Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 19
Sombras do Passado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Então depois de um capítulo curto e confuso ontem, hoje tem as aguardadas respostas!

Espero que esteja bom hein xD

Allen's POV



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Yell saiu rápido na manhã seguinte, logo cedo e parecia ainda mais distante. Eu não tinha gostado muito quando ele tinha chegado todo tenso e distante na noite anterior, mas eu tinha deixado pra lá por que afinal... A gente tinha mais o que fazer. Foi algo intenso e diferente, possivelmente por que era a primeira vez que eu tinha transado com emoções envolvidas. Sabendo que eu amava e morreria por aquela pessoa.

Ele tinha agido de uma forma bem diferente também, estava mais calmo e carinhoso também. Eu iria perguntar por que, mas não deu tempo. Mal ele tinha saído, Meena entrou.

- Consegue se levantar? – Ela foi abrindo as cortinas e a luz forte da manhã entrou no quarto do príncipe.

- Talvez. – Fiz um esforço para sentar, meu peito doía bem menos, mas ainda estava machucado. Eu estava fisicamente frágil e odiava ficar assim. Meena separou algumas roupas e trouxe uma vasilha com agua até perto da cama.

- Vou te ajudar a se levantar e se vestir. Você tem visita. - Estranhei.

- Não acho que alguém visitaria um servo. – Por que tecnicamente era isso que eu era de Yell.

- Bom, o Rei da Guilda de Fogo chegou ontem à noite e exige ver você. – Lembrei das palavras de Yell, a sugestão para o rei Eli de me entregar à guilda de fogo como um suposto espião. Senti o sangue gelar, seria por isso que Yell estava tão estranho noite passada, e ficara dizendo aquelas coisas que soavam como despedidas? Ele ia me entregar?

Meena pareceu sentir minha hesitação, ela parecia ler mentes. Ajudou-me a levantar e fez um carinho quase materno em meus cabelos.

- Não acho que você tenha nada a temer. O rei Darren é muito bondoso. – Mesmo assim, a idéia de ser entregue como uma caça não me agradava nem me deixava mais confiante.

Meena me vestiu com roupas simples mas apresentáveis e fui levado a uma sala. Me sentei em um dos sofás e encarei o céu azul e limpo pela janela. Queria muito falar com Yell, me despedir. Não sabia se teria outra chance de vê-lo. Por que ele não tinha me dito nada?

A porta da sala se abriu e eu me levantei rápido, o que me causou uma pontada de dor, mas eu mantive a posição, trincando os dentes e olhando na direção dele. O rei era alto, e tinha os cabelos negros compridos, com alguns fios grisalhos. Tinha um cavanhaque e olhos pretos cansados. Quando me viu, pareceu ficar subitamente fraco. Um criado que vinha do lado dele se ofereceu para ajudar, mas ele o dispensou com um gesto simples.

Sentou-se à minha frente e fez um sinal para que eu me sentasse também. Eu estava nervoso imaginando o que o rei poderia querer comigo, e estava esperando que ele fizesse as perguntas do tipo se eu era mesmo um espião ali ou algo do gênero. Mas o que saiu foi:

- Eu sabia que quando o visse ia te reconhecer. Você é a cara da sua mãe. – Ok... Então ele conhecia minha mãe. As coisas estavam ficando ainda mais estranhas.

- Hm... Obrigado? – Disse meio em dúvida. Eu não me achava assim tão parecido. Ele estava me olhando com um ar de quem vê algo que perdeu a muito tempo. Talvez minha mãe fosse da corte ou algo parecido e nunca havia me contado. Eu me sentia totalmente confuso e exposto àquele olhar.

- Sei que deve ser estranho para você, mas... Permita que eu lhe conte uma história. – Balancei a cabeça assentindo. O Rei querendo contar uma história a um simples servo... Então tá né. Me perguntei se ele sabia quem eu realmente era. As minhas acusações.

- Claro majestade. – Ele assentiu e se encostou no sofá suspirando.

- Era uma vez, um rei muito solitário. Um dia, em um passeio pela cidade ele viu a jovem mais bela de toda a sua enorme guilda. Contrariando os membros do conselho, as vontades de sua família e da família dela, ele acabou o casamento com a princesa para a qual estava prometido e se casou com a humilde camponesa, tornando-a sua rainha. Eles viveram muito felizes por três anos até que a rainha engravidou. Todo o reino fez festa e o bebê foi aguardado com muita ansiedade e amor. Mas... Infelizmente a rainha morreu no parto. Como um castigo do destino. O bebe porém, sobreviveu, um garotinho forte, dotado de grande magia. A irmã da rainha revelou ao rei que ela era uma feiticeira antes de conhece-lo, por isso o bebe era especial. No entanto tanto a irmã quanto o conselho não aceitavam que a criança crescesse ali. A irmã queria criar o bebe longe do palácio e das intrigas e o conselho, que nunca aceitou a origem da rainha, considerava o bebe um bastardo, por não ter o sangue completamente real. Sem muita escolha e pressionado pelo conselho, o rei permitiu que a tia levasse o bebe e o criasse num vilarejo ao redor da guilda mais contrária aos poderes do garotinho, para que ele nunca conhecesse suas verdadeiras origens, ou capacidades.

Aquilo estava começando a me assustar, por que soava extremamente familiar. Parecia algo que Wine diria. Tentei não parecer tão prepotente a ponte de achar que... Que eu pudesse ser...

- Foi o maior erro da minha vida, filho, e eu peço perdão por isso.

Fiquei em choque. Eu devia estar ouvindo coisas. Sem palavras. Fiquei encarando o cara de boca aberta. Quer dizer, eu? Príncipe? Não, aquilo devia estar errado. Eu devia estar dormindo ainda, aquilo era um sonho.

- D-Desculpe, o senhor, vossa majestade deve estar me confundindo com outra pessoa, eu sou apenas-...

- Eu nunca o confundiria. Você tem os olhos de sua mãe. – Senti meus olhos encherem de lágrimas. A mãe que eu nunca conheci. Eu gostava da que eu tivera, mas ela sempre pareceu tão distante... Era carinhosa, mas eu sentia falta de alguma coisa. Eu nunca soube o que era. Até agora.

- Eu... Como...? – As perguntas eram tantas que se atropelavam em minha mente.

- Como eu te achei? Vou dizer, foi bem difícil. No começo eu não procurei, admito. Mas depois, quando precisei me casar de novo, ter filhos de novo, uma menina dessa vez, eu senti tanto sua falta que mandei meus agentes pelos vilarejos à sua procura. Mas eu mandei muitos para a guilda da Agua, poucos para o Gelo... E bem. Tem muitos vilarejos em volta desse palácio.

- Alyss... – Sussurrei descrente.

- Sim, ela é sua irmã. – Como podia ser? Como qualquer coisa do que ele tinha dito podia ser? Mas ao mesmo tempo, que motivos ele teria para mentir?

- E-Eu não... Sei o que dizer.

- Apenas aceite as desculpas de um velho rei. E agradeça à Wine por ter te achado. Ela era a filha de um dos meus agentes e só muito depois, mais precisamente quando ela cresceu, foi que ela se deu conta de que tinha crescido com você. Quando ela te achou... Precisava ter certeza, e tecnicamente não estava em missão por isso demorou um tempo para conseguir me contatar, mas com a ajuda do príncipe deu tudo certo. – Ele abriu os braços e se levantou. – Afinal aqui está você.

Ergui os olhos confusos e molhados para ele e demorei a ficar de pé. Não confiava em minha pernas trêmulas. Assim que me levantei, ele fechou os braços ao meu redor, me puxando para si em um abraço apertado. Senti minhas lágrimas caírem e um sentimento bom se espalhar dentro de mim.

O abraço, o cheiro dele eram como uma lembrança, uma saudade de algo que você nunca teve. Eu achava impossível me lembrar de algo assim, mas lá, no fundo de minha mente era como se uma parte de mim soubesse que sim, ele era meu pai. Era como se finalmente eu pertencesse à alguma coisa, à algum lugar.

Ele me soltou e segurando meus ombros me olhou com lágrimas nos olhos. Passou a mão pelo meu rosto cheio de emoção.

- Agora que eu te achei, pode ter certeza que não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Só não te levei para casa, só não conversei com você lá por que me disseram que você estava fraco demais para uma viagem tão longa. Mas assim que você estiver melhor eu vou te levar e você vai tomar seu posto de príncipe, não importa o que o conselho diga... Isso é, se você assim desejar, claro.

- Mas e Alyss? E o casamento para assegurar a paz, e-...

- Você é mais velho, portanto o trono é seu por direito. Vou conversar com o conselho e sei que a paz pode ser obtida de alguma outra forma. Vou dar um tempo para você pensar, sei que foi muita coisa de uma vez. Wine contou que você descobriu seus poderes recentemente, então muita coisa deve ter acontecido nos últimos dias. – Mais do que você imagina, pensei.

Ele deu um apertãozinho em meus ombros e sorriu.

- Temos muito ainda que conversar, garoto. – Assenti. Ele saiu da sala dizendo que me veria mais tarde, no jantar.

Ele saiu e eu perdi as forças, desabando no sofá. Estava sem fôlego parecia que todo o ar da sala tinha sido levado com.... O homem que agora eu podia chamar de pai. Não dava pra acreditar. Em um dia você está na masmorra, sangrando e jurado de morte e dois depois... Você é um príncipe perdido.

As coisas, os fatos e as questões se misturavam em minha mente. Eu não tinha nada a perder aceitando tudo. Ele não tinha motivos para mentir, e as chamas que joguei sobre Wine tinham mesmo sido fortes, então quem sabe... Eu era mesmo que ele dizia que eu era.

Pensei em Wine, que tentara me contar, no jardim, no calabouço. Pensei em Yell, agindo entranho noite passada. Ele sabia. Ela devia ter contado pra ele, ele a tinha ajudado a chamar o r-... Meu pai. Certo?

Era muita pressão. E deus, eu tinha dois reinos inteiros nas mãos. Um eu podia assumir como meu, e o outro eu podia destruir. O que aconteceria se eu disse ao meu pai que o rei do Gelo tinha mandado me açoitar e me matar? Rei Eli estaria acabado. A guerra seria iminente.

Ouvi um barulho atrás de mim. Quando me virei, Yell estava na porta. Tinha um olhar ansioso e estava pálido. Tentou forçar um sorriso.

- E aí, alteza? – Disse.

- Quem diria... – Murmurei. De repente ver Yell ali me fez lembrar tudo que a gente tinha passado. O príncipe que ele era e o que eu fiz ele se tornar. Eu devia ter raiva? Era a oportunidade perfeita para a vingança certo? Ele sempre jogara tanto comigo, que senti vontade de me vingar, só um pouquinho. Eu nunca faria nada para prejudicá-lo, mas ia fazer ele provar um pouco do próprio veneno.

- Você vai... Embora com ele não é? – Me levantei do sofá e me virei para ele.

- Estou pensando. Por que não? É minha chance. Escapar da morte, de ser apenas um brinquedo... O rei parece gostar de mim. – Segurei minha língua antes de terminar a frase com “diferente de você”. Aquilo seria cruel e desnecessário, eu sabia que ele gostava de mim, do jeito dele. Afinal ele tinha me salvado da morte. Os olhos claros dele brilharam e ele apertou os lábios.

- É. Eu... Espero que você seja muito feliz. Você certamente merece. – Ele se virou para sair e parou à porta virando a cabeça com um sorriso triste. – Só não seja um príncipe como eu fui.

E saiu. Fiquei ali, ainda chocado com tudo, mas agora também me sentia... Vazio. Não fazia a mínima ideia de por que Yell gostava tanto desses malditos jogos. Depois de algo assim eu estava longe de me sentir bem, ou poderoso. Só queria pedir para ele voltar. Mas achei melhor ficar sozinho por enquanto. Eu tinha muito o que pensar.


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Notas finais do capítulo

E para a alegria geral (espero xD) eu errei a contagem e vão ser 21 capítulos, ou seja, mais dois!

Quem já desconfiava do Allen levanta a mão aê o/
Hhsauhsuahsuahs

Comentários? =3

Espero vcs no próximo! o/