No hospital, Kate estava cansada. Seu plantão acontecia de tudo, mas conseguiu, com ajuda de colegas e do Dr. Castle, solucionar o que parecia impossível.

Em um momento de tranquilidade Richard retornou ao seu escritório, fez uma ligação reservada a um detetive particular de sua inteira confiança e o contratou para descobrir tudo o que se passava na vida dos Becketts. Um relatório completo com fotografias O investigador pediu um prazo de cinco dias.

O relógio marcava duas horas da manhã, quando Kate terminou, com êxito, um procedimento muito importante com um dos seus pequenos pacientes. Teria um tempo livre para tomar um café e dirigiu-se para a lanchonete do hospital que funcionava 24 horas. Quando chegou à lanchonete nem teve que fazer o pedido, pois o Dr. Castle já tinha se adiantado e estava com duas canecas de café e lhe oferecia uma delas.

— Oh, obrigada, Dr. Castle. Como sabia que eu vinha tomar café? – Kate perguntou espantada pela delicadeza do ato do médico bonitão. Ai, meu Deus, ela teria que disfarçar senão ele iria descobrir que ela era sua tiete.

— Foi fácil, Dra. Beckett. Você faz isso durante seus plantões, sempre que termina um procedimento importante. Desde a época da faculdade eu sei que você adora um café com creme... Acertei?

— Sim. Acertou. Estou espantada! Não sabia que o senhor reparava em mim na faculdade. – disse sem graça. - Mesmo assim. Muito obrigada.

— O que é que você faz quando está de folga, Dra. Beckett? – Richard perguntou de forma tão direta que deixou Kate sem ação.

— Eu, eu.... – Kate não teve outro jeito senão dizer a verdade - Eu fico em casa e aproveito o tempo livre para brincar e conversar com minha filha...

Richard arregala os olhos assustado, pois tudo o que ele não esperava é que a ‘sua médica-residente’ fosse casada. Oh, meu Deus! E agora, o que faria? Com essa ele não contava.

— Eu não sabia que você era casada, Dra. Beckett...

— E não sou – interrompeu Kate. – O senhor não sabe por que quando o senhor começou a lecionar na faculdade ela já tinha nascido. Eu engravidei de um namorado que preferiu não continuar com a relação que tínhamos. Foi um namoro rápido.

— E onde ele está. O pai da sua filha. Onde ele está? – Richard precisava saber antes mesmo de o investigador entregar o relatório.

— Ele é cirurgião cardíaco e disse que se dedicaria a causas humanitárias nos países carentes. Segundo ele, não teria espaço para filho ou mulher atrás dele etc, etc, etc. Então, eu e minha filha somos muito amigas uma da outra. – disse sorrindo.

— Você é muito forte, Dra. Beckett. Qual a idade e o nome dela?

— Annie tem três anos e foi ela quem me fortaleceu. Ela é linda. Muito doce e muito sabida. Fala muito e tem uma imaginação que Deus me defenda. – Kate sorriu e ficou olhando para Richard com olhos sonhadores pensando na filha – Graças a Deus ela não tem nenhuma aparência física do pai dela. Ela parece muito comigo, pelo menos é o que meu pai sempre diz.

— Eu também tenho uma filha....

— O senhor é casado? Eu não sabia. – perguntou Kate de supetão, e ficou morta de vergonha por não ter conseguido disfarçar e ter mostrado tanto interesse no estado civil dele. – Oh, desculpe-me Dr. Castle se eu fui invasiva.

— Se for assim, eu também fui invasivo. Desculpe-me. – neste momento, ambos sorriram e a descontração retornou. – Eu sou viúvo e tenho uma filha de quatro anos, a Alexis, que mora comigo. Eu e a Alexis também somos muito amigos e conversamos muito. Ela é muito madura para a idade. Talvez possamos organizar uma programação infantil para apresentarmos nossas filhas, a Annie e a Alexis, pois elas têm quase a mesma idade. O que é que você acha?

— Eu não sei. Será que não teria problema do senhor ser visto comigo e as nossas filhas? Isso não prejudicaria a minha residência médica?

— Dra. Becket, o que acontece fora deste hospital não é da conta de ninguém e além disso, nós não estaríamos quebrando nenhuma regra. É. Não existe regra de amizade, amizade íntima ou relacionamento íntimo entre os médicos e médicos residentes dentro deste hospital. - Neste momento Kate sentiu que ficou vermelha como um pimentão – Dra. Beckett, para você estar aqui, você participou do mesmo tipo de seleção que os outros residentes, ou seja, avaliação escrita com número de inscrição sigiloso, onde ninguém sabia quem era o dono da prova. Portanto tire as caraminholas de sua cabeça e vamos marcar nossa programação infantil, Ok?

— Ok, Dr. Castle.

— Eu já estava querendo levar a Alexis para assistir ao novo filme da Disney. É o “Monstros S.A.” Você e a Annie já assistiram? Eu li a respeito e a crítica o avaliou muito bem.

— Eu também li a respeito e estava querendo levar a Annie. Então vamos. Elas vão adorar. E nós também, tenho certeza.

— Qual o seu próximo dia de folga? sábado e domingo?

— É. Eu folgo todo sábado e domingo.

— Então eu passo na sua casa no domingo às onze horas. Nós almoçamos juntos, para dar tempo das meninas se conhecerem, perderem a timidez natural e se soltarem um pouco e em seguida vamos ao cinema. O que é que você acha desta ideia?

— Perfeito. Aliás, não vai dar certo no próximo domingo, pois eu já tenho agendado uma programação com uma amiga, que por coincidência, é a Dra. Lanie, obstetra do hospital. Nós combinamos de sair domingo para passear com nossas filhas. Pode ser o domingo seguinte?

— Ótimo. Vamos trocar número de telefone celular e você me dá o seu endereço.

Depois de anotados os dados, Kate retornou ao plantão e Richard foi para seu escritório meditando sobre o que estava acontecendo. Meu Deus! Ele estava completamente apaixonado pela médica residente. E em apenas um dia conseguira conversar e tomar café com ela, saber que ela era solteira e já marcara um encontro com ela. Tudo bem que iriam com as filhas de ambos, mas ainda assim, seria um encontro. Não poderia ser melhor. Estava nas nuvens.

Kate também se dirigia ao andar da Pediatria analisando sobre as novidades. Meu Deus. Ela estava com encontro marcado com o bonitão. Não estava nem acreditando. E ele nem foi grosseiro com ela em nenhum momento. Não lhe faltou com respeito. Apenas sugeriu uma programação infantil para entreter as filhas de ambos. E o pior é que achava que não conseguira disfarçar que estava apaixonada por ele. Em apenas um dia conseguira conversar e tomar café com ele, ele adivinhou que ela ia tomar café e se adiantou e mandou preparar um especial para ela do jeito que ela gostava. Meu Deus! Ela soube que ele era desimpedido e já tinham um compromisso social agendado para domingo. Não poderia ser melhor. Estava nas nuvens!

Só que agora tinha que descer das nuvens porque o paciente do leito número 10 estava chorando e ela tinha que atendê-lo.

Terminado o plantão, Kate chegou em casa por volta das 08:35 horas. Subiu correndo para tomar uma ducha para recarregar as forças. Ela estava praticamente morrendo de saudades de Annie. Quando estava saindo do banheiro, ouviu uma vozinha linda e doce que fazia com que ela risse sozinha.

— Mamãe, mamãe, mamãe, onde a senhora está? – Quando Annie viu Kate, ela se jogou nos seus braços. – Mamãe, a senhora chegou do hospital. Eu estava com tanta saudades

Kate levantou Annie nos braços e rodou com ela pelo quarto e a encheu de beijos.

— Minha filhinha linha. A mamãe também estava com saudades de você.

— Mamãe, a senhora também estava com saudades da Nany?

Kate sorriu diante daquela pergunta tão inocente. – Claro que sim, minha querida.

— Mamãe, a senhora disse que já é médica, mas também ainda estuda. Então, quando a senhora vai para o hospital, é para trabalhar ou para estudar?

— Os dois, Annie. A mamãe é médica-residente. Sabe o que é médica residente? Não. Eu sei que não sabe porque você é muito pequena. Pois é, então eu vou te explicar. A mamãe já é médica porque já completou o curso de medicina na faculdade, mas para trabalhar como médica, a mamãe precisa estudar todos os dias no hospital fazendo a mesma coisa que os médicos fazem. Você está compreendendo, filhinha? – Annie assentiu com a cabeça e Kate continuou a explicação de forma bem didática. – A mamãe aprende a fazer o trabalho de médicos, pois é observada por um médico que além de chefe é também um professor que está ali ao meu lado para me orientar se eu fizer qualquer coisinha errada, entendeu?

— Sim, mamãe. Agora eu entendi. A senhora é médica e estudante. – A garotinha sorria e perguntou para a mãe. – Como é o nome do professor que fica do seu lado lá no hospital, mamãe?

— O nome dele é Dr. Richard Castle, querida.

— Mamãe, ele é bacana?

— É sim, filha, ele é muito bacana. Nós conversamos muito.

— Mamãe, ele é bonito?

— Filha!

— Responda, mamãe, por favor. – A garotinha fez beicinho - Ele é bonito?

— É, querida. Ele é muito bonito. – e sem perceber ficou nas nuvens.

— Então ele podia ser meu papai. – Annie resolveu o problema como se fosse a coisa mais fácil do mundo. – Minhas amiguinhas da escola têm papais e eu não tenho.

— Filha! – Kate ficou espantada com aquela pergunta, mas respirou fundo. - Minha querida princesa, nós já conversamos sobre isso. – O vovô Jim é o meu papai, e ele pode brincar com você porque você é a netinha dele e ele te ama muito. E o Dr. Richard Castle é apenas o médico do hospital e o professor da mamãe. Mais nada. Você entendeu?

Mas Annie já estava com o pensamento em outra coisa, pois ela só tinha três anos e esse assunto para ela já tinha acabado. Ela já queria outra coisa.

— Mamãe, a senhora vai me dar banho?

Então Kate deu banho em Annie e arrumou sua princesinha. Tomaram café da manhã juntas e depois foram assistir a um filme, oportunidade em que Kate aproveitou e, sem que a filha percebesse, dormiu profundamente, pois estava muito cansada do plantão.

Durante os dias que se seguiram, Jim sempre conseguia escapar da conversa com Kate, porque não queria entrar nos detalhes dos problemas para não preocupa-la.

E no hospital, o clima estava cada vez melhor entre Kate e Richard e eles sempre se encontravam na lanchonete para tomar café e conversar. Os assuntos fluíam com muita facilidade.