James E Lily - Ultimo Ano escrita por Aspenblood


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Postado mais cedo, comentado mais tarde. Continuamos com o surto psicótico de James e com um deslise emocional e da sanidade da nossa querida Lily Jane Evans, futura Potter.



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Se Lily tinha pedido a James para desistir dela, ele não via problema algum em tentar.

Ele não falava com Lily desde o incidente há dois dias, e após a aula de Caridade Burbage que ele passou dormindo, uma garota da Corvinal acordou-o.

A garota tinha o rosto fino, com olhos grandes e negros. Os longos cabelos pretos caiam ondulando até o meio das costas. Era alta e a pele era tão branca, que parecia translúcida. Carregava os livros nos braços e a mochila a tiracolo e ergueu uma sobrancelha para ele.

– A aula acabou, Potter – ela disse impessoal, lembrando-o de Lily

– James – ele corrigiu automaticamente e ela sorriu – E você?

– As pessoas me chamam de Rikka – ela disse enquanto eles andavam para a biblioteca, os livros dela perfeitamente equilibrados sobre o de James

Lily pulou ao ouvir o som pesado dos livros caindo em uma mesa próxima e se virou para olhar. Uma bela corvina conversava em voz com um rapaz alto que estava de costas para ela, e ela escutava risadinhas sufocadas da mesa.

– Ai que merda – ela disse quando uma enorme gota pingara de sua pena e manchara o trabalho

O garoto se virou, um sorriso ainda nos lábios para ver quem tinha dito tal coisa na biblioteca.

O brilho de divertimento dos olhos de James foi lentamente apagando enquanto ele olhava sem expressão para Lily, até que a outra garota o puxou pela mão e eles saíram juntos, deixando-a encarando o lugar onde ele estivera.

*** *** *** *** *** *** ***

O coração dele estava batendo rápido enquanto ele era puxado por Rikka pelos corredores. Ele empurrou-a cuidadosamente contra a parede de pedra fria, e ele tremeu enquanto James corria a mão pelo braço dela e juntava seus lábios no dela.

Mas algo não estava certo. Ele podia sentir que a outra garota correspondia, mas ele não conseguia tirar a outra garota da cabeça. A ruiva que estava gritando ali atrás dele... Eles se separaram. As bochechas e a boca de Rikka estavam avermelhadas e ele mal conseguia ver a íris dela

– Vamos. Está quase na hora do jantar – ele disse olhando o relógio

Eles seguiram pelo corredor, e Lily esperou que nenhum dos dois reparassem nela quando ela tentava se fundir com a parede.

Apenas aconteceu dela ver o beijo deles quando subia para a Torre da Grifinória, e ela se arrependeu de ter olhado no corredor. Raiva rodou como uma maré vermelha ao redor dela, subindo para sufocá-la. Sua respiração tornou-se dura e superficial, com suas mãos se fechando automaticamente ao lado do corpo, enquanto sua boca formava uma linha fina. Lily se virou e subiu a escada pisando duro.

Remus estava com um livro sobre as pernas cruzadas quando ela entrou vermelha pelo buraco do retrato. Era um livro muito interessante, na verdade, mas um breve olhar para o rosto de Lily foi o suficiente para fazê-lo fechar o livro e convencê-la a deitar-se no sofá.

– Hey. O que foi? – ele franziu as sobrancelhas, junto com ela. Ele olhava para ela de cima, e os cabelos cor de areia dele caíam ao lado de sua cabeça enquanto ele a encarava

– Eu não sei – o rosto dela ficou vermelho e ela desviou olhar, umedecendo os lábios. Ele sorriu

– Vamos Lils. Você sabe que eu não conto para ninguém. Sou quase seu psicólogo particular – ela deu um sorriso nervoso

– Eu... – ela engoliu em seco – Eu... vioPottereumameninasebeijando – ele arregalou os olhos diante da velocidade da fala da pessoa, e então Remus riu, inclinando-se para trás com as mãos na barriga

– Não acredito – ele disse ofegante voltando a se inclinar sobre ela – Lily Evans com ciúmes?

Lily arregalou os olhos verdes e levantou-se abruptamente. Ela bateu a testa contra a de Remus, e, enquanto eles esfregavam a região dolorida, ela se levantou do sofá, o rosto corado

– De jeito nenhum. Nem sei de onde você tirou essa ideia, Lupin – ela estava quase no buraco do retrato agora – E se nós não formos agora, o jantar...

Mas ela já tinha passado e a Mulher Gorda já tinha fechado o buraco. Ele sorriu. Ela teria que perceber isso sozinha...?

*** *** *** *** *** *** ***

Severus Snape esperava por Mulciber e Avery na porta da sala da Sonserina. Eles já estava ficando impaciente, e nem sabia por que estava esperando aqueles dois. Ele às vezes duvidava que eles sabiam amarrar os sapatos.

Por fim, ele percebeu que estava próximo a entrada para o Salão Principal, e viu Remus Lupin descer as escadas correndo, a capa esvoaçando ao redor dele, alheio a presença do sonserino. E então, outro aluno da Grifinória

Lily Evans descia as escadas lentamente, o que, na opinião de Snape, não deixava de ser graciosa nem nada.

– Lily? – ela se virou para ele, a expressão curiosa se transformando rapidamente em uma carranca de desprezo, e, mesmo sabendo a resposta, ele se perguntou quando o abismo entre eles crescera tanto.

*** *** *** *** *** *** ***

Sirius descia a escada vagarosamente quando ouviu duas vozes conhecidas que ele nunca pensou que ouviria juntas novamente

—... pensei que fôssemos amigos? — Snape dizia, — Melhores amigos?

— O quê? Depois daquilo? – Lily o encarava raivosamente. Snape mudava o peso de um pé para o outro, nervoso – E, além disso, se lembra que eu detesto Avery e Mulciber! Mulciber! O que você vê nele, Snape? Ele é asqueroso! Você sabe o que ele tentou fazer com Mary Macdonald há quatro anos?

— Não foi nada demais, — disse Snape. — Foi uma brincadeira, só isso...

— Foi Magia Negra, e se você acha isso engraçado...

— E as coisas que o Potter e seus amigos fazem? — interpelou Snape. Sua cor novamente voltou quando ele disso isso, parecendo incapaz de segurar seu ressentimento.

— O que o Potter tem a ver com isso? — disse Lílian.

— Eles xeretam durante a noite. Tem alguma coisa estranha com aquele Lupin. Aonde ele sempre vai?

— Ele está doente, — disse Lily. — Eles dizem que ele está doente...

— Todo mês na lua cheia? — disse Snape.

— Eu sei sua teoria, — disse Lily, e soou fria. — Por que você está tão obcecado com isso? Por que se preocupa com o que eles fazem durante a noite?

— Só estou tentando te mostrar que eles não são tão maravilhosos como todos pensam que são.

A intensidade de seu olhar fez Lily corar.

— Pelo menos eles não usam Magia Negra. Nem sei por que estou conversando com você. Você é um idiota. Sai daqui. Nem somos amigos. Vai embora!

Sirius se surpreendeu com a ferocidade com que ela cuspiu aquelas palavras. Escondido ali, ele não podia ver, mas podia jurar que Snape havia pulado.

Snape saiu de perto de Lily, o rosto ainda corado, e sem falar mais nada, entrou no Salão Principal. James Potter parecia um tabu entre eles: apenas o nome tinha o poder de afastá-los. E então, num surto de coragem, Severus Snape decidiu ir à torre da Grifinória naquela noite.

*** *** *** *** *** *** ***

James odiava ter que sair pelos corredores à noite. Menos o fato de estar acompanhado de Lily. Mas, sério, o máximo que eles encontravam eram casais se agarrando em cantos escuros. Mas antes deles saírem, ele se lembrava de Sirius ter dito que Lily estivera conversando com Snape. E aquilo realmente o irritou.

Quando James desceu do dormitório e ele e Lily saíram para as rondas, ele esperava um momento para falar com ela sobre aquilo. Sobre Ranhoso. Ele lançava olhares furtivos para ela, com o canto do olho, que não deveriam estar sendo tão discretos quanto ele achou.

Lily suspirou

– Potter? – ele subitamente virou a cabeça para frente passando a mão no cabelo

– Sim?

– O que foi? – e ele se fez de bobo, fazendo-a revirar os olhos – Você sabe o que é. Você fica me encarando!

James suspirou derrotado

– Você estava conversando com o Ranhoso hoje, não? – mesmo sem expressão no rosto, a voz dele demonstrava certo nojo pelo outro rapaz

– Sim, mas isso não tem nada com você – Lily cuspiu arrogantemente – além disso, eu acho que se você for por ali – ela apontou para outro corredor – e fazer os andares mais embaixo, a gente termina mais rápido

Ela não olhou para ele, andando para o outro corredor, deixando-o parado ali, olhando para as costas dela. Mas quando ela virou outro corredor, não pode evitar deixar uma lágrima escorrer por sua bochecha.

– HÁ – James gritou satisfeito no ouvido dela colocando uma das mãos na parede atrás dela – eu sabia que tinha alguma coisa de errado

Ela o encarou, tentando colocar a máscara de raiva no rosto novamente, mas James percebeu que ela parecia diferente daquele jeito. Ela mordeu o lábio inferior, e mais lágrimas escorreram pelo rosto dela, e James não pode evitar abraça-la.

– Está tudo bem – ele repetiu para o cabelo ruivo dela, enquanto ela se acalmava – Tudo bem

Um silencio que beirava o constrangedor se instalou enquanto eles voltavam para a Torre. No final, a ronda deles tinha sido curtíssima, mas nenhum dos dois se importava.

James não estava exatamente prestando atenção no caminho que ele seguia, então se surpreendeu quando Lily parou na frente dele e colocou a mão em seu peito.

– Entre ali, Potter – ela pediu apontando para uma porta na parede

– Não – ele disse escondendo um sorrisinho

– Por favor? - ele sacudiu a cabeça – Por favor! Eu faço qualquer coisa, mas entre ali

– Qualquer coisa? – ele disse, com um sorriso malicioso formando-se em sua boca, fazendo-a se arrepender de ter dito aquilo, mas ela assentiu e ele caminhou para a porta – Certo. Mas você está me devendo um beijo

E fechou a porta.

Lily correu até o final do corredor, seu nariz torcendo-se de nojo ao ver Snape parado perto da mulher gorda. Ela tinha visto-o de longe, e surpreendeu-se por James não tê-lo visto. Mas ele parecera muito satisfeito consigo mesmo.

Ela veria o que ele queria – e depois descontaria alguns pontos da sonserina. Mas antes que ela o alcançasse, ele correu, deixando apenas um envelope listrado, rosa e amarelo com um rasgo no meio e uma Lily confusa.

Ela descontaria pontos da sonserina depois, pensou enquanto pegava o envelope. O rasgo se abriu, e cantou em uma voz que lembrava a de Snape, só que editada:

Esta é sua última chance

De abraçar quem você ama

Você sabe que já esperou tempo bastante

Então, acredite

Que mágica funciona

Não tenha medo

De ser ferido

Não deixa esta mágica morrer

Lily começou a rir, mesmo sabendo que não devia. Ela sabia o que era aquilo: Whisper Sweet, o contrário de um Berrador, que fazia muitas garotas suspirarem, mas ela estava ali, rindo. E ela não pode deixar de se perguntar se não tinha nenhum problema.

James apareceu, contrariando o que ela havia dito, dizendo que estava cansado de esperar e que tinham coisas no armário. Ela suspirou, pegando o rosto dele para beijá-lo na bochecha, mas ele virou e deu lhe um selinho, fazendo-a ficar vermelha até os cabelos.

*** *** *** *** *** *** ***

Os primeiros raios de sol tocaram a grama sob a névoa perolada que pairava sobre o gramado do castelo na manhã do Dia das Bruxas, e eles acordaram com um delicioso cheiro de abóbora assada que se espalhava pelos corredores. Era brilhante, e James adorava ver a surpresa nos alunos do primeiro ano, quando eles passavam de um lado a outro, conversando entusiasmados sobre o jantar de Halloween.

– Ei, Ruiva - James disse ao sentar-se de frente para Lily, durante a festa de Halloween.

Morcegos vivos sobrevoavam as cabeças deles, entre as lanternas de abóbora, e havia uma trupe de esqueletos dançado entre as mesas.

– Do que você me chamou? - ela perguntou erguendo o olhar de seu prato para olhar para ele

– Ruiva - ele respondeu simplesmente, colocando um pedaço de frango no prato

– E o que te deu qualquer indicação de que você poderia me chamar assim? - ela pressionou

– Seu cabelo - disse Sirius, com a boca cheia de comida

– Não fale com a boca cheia, Black - ela estalou para ele, virando-se para James novamente - E quem disse que poderia me chamar assim?

– Só combina com você - ele disse encolhendo os ombros e colocando mais comida no prato e começando a comer, deliberadamente ignorando os olhares que ela dava a ele

Finalmente, quando o Salão Principal começava a esvaziar, James ergueu os olhos para ela, que terminava o último pedaço de sobremesa. Não tinha quase ninguém na mesa deles, provavelmente porque eles tinham descido tarde, ela pensou

Mas eles subiam em silêncio, até chegar à Sala Comunal, quando James segurou a mão dela suavemente.

– Sirius está fazendo uma festa de Halloween – ele disse com um sorrisinho esperançoso – Se você quiser ir, posso pedir ao Remus para te esperar aqui

– Hum? Porque você não vai comigo? – ela perguntou confusa. James Potter geralmente aproveitaria a oportunidade e ele seu sorriso se alargou

– Ah. Eu adoraria. Realmente adoraria. Mas quem você acha que fazer o som funcionar? – ele soltou a mão dela enquanto ela subia

– Ei – ele chamou – É uma festa temática. Baile de mascaras da era vitoriana – ele revirou os olhos – Bem dramático, não? Sirius disse que precisamos de uma festa para sermos lembrados. Nem quero imaginar o Natal

– Ei! Onde diabos eu vou conseguir um vestido de uns cem anos atrás? – ele sorriu misteriosamente e deu uma piscadela para ela, abanando a mão em um tchau que não respondia suas perguntas e subiu as outras escadas para o dormitório masculino – E eu não vou usar um daqueles!

– Não precisa ser de cem anos atrás, Lily. Só inspirado em um – a voz dele veio abafada antes de um clique indicando que a porta fechara

Ela abriu a porta do quarto violentamente. Mary, Marlene e Alice estavam discutindo sobre quem iria ao banheiro primeiro, cada uma apontando para a cama, onde vestidos do século passado descansavam lindamente. Todos eram de cores pálidas, mas diferentes.

Ela franziu a sobrancelha, e Alice olhou para ela, com a testa franzida pela discussão

– Lily! – ela disse aliviada

– Onde vocês conseguiram isso? – ela disse apontado para os vestidos. Elas deram de ombros

– Você também ganhou um – disse Mary. Ela olhou para a cama dela, onde uma caixa com um laço atraía toda a atenção dela

Ela abriu a caixa e tirou o vestido de lá

– Uau – disse Mary. O vestido era muito bonito. Uma máscara estava ao fundo também, combinando – Este vestido é lindo, Evans

Quando Lily desceu, algum tempo depois, Remus estava esperando por ela na Sala Comunal. Ele estava vestido a caráter também: paletó preto, calças e colete em um tom carvão e uma gravata vinho. Ela sorriu para ele e ele entrelaçou o braço no dela

– Você está muito bonita, Lily – ele disse enquanto eles saiam pelo buraco do retrato – James tinha razão quando disse que o vestido ficaria bem em você

– Potter? – ele assentiu, enquanto eles passavam pelos corredores frios e silenciosos

– Sim. Ele escolheu o seu vestido pessoalmente. E nós fomos para comprar da Mary e da Marlene, e até o Frank foi escolher o da Alice, mas o seu foi o único que ele foi também.

Eles viraram em silencio um corredor e Remus colocou uma meia máscara preta com detalhes em vinho, combinando.

– Como estou? – ele disse sorrindo, e ela sorriu também

– Muito bonito

*** *** *** *** *** *** ***

James estava dentro da sala, esperando que Remus chegasse logo com Lily. A sala estava quase cheia, com alunos, a maioria do sexto e sétimo anos, excluindo os sonserinos.

Parecia realmente uma baile do século XIX, com todas aquelas pessoas vestidas a rigor, usando máscaras, e sorrindo educadamente. Mas a música tirava-os de qualquer ilusão de século passado. Música trouxa tocava alta, e todos aqueles adolescentes dançavam, com vestidos ou sem vestidos.

Lily, então, finalmente entrou, acompanhada por Remus. Ela estava usando um vestido delicado de seda cor de marfim. As mangas eram curtas, deixando os braços vulneráveis ao ar frio que parecia emanar das paredes. A saia, como uma cachoeira, marcava bem sua cintura delgada, seu cabelo estava preso no alto, e com uma máscara de ouro cobrindo metade de seu rosto estava junto ao cabelo ruivo, estava linda como a perfeição.

James segurou a respiração, baixando o copo e tentando se aproximar dela, furando a multidão. Quando ele finalmente chegou na porta, Lily já não estava mais lá, mas dançando com um rapaz da Corvinal.

Lily já tinha dançado com um rapaz da Corvinal, e agora, dançava com Amos Diggory, da Lufa-lufa. Não era sua primeira musica com ele, mas ela já estava cansada de conversar com ele, e de dançar com ele.

– Ei, amigo – disse um rapaz segurando o ombro de Diggory – não é justo dançar apenas com uma garota, nem por tanto tempo não acha? – e então ele se virou para ela, e estendeu uma mão em uma mesura

– Me concederia a honra de favorecer-me com uma dança, senhorita? – As cores opostas e simples trouxeram a perfeição angular de suas características. Seu cabelo escuro caía sobre uma meia máscara negra, mas sem cobrir os olhos castanhos-esverdeados atrás dela. Seu paletó e calças eram escuros, e ele usava um colete claro, bordado, e uma espécie de gravata branca que lembrava um lenço enrolado ao redor do pescoço. Ela sentiu o coração pular, e se odiou instantaneamente por isso. Mas ela pegou a mão que lhe era estendida

Uma espécie de valsa tocava agora, e James passou a conduzi-la. Ele sabia dançar, coisa que a surpreendeu, e ela conseguia dançar razoavelmente bem, encaixando seus movimentos no dele.

– Não sabia que você dançava – ela provocou

– Ah – ele sorria – eu não danço

Ela ergueu uma sobrancelha

– O que? Não dançar é diferente de não saber dançar – um silencio caiu sobre eles enquanto eles terminavam a música. James fez uma mesura para ela e roçou seus lábios nos nós dos dedos dela, com um sorriso – Espere-me aqui, senhorita. Vou buscar um pouco de bebida para nós

Pouco tempo depois, ele estava ali de novo, com dois copos seguros nas mãos, e, habilmente, conduziu-a até uma janela. A música ali estava suave, como que vinda de outro mundo, e ninguém circulava ali.

– Sei que não devo ser o primeiro a te dizer isso hoje. - ele disse tomando um gole do copo e depois apoiando-o na beirada da janela, ao lado do copo intocado dela – Você está linda, senhorita

Ela corou, torcendo para a máscara estar cobrindo todo o rubor de seu rosto. Seus olhos permaneceram fixos nela, e Lily ficou parada quando as mãos dele tocaram o rosto dela hesitantemente, e depois descendo para o pescoço dela, para a cintura dela, sobre o corpete, e puxando-a em direção a ele, pressionando seus corpos juntos.

Ele se curvou para colocar a bochecha contra a dela. A respiração contra sua orelha a fez estremecer a cada palavra deliberadamente falada.

— Eu queria fazer isso — ele falou — mas você continuava me evitando. Mas você sabe. Não sabe?

Ela olhou-o, os lábios entreabertos em confusão, mas manteve-se em silêncio, e James, com um suspiro de algo como derrota, beijou-a.

Seus lábios eram suaves, tão suaves. Ele foi deliberado e sem pressa, como se estivesse falando com ela em silêncio, dizendo com os lábios nos dela o que não podia dizer em palavras. Ele traçou lentos beijos através de sua boca, cada beijo dizendo que ela era especial para ele.

Lily não podia mais manter as mãos paradas. Ela segurou a nuca de James, entrelaçando os dedos nas ondas escuras e macias de seu cabelo, sentindo o martelar de sua pulsação contra as palmas das mãos.

Ela ansiava puxá-lo contra si, mas James estava sendo tão gentil com ela, tão incrivelmente suave, embora ela pudesse sentir o quanto ele a queria pelo tremor de suas mãos, o martelar do coração contra o seu.

Ela colocou uma mão no peito dele, segurando-o um pouco longe, mas não tinha ideia de quanto tempo poderia mantê-lo lá. Seu corpo doía por ele.

– Devemos voltar...

– Deveríamos realmente - ele disse sem tirar os olhos dela, retirando lentamente sua máscara, e a dele, deixando-as ao lado dos copos, no canto do parapeito. A borda inferior havia deixado marcas em suas bochechas, e ela tocou-as hesitante. Mas James puxou as mãos dela gentilmente de novo, e ele beliscou suavemente seus lábios, provocando-a, tirando seu fôlego - Mas nós não temos que ir

Ele já tinha cuidadosamente retirado as presilhas do cabelo dela, que caiam em ondas em suas costas, e ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, traçando com um dedo a linha do maxilar dela, e descendo novamente

As mãos de James estavam apoiadas contra a base de suas costas pressionaram-na para si, e ele estava empurrando-a para trás, contra o parapeito de uma forma que deveria ter doído, mas estranhamente não o fez. Lily inspirava a respiração dele. Seus corpos se encaixavam perfeitamente, não pôde deixar de notar, e ela só tinha que inclinar a cabeça ligeiramente para trás para beijá-lo.

Uma tosse constrangida separou-os e Lily olhou por cima do ombro de James, apenas para ver Remus ali, sorrindo constrangido, mas como se soubesse de algo que ela nem desconfiava.

– Deixe eu adivinhar - ele disse - você bebeu do amarelo?

Lily olhou para James, confusa, mas ele parecia saber do que Remus falava porque ele balançava a cabeça

– Não. Eu peguei a verde

– Tem certeza? - ele disse aproximando-se deles e pegando o copo de James.

Remus rapidamente ergueu a varinha, conjurando uma luz e olhou dentro do copo: um brilho amarelado no fundo.

– O que tem a bebida amarela? - ela perguntou

– Está enfeitiçada - Remus disse

– Enfeitiçada?

– E a verde era uma das poucas que não tinha feitiço algum - James disse indiferente recolocando a máscara no rosto e correndo a mão pelo cabelo preto úmido. Ele suspirou - vou arrumar mais comida, Remus

Ele não olhou para ela ao roçar os lábios nos nós dos dedos dela, embora ela pudesse ouvir o sorriso amargo na voz dele

– Adeus, senhorita

E então ele desapareceu na multidão.

*** *** *** *** *** *** ***

James caminhava num misto de felicidade e melancolia. Quer dizer, ela tinha beijado-o. Beijado-o! E naquele momento, havia somente eles, e o desejo. Ele nunca tinha ficado terrivelmente embriagado, por que ele geralmente tinha que cuidar de Sirius, e se perguntou se era isso que acontecia quando Sirius ficava bêbado.

Mas não tinha sido o líquido amarelo? Ele mesmo tinha visto Sirius enfeitiçando-o, com um feitiço que “reduz suas inibições”. Ele passou a mão no cabelo, virando um corredor e suspirando alto.

Os elfos da cozinha ficaram felizes em vê-lo, e entregaram lhe comida satisfeitos. Ele voltou para a sala, decidido a acreditar que tinha sido a bebida, e não Lily, e não a encontrou novamente

Chovia. Lily não queria mais ficar na festa, e já tinha visto James algumas outra vezes, mas não tinha falado com ele. Ela suspirou e andou em direção a pesada porta de madeira

Ela tirou os sapatos, que já estavam começando a machucar os pés dela, e andou lentamente pelos corredores frios, mas uma mão a empurrou contra a parede.

Ela fechou os olhos firmemente, suas costas batendo contra a pedra.

– As pessoas me odeiam por sua causa – ela ouviu alguém dizer com a voz abafada. Porém, por mais que se esforçasse, ela não conseguia identificar a voz. Ela sentiu alguém puxar seu cabelo – Sangue ruim! Isso é nojento

Ela entreabriu os olhos, apenas para fecha-los novamente ao ver uma enorme tesoura vindo em sua direção. Mas ela não a ouviu se fechar. Sentiu um tecido tocar seu braço, e um corpo empurrando junto a parede.

James estava parado ali, ainda de com a máscara negra cobrindo o rosto contorcido em dor e raiva. Ele tinha empurrado-a, e agora a espremia ligeiramente contra a parede, a tesoura enfiada em sua mão. Ele deu um sorriso mordaz

– Ah... Nojenta, é? Eu sabia que ela continuaria aguentando esse tipo de coisa, e que eu acabaria sofrendo este destino... Porque ela não poderia se dar ao luxo de ser machucada

Ela estava assustada, mas segurou a vontade de revirar os olhos diante do drama que ele transformava tudo, e manteve os olhos em James

Ela ouviu um grito sufocado, assustado também, e depois ouviu os passos rápidos se distanciando

– Você está machucada? – ele segurava a mão apertando-a para tentar impedir o sangue

– Eu? Mas é você que...

– Sua segurança é mais importante, senhorita – agora ela revirou os olhos, embora suas mãos ainda tremessem – Isso não é nada

Os nós nos dedos dele estavam brancos de tanto apertar a mão, e ele mordia o lábio tremulo. Ele praguejava baixinho, e parecia se segurar para não chorar. Sangue escorria por entre os dedos dele, e pingava no chão lentamente, enquanto eles ficavam em silencio.

Ele fez outra mesura, sem tocá-la e foi embora

– Noite, Lily


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Notas finais do capítulo

Okay Guys. Por favor me respondam!!! Sério. Estou desesperada por reviews. Sou como uma mendiga. Não doe moedas. Escreva reviews. Bons ou ruins, são reviews.