Pov Bella:

1 Semana depois…:

Mike teve um ataque quando soube que Jane fora levada por Seth. Mike não gostava nem um pouco de Seth, pois este não tinha medo de lhe fazer frente, muito menos depois de descobrir o que este lhe fazia. E desde aí que Seth se tornou bastante protetor comigo e com Jane.

A menina gostava muito dele, adorava brincar com ele, ela sentia-se segura junto dele, como se Seth fosse o seu irmão mais velho e ele retribuía esse carinho, mostrando-se sempre disponível para ela. Gostava disso, pois se algo me acontecesse, era com ele que Jane ia ficar. Rosalie e Jasper eram tios, e apenas isso. Eles tinham uma vida muito atarefada e não teriam o tempo que Seth tem, para ela.

Depois daquela noite, nunca mais ouvi falar de Edward. Sabia que ele estava em Nova Iorque, como sempre soube, e sabia que ele estava a trabalhar.

Nos últimos quatro anos, uma das poucas coisas boas que me aconteceu, foi tê-lo visto. Ele seria sempre o amor da minha vida, mesmo que eu não fosse o dele. Os seus olhos verdes brilhantes, os cabelos rebeldes aloirados, os lábios macios, o seu corpo… Nunca esqueceria nada.

E agora eu sabia que ainda significava algo para ele. Quando ele dissera que eu era a mulher mais importante da sua vida, todos os anos com Mike, a sofrer nas suas mãos, desapareceram. As imagens sumiram, as feridas sararam e só o amor que sentia por Edward, as recordações com ele é que me preencheram a alma e o corpo.

Mas nunca iria ser possível estar com ele. Ter fugido já tinha sido demasiado arriscado, mas sabia que Mike tinha um sono pesado. E isso fez com que aqueles segundos de felicidade fossem logo, fazendo-me voltar a realidade. A realidade dura e crua.

Ouvi a campainha tocar, trazendo-me de volta á terra, e deixando por agora os meus pensamentos de parte. Quando abri a porta. Nem queria acreditar quem era. Não consegui dizer nada. Apenas o olhava fixamente. Como é que ele…?

–O Jasper disse-me. – Disse lendo a confusão nos meus olhos.

Claro…Ele sabia que tinha ido falar com Edward, eu contei-lhe o que aconteceu e ele disse logo que ele devia saber, pois ele também sofria com isto tudo, ele estava às escuras mesmo. Jasper achava mesmo que ele devia saber o porquê de ter ido, pois assim deixaria de se sentir tão rancoroso comigo. Mas quantas menos pessoas soubessem, melhor.

–Edward… que fazes aqui?- Perguntei suspirando.

–Posso entrar?- Perguntou sem medo algum.

Olhei para o relógio. Era 10h30 da manhã. Ainda faltava muito para Mike chegar. Assenti e desviei-me dando-lhe passagem. Ele entrou e foi logo direito a sala. Estava com uns shorts de ganga e uma camisola branca justa. Tinha um elástico que e deixava algumas madeixas do cabelo soltas, que me caiam na cara. Estava descuidada, mas mesmo assim vi Edward a deixar cair um pouco o queixo. Foi giro. Fiz um esgar sem ele se aperceber. Era bom saber que ainda o afectava.

–As coisas não ficaram esclarecidas da última vez…- Disse voltando a si.

Já passou uma semana…- Disse confusa.

–Só agora consegui vir. – Esclareceu logo. Apenas assenti.

–O que não ficou esclarecido para ti?

–Porque não me dizes logo o que se passa?

–Porque não é da tua conta.- Disse surpresa e confusa, e como se aquilo já fosse demasiado óbvio para ele ter de perguntar.

–E até à uma semana atrás eras a pessoa que mais … desprezava. Mas nunca consegui parar de pensar em ti, em nós.

–Não há nenhum “nós”. – Ele não podia estar a dizer aquilo… Não!

–Há sim! Olha-me nos olhos e diz-me que não sentes nada. Que te sou indiferente. Quero saber o que se passa contigo, com todos vocês!

Assustei-me ao ouvir o telemóvel a tocar. Era da escola de Jane.

–Miss Newton?- Perguntou uma senhor. Não…Foi a única coisa que me apeteceu dizer. Edward olhava-me, à espera que desligasse e lhe respondesse.

–Sim…- Sussurrei.- Está tudo bem com a Jane?

–Precisamos que venha aqui, se não se importar.

–Não, de modo nenhum. Está tudo bem com ela?

–Ela bateu numa das meninas da turma dela.

–Vou já para aí. – Respondi desligando.

Jane a bater em alguém?

Não! Ela nunca faria uma coisa dessas. Ela é sempre um doce para todos… porquê?

Olhei para Edward que me olhava confuso. Suspirei.

–Preciso de ir. Aconteceu uma coisa que preciso de resolver.

–Isto não fica por aqui.- Disse saindo, comigo atrás dele.

Sou muito estúpida…! Mike era quem a levava e trazia. Como é que eu ia buscá-la?! Parei a entrada e suspirei, Edward virou-se confuso.

–Tens de avisar o teu…marido?- Disse num tom de desprezo.

–Não. Não tenho como ir.- Esclareci-o. Ele olhou em volta e viu que estava a dizer a verdade. Só havia os carros dos vizinhos. E Mike proibiu-me de falar ou estar com os vizinhos.

–Eu levo-te.- Disse logo. Não tenho bem a certeza, mas acho que Edward ficou um pouco feliz. Assenti e segui-o.

Entramos no carro em silêncio. Quando chegamos á escola de Jane, Edward em vez de seguir, saiu também do carro e segui-me.

–Que estás a fazer?

–Bella, até te ouvir dizer o eu quero que digas, não vou a lado nenhum. Quero saber porquê, quero saber tudo. E enquanto isso não acontecer, vou tornar a tua vida no inferno, no mesmo que eu vivi durante quatro anos.

Boa! Tinha Mike a tratar-me mal o tempo todo, a fazer-me a vida num real inferno e agora Edward para ajudar. Era suposto eu estar feliz ao lado dele, ainda por cima depois de ele ter dito que não me esquecera…agora também ele queria fazer a minha vida num inferno. Suspirei, quase com lágrimas nos olhos. Sempre pensei que a minha vida não podia ser pior, tirando a parte da Jane.

Ela fora uma das melhores coisas que me aconteceu, mesmo sabendo a verdade. Eu já me teria matado se vivesse só com Mike. Com ela eu consegui rir e ser feliz. Mas só quando estava com ela. Jane era o meu mundo. O meu pequeno grande mundo, e por ela é que ainda estava aqui, a respirar, precisava de a manter em segurança, garantir que Mike não lhe fazia mal. Era por isso que ainda estava aqui.

Entrei na escola à pressa com Edward, e vi as mães todas, até as funcionárias a olharem para mim, mas mais para Edward.

Era Mike que ia sempre buscar e levar Jane, visto que ele me prendia em casa, sem carro ou meio de sair. Só vinha aqui quando havia reuniões, ou recitais ou coisas que envolviam Jane. Mas conhecia muitas mães das festas de anos e encontros lá da escola. Só que era sempre com Mike que ia, e não com o homem deslumbrante que me seguia, à espera que lhe dissesse a verdade. Coisa que não ia acontecer.

E agora que chegava á porta da sala da directora é que me lembrava.

Elas viram Edward.

Elas viram Edward comigo.

E Mike ia saber. Da próxima vez que todos estivéssemos juntos, elas iam falar sobre isso. Tenho a certeza. E Mike ia bater-me. E acho que desta vez ia ser mau.

Só o nome de Edward o fazia atirar o que quer que fosse que estivesse à sua frente, partir tudo. Então saber que tinha ido à escola de Jane com ele… Mas agora não era isso que importava. Era Jane e o que ela tinha feito. A minha menina a bater em alguém? Como?!

Assim que entrei vi Jane sentada á frente da secretária, com a directora a olhar para ela e a falar com ele. Levantou-se assim que me viu.

–Olá Miss Newton.- Disse estendendo a mão que apertei. Depois olhou para Edward de sobrolho franzido, confusa. Apressei-me a explicar:

–Este é Edward Cullen, um amigo.

–Prazer.- Disse apertando também a mão dele. Ambos nos sentamos.- Bom, Miss Newton…

–Isabella, por favor. – Pedi logo.

–Certo, Isabella. Estou muito surpreendida com a sua filha. É uma excelente aluna, um doce de criança e muito prestável. Fiquei surpreendida quando uma das professoras me trouxe a Jane e disse que ela tinha batido numa das suas colegas.

–Jane é verdade?- Perguntei olhando-a, chocada.

–Sim. – Disse olhando para o chão.

–Como é a primeira vez e não ter sido nada de muito grave e por ser uma menina muito bem-educada, vou deixar passar. Mas esperemos que não se repita.- Concluiu a directora.

–Muito Obrigada Directora Carmen. E lamento o que aconteceu.

Depois de nos despedirmos, saímos do gabinete, calados. Quando saímos da escola, sentei-a num banco que havia do outro lado. Edward sentou-se ao seu lado.

–Jane querida…- Disse agachando-me á sua frente.- O que aconteceu?

–Estava a brinca com a minha boneca e a Carol apareceu. Ela disse pa eu lhe dar a minha boneca, mas eu não quis, e fui brinca pa outro lado. Mas ela veio atrás de mim e tirou-ma. E depois fiz como ele e puxei os cabelos a Carol e bati na cara dela.

Em cada palavra que Jane dizia, o meu coração apertava. Aquela não era a minha menina. A minha menina não fazia nada daquilo! Ela era um anjo, uma rapariga doce e ingénua… Depois lembrei-me de algo que ela disse e olhei para ela, confusa.

–Fizeste como ele? Ele quem Jane?

–O pai, mãe!- E quando ela disse isso, vi Edward olhar-me de olhos arregalados.

Claro! Jane já vira Mike bater-me. Quando ele tinha ataques súbitos, ele batia-me em frente dela, sem problemas. Eu dizia que era o nosso pequeno segredo. A minha menina estava a fazer a mesma coisa que o “pai” fazia. Eu não podia deixar que ela fizesse a mesma coisa. Olhei para ele, de lágrimas nos olhos. Depois para Jane. Fechei os olhos na esperança de não chorar.

–Jane, querida. A mãe fala contigo em casa…- Disse suspirando e levantando-me.

–Estás zangada comigo mamã Lela?- Perguntou olhando-me.

–Só um pouquinho. Sabes que o que fizeste foi errado, não sabes?

–Sei sim, mamã. Mas poque ele pode e eu não?

–Jane falamos em casa e eu explico-te tudo.- Disse dando-lhe a mão. Olhei para Edward.

Este olhava para Jane, de olhos arregalados. Agora ele tinha uma ideia, o que era muito mau. E bastava Mike vir a descobrir que Edward tinha estado comigo, agora Edward iria pressionar-me para saber que queria Jane dizer com aquilo, apesar de ele já saber a resposta. Quando percebeu que o olhava, olhou-me também nos olhos. Não disse nada. Depois olhou para a menina

–Jane – Disse Edward. Esta olhou logo para ele.- Lembras-te de mim?

–Sim. És o moço que disse pa mim ir com o titio Seth pa junto do titio Jacob e da titi Nessie.- Afirmou.

–Sim, e aí tu foste uma menina linda e forte. Foste uma menina crescida. – Jane sorriu, assim como Edward.- E como crescida que és devias, saber que não se deve bater em ninguém, que é uma coisa muito feia. Mesmo que já tenhas visto.- Disse olhando para mim,

Ela devia ser a minha filha e a dele, e a história com Mike, devia ser a história com Edward. Tirando que Edward nunca me tocaria como Mike toca. Aquele cenário era perfeito, com Edward a explicar à pequena o que era errado e certo.

No fim a menina abraçou-o, deixando ao princípio sem reacção, mas depois abraço-a também, sentando-a ao seu colo. As lágrimas começavam a formar-se e eu tentava a todo o custo não as soltar. Ver Edward assim com ela, fazia-me esquecer tudo o que passo com Mike, tudo.

–Desculpa mamã, não queria magoar a Carol. – Disse triste.

–Promete que não voltas a fazer e amanhã pedes desculpa.

–Ah! Prometo que não volto a fazer, mas ela também tem de pedir desculpa a mim!- Disse indignada. Vi Edward a virar a cara para não rir á sua frente. Suspirei e abracei a minha princesa- Mamã podemos ir come gelado?- Perguntou com um enorme sorriso. Sorri com ela.

–Achas mesmo que mereces menina?

–Eué! Preciso de refrescar as ideias! E assim ele vem connosco!- Disse apontando para Edward.

–Jane, o Edward tem o seu trabalho.

–Então Edward é o seu nome moço…- Disse pondo a mão na cintura.- É um nome muito bonito, não se preocupe!- Edwrad apenas ria com Jane. – Desculpa, mas eu já não me lembrava…- Disse mais embaraçada.

–Não há problema, pequena!

–Pequena não, já tenho quatro anos!- Disse indignada.

–Bom, vamos aproveitar então que hoje é o meu dia de folga e vou levar as duas a comer gelado.

E dito isto pegou em Jane, que riu alto e meteu-a no carro.

Isto sim devia ser a minha vida, agora.

Jane, Edward e eu, bem juntinhos a comer gelado e a rir.