Se Eu Não Te Falar Agora... escrita por Quel Machado


Capítulo 11
Malu procura por Giane na Casa Verde




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Casa Verde (por volta da hora do almoço)

Malu caminha pela pracinha em direção à casa de Giane. Ela não percebe Bento se aproximando com Mayara e André.

Bento: Oi, Malu! Passeando Casa Verde?

Malu se vira.

Malu: Oi, Bento! Oi, crianças! Na verdade eu estava indo ver a Giane… - ele a interrompe.

Bento: Já almoçou? Hoje tem a famosa macarronada da Tia Salma… A gente tava indo pra lá, não quer vir com a gente? A Giane deve aparecer por lá também daqui a pouco, eu tenho certeza!

André: Vem, tia Malu! Vai ser legal, a Tia Salma cozinha muito bem.

Malu fica um pouco desconfortável.

Malu: Eu não sei, Bento… Eu e a Amora não somos necessariamente melhores amigas, você sabe.

André: A tia saiu! Só a minha mãe vai estar lá.

Bento: A Amora foi almoçar com a Bárbara, pode ficar tranquila. – ele completa.

Malu: Huuuuummmm, então se é assim, não dá pra resistir a macarronada na Dona Salma, não é crianças?! – ela abre os braços e abraça os dois de uma vez.

Bento sorri satisfeito.

                                            ***

Casa de Giane

Silvério abre a porta de casa.

Fabinho: Oi, seu Silvério. Minha mãe mandou entregar esse pudim para o senhor. Ela falou que é pra comer com café…

Silvério: Ah, obrigado, Fabinho! Pode deixar lá na cozinha. A Giane está no quarto mas já estamos de saída para a casa do Gilson. Quer que eu a chame? – ele fala mais alto para o rapaz escutar da cozinha.

Fabinho vem voltando da cozinha.

Fabinho: Não precisa, não, seu Silvério. Eu também estou de saída. – ele diz cabisbaixo.

Giane vem entrado na sala.

Giane: Pai? Tá falando com quem? – Ela congela quando vê Fabinho meio sem-jeito no meio da sua sala de estar.

Silvério: É só o Fabinho que veio deixar um pudim. Tá pronta, filha? A gente podia ir logo, estou morrendo de fome. Vamos conosco, Fabinho?

Fabinho: Não seu, Silvério, valeu. Só vou onde me querem. – lança um olhar triste para Giane.

Giane se aproxima de Silvério.

Giane: Pai, vai na frente que eu queria falar uma coisa com o Fabinho aqui. Eu já te encontro lá.

Silvério sai e deixa Giane e Fabinho sozinhos na sala; um totalmente sem-graça com o outro. Giane fala primeiro.

Giane: Ô Fabinho, eu queria te pedir desculpas por aquele negócio lá de eu ter dito que tinha pena de você… Não era isso que eu queria falar, mas você me imprensou e eu explodi. Sou uma cavala às vezes como você diz…

Fabinho: Te desculpo se você falar por que me beijou. Ficou com inveja da Malu e resolveu passar o rodo também ou é outra coisa que você não quer admitir?

Ela perde a paciência.

Giane: De novo esse papo? Fabinho, se liga! Você é o último cara do mundo que eu estaria a fim!

Fabinho: E você, a última garota por quem eu me interessaria! Mas, quer saber?

Ele se aproxima de Giane e puxa o rosto dela em sua direção. Sem reação à princípio, ela logo se entrega e o beija com intensidade por alguns instantes. Depois cai em si e o afasta.

Giane: Meu! Tá Maluco? Que você tá fazendo?

Fabinho: Da outra vez foi você quem me beijou. Agora fui eu! – diz olhando bem fundo nos olhos da moça.

Giane não consegue manter o olhar por muito tempo e desvia.

Giane: O que você quer, Fabinho? Pára com a palhaçada que eu não tou paciência pra essas coisas.

Ele se aproxima novamente.

Fabinho: Não tá na cara? Eu quero você!

Giane: Pffffffffffffffftttt! Tá bom! Tou achando que aquela febre toda queimou os teus miolos. Até parece que eu vou cair nessa. Se não tem mais nada pra fazer aqui, pode ir embora! Eu já pedi desculpas, se não quiser aceitar, não aceita e pronto…

Fabinho: Vem comigo então se você não acredita em mim. Eu garanto que você não vai se arrepender. – ele diz sorrindo com o canto da boca.

Ela se irrita.

Giane: Vai embora antes que eu te ponha pra fora!

Fabinho sai sorrindo e deixa Giane sozinha em casa furiosa.

                                         ***

Casa do Tio Gilson

Bento, Malu, Simone, Silvério, Salma e Gilson estão sentados à mesa. Giane, Socorro, Jonas e as crianças comem na sala.

Malu: Dona Salma, essa macarronada é de comer rezando! Uma delícia! – diz beijando as pontas dos dedos como os italianos.

Salma sorri encabulada.

Salma: Que isso, minha filha! Comida de pobre, né?! Tenho certeza que você já comeu coisas muito melhores por aí…

Malu: A melhor comida é a caseira e a sua é Top 2, logo atrás da Emília. – fala piscando e abrindo um largo sorriso.

Simone: Muito bom poder te conhecer melhor, Malu. A Mayara teve muita sorte de ter como irmã adotiva uma pessoa tão legal como você. – sorri também.

Malu e os outros presentes na mesa ficam um pouco desconfortáveis. Ela tenta pensar em algo a dizer mas nada vem à mente. Simone percebe algo no ar e tentar mudar de assunto.

Simone: Legal aquele espaço que você tem para cuidar das crianças, né?! Como é o nome mesmo? Toca do Saci?

Bento não deixa Malu falar.

Bento: Isso mesmo. A Malu administra a Toca praticamente sozinha. Ela que teve a idéia, implantou o projeto e manteve aquilo lá esse tempo todo. – ele diz todo orgulhoso, colocando sua mão sobre a dela.

Malu: Mas em breve, se Deus quiser, nós dois vamos expandir essa iniciativa e vamos começar uma fundação. Tudo graças ao Bento. – sorri agradecida.   

Simone: Ah, que legal! A gente percebe que vocês têm uma sintonia ótima. É muita cumplicidade, né?! Faz muito tempo que vocês descobriram que são irmãos?

Malu tira delicadamente a sua mão de debaixo da de Bento.

Bento: Faz alguns meses só. Quando a gente se conheceu, não tinha a menor idéia que podíamos ser irmãos. Mas nós ficamos amigos logo de cara e então viramos parceiros e depois até…

Malu fica agoniada com o rumo da conversa e Salma percebe.

Salma: Acho que todo mundo já terminou, né?! Deixa eu tirar a mesa…

Malu se levanta da cadeira.

Malu: Eu te ajudo, Salma!

Salma: Que isso, querida! Hoje você é minha convidada! O Gilson me ajuda, pode ficar conversando com a Simone e o Bento.

Salma e Gilson pegam os pratos e talheres da mesa e rumam para a cozinha. Eles começam a conversar em tom mais baixo para não serem ouvidos pelas pessoas ali perto. Bento percebe que os pais adotivos esqueceram alguns talheres e se levanta para levá-los para cozinha. Ele pára na porta quando ouve o nome de Malu.

Salma: A Malu é uma graça de menina! Tão simples… Apesar de todo dinheiro que o pai dela tem, ela parece gente como a gente. Deus que me perdoe, mas até hoje eu não me conformo que esses dois são irmãos. Ela sim deveria estar casada com o Bento, os dois têm tudo a ver.

Bento endurece.

Gilson: Mas o Bento está casado com a Amora, Salma. Não adianta ficar remoendo essa possibilidade porque simplesmente não vai acontecer, e nem pode. A Amora ama o Bento e a gente tem que torcer para ele ser feliz com ela.

Salma: Mas o Bento está infeliz! Você não vê o quanto ele mudou desde que casou com ela?! Ele antes era uma pessoa alegre, leve e esperançosa. Hoje o Bento virou um homem cabisbaixo e preocupado. Adoraria que a Amora fosse muito feliz, mas bem longe do Bento!

Gilson: O Bento está com problemas no casamento. É normal ele ficar preocupado com os problemas da esposa... Certos casais têm dificuldades de se acertarem de primeira; talvez com o tempo isso passe.

Salma: Deus te ouça, Gilson! Mas eu só acredito vendo… Vou repetir o que eu já te disse: quando uma coisa começa errada, vai errada até o final!

Gilson: Pára de falar essas coisas, antes que alguém nos ouça, e vem comigo pra sala levar a sobremesa.

Bento, que ouviu toda a conversa, entra na cozinha com a desculpa de levar os talheres que faltavam.


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