My Doctor escrita por Sofia Travassos


Capítulo 7
Prontos para descanso


Notas iniciais do capítulo

Hellah hellah! Então, AGORA não demorei muito. To pensando em tentar seguir um plano. Todo domingo um capítulo? Nunsei se eu consigo porque funciono de acordo com a criatividade, né, então...
Allons-y!



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Eu fecho os olhos, esperando a morte. O som do vento veloz somado ao zumbido ensurdecedor fazem meus ouvidos doerem. No meio do barulho, um ruído conhecido surge. Abro os olhos, confusa, e vejo Doutor a alguns passos de nós, com óbvia dificuldade de engatinhar, enquanto aponta o objeto curioso para todos os lados, como fez antes.

–Doutor?! – ouço Brian chamar.

–Sim, sim! – Doutor responde, distraído – Já vou!

–Só abra a TARDIS! – grito para ele.

Isso parece acordá-lo. Ele olha para a cabine policial e se arrasta até a porta. Brian e eu damos espaço e ele enfia a chave.

Chave?, Jojo murmura, igualmente confusa. Era só uma chave? Que coisa idiota.

Cale a boca, penso. Surpreendentemente, Jojo não fala mais nada.

Doutor gira a chave e empurra a maçaneta, se jogando dentro da TARDIS. Depois Brian, e finalmente eu. Quando percebo que a gravidade está estável dentro da nave, me levanto. Ou melhor, tento me levantar, porque parece que minhas pernas são feitas de gelatina. Caio no chão novamente e olho confusa para ele, que está jogado na cadeira do console, provavelmente sem conseguir mexer as pernas também. Procuro por Brian e o encontro deitado de bruços, estatelado no chão.

Depois de alguns minutos de silêncio cortado apenas por respirações pesadas, o barulho do zumbido lá fora, abafado e gemidos de Brian, o movimento das minhas pernas parece estar voltando. Apoio-me no corrimão e me levanto aos poucos. Fico de pé e caminho devagar, em círculos. Depois de me acostumar a andar como uma pessoa normal, vou até Brian e o empurro de leve com o pé. A resposta é um grunhido e:

–Me deixe aqui para morrer.

Encolho os ombros e me direciono a Doutor. Ele está analisando alguma coisa no objeto estranho.

–O que é isso? – pergunto, finalmente.

–Uma chave de fenda sônica.

Fico atordoada por um momento.

–Desculpe?

–É uma chave de fenda... – ele olha para mim, como se fosse óbvio - ... Sônica.

–E o que ela faz?

–Milhares de coisas. Bem... Várias coisas.

–Como...? – interrompo-o.

–Como hackear computadores, consertar quase tudo que tenha um sistema que seja eletrônico, aumentar a frequência de som, potência de alguma coisa, dar um boost em quase qualquer coisa, trancar e destrancar qualquer coisa que possa ser trancada e destrancada. Menos madeira...

Menos madeira?! – pergunto, sem entender – Essa chave de fenda sônica, que faz quase tudo, é inútil contra uma das coisas mais comuns do planeta?!

–Depende do planeta – afirma.

Reviro os olhos e sento no mesmo degrau que sentei vinte minutos atrás. Encosto a cabeça no corrimão, de repente exausta. Fecho os olhos e relaxo. Passam-se ao menos cinco minutos de silêncio. Assumo que Brian ainda esteja no chão.

IBROCAS! – Doutor grita repentinamente, dando-me um susto tão grande que o chamo de um nome que não é exatamente bonito.

–Que feio, Johanna – a voz abafada de Brian ecoa pela sala.

Doutor não parece ter percebido. Ele levanta de um pulo e anda em volta do console várias vezes.

–... E não Ibrocus – ele dá um tapa a própria testa – Mais de três galáxias de distância.

Levanto e puxo Brian do chão pela camisa. Ele grunhe de novo.

–Se você não levantar por vontade própria, eu vou te soltar.

Obviamente, não surte nenhum efeito, mas ele provavelmente se esqueceu de que eu quase nunca minto quando relacionado a isso.

Solto meu querido irmão e ele quase quebra o nariz; só não o faz porque gira o corpo na hora exata. Ele geme de dor e se levanta, massageando as costas.

–A gente tem um quarto separado? – ele pergunta ao Doutor.

–Claro que sim, a TARDIS é imensa – ele diz.

–Pode indicar o meu, por favor?

Doutor parece feliz em nos guiar através da TARDIS.

–Sigam-me, Coopers! – ele acena a mão para uma das saídas. Ele dita o percurso todo: - Saiam da porta três e caminhem até o primeiro vão. Sigam pelo corredor e virem à quinta porta à direita. Subam essa pequena escada e aqui... – ele abre os braços, referindo-se ao corredor lotado de portas – É onde ficam seus quartos. Escolham qualquer um, a TARDIS irá, provavelmente, entupi-lo com suas... Coisinhas de humanos – ele vira para ir embora mas volta – Ah! Preciso avisá-los: ao entrarem no quarto pela primeira vez, ou seja, hoje, imaginem-no como quiserem. Coloquem as mãos na maçaneta pensando nos menores detalhes. Concentrem-se, isso é importante. A TARDIS se conectará com vocês rapidamente para construí-lo do jeito que preferir – ele ergue os polegares e sorri – Certo? O.K., boa-noite! – e volta.

Olho para Brian e ele olha para a porta de um jeito estranho.

–Brian – chamo – Nada de... Você sabe.

Ele murcha.

–Tá – ele me encara – Nem você, espertinha.

Bufo e me viro para a porta. Encosto a mão na maçaneta e fecho os olhos, concentrando-me em cada detalhe do meu quarto, com certos ajustes: a foto da família renovada, sem a mancha do chá que derrubei nela há uns meses; uma minicozinha num canto, porque provavelmente esquecerei o caminho até a sala do console, não posso passar fome; uma réplica do banheiro de casa e um sofá, porque eu sempre quis ter um sofá no quarto.

Sinto um leve choque nas pontas dos dedos e presumi que fosse a tal conexão que a TARDIS faria. Concentro-me ao máximo em tudo, até que a queimação para e abro os olhos. Estou de frente para a porta do meu quarto. A do meu real quarto. A porta branca que olho todos os dias antes de me jogar na cama. Levo a mão à maçaneta novamente e abro. Quase caio de espanto. Era o exato quarto que imaginei.

Mas eu já esperava por isso, por que me assustei?, penso.

Fecho a porta e olho para a janela. É noite. Provavelmente reflete o tempo de Hove.

Pouso a mão na parede.

–Obrigada – murmuro, com um sorriso. Posso jurar que sinto a parede vibrar ligeiramente.


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Notas finais do capítulo

*limpa lágrima* São BFF's agora