Posse escrita por AnyBnight


Capítulo 1
Capítulo Único - Posse




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– Você é meu, Zero. Nem que esta seja a última vez, o seu corpo me pertence, e dele tomarei posse.

Como dito pelo demônio esverdeado, aquela poderia ser a última vez que a espada manejaria o espadachim.

Já faz tanto tempo, mal me lembro por quantos anos temos estado juntos. Ainda assim eu me lembro de tudo sobre nós dois; do momento em que Oz começou a moldá-lo até o dia em que se rebelou contra minhas ordens. Você cresceu, Zero.

Estavam sozinhos, como de costume, em algum longe do resto da caçada. Grandark mantinha-se na temporária forma humanoide.

– Grandark... Isso dói... - Gemia o andarilho insurgente. Aquele que antes fora sua arma agora o profanava o corpo. Apesar de tudo, Grandark sabia ser gentil com o corpo que "possuía", movia-se devagar aproveitando cada segundo do ato.

– Seus olhos, - Ele sussurrou sedutor - quero vê-los.

Grandark deixou que uma das mãos que segurava Zero pelos quadris, guiando-o para si, fosse solta e levada à face pálida do andarilho.

Encaixara a palma perfeitamente à bochecha dela antes de subir ainda mais e remover delicadamente a mascara de errante. E ao afastá-la do rosto de Zero, a esmagou fechando a mão com força.

Você não é mais o Zero de antes, um mero errante. Não tem por quê continuar escondendo seu rosto dessa forma.

– Gh-ah... - Zero gemeu arqueando as costas. Seus olhos ficaram fechados até que Grandark o provocasse com estocadas mais profundas. Então ele os abriu um pouco, expondo parte do dourado opaco de suas íris.

Mas estava escuro, Zero não via muito mais que o vulto de Grandark e os olhos esmeralda de brilho intenso. Eram como dois vaga-lumes em meio a tanta escuridão.

Eu tentei limitar sua visão com máscaras, por causa disso talvez você nunca tenha visto a luz de verdade. Seus olhos devem estar confusos, mas terá que se acostumar. Queria que pudesse me ver bem agora, Zero, mas infelizmente eu não posso me mostrar para você nessa forma.

– Grandark... Já chega... Por favor, pare... - Zero pediu agoniado.

– Ainda não - Respondeu pesaroso. Mantinha-se num ritmo constantemente lento de estocadas profundas, ainda com a mão no rosto cada vez mais pálido do andarilho. Por fim, ele curvou-se sobre o corpo de Zero até que as testas dos dois se encontrassem, unidas e grudadas pelo suor quente de ambos. - Eu ainda não quero deixá-lo ir, Zero. - Terminou num sussurro arfante.

– Gran... dark...?

Quando isso acabar as coisas serão diferentes entre nós, como deveria ter sido desde o início. Eu fui um tolo ao pensar que uma espada poderia manipular seu espadachim para sempre. Não é assim que as coisas são, no fundo, eu me negava a acreditar que um dia você viraria o jogo. Demorou bastante, mas até que enfim você percebeu isso.

De qualquer forma, estou feliz por você Zero. Só que...

Não importa como vejamos isso, você foi criado apenas para mim. Isso mesmo, sua vida jamais deixará de me pertencer, mesmo que não me obedeça mais. Você, seu corpo, tudo que você é pertence unicamente à mim. Por isso, Zero...

– Fique comigo até o final...

– O que... Ah! - Ele buscou o rosto que abrigava as orbes esmeralda, mas acabou por fechar seus olhos ao franzir o rosto, retraiu-se por inteiro e então teve seu ápice.

Grandark sorriu, e então depois de mais algumas estocadas dispersou-se ainda dentro de Zero durante um ofego profundo. Ele suspirou e então se removeu com cuidado, deixando as pernas do andarilho de novo esticadas ao seu redor. Zero ofegava bastante, apenas seu peito pulsava desregular.

"Ele está vivo, ele resistiu ao meu poder. Agora ele é meu" lembro-me de pensar assim da primeira vez que Zero me brandiu. Heh, não está tão diferente afinal.

– Grandark... - Chamou, tentando manter a consciência e os olhos abertos mas agora mal conseguia ver o vulto de silhueta esverdeada diante de si.

– Está livre, Zero. - Disse apenas, com serenidade em seu tom, e logo estava a beijar seu portador até que este parasse de retribuir.

Zero caíra no sono.

Está livre de minhas vontades, insurgente, não de mim.

E quando acordasse, o insurgente encontraria apenas a velha espada pousada ao lado da cama, próxima ao aos restos de sua máscara.


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