Inimigos Coloridos escrita por Harry Jackson Everdeen


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Desculpem minha demora. Talvez o capítulo não esteja tão bom - eu estava sem ideias -, mas espero que gostem.
Ah, e eu também desejo um Feliz 2014.



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Nico não acreditava que só havia sonhado. Mas quando levantou-se em um pulo, correu até o quarto e lá encontrou Thalia dormindo tranquilamente, e com a janela aberta, teve a comprovação.

– Merda – exclamou baixinho. – Merda. Merda. Merda.

Fechou a porta para não acordar a morena em sua cama. O que não deu muito certo.

Como no sonho, Thalia tinha o sono muito leve. Foi só ele fazer um pequeno movimento com a porta, que ela abriu os intensos olhos azuis, que faiscaram. A morena sentou-se na cama e olhou para a porta, onde Nico se encontrava com cara de culpado, como se já soubesse que estava ferrado.

– Por que diabos você me acordou em plena... – ela olhou para a tela do celular. – EM PLENA DEZ HORAS DA MANHÃ DE UM DOMINGO, NICO DI ANGELO?!

O moreno de olhos negros congelou. Realmente estava muito cedo, e se Thalia fosse igual a ele... danou-se.

– Eu só vim ver se você tinha fechado a janela – tentou essa desculpa – O que, pelo jeito, você esqueceu.

Ele andou até a cama e pegou o controle que estava no chão, ao lado. Fechou a janela e deixou o controle na escrivaninha. Saiu do quarto sem dizer mais nenhuma palavra. Estava frio demais, mas ele não entraria novamente naquele quarto. Thalia o espancaria se o fizesse.

Ele não conseguiu mais pregar o olho, então foi preparar o café da manhã para todos. Fez ovos, bacon, torradas, suco de laranja e um monte de outras coisas. Arrumou a mesa e enquanto terminava de fritar os ovos, escutou a porta de um quarto se batendo. Deveria ser Bianca. Os passos foram ficando mais altos e quando pararam, alguém perguntou atrás de si:

– Você cozinha?

Não era Bianca. Thalia ainda estava com as roupas de Nico, mas agora tinha um casaco de moletom por cima. Havia pego no armário dele por conta do frio.

– Claro que você pode pegar um casaco meu. – disse com ironia. – E sim, eu cozinho. – respondeu por fim. Ele ficou um tempo em transe com a visão dela, com as roupas dele. Mas estava tentando não prestar muita atenção. – Surpresa?

– Um pouco.

Ele fez sinal de concordância e continuou a fritar os ovos.

– Por que não dorme mais um pouco? – o moreno questionou, já que quase teve os tímpanos estourados com o grito de fúria de Thalia quando ele a acordara sem querer.

– Porque eu não consigo dormir de novo depois que alguém me acorda. E alguém me acordou.

Ele murmurou um “desculpa” desajeitado e recebeu um dar de ombros de Thalia. Colocou os ovos, agora já prontos, em um prato e deixou na mesa. Falou para que Thalia se servisse, mas não foi necessário. Quando deu a primeira garfada, a morena fez uma cara de espanto e olhou incrédula para Nico, que agora estava sentado em sua frente, se servindo. Ele riu da expressão da garota e disse:

– Eu sei. Eu cozinho muito bem. – gabou-se.

Ela não disse nada, porque era verdade. Você pode dizer, são só ovos e bacon, mas para Thalia eram os ovos e o bacon. Deixando o prato pela metade, Nico se levantou e disse:

– Vou colocar uma roupa mais quente.

Mais quente que essa bermuda e essa camiseta regata não existe”, pensou o lado pervertido de Thalia. Mas nunca diria tal coisa. Ele se foi e voltou depois de um minuto, com uma calça bem grossa preta e um casaco de moletom vermelho fechado e com capuz. Voltaram a comer, mas agora em silêncio.

Thalia terminou o seu café da manhã delicioso e foi até o quarto de Nico, colocar a roupa da noite anterior. Mas havia um problema: estava muito frio. Sua roupa não era tão quente, mas ela não poderia ficar com a roupa do garoto. Ainda estava com as roupas dele, e queria colocar as suas, mas achava que era melhor tomar um banho antes. Como se lesse pensamentos, Nico entrou no quarto.

– Se quiser tomar um banho, aqui tem uma toalha e, bem – Nico mostrou uma calcinha – de Bianca. A menos que você queira colocar uma cueca.

Colocou as coisas em cima de cama e saiu, fechando a porta em seguida. Thalia tomou um banho bem quente e que a relaxou por completo. Colocou a calcinha de Bianca e a calça rasgada, e depois o tênis de cano longo. Colocou a camisa, mas agora o efeito do banho havia passado e ela passava frio. Muito frio. Saiu do quarto tentando controlar o tremor de seu corpo, o que parecia ser impossível com a corrente de ar que tinha no corredor.

Nico estava largado no sofá, assistindo um seriado qualquer quando Thalia chegou e perguntou:

– Posse sentar?

Ele se ajeitou e bateu a mão no acento ao seu lado. Ela nem sequer hesitou, sentou-se rapidamente para ver se ficava mais quente. O moreno percebeu um desconforto dela, e achava que estava relacionado ao fato de estarem muito próximos. Mas viu que esse desconforto permaneceu. Percebeu que as mãos estavam entre as pernas e a boca tremia de leve e estava com um tom mais para o roxo.

Levantou-se e Thalia fez uma cara interrogativa, porém, ele não esperou ela perguntar e seguiu até o quarto de Bianca, mas este estava trancado. Então foi até o seu e pegou o mais quente dos moletons: um azul royal com uma caveira costurada em negro. Ele era fechado e possuía um capuz. Voltou para a sala e Thalia prestava atenção em algo que passava na TV, só percebeu a presença dele quando o mesmo se sentou ao seu lado novamente.

– Por que... – ela estava prestes a perguntar sobre o casaco, mas Nico a interrompeu.

– Pode pegar. – ele estendeu o casado. Ela estava pronta para recusar, mas ele insistiu. – Esqueça um pouco que sou eu quem está te oferecendo o casaco. Apenas pegue, o.k?

Ela hesitou, mas por fim, o frio que sentia venceu e ela pegou o blusão azul, um pouco relutante. O colocou e o tremor passou na mesma hora. O tecido grosso e macio, mais o aroma de romãs, confortaram Thalia.

Nico estava olhando para ela. A cor azul ficou muito bem nela, e ele não resistiu a um comentário sobre isso.

– Olha, ficou muito bonito em você. – ele disse, com a mão no queixo como se estivesse pensando. – Talvez meio grandinho, mas... ficou melhor em você do que em mim, Grace.

Thalia deu um sorriso debochado. Não disse obrigado porque ela mesma prometera nunca mais dizer isso a ele. Ficou lá, no sofá. Sentada ao lado de Nico, assistindo The Simpsons e sentindo o cheiro de romã que emanava tanto do casaco que vestia quanto do moreno à seu lado.

Bianca acordara uma meia hora depois, já tomada banho, e quando adentrou à sala, os dois morenos se afastaram por impulso. Simplesmente pelo fato de estarem pertos e alguém ver parecia vergonhoso e ridículo. Se Bianca havia percebido essa reação deles, não demonstrou. Apenas olhou para Nico e perguntou, um tanto que desconfiada:

– Você que fez o café?

O moreno assentiu rapidamente, e vale apena ressaltar que ele estava levemente corado. Quando a di Angelo saiu, deixando novamente os dois sozinhos, Thalia falou:

– Eu quero ir pra casa.

Nico não queria escutar essa frase tão cedo. Desligou a TV e foi avisar Bianca que levaria Thalia para casa, então, pegaria o carro. Ele apanhou as chaves e desceu com a morena até a garagem para pegarem o carro. Tudo isso sem dizerem uma única palavra. O moreno deu partida no carro e saiu pelo enorme portão, dando de cara com o tráfego. A morena pensava em tudo que havia acontecido desde sexta-feira, e acabou por pensar nas palavras proferidas por Nico na noite anterior: “Você quer me beijar”. Tentou afastar essas palavras de sua mente, mas elas faziam questão de voltar.

Quando pararam em um semáforo, Nico estava pensando que a noite do dia seguinte seria sua estreia com a banda, e o show seria na palco da escola mesmo. Iria surpreender a todos, mas queria surpreender primeiramente uma pessoa. Olhou para o lado e viu que a morena de olhos azuis olhava para o parque ao lado pela janela. Estava tão relaxada que pela primeira vez Nico reparou melhor em seus traços. Os olhos agora estavam mais claros, as sobrancelhas eram um pouco arqueadas, tinha lábios grossos, mas nem tanto, e a boca era muito vermelha. Parecia a Branca de Neve.

– Gostou do show? – Nico perguntou. Ela não desviou os olhos do parque.

– Aham. – respondeu simplesmente.

– É um aham tipo “EU AMEI” ou um aham do tipo “É, legalzinho”? – ele insistiu.

– Não sabia que um aham poderia significar tanta coisa. – falou a morena.

– É, ele é um estilo mutante: pode ser qualquer coisa. Mas agora me responda... sim ou não?

Thalia ponderou. Estava decidindo se falava a real: que ela havia adorado; ou se falava de modo menos extraordinário.

– Sim. – respondeu. Mas não foi um sim seco. Ela respondeu com um pouco de empolgação e até com brilho nos olhos.

Nico deu um leve sorriso de lado com isso. Não falaram mais nada até Nico estacionar na frente do prédio. Ele saiu do carro, o que Thalia não entendeu, mas ela saiu também.

– Por que está me acompanhando? – ela perguntou.

– Vai que tem algum ladrão à espreita só esperando a oportunidade para roubar uma linda garota desacompanhada. –argumentou, igual na noite anterior.

Ela deu uma risada pelo nariz, juntamente com Nico. Foram até o hall, agora em silêncio. Quando chegaram na porta, Nico comentou:

– Agora está aberto.

Thalia deu um suspiro profundo, porque pela primeira vez a companhia do di Angelo não era incômoda. Nico já estava retornando para o carro quando Thalia se lembrou de algo.

– Viu, pegue aqui o seu casaco. – ela já ia tirá-lo, mas o moreno disse antes:

– Não. Fica com ele. Amanhã, você me devolve na escola.

– Por que na escola? – pelo o que ela sabia estava de férias.

– Tem uma festa de final de ano, e a banda vai tocar. – respondeu enquanto atravessava a rua. Entrou no carro, abaixou o vidro e esperou. – Não vai entrar?

Thalia fez que sim, abriu a porta e pensou em dar tchau, mas só pensou mesmo, bem passageiro. Fechou a porta do hall. Deu oi a John e o senhor respondeu alegremente, subiu até o ultimo andar e andou até o apartamento, que estava com a porta encostada.

Entrou um pouco cautelosa, com receio. A porta nunca ficava destrancada, Zeus era muito rigoroso em relação a isso. Por sorte não era nada. Logo atrás de Thalia estava Natalie que pigarreou. A morena tomou um susto, mas logo a cara de surpresa se transformou em alegria e ela mostrou um sorriso à mulher.

– Não fala para seu pai que eu não tranquei a porta – ela sussurrava. – Eu só fui colocar o lixo lá embaixo.

Thalia prometeu que não contaria. Natalie se ofereceu para fazer um lanche para Thalia, mas a mesma disse que tinha acabado de tomar café. A punk foi para o quarto deixando para trás Natalie, que tinha outras tarefas para realizar. Ela se jogou na cama e ficou um bom tempo com a cara enfiada no travesseiro.

Não trocou de roupa, só tirou os tênis e no lugar colocou meias bem grossas para poder andar pela casa sem congelar os pés. Pensou em tirar a calça, mas estava com muita preguiça. O blusão que Nico havia emprestado estava tão bem ajeitado em seu corpo, que nem passou por sua cabeça tirá-lo. Ela pegou o notebook e foi para sala, deitou-se no imenso sofá e ligou o aparelho em suas mãos.

Deu uma olhada nas redes sociais, mas não tinha nada de novo. Então ficou lá, olhando para o teto, pensando em um sonho que tivera antes de Nico acorda-la.


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