Quando chegaram ao restaurante, já encontraram Martha sentada à mesa reservada para o jantar. Richard se encarregou de fazer as apresentações.

— Jim, Kate e Annie, esta é Martha Rodgers-Castle, minha mãe e Annie, a partir de hoje, você pode chama-la de vovó, ok? É assim que a Alexis a chama. Mamãe, esta é Annie, uma linda e doce garotinha de três anos, a sua neta mais nova e, que, com certeza, a partir desta noite vai ser a melhor amiga de Alexis e – olhando para Kate, continuou a apresentação - esta é a mãe dela, a mulher de quem eu te falei, Katherine Beckett, que dispensa comentários – falou piscando para Martha – e este é seu pai Jim Beckett, médico cardiologista.

Neste momento, Kate olha para a Alexis e fala com ela. – Querida, também quero falar uma coisa muito importante com você. Nós viemos conversando no trajeto para cá, mas terminamos por esquecer de falar com você que a partir desta data, o meu pai, que é o avô da Annie, também vai ser o seu avô. Que tal você passar a chama-lo de vovô também?

— É mesmo, Alexis – falou Annie, dando as mãos para Alexis. Sua avó vai ser minha vovó e meu avô vai ser seu vovô. Combinado?

— Eu gostei da ideia, Annie. Então, agora eu tenho uma vovô e um vovô. Que bacana!

Dito isso, todos sorriram e se cumprimentaram e acomodaram em suas cadeiras. Era uma grande mesa. Era redonda, onde Rick sentou-se ao lado de Kate, seguindo-se de Annie, Alexis, Martha e Jim.

— Richard, se você não tivesse me dito que essa bonita jovem era sua mãe, eu não acreditaria. – Jim falou para Richard, de forma galante, mas olhava diretamente para Martha que sorria com o elogio recebido.

— Oh, Jim. Como você é gentil. Eu realmente era muito nova quando o Richard nasceu. – Martha sorriu para Jim, exalando charme.

— Mamãe é muito bonita mesmo. Eu tive a quem puxar, então... – falou Richard sorrindo para descontrair o ambiente.

Todos sorriram com aquele comentário divertido. Depois o ambiente ficou ainda mais descontraído devido às perguntas inocentes das crianças que levavam todos a rir. A este altura Alexis e Annie já se tornaram grandes amigas.

Depois da sobremesa, Richard chamou o garçom e pediu champanhe para os adultos e suco para as crianças. Quando as bebidas chegaram, Rick que estava ao lado de Kate segurou suas mãos e em tom solene perguntou. – Jim, eu sei que te conheço não tem nem muito tempo, mas conheço sua filha já faz quase três anos e sou perdidamente apaixonado por ela. Não é segredo. – e isso não era mentira – Por este motivo, para resumir a conversa, quero pedir a mão dela em casamento. Mas eu quero ela inteira não só a mão.... – sorriu para descontrair porque estava muito nervoso. Eu quero casar com ela, entende, Jim? Eu quero casar com ela e me tornar o pai da Annie.

Neste momento, antes mesmo de Jim ter oportunidade de falar, uma voz fininha responde no lugar do avô – Eu deixo você casar com a mamãe. Eu gostei muito de você. Eu quero que você seja o meu papai. Alexis, você deixa seu papai casar com a minha mamãe?

— Eu deixo, Annie. Papai, então ela vai ser mesmo a minha mamãe? Alexis perguntou emocionada. – E a Annie pode morar com a gente? Ela vai ser minha irmã?

Os adultos se emocionaram, mas deram risada da espontaneidade das crianças.

— Pois é Richard, se a Annie e a Alexis perceberam que vocês são apropriados um para o outro e para elas, quem sou eu para impedir esse casamento. Sim, vocês podem se casar. – Jim falou emocionado e muito feliz.

Nesse momento Richard tira do bolso do paletó uma caixinha vermelha, abre e expõe o seu conteúdo. Um lindo anel de noivado em ouro branco com um enorme diamante solitário que se sobressaia pelo tamanho e outras oito pedras menores, quatro de cada lado, encrustados nas laterais do anel. Richard retira o anel da caixinha, pega a mão direita de Kate e coloca o anel no dedo anular e depois se olham por alguns segundos e beija a mão da sua noiva. Em seguida, lhe dá um selinho. Kate estica a mão direita para ver o anel e comenta com emoção. – Richard, é lindo, mas não precisava ter esta pedra gigante. Eu estou tão feliz - e sem perceber o abraça e o beija na frente de todos, um beijo apaixonado. – Sendo interrompidos por uma tosse baixa e forçada de Martha que tinha como único objetivo sobrestar o beijo.

— Meus queridos, as crianças querem participar da comemoração. Vamos brindar. Depois, quando vocês estiverem sozinhos, vocês comemoram, ok?

Richard e Kate se separam lentamente, ele fazendo um carinho muito suave no rosto da sua noiva que lacrimejava emocionada. Rick falou ao ouvido de Kate – Eu te disse que eu traria de volta ‘a moça do hall do elevador.’ - E sorriram um para o outro. - Vamos brindar. – Neste momento o garçom chegava à mesa, pega a garrafa de champanhe e se prepara para abrir. Quando aconteceu o estouro, todos batem palmas e estendem as taças para o garçom servir a bebida.

Com as taças já abastecidas e estendidas e as crianças com seus sucos, Richard faz o brinde: que o nosso casamento seja cheio de amor e alegria.

— E que traga muitos frutos – Martha completa, fazendo que Kate ficasse ruborizada.

— É isso mesmo Martha, eu quero mais netos correndo pela casa. Eu já ganhei uma segunda neta hoje, espero ganhar mais alguns nos próximos anos. – Jim completou o brinde fazendo Kate ficar mais ruborizada ainda.

— Oba, vamos ganhar irmãozinhos, Annie, você ouviu? – Alexis falou para Annie.

— Mamãe eu e a Alexis vamos ganhar irmãozinhos é? Que dia vai ser isso? É amanhã? Eu quero dois irmãos e duas irmãs e você, Alexis?

A essa altura todos riram com a inocência das meninas.

Quando saíram do restaurante, mal o carro se pôs em movimento as crianças já pegaram no sono, pois não tinham o hábito de dormir tão tarde e já passavam das 22:00 horas. Ao chegar ao prédio onde Kate morava, Rick colocou o carro na garagem. Como Alexis estava dormindo, Richard pediu para Martha ficar com a neta no carro, pois carregaria Annie, que também dormia, até o apartamento. Quando entraram na residência, ele levou a garotinha até sua cama, deixando-a com o avô. Jim que disse que Kate podia descer para se despedir de Richard que ele próprio cuidaria de arrumar a neta com a roupa própria para dormir e a cobriria com o cobertor.

Ao chegarem ao hall do elevador, Kate fica um pouco constrangida. Aquela situação ainda era muito nova para ela. Richard ficou parado de frente a ela, com sua mão direita levantou o rosto da moça em direção a ele e ficam se olhando. Ele começou a sussurrar – Obrigada pela noite maravilhosa, Katherine. Eu prometo que vou te fazer a mulher mais feliz da face da terra. Isso se você me permitir. – Kate, constrangida, tenta abaixar o rosto, mas é impedida por Rick – Não, Kate. Você não vai escapar de mim. Você estava indo bem até agora. – continuou sussurrando de forma carinhosa e, sem dar chance para outra fuga, capturou seus lábios num beijo apaixonado, repleto de sensualidade. Kate sentiu uma queimação no peito que parecia ia explodir de emoção, então esqueceu a timidez e passou os braços ao redor do pescoço de Richard e com a mão direita afagou seus cabelos macios. Ele era mais alto que ela e ai, ele sentindo que havia total reciprocidade, a empurrou contra a parede do hall começaram a se friccionar de forma erótica e cochichou ao seu ouvido. – Kate, eu sou louco por você, desde que te vi pela primeira vez na faculdade.

Neste momento ouvem uma tosse forçada e percebem que Jim está chegando.

Kate e Richard, se separam rapidamente, parecendo dois adolescentes.

— Eu acho melhor adiantarmos esse casamento, meus jovens. – Jim falou.

— Papai!

— Seu pai tem razão, Kate. Nós não somos mais crianças. Já somos adultos. Jim, amanhã mesmo eu vou com a Kate ao cartório para darmos entrada nos papéis. Eu amo sua filha e não consigo viver sem ela. Só casando, não é? – sorriu para o futuro sogro.

— É meu jovem. Também acho.

— Papai isso é constrangedor. Eu não sou uma menina com o primeiro namorado. Eu já sou uma mulher de vinte e cinco anos e estou com o meu noivo. – Kate falou com docilidade para o pai. - O senhor vai ficar aqui até o Richard entrar no elevador, é?

— Vou, por quê?

Kate olhou para Richard revirando os olhos e ele deu uma risadinha e deu um selinho em Kate.

— Então, boa noite Jim. Vou para casa colocar a Alexis na cama. Boa noite, minha linda noivinha e até amanhã e não se esqueça de levar sua documentação para darmos entrada nos papéis do nosso casamento.

Neste momento o elevador chegou e Rick entrou e Kate, parecendo uma adolescente, rapidamente falou e entrou no elevador com o Richard – Papai, eu vou levar o Richard até o carro. – a porta do elevador fechou sem ouvir a resposta do pai. Mal o elevador se moveu, eles aproveitaram e voltaram para o beijo apaixonado, molhado, com embate de línguas, sensual ao extremo. Rick acariciava o pescoço, a nuca e os cabelos de Kate e ela fazia carinhos semelhantes.

— Kate – sussurrou Rick – eu preciso de você. Não sei como consegui amar você durante todo esse tempo e nunca encostar em um só fio de cabelo seu. Mas agora que eu comecei, eu não consigo parar. Esse cheiro de cerejas do seu cabelo, da sua pele sempre me matou, mas hoje está me enlouquecendo. Kate, você voltou a ser a ‘moça do hall do elevador’, meu amor. Oh, meu Deus!

O elevador chegou à garagem, mas eles tinham muito o que conversar então ficaram no hall, um pouco distante do carro, fora do alcance das vistas de Martha.

— Richard – Kate falava bem baixinho – eu até que tentei fingir que não sentia nada por você, mas não dá para enganar a mim mesma. Eu também te amo. Eu sou perdidamente apaixonada por você e não é de hoje. Eu sempre tentei disfarçar porque você era meu professor, depois virou o chefe da minha equipe, é o Diretor e o dono do hospital. Além do que eu não queria me envolver com ninguém até que a Annie ficasse maior. Ela é muito pequenininha para me ver namorando. Ah, Richard. É tudo tão novo ainda para mim. É muita coisa para minha cabeça e para a cabecinha dela, então. Eu nunca namorei ninguém depois que ela nasceu para evitar que ela sofresse desilusão amorosa paterna, se é se existe esse termo. É. Porque eu temia que ela se apaixonasse pelos ‘papais’ e eles depois iriam embora. Eu até tentei não me aproximar de voce, Richard, só que eu não consegui tirar você da minha cabeça.

— Então, graças a Deus eu tive a brilhante ideia de chantagear você. - Ele sorriu e ela fez bico de raiva e revirou os olhos - . Perdão, amor. Eu sei que não foi nada engraçado. Mas a sorte estava do nosso lado. – Ele a beijou com paixão, sendo inteiramente correspondido. Kate passou os braços pelo pescoço dele como se não quisesse soltá-lo nunca. Richard a abraçava de tal forma que ela pensava que ia morrer de emoção. Puro êxtase. Já sem ar, diminuíram o ritmo e Rick ficou mordiscando e puxando os lábios de Kate, resultando em maravilhosos choques elétricos de prazer e Rick sentiu Kate tremer de emoção. – Ei, você não quer ir para o meu loft hoje, amor. Eu não vou conseguir sair daqui sem você, quanto mais chegar em casa e conseguir dormir. Oh, meu Deus!

— Rick, eu não posso simplesmente deixar a Annie dormindo aqui, falar com meu pai, “olha papai, fique de olho na minha filha porque eu vou dormir com o Rick, depois eu volto.” Não posso. E também tem a Martha... Nossa! Que loucura! Ela está esperando no carro até agora, Rick, que vergonha. Ela deve está pensando mil coisas!...

— Então eu acho que vou ficar maluco. Querida, antes que eu esqueça, eu queria lembrar a você que você vai ser sempre a ‘moça do hall do elevador’. Eu acho que este ambiente nos faz bem... – Eles sorriram um para o outro

Ela ficou nas pontas dos pés e o abraçou pelo pescoço e começou a sussurrar – Eu sei que você tem que ir embora, mas eu quero muito estar com você. Estou louca de desejo para estar com você, Rick, eu quero dormir com você e acordar nos seus braços.

— Kate, se esta é a forma de você se despedir.... Nossa, você não está ajudando. Você está me deixando ainda mais louco.

— Eu sei, mas é que eu não consigo pensar em outro assunto. Eu só penso em você. Tive uma ideia. Vamos mudar drasticamente de assunto. Vamos falar de algo nada excitante. Vamos pensar.... Hoje eu atendi a duas crianças que sobreviveram a um acidente de carro terrível. Aliás, todos no carro sobreviveram inclusive os meus dois pacientes, uma garota de dez anos e um garotinho de cinco. Ele é uma belezinha. Ele teve vários edemas....

— Kate, boa noite. Você conseguiu. – Richard falou entediado - Por mais que eu esteja preocupado com os seus pacientes, eu agora já estou em condições de sair daqui, dirigir e ir para o loft. - Sorriu para ela e piscou maliciosamente. – Mas vamos evitar nos despedir com beijo, querida. Aliás, não vamos nem encostar um no outro porque a fagulha volta a ascender. Se quiser pode até continuar a narrar o evento dos dois irmãos acidentados. – sorriu abertamente.

— Não, Rick, eles já tiveram alta e estão totalmente fora de perigo. Eles saíram do hospital muito bem, inclusive, por isso que eu mencionei o caso deles. Eu nunca iria fazer graça com a falta de saúde de meus pacientes. Nunca! Jamais! Mas, Rick, você já vai embora.... – Kate falou com voz manhosa – Eu já estou com saudades... Nenhum beijinho?

— Não, Kate. Novamente você não está ajudando, querida. – Richard e Kate chegaram ao lado do carro.

Martha quando os viu foi logo dizendo em tom divertido, sabendo muito bem o que estava acontecendo com os apaixonados – Vocês não estavam acertando onde tinham deixado o carro, acertei, meus jovens? – Martha sorriu e piscou maliciosamente para os dois.

— Mais ou menos isso, mamãe. – disse Richard e entrou no carro e deu partida no motor.

Kate se despediu da futura sogra – Boa noite, Martha. – em seguida se pendurou na janela e sussurrou ao pé do ouvido do noivo – posso dizer que te amo?

— Kate, é assim que você quer que eu vá embora? - sussurrou. - Mas tudo bem, Kate. – sorriu para ela, um sorriso aberto e feliz – Eu também te amo, minha linda. Hoje você me fez um homem muito feliz e garanto que seremos muito felizes. Pode acreditar. Eu prometo. Boa noite, amor – e deu um selinho nela.

— Vá com Deus, amor. - Ela sorriu para ele, afastou-se do carro e entrou no elevador e subiu para o apartamento, feliz da vida.

Trancou a porta e subiu as escadas e foi direto para o quarto de sua filha. Verificou se Annie estava bem, arrumou sua coberta, sentou-se com cuidado na cama para não acordá-la, fez carinho nos seus cabelos, orou pedindo proteção para seu anjo da guarda e saiu silenciosamente fechando a porta e seguiu imediatamente para seu próprio quarto. Preparou-se para dormir. Apagou as luzes e agradeceu a Deus por tudo que estava acontecendo na sua vida e ficou refletindo em tudo que acontecera naquele dia.

Que dia movimentado. Em um só dia descobrira que seu pai tinha uma monstruosa dívida de jogo, que hipotecara o apartamento e a clínica para quitar a débito. Não satisfeito voltou a jogar e voltou a perder e contraiu nova dívida tendo que hipotecar novamente os imóveis para saldar a dívida, pois o banco já ia executar a dívida quando Richard a quitou. Ou seja, Rick salvou a família dela da falência e em troca teria que casar-se com ele. Só que ele fez isso porque era a única forma de tê-la, simplesmente porque a amava, não sabendo ele que ela também o amava. Veja como são as coisas. Depois de toda aquela briga que tiveram aquela tarde, iam se casar por amor. Kate sorriu com esse pensamento. Kate agora teria que honrar o resto do pacto que fizera com Rick. Ela teria que convencer seu pai a voltar a exercer a medicina na sua própria clínica. Bem. Uma coisa de cada vez. Primeiro iria com Richard dar entrada na papelada do casamento. Ela não estava nem acreditando. Oh, meu Deus! Thank you!

Com o pensamento no casamento, e agradecendo a Deus pelo milagre do amor correspondido, Kate adormeceu e sonhou com Rick. Um sonho maravilhoso.