Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 17
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Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês...! Execução do Allen, ou será que não? Hua hua
Espero que gostem =3

Allen's POV



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  Eu já tinha abandonado qualquer esperança de vida. A família real inteira me odiava, eu não tinha controle nenhum sobre meus poderes e estava absolutamente sozinho. Felizmente quem veio me buscar para a execução não foi Manfred. Pelo menos isso.

  O guarda soltou meus pulsos dos grilhões gelados e eu caí, sem forças. Mal conseguia respirar. Ele me puxou pelos ombros numa vã tentativa de me fazer ficar em pé. Decidi que se ia morrer, ia morrer com a pouca dignidade que me restava se é que eu ainda tinha alguma.

  Trinquei os dentes diante da dor que era me manter em pé numa posição aceitável. Lavei o rosto com agua fria e estava pronto. Tentei não pensar em coisas do tipo respirar, ou no corpo dolorido. Eu já estava semi morto eles só iam acabar com aquilo logo de uma vez. Fomos pelos corredores subterrâneos que eu nem notara quando chegara.

  Logo uma escada rústica de madeira apareceu na minha frente, e o guarda me empurrou para que eu subisse. A luz do dia me cegou momentaneamente. Franzi os olhos e fiz o possível para olhar em volta... É, talvez eu estivesse procurando por ele. Eu não gostava de ter esperanças, muito menos à essa altura, mas era algo inevitável.

  O pátio era extenso, feito de uma pedra fria e branca que parecia refletir os raios do sol. Parecia que eu já estava no céu, mas claro, isso pode ser só coisa da exaustão. Notei que os nobres, as duas cortes estavam ao redor do pátio no que parecia ser um camarim no alto das paredes que rodeavam o pátio. Pensei se execuções como a minha eram coisa comum. 

  Eu estava sobre uma pequena elevação, como se fosse um altar e perceber isso me fez ter um calafrio. O carrasco da vez estava com uma máscara preta, e eu agradeci, assim se fosse Manfred, pelo menos eu não saberia. Ele segurava um machado de guerra, o que eu achei um exagero. Senti uma mão no meu ombro e instantaneamente ajoelhei. Não foi preciso usar muita força.

  Antes que eu apoiasse a cabeça na pedra à minha frente, ergui os olhos para o camarim elevado bem diante de mim. Grande erro. Lá estava a família real, Alyss, Wine. E ele. Yell estava de branco, uma roupa claramente usada para ocasiões especiais. Senti um nó na garganta quando foquei nos olhos azuis frios dele.

  De todas as coisas que u tinha feito na vida, me apaixonar por ele foi a mais idiota. E a mais significativa. Eu tinha dado a ele minha alma, e agora levariam meu corpo. ‘Eu te amo.’ Mexi os lábios sem emitir som. Eu estava com raiva. Eu estava com medo. Eu estava cansado. Eu estava me despedindo da única pessoa que amei da pior forma possível.

  O rei se levantou e pronunciou algumas palavras nas quais eu não prestei atenção. Devia ser alguma coisa sobre eu ser um traidor ou algo assim. Yell mantinha os olhos nos meus. Ele estava sério e sombrio. Como costumava ser no começo. Vi que o rei tinha levantado a mão. Era o sinal.

  Fechei os olhos e deixei que empurrassem minha cabeça até sentir a pedra dura e fria na minha testa. Fiz uma breve prece em nome de minha mãe, e Yell, as pessoas com as quais eu me importava. E esperei o machado. Que nunca veio. Após uma breve pausa dramática, eu ouvi a voz de Yell clara como agua.

  - Espere pai. – Não ousei levantar a cabeça ou demonstrar qualquer sinal de esperança. – Acho que ele já sofreu o suficiente.

  - O que está dizendo Yell? Perdeu o juízo?

  - Ele mal tem poderes. Aquilo foi um breve explosão. Não vai mais acontecer. Ele aprendeu. – Eu podia ouvir o sorriso sarcástico dele.

  - Não sei... Pode ser arriscado...

  - Pense em como mantê-lo vivo pode aumentar a sua reputação com a Guilda do Fogo. Você pegou um espião, mas não o matou. Que rei benevolente e piedoso você é. – Me senti enjoado ao ouvir aquilo, mas sabia, era o que o rei queria ouvir. – Você pode devolve-lo à eles como um presente.

  - Bem...

  - Até lá deixe-o comigo de novo. Afinal... Ele é meu brinquedo. – Era isso que eu sempre fora não é?

  - Até que parece uma boa ideia. E eu achando que você não sabia nada sobre política e imagem.

  Senti mãos me puxarem pelos cabelos e ergui os olhos até Yell. Ele parecia mais enigmático do que nunca, com um olhar sombrio e o sorriso elegante de sempre.  E essa foi a última coisa que vi antes de desmaiar de novo.

*¨*¨*¨*¨*¨*¨*

  Eu acordei com uma dor horrível, achei que estavam terminando de rasgar o que sobrava do meu peito. Tentei abrir a boca ou dizer alguma coisa mas tudo que saiu de mim foi um gemido longo e angustiado. Senti uma espécie de brisa gelada que parecia diminuir a dor.

  - Eu sei, deve estar doendo horrores. Mas aguente firme, já vai acabar. – Uma voz sussurrada e distante disse, soava como... Yell? Não deu tempo de ter certeza, uma nova onda de dor, algo queimava sobre mim, e dessa vez, quando a brisa acalmou a agonia, fui levado para um sono pesado e sem sonhos.

*¨*¨*¨*¨*¨*¨*

  Quando acordei novamente, fui capaz de abrir os olhos. Bem devagar. Eu estava deitado numa cama grande e fofa e uma leve iluminação vinha do que devia ser uma janela atrás de mim. Devia ser o começo da manhã ou o fim da tarde pelas sombras rosadas na parede oposta. Eu estava no quarto dele.

  Incrivelmente eu conseguia respirar normalmente sem sentir o peito doer. Mexi o braço bem devagar também e a dor parecia ter passado ali também. Havia uma espécie de curativo sobre meu peito com algum pano incrivelmente macio. Suspirei e fechei os olhos.

  - Ainda com dor? – Uma voz suave perguntou à minha direita. Só então percebi que não estava sozinho. Virei a cabeça como pude e vi Meena sentada numa cadeira ao lado da cama.

  - Não... – Respondi. Minha voz estava fraca e rouca. – Eu... Só estou confuso... Você....?

  - Não. Yell cuidou de você. – Senti o coração se apertar e encolher. – Wine deu a ele algo para passar em você. – Sim, eu me lembrava, a dor era semelhante à quando ela passou em mim na masmorra.

  - Sim, é algo para... A Guilda do Fogo.

  - Foi o que ela disse. Para ser sincera você estava bem mal quando chegou. Não achei que fosse sobreviver. Mas Yell ficou com você o tempo todo.

  Ficamos em silencio um pouco. Observei a luz suave que invadia o quarto enquanto pensava no príncipe. Por que fizera aquilo? Por que me salvar e cuidar de mim, afastar as garras frias da morte de perto de mim? Se eu era apenas um brinquedo então...?

  - Onde ele está? – Perguntei ainda com o olhar perdido e os pensamentos no escolhido.

  - Não sei, para ser sincera. Ele apenas disse que tinha coisas para fazer e saiu com a princesa. Acho que tem algo a ver com o casamento. – De repente eu estava com dor de novo. Mas dessa vez era por dentro. Pra que se dar ao trabalho de me salvar se ele ia levar adiante as coisas com Alyss?

  Mas que maldito ingrato eu era.

  Ele tinha acabado de salvar minha vida e eu aqui me lamentando como uma garotinha ciumenta. Pouco tempo depois a porta do quarto se abriu silenciosamente e uma cabeça loura surgiu. Mesmo sem querer, um sorriso brotou em meus lábios.

  - Ei salvador da pátria. Já estou acordado. – Yell entrou no quarto com aquele sorriso sincero que eu tanto sentira falta. Veio até mim em silencio e se sentou na beirada da cama. Após uns momentos só me olhando ele finamente abriu a boca:

  - Está se sentindo melhor?

  - Sim... Graças a você. A propósito, obrigado por me tirar de lá. – Ele deu ombros.

  - Você estava certo. Sou egoísta demais para perder você. – Me senti bem porque ele não usou a palavra ‘brinquedo’. Dei um sorriso fraco.

  - Por que você...

  - Não importa por quê. – Ele me cortou antes que eu pudesse perguntar. – Meena você já pode ir, obrigado. – A dama de companhia acenou com a cabeça e saiu.

  - Você não me odeia? – Perguntei baixinho, com um certo medo da resposta. Yell era imprevisível demais. Ele me olhou como se eu estivesse delirando. Pôs a mão na minha testa.

  - Ainda está delirando de febre? Por que eu odiaria você? O certo seria o contrário. – Ele desviou os olhos dos meus. – Desculpe. – A palavra soava estranha vindo dele. Talvez por que eu nunca tinha ouvido ele dizer.

  - Pelo que? Você salvou minha vida, eu não tenho nada que te desculpar.

  - Bom, se eu tivesse dito alguma coisa, você não acabaria lá em primeiro lugar.

  - Yell, não... – O puxei pela mão antes que ele se levantasse da cama. – Você não podia dizer nada. Eu entendo. Verdade. – Eu nunca esperaria que ele fosse sincero sobre nós muito menos na frente do pai. – Desculpe por duvidar que você fosse me salvar.

  - Você tinha seus motivos, e eram motivos muito bons. Não vou te perguntar o que aconteceu lá embaixo.

  - Melhor não. Mas eu pensei em você. E eu falei sério lá no pátio. Eu amo você, Yell. – Disse eu com toda a sinceridade.

  - ... – Ele parecia prestes a chorar. E assim, tão rápido quanto veio, o momento passou. Ele deu um sorriso e se deitou do meu lado. Apesar da cama de casal ser grande e espaçosa, ele se aconchegou junto a mim, todo cheio de cuidado.

  - Não vou quebrar Yell. – Eu ri.

  - Estou feliz que esteja bem. – E eu sorri. Por que eu sabia que aquilo era o máximo de demonstração de afeto que eu ia conseguir dele. E pra mim estava bom.

                


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei, vocês querem respostas u.u
Capítulo que vem!

Sobre esse... Comentários?

Espero vcs! o/