favor, eu posso tentar.

– Minha resposta é definitiva. Por que essa preocupação toda? Você não queria nem me falar…

– Ela já tem idade para os monstros começarem a percebê-la. Isso não seria legal. Eu não tinha pensado nisso antes. Ela parece ser bem poderosa…

– Tem algo que eu não sei?

– Um dia encontrei-a desenhando o Empire State. O prédio em que fica o Olimpo. E ela me disse que sentiu uma energia forte nele e que ficou pensando que seria legal se ele tivesse seiscentos andares…

– Interessante… Você acha que ela é de Atena, não é?

– Sim, senhor.

– Ela parece poderosa… Sabe o nome do pai dela?

– É Jack Burton, senhor.

– Vou tentar mandar uma mensagem de Íris para ele. Venha comigo. - fomos até a pequena fonte que havia no canto. Um raio de luz entrava pela janela, criando um pequeno arco-íris. Quíron me estendeu um dracma de ouro. - Faça você a ligação, é mais fácil, você já o viu antes.

– Tudo bem. - joguei o dracma no arco-íris, pensei no pai da Sophie e falei. - Oh, Íris, deusa do arco-íris, aceite essa oferenda, mostre Jack Burton, na Inglaterra.

O arco-íris tremeluziu e uma imagem se formou. O sr. Burton estava em um escritório, rodeado de caldeirões estranhos. Uma mulher estava saindo do local, carregando uma caixa. Ele olhou para frente, diretamente para mim e se assustou.

– Quem é você? Eu te conheço, não?

– Sim, senhor. Eu sou o Godric, o garoto que sua filha conheceu quando vieram para cá…

– Ah… E o que é isto?

– Senhor Burton, permita-me que eu me apresente. - Quíron apareceu ao meu lado, em sua cadeira de rodas. - Godric, agora que já estabeleceu a ligação, poderia nos deixar a sós?

– É claro, senhor.

Sentei-me em um banco na varanda e esperei. Queria muito saber o que eles estavam conversando, estava com um mal pressentimento. Eu queria ir para lá buscar a Sophie, porém era proibido ir para a Europa devido à proximidade com as terras antigas.

Ficar parado esperando era uma tortura, então levantei-me e fui à enfermaria ver como a Lucy estava. Entrei em silêncio, apesar de o lugar estar quase vazio. Sentei-me no pé da cama em que ela estava.

– Está melhor?

– Estou sim. Vai me explicar o que foi aquilo?

– Você pode sair daqui?

– Provavelmente, eu apenas estava com preguiça.

– Então vamos para outro lugar. - fomos juntos até a praia, que estava vazia. - Aqui está bom.

– Por que tanto mistério? Fala logo, antes que eu morra de curiosidade.

– Tudo bem. Na verdade não é nada demais, mas eu não sei se posso contar para alguém. Só conto para você porque é minha amiga.

– Ok, mas fala logo e para de enrolar!

– Tudo bem. Bem, eu conheci uma garota no parque e na hora eu percebi que ela é meio-sangue. Eu até tentei trazê-la para cá, mas o pai dela não permitiu.

– Ah, mas isso acontece, não é nem a primeira vez…

– Só que ela tem um cheiro forte a provavelmente atrai monstros. Não sei como não apareceu nenhum no tempo em que eu estive com ela. Mas o pior não é isso?

– O que é então?

– Ela mora na Inglaterra. Próximo demais da Grécia, das terras antigas…

– Meus deuses, isso é realmente estranho… O Quíron já está sabendo?

– Já… Ele ia começar a falar com o pai dela por mensagem de Íris quando eu saí de lá.

– Ah, se ele já sabe então com certeza vai fazer o que acha melhor…

– É…

– Godric, eu te conheço muito bem. Por que ainda está preocupado com ela?

– Não sei, estou com um mal pressentimento… Sei lá, vai que o pai dela se muda para outro lugar? E se o Quíron simplesmente desistir dela porque é proibido ir para a Europa?

– Nossa, mas por que tanta preocupação com ela? O que ela tem de tão especial?

– Ela é uma semideusa e para mim isso já motivo suficiente. E eu me sentiria culpado se algo acontecesse com ela, porque eu tinha a obrigação de trazê-la para cá. Imagina só, não conseguiria mais nenhuma missão com o Conselho do Casco Fendido…

– O Quíron não vai desistir, a menos que seja impossível fazer algo. E, mesmo assim, não teria por que você se sentir culpado, não é culpa sua se o pai dela é implicante. Você esqueceria com o tempo.

– Você não falou com ela, ela tem uma energia muito forte, não dá pra esquecer tão fácil. Além disso, eu me lembraria dela toda vez que te visse, e você é minha melhor amiga. A semelhança é tão grande que eu não conseguiria simplesmente esquecer…

– Então estamos falando de uma possível irmã minha?

– Sim… Se dependesse de mim, eu ia até lá, mandava uma mensagem de Íris para ela e voltava com ela para cá, independemente do que o pai dela falasse…

– Godric, mas não estamos no verão. O acampamento é só no verão, apenas algumas pessoas ficam o tempo todo, como eu que não tenho para onde ir…

– E aqueles que atraem monstros…

– Você disse que nenhum monstro atacou vocês…

– Ela tem um cheiro tão forte… Eu estou realmente intrigado…

– Godric! - um garoto de Hermes correu em nossa direção. - Estão te chamando na Casa Grande!

– Bem, Lucy, eu tenho que ir. A gente se fala depois!

Trotei o mais rápido possível para a Casa Grande. Quíron se encontrava parado na varanda, em sua forma de centauro. Parecia concentrado em alguma coisa. Hesitei antes de falar com ele.

– Godric, pode se aproximar. - ele disse, sem se mexer.

– Mandou me chamar, senhor?

– Mandei. Eu conversei com o Sr. Burton.

– E o que resolveram?

– O pai dela sabe o que é melhor para ela, sempre esteve ciente da natureza da menina.

– Quer dizer que não vamos fazer nada?

– Não. Ela vai continuar onde está, é o melhor. Ela está bem protegida lá.

– Mas senhor…

– Godric, nós não vamos fazer nada. Isso inclui você. É uma ordem definitiva. Eu te proíbo de tentar fazer algo. E, por favor, não comente nada com ninguém.

– Tudo bem, senhor… Se não se importa, eu já vou indo… - senti um arrepio na espinha. Estávamos sozinhos na varanda, mas eu tinha certeza de uma coisa. Alguém havia nos escutado.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Estou esperando comentários... Esse capítulo pode ser um pouco parado, mas é importante.
Bem, meus amores, eu tenho uma notícia não muito boa para vocês. Esse mês de setembro vai ser bem corrido, vai ter Feira de Ciências na minha escola e logo depois semana de provas. E esse ano tem vestibular também, eu quero estudar pelo menos um pouco. Ou seja, colocarei a fic em hiatus por alguns meses. :'( Dói em mim isso, eu simplesmente amo escrever, mesmo que apenas uma garota comente. Vou sentir muita falta disso, vou tentar escrever pelo menos um capítulo nesse tempo, talvez. Espero voltar o quanto antes. Um grande beijo para todos que me acompanharam até aqui.