Entre Dois Mundos escrita por Malu


Capítulo 10
Amigos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo fresquinho pra vocês! Espero que gostem. Boa leitura!



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Setembro acabou mais rápido do que eu imaginava. Estava gostando muito das aulas. Poções era a minha matéria preferida, talvez porque eu havia crescido no meio de poções. E também era uma aula totalmente prática. Eu gostava muito de todas as aulas práticas. Por outro lado, não conseguia entender muita coisa nas aulas teóricas. Passavam-se alguns minutos e eu já não estava mais ouvindo nada. Essas aulas haviam me rendido vários novos desenhos, Encontrara um livro na biblioteca sobre arquitetura e havia começado a desenhar algumas estruturas de vários estilos.

Se por um lado estava adorando a escola, os professores e as aulas, a cada dia que se passava me sentia mais sozinha. Minhas companheiras de quarto já estavam amigas umas das outras, mas parecia que eu não existia para elas. Nas duas primeiras semanas de aula, eu havia tentado me aproximar delas, dava um sorriso sempre que elas passavam, algumas vezes até um “oi”. Mas ninguém nunca respondia. Tentei também com os meninos, mas não deu certo. Até que percebi que não sabia fazer amigos e que teria que me acostumar a isto. Aliás, eu sempre vivi apenas com meu pai. Entretanto, ele era meu melhor amigo e eu também não podia ficar mandando cartas para ele todos os dias. Nem mandava mais cartas.

O mais próximo de um amigo que eu havia feito era o Grim. Mas depois que a gente brigou, ele tentou falar comigo mais umas quatro vezes e desistiu. Eu pensei em pedir desculpas a ele, mas eu não havia feito nada. Além de ele ser o único que falou comigo, também tinha ficado curiosa para saber do que ele estava falando quando disse que eu era diferente. Pois desde então meus pesadelos haviam aumentado, envolvendo aranhas e outras criaturas estranhas. Nas últimas vezes havia também um rugido furioso, uma voz que dizia algo que eu não conseguia entender.

Era sábado e estava nublado. Eu estava sozinha no quarto terminando de ler o livro sobre arquitetura. Não me importava muito se estava sozinha, havia encontrado a planta de um prédio antigo muito interessante. Só vi que não estava mais sozinhas quando uma das garotas tropeçou na minha frente. Fechei o livro e levantei os olhos.

– Olá… - apesar de tudo, não custava nada ser educada.

– Ah, tem gente aqui. Vamos para outro lugar, meninas. - disse uma delas, que parecia liderar o grupo. As outras olharam para mim, depois para ela e saíram. Ela era realmente bonita. Era a Bia Fox. Ruiva, não muito alta, olhos verdes, algumas sardas no rosto. Passava a imagem de garota inocente, frágil, e todos pareciam gostar dela. Mas havia me ignorado mais do que as outras e parecia fazer com que todos seguissem seu exemplo. Eu simplesmente não conseguia gostar dela.

– Podem ficar aqui, eu já estou saindo. - peguei o livro, minha mochila e saí.

– Que ótimo que entendeu o recado. Queremos ficar aqui, mas você atrapalha. Nós somos maioria, então é mais fácil você sair do que todas nós. - Bia olhou para mim e deu uma piscadela. Tive a impressão de que ela não estava falando somente do quarto. Sem perceber, fui até o lago, chorando. Por que as pessoas não me aceitavam? O que eu havia feito?

Estava tão triste, tão chateada que não senti a chuva que começou a cair. Só fui perceber quando ouvi alguém gritando meu nome. Não vi quem era, mas voltei para o castelo. Estava tremendo até os ossos. Provavelmente ia pegar uma gripe daquelas. Ouvi alguém chamando meu nome mais uma vez, mas ignorei novamente. Estava indo para a biblioteca, mesmo achando que a bibliotecária me colocaria para a fora por eu estar molhada. E isso realmente aconteceu. Parei do lado de fora, ainda tremendo de frio.

– Sophie, o que aconteceu? - Grim parou do meu lado, colocando o casaco dele sobre mim. - Estou atrás de você faz um tempinho…

– O que quer?

– É que vi você na chuva e depois vim até aqui te procurar só para saber se está tudo bem, mas é óbvio que não.

– Como assim não? - eu tirei o casaco dele e devolvi, tentando não voltar a tremer, mas um espirro acabou com todas as chances de ele acreditar em mim.

– Vou fingir que você não disse isso. Vem, vamos para a sala comunal.

Fomos para a Torre da Corvinal. Ele havia me oferecido o casaco mais de uma vez, mas eu não aceitei. Fui direto para o quarto, que felizmente estava vazio, colocar uma roupa seca. Tirei os livros da mochila, deixando apenas meu material de desenho e desci. Corri os olhos pela sala procurando pelo garoto e o encontrei em uma poltrona perto da lareira. Puxei uma cadeira e me sentei ao lado dele.

– Está melhor?

– Acho que sim, obrigada. Achei que havia desistido de tentar falar comigo de tanto que eu te ignorei…

– Eu não desisti, apenas dei um tempo para você esfriar a cabeça. Não sabia se devia tentar de novo ou não. Agora, vai me dizer por que estava sozinha na chuva?

– Não percebi que estava chovendo, estava chateada demais.

– O que aconteceu?

– Nada não, só estava me sentindo sozinha…

– Então volte a ser minha amiga…

– Não tenho outra opção, né…

– Então… Amigos?

– Amigos! - começamos a rir sem parar. Não sabia o porque de ele falar comigo, de estar comigo ao invés de com os amigos, mas eu não iria reclamar. Aliás, não valia a pena brigar por bobeira e ficar sozinha depois. Algo dentro de mim dizia que Hogwarts começaria a ser como eu sempre sonhei.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem suas opiniões e lembrem, críticas são sempre bem vindas!



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