Quando me dou conta, estávamos Percy, Annabeth, Grover, Quíron, e eu discutindo há muito tempo sobre a missão. Eles me explicaram tudo o que eu tinha a perguntar, e claro que não era pouca coisa. Agora sim, eu to achando esse lugar ainda mais esquisito. Agora estávamos decidindo aonde iríamos para realizar a missão, quando seria, e o mais importante, quem iria.

– Bom gente, o começo é fácil, ‘‘Água e fogo partiram em missão”. Um filho de Poseidon e um Filho de Hades – Disse Annabeth.

– Um filho de Poseidon... – sussurrou Quíron.

– Eu vou – Falei, levantando-me da cadeira.

– O quê? Você? Não. Eu vou – respondeu Percy rapidamente.

– Quero ter logo minha primeira missão, e o oráculo se dirigiu a mim – respondi com firmeza.

– Bom, então suponho que o filho de Hades seja Nico di Ângelo, e vocês irão para o submundo procurar essa semideusa que está em apuros – Disse Quíron. Todos nós concordamos.

– Pode ser o Nico, mas a Samantha não vai – disse Percy o que me fez revirar os olhos.

– Ah, por favor, Percy, eu sei me cuidar sozinha. Não podemos ir contra uma profecia, e detesto ser estraga prazeres, mas nem a Annie, nem o Grover, vão poder ir – Falei com firmeza.

– É mais eu vou – Disse a filha de Atena decidida. Olhei para ela encarando-a.

– E eu sou o guardião de vocês dois, eu vou também – Disse Grover.

– Primeiro, eu não quero segurar vela enquanto vocês dois namoradinhos... – Apontei para Annabeth e Percy que coraram na hora - Vão ficar se pegando o caminho inteiro. E segundo, se vocês não foram citados, quer dizer que não é pra vocês irem e ponto, vai que algo de ruim acontece, sabe, ir contra uma profecia não é legal, você me ensinou tudo isso Annie.

Percy olhou para Annabeth preocupado.

– Nesse ponto, ela tem razão Annabeth. Por mais que você poderia nos ajudar com a sua INTELIGÊNCIA – Disse Percy e Annabeth bufou.

– Só vamos para o submundo. O Nico vai com a gente. E nós já fomos para lá outra vez lembra? Eu já sei o caminho – disse Percy.

– Não interessa! Vocês não percebem uma armadilha, mesmo estando debaixo do nariz de vocês! – Gritou Annie.

– Ei, olha como fala, não é só porque você é filha de Atena que tem de nos tratar como idiotas. Eu sou bastante esperta – Falei apontando o dedo para ela. – E quero liderar essa missão!

– Ai já passou dos limites – Ouvi Percy murmurar, Annabeth levantou-se da cadeira e pensei que ia lançar uma praga contra mim, quando Quíron se interpôs entre nós.

– Muito bem jovens. Vamos parar com isso. Está decidido. Vão nessa missão Grover, Samantha e Nico, que partirão amanhã de manhã. E Samantha liderará essa missão para mostrar se é capaz de tal ato.

– Ótimo, vamos para o inferno para salvar uma pessoa acorrentada! – Murmurei baixo para mim mesma com ironia.

– NÃO! ‘’Um cairá pela mão do pai‘’ e essa parte da profecia? Significa que alguém vai morrer não é? E você não pode liderar, por deuses Sammy, você acabou de chegar aqui. Deixe-me ir no seu lugar – Percy gritou em um fôlego só e virou-se para mim com um olhar de súplica.

Silencio.

– Não se preocupe Percy ela saberá se cuidar – Disse Annabeth reconfortando meu irmão – Não é mesmo Sammy? Olhei para baixo e não respondi. Sinceramente, não tinha me dado conta dessa parte da profecia. Alguém vai morrer pela mão do próprio pai. Quem mataria o próprio filho?

– Ei, agora eu percebi, cadê o Nico? – Disse Grover me salvando de ter de responder.

– Provavelmente já dormindo – Disse Quíron – Vão crianças, amanhã vai ter muito trabalho pra vocês.

– É, to morrendo de sono. Ainda tenho que pegar minhas coisas no chalé de Hermes. – Disse eu me levantando em direção a porta. – Fui! – Abri a porta e sai andando em passos rápidos.

– Sammy! – alguém gritou atrás de mim. Virei-me e vi meu irmão Percy me olhando com preocupação. Fui até ele.

– Sammy, por favor... Abracei-o antes que ele dhorasse igual um neném e me constrangesse - Tá tudo bem maninho. Eu vou me cuidar. Confie em min Ok? Daqui a pouco eu já estou no chalé.

Ele sorriu. Fui pela trilha mais rápida até o chalé 11. Abri a porta bem devagar. Ninguém estava acordado aparentemente. Andei pela pontinha dos pés para não acordar ninguém. Eles haviam separado uma cama pra mim, pois havia meu nome em uma folha de caderno nela, mesmo sabendo que eu era filha de Poseidon, eles nem se preocupara em tirar de lá. E uma bolsa, como se fosse um “kit-de-emergência-para-semideuses” Que tinha coisas básicas, quando não se vinha com nada para o acampamento. Cheguei perto da minha cama e peguei a mochila e saí sem deixar rastros.

“CIA e FBI, tome cuidado comigo.”

Observei o meio do acampamento, estavam quase todos os campistas em volta de uma grande fogueira, com chamas a 3 metros de altura e brilhava em um laranja ofuscante. Todos estavam cantarolando e rindo. Não avistei Nico, eu tinha que falar com ele sobre a missão.

– Merda – Sussurrei pra mim mesma e andei em direção ao chalé do insuportável do Nico. Procurei pelo número nas portas, não demorei pra achar pois vi uma cabeça de caveira bem em cima da porta. “Que bela recepção” Pensei. Entrei sem bater. Definitivamente não tenho modos. Logo o vi deitado na cama. Percebi que tinha mais uma cama no quarto, mas não tinha ninguém lá. Não dei bola. Parecia que ele estava dormindo. Deixei minha mochila em um canto e pensei em pregar uma peça nele. Entrei bem devagar, avistei a pia do banheiro. Concentrei-me, e tirei um pouco de água de lá, e trouxe até mim. Ela ficou rodando em formato de bola na palma da minha mão meio desordenada. Cheguei perto dele o olhei mais de perto. Fiquei o admirando, ele é mais lindo ainda dormindo. Dormia feito um anjo. Mas, como eu sou impiedosa, minha parte maligna falou mais alto, levantei minha mão sobre sua cabeça e...

– Nem pense em fazer isso filha de Poseidon... – Disse ele me dando um susto fazendo com que eu perdesse o controle da água deixando ela cair no chão.

– Nossa, que susto! Como você me ouviu? Não estava dormindo? – Eu disse paralisada olhando pra ele.

– Estava até vir uma linguaruda encher a paciência. Eu tenho um sono muito leve – Disse ele com o rosto debaixo das cobertas.

– LINGUARUDA? – Puxei sua coberta para fora o descobrindo até os pés. Quando eu olhei seu corpo, adivinha, ele estava sem camisa. – Hã... Ops desculpa – Corei, ainda estava olhando para aquele abdômen perfeito.

– Aham. Então para de olhar pra minha barriga, que tal? – Disse ele com um sorriso maquiavélico virando de barriga pra cima, mostrando ainda mais seu perfil.

– Eu vim falar sobre a missão. Você não estava lá! – Ainda estava envergonhada e tentava não olhar para seu corpo e sim para o seu rosto que tinha um sorriso cínico – Amanhã de manhã vamos partir para o submundo, buscar a tal “semideusa acorrentada”.

– Submundo? Ah não cara. Quem vai?

– Eu, você e Grover – Respondi.

– Tá, agora xô. Quero dormir – Disse virando pra parede.

– Tá me achando com cara de cachorro? Grosso – Fiz cara feia e cruzei os braços. Ele levantou e colocou seu rosto bem perto do meu.

– Quer dizer mais alguma coisa? Fazer... Alguma coisa? – Ele perguntou em tom malicioso. Seu hálito era gélido e me fez arrepiar. Fiquei perplexa e ele sorriu. Mas sem responder, o empurrei de volta pra cama, fui até a ponta da mesma, jogando o lençol por cima dele. Sem olhar pra trás, peguei minha mochila.

– Só esteja pronto amanhã – Disse enquanto saia pela porta andando de cabeça baixa para tentar esconder minha vermelhidão.

Entrei no chalé de 3. Poseidon. Senti o cheiro de maresia. Percy já tinha tomado banho e estava colocando a camisa de costas para mim. Não acredito que ele é meu irmão, ele é tão lindo... Tão..

Ele interrompeu meus pensamentos.

– Bem vinda ao chalé de Poseidon Sammy – Ele apontou pra uma cama do outro lado do quarto – Ali vai ser sua cama. O banheiro é ali – Concluiu ele com um sorriso bem simpático.

– Obrigada – Falei sem dar sorriso algum. Queria tirar a imagem daquele miserável do filho de Hades da cabeça. Como ele me irrita. Joguei minha mochila na cama, peguei minha roupa, e fui para o banheiro. Tomei o banho bem calmamente, sem me preocupar com o horário. Fiquei pensando em tudo que acontecera. Precisava ter uma conversa com a minha mãe. Eu não conversava muito com a minha mãe, na verdade, brigávamos a cada 10 minutos. Sei lá, ela nunca agiu como se eu fosse filha dela, acho que ela tem vergonha de mim, e eu nunca agi como se ela fosse minha mãe. E agora eu estava em um mundo totalmente diferente. Que eu nunca imaginaria...

Sai do banho, Percy ainda não estava dormindo. Sentei na minha cama.

– Percy, a gente tem outro irmão?

– Sim. Ele se chama Tyson. Mas ele não fica muito aqui no acampamento.

– Por quê?

– Ele é um ciclope.

– Ci o quê? – Gaguejei.

– Dificil explicar. Mas ele é um cara legal, fica tranquila e ah, ele adora abraçar – Ele respondeu com um sorriso no rosto.

– Então porque tem duas camas, tanto nesse chalé, quanto no de Hades? – Perguntei já deitando na cama. Estava exausta.

– O que você foi fazer no chalé de Hades? – Perguntou.

Corei e não respondi.

– Bom, uma vez ou outra, Tyson passa uma noite aqui. Mas no chalé de Hades, a história é diferente.

– Por quê? O que aconteceu? – Perguntei curiosa.

– Bom, Nico tinha uma irmã. Bianca di Ângelo – Arregalei os olhos. Ele tinha uma irmã! – Só que ela foi morta... – O sorriso desapareceu totalmente do rosto de Percy, ele me contou toda a história, que Bianca e Nico passaram vários anos no cassino Lótus, contou sobre a morte de Bianca e como Nico o culpava por causa disso.

– Nossa, por isso ele é esquisito desse jeito? – Percy abriu um meio sorriso.

– Não, ele sempre foi assim...

Pensei em mudar de assunto.

– Conta mais – Fiquei empolgada do nada.

– Amanhã você vai acordar cedo.

– Tudo bem, eu amo acordar cedo - Menti.

Ele sorriu e ficamos um bom tempo conversando, ele me contou várias histórias, inclusive a que eles lutaram com o titã Cronos. Contou um pouco dele e de Annabeth e como foi dificil para eles depois que Atena descobriu que eles namoravam. Contou sobre o que sabia de Nico. Contou sobre sua familia lá fora e como era antes de descobrir que era um semideus, o que me deixou triste e ao mesmo tempo me deu sono.

– Ok , acho que agora sim eu vou dormir. Boa noite maninho – Sorri e virei pra parede. Não estava aguentando mais de cansaço – Agora tenho um irmão mais velho pra perturbar.

Ele riu.

– É... Agora tenho uma caçulinha pra tomar conta... Até amanhã maninha e... Boa sorte na missão.

Adormeci.

POV NICO.

Não me perguntem porque fico agindo assim com a tal Samantha ok? Simplesmente acontece... Não sei o que dá em mim, ela invadiu meus pensamentos e não quer sair mais. Acordei com o nascer do sol. Levantei ainda cambaleando de sono, mas consegui chegar até o banheiro, tomar um banho e fazer minha higiene. Saí do banheiro ainda de toalha, tinha esquecido de levar a minha roupa. Pensei em me trocar ali mesmo, só que eu lembrei que a Samantha costuma entrar sem bater. Então peguei minha roupa rapidamente e entrei no banheiro novamente. Ainda bocejando de sono, fiz os últimos preparativos na minha mochila. Não estava muito a fim de ver meu pai, mas, fazer o que né!? Saí do chalé, e percebi que mal tinha movimento ainda pelo acampamento. Passei no refeitório e peguei uma maçã apenas, estava sem fome. Fui andando calmamente até a entrada do acampamento, vi que ainda não tinha ninguém, me sentei do lado de uma árvore e esperei comendo minha maçã. Não demorou muito e avistei Quíron e Samantha vindo em minha direção. Quíron estava normal e Samantha vinha arrastando os pés pela grama e com a cabeça baixa, talvez em protesto por ter sido acordada tão cedo.

– EU ODEIO ACORDAR CEDO! – Ouvi ela gritar para o nada.

Garota estranha cara.

– Bom dia Nico – Quíron disse quando finalmente chegaram até mim. Levantei-me e não estava entusiasmado com essa missão.

– Oi – Respondi seco.

– É Quíron, como eu já tinha te perguntado, o que o dia tem de bom? – Perguntou Samantha encostando na árvore do meu lado. Seus olhos se fechavam instantaneamente de sono.

– Ok, estou vendo que vocês estão bem animados – Comentou Quíron irônico - Desejo boa sorte a vocês.

Começamos a andar para fora do acampamento quando uma voz chamou nossa atenção.

– EI, ESPEREM POR MIM! – Gritou Grover correndo até a gente. Esperamos. Grover chegou choramingando reclamando alguma coisa sobre sempre esquecerem dos sátiros.

– Soube que você tinha uma irmã – Disse Samantha séria me olhando no canto do olho. Continuamos a andar.

– Soube? Percy te contou não é? – Respondi olhando pra frente.

– Sim. Eu não sabia , mas...

– Esperem! – Disse Quíron atrás de nós. - Tenho uma coisa para dar pra você Samantha – Continuou chegando perto da Samantha, abrindo e estendendo a mão.

– O que é isso? – Perguntou Samantha olhando para o pequeno objeto que estava em sua mão – Uma pulseira? – Era uma pulseira prata, bonita até, com um pingente de cavalo-marinho pendurado.

– Sim. Mas é uma pulseira diferente. Aperte esse cavalo-marinho minha querida – Samantha pegou a pulseira de sua mão. Quíron deu um passo pra trás, e como eu não sou tão burro, repeti o que Quíron fez. Quando ela apertou, o pingente se transformou em uma espada prata, fina e longa com o cabo branco. E a pulseira, virou uma espécie de escudo prata. Ambos tinham o sinal do cavalo-marinho.

– Nossa! Que lindo! – Disse Samantha maravilhada com os objetos. E Grover ainda estava se recuperando do susto que levou, pois não se precaveu dando um passo pra trás. Me segurei para não rir.

– É sim. Seu pai que mandou te dar. É um presente para te proteger de qualquer mal que venha a acontecer. O cavalo-marinho significa que seu pai sempre vai estar perto de você, e a cor branca e prata, significa a pureza que tem dentro do seu coração.

Pureza? Que pureza?

– Tsunami... – Disse Samantha baixinho olhando para o pequeno escrito em grego no cabo da espada.

– É o nome dela. Os dois foram especialmente produzidos pelo seu pai – Concluiu Quíron. Samantha apertou novamente o cavalo-marinho de sua espada, que se fundiu com o escudo e voltou a ser aquela linda pulseira. - Obrigado, pai – Sussurrou ela colocando a pulseira em seu braço. Nos despedimos de Quíron e continuamos a caminhar.

– Próxima parada... Submundo – Disse Samantha empolgada.

É, essa daí não sabe o que está por vir.