Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 23
Soro da Paz


Notas iniciais do capítulo

Esse cap foi escrito inteiramente pela Andiie...com algumas coisas minhas...

Espero que gostem ^^



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Naquela manhã acordo com o barulho de batidas na porta. Passo a mão sobre o colchão, sem abrir os olhos, vazio e frio.

Talvez eu esteja desapontada por Noah não estar aqui. Ouço murmúrios baixinhos.

- Fale baixo. Vai acordar ela. – diz Noah. A outra voz, feminina, Luna, ri baixinho.

- Você dormiu na mesma cama que ela?

- Claro que não. –abro os olhos. No chão tem um colchão fino.

- Vai dizer que não queria... - insinua Luna. Olho para a porta. Noah mantem a porta entreaberta e esta apoiando seu pé no vão, impedindo Luna de ver o que tem dentro.

- Pare. – ele diz sorrindo. – Conseguiu o de hoje? Sky conseguiu? Acho ótimo ele trabalhar na sala dos conflitos e ser seu namorado.

Vejo Luna assentir e passar para Noah uma caixa pequena de metal.

- Pedi dose extra, para a cidadã erudita que esta olhando para a gente. – ela diz rindo. Noah se vira. Abaixo meus olhos para o chão.

- Hm. Obrigado Luna. – ele diz.

- De nada, e ei bom dia. – ela sorri enquanto vira as costas. Seu vestido amarelo ondulando atrás de si enquanto ela dá pequenos saltinhos. Acho hilárias essas meninas da Amizade.

Noah fecha a porta e caminha até a cama. Sento-me, apoiando as costas na parede, mas com os pés ainda na cama. Ele se senta segurando a caixinha.

- Bom dia. – ele diz. – Ontem você me acordou três vezes. – ele diz rindo. Sinto-me constrangida.

- Desculpe. Não quis incomodar eu só... - ele sorri e paro de falar. – O que é isso? – pergunto olhando para a caixinha em suas mãos.

- Isso? Ahn, minha querida isso é a chave para a felicidade. – ele diz jogando a cabeça para trás.

Ele olha para mim e deixa a caixa em minhas mãos. Ele se levanta e pega algodão e antisséptico. Abro-a. Dentro ela é feita de veludo e há duas seringas com um liquido verde brilhante, como grama.

- Isso? – pergunto com desdém.

- Soro da paz. Ele é injetado em pequenas doses no pão para nos manter em paz... Mas em grandes quantidades nos deixa felizes. Como você acha que nós, jovens da Amizade, nos divertimos? – ele pergunta maliciosamente. – Se quiser, eu injeto em você... Só não vale pedir depois que eu já tiver injetado em mim.

Olho para as seringas. Soro da paz. Ando precisando disso. Precisando desligar. Precisando ficar feliz.  Toco em uma delas.

Sinto a mão de Noah em meu pescoço, afastando meu cabelo. Sinto um arrepio bom. Ele passa o antisséptico no local.

- Pronta? – ele pergunta. Levo a seringa até suas mãos. Ele a injeta em meu pescoço.

Por um momento não sinto nada. Depois minha visão começa a ficar turva. A dor na minha coxa sumiu. Acho foram poucas as vezes que eu senti isso. Meu coração acelerado parece aquecer meu corpo inteiro, uma coisa estranha que não me deixa parar de sorrir. Sinto como se meu olho estivesse brilhando e a vontade de pular e gritar é muito forte. Sinto-me como se estivesse balançando. Para frente e para trás. Vejo Noah sorrir.

- Como você se sente? – ele pergunta. Sua voz é tão doce. É calmante.

- Estou me sentindo muito bem, obrigado. – digo sorrindo. – Onde esta Neelie? Neelie... É tão legal falar o nome dela não acha? Neelie, ela não tem motivo para ter vergonha dele.

Ele sorri enquanto passa o antisséptico em seu pescoço.

- Neelie... Há essa hora ela deve estar assim, felizona como você. – ele injeta o liquido em seu pescoço. Ele deita na cama por um tempo. Vou para o lado para dar espaço para ele.

Nos cinco minutos seguintes, apenas escuto nossa respiração, e vejo o teto girando. Então, Noah se volta pra mim, ainda deitado.

-Você já está melhor?- ele pergunta, meio que gargalhando.

-Muito, muito melhor... Até porque eu estou aqui com você. - Com certeza, isso foi efeito do soro. Espero que tenha sido.

Então ele sorri, e se inclina sobre mim lentamente, e eu permaneço lá sorrindo de volta, até que, posso sentir seus lábios encostando-se aos meus. E eu retribuo o longo beijo. É uma sensação boa, mas ao mesmo tempo, não consigo expressar direito o que sinto, por causa do soro... Ao contrário de Noah, que já deve estar tão acostumado, que parece se expressar perfeitamente.

-Eu queria que isso durasse pra sempre. – ele sussurra.

-Eu também. – eu respondo, mas no fundo eu não sei bem do que estou falando.

Ele ri a toa e não consigo deixar de rir junto com ele. Sua risada é gostosa de ouvir. Ele se levanta do nada da cama.

- Vamos ver Luna! – ele puxa minha mão. Gosto do contado das suas mãos com a minha.

 Nós corremos de mãos dadas até os pomares. Tropecei na escada por causa da tontura, mas Noah não fez diferente. Entre tropeços e mais beijos, chegamos.

Neelie esta lá com Luna e um menino alto de cabelos cor de raio de sol e olhos cor de agua. Ele é bonito e está feliz. Todos estão felizes.

Luna canta algo enquanto gira. Não reconheço a musica que ela esta cantando, mas Neelie parece que sim. As duas começam a cantar até que o menino abraça Luna pela cintura.

- Sky... Não é muito legal de a sua parte interromper meu show. – ela diz. Ele a beija. – Adorável. – ela murmura.

Neelie bate palmas, e gargalha. E essa foi à cena mais idiota de toda minha vida, mas estávamos todos gargalhando e batendo palmas, enquanto Sky beijava Luna e, juro que por um momento uma flor falou comigo...

Noah me puxou pra mais longe dali, e eu vi tudo se afastando em câmera lenta... Ele estava colhendo, ou tentando colher uma maçã, quando ele finalmente conseguiu ele despencou de um galho... Eu nem notei que ele estava em um. Então, aconteceu de novo, mas dessa vez, eu acho que senti melhor porque, eu não sei quanto tempo se passou, mas acho que o soro estava começando a dar uma suavizada no efeito.  

-Você quer um pedaço? – disse ele me estendendo a maçã.

-Depende. – eu respondi.                                                                    

-Depende? Do que? – eu vi seus olhos se estreitando, como se ele estivesse tentando ser fofamente confuso, deve ter sido por esse motivo que ele saiu da Audácia para Amizade, era “fofamente malicioso”. Eu não respondi, e peguei a maçã, não sei como consegui fazer isso sem uma faca, mas tirei um pedaço circular perfeito... Pelo menos, era o que parecia. Eu coloquei o pedaço em minha boca.

-Só se você conseguir tirar da minha boca. – eu ri, ele riu também. Mas ele levou a sério, porque ele tirou da minha boca, com um beijo. Ele colocou suas mãos em minha cintura e encostou-me à Macieira. Suas mãos eram de um toque suave, assim como seus lábios, e parece que essa foi a primeira vez que eu os realmente senti. Um beijo com sabor.  Um beijo de maçã.

Eu realmente não sei o que tínhamos na cabeça quando tomamos o soro. Mas ao mesmo tempo foi... Algo maravilhoso. Quando estávamos voltando para o lugar onde Luna estava com Sky, e Neelie, eu vi algumas sombras por ali.

-O que foi? –Noah perguntou, estávamos de mãos dadas.

-Eu não sei. – soltei nossas mãos. – Acho que vi algo ali.

-Deve ser o soro. –ele disse com desdém.

-Não eu não estou vendo coisas. – eu me irritei. Parecia que ele estava me chamando de louca.

-Calma, mas... Não deve ter sido nada, e sério... O soro faz essas coisas... Sabe? – ele disse olhando pro nada, como se estivesse lembrando algo. - Uma vez eu vi um gnomo, dançando e me oferecendo cachimbo. - Foi instantâneo, eu me joguei no chão e comecei a rir.

-Então, vamos? – ele disse, interrompendo minha insanidade temporária.

-Tá, mas, vai à frente. –eu disse, e voltei a olhar na direção das sombras. Ele assentiu com a cabeça.

Não muito longe dali, estava Caleb, olhando pro nada, muito provavelmente ainda triste pela morte de toda sua família.  Seus cabelos negros faziam um belo contorno no seu rosto, o verde de seus olhos combinava com a da folhagem. O soro deixava tudo mais bonito, inclusive ele. Mais do que ele já era. Mas foi aí, que algo estranho aconteceu...   Neelie - ainda acho tão legal Neelie- surgiu, tropeçando, e fez o que seria muito conveniente, claro, caiu em cima de Caleb.

-Desculpa. – ela sorriu.

-Não, tudo bem. – a aparente tristeza dele, meio que sumiu, mas ele ficou realmente assustado quando um borrão loiro caiu em cima dele.

-Agora eu te devo uma. – ela continuava sorrindo.

-Pelo? – ele ergueu uma sobrancelha.

-Você amorteceu minha queda. – ela não para de sorrir, a cena começa a ficar engraçada, eu quase deixo uma gargalhada escapar, mas coloco minhas mãos em cima da boca, e sento-me na relva. 

Então, ela ajeita um fio de cabelo que estava caído sobre seu rosto.

-Seu cabelo é tão bonito. - ele sorri. - Você deveria fazer isso mais vezes... - ele a olha confuso. – Sorria. Você fica melhor sorrindo.

Eles apenas se encaram por um tempo. Olhar nos olhos de outra pessoa, por um longo tempo pode revelar uma coisa poderosa. E se você não acredita em mim, tente fazer isso você mesmo. E ela beija-o. Por um instante ele fica sem saber o que fazer, mas depois retribui. Eu poderia afirmar que eles seriam um casal perfeito... Se eu não tivesse me lembrado do D. naquele instante. Achei melhor sair dali, e voltei pra encontrar com Noah e os outros.  Algum tempo depois, Neelie voltou, sem Caleb.

Quando estávamos com o efeito do soro, tivemos momentos tão felizes que cheguei a acreditar viver em um lugar mágico. Então o efeito passou e voltamos para a realidade.


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