Safe & Sound escrita por Gistar


Capítulo 19
Isto é o fim?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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“Estive no ar

Perdido na noite

Eu não trocaria um olho por suas mentiras

Você deseja ardentemente a minha vida

Isto é o fim?”

Sara

A passagem era fria e úmida. Daniel e o outro cara desceram logo atrás de mim. Ele encostou a arma nas minhas costas e disse.

– Anda!

Eu fiz o que ele pediu. É uma sensação horrível quando alguém aponta uma arma pra você, dá a sensação de que está à beira de um precipício, a um passo da morte. Eu me sentia assim, como se caminhasse para o meu fim. Não sabia se Pedro conseguiria me encontrar. Por um lado, desejava que ele não viesse atrás de mim, não queria que ele se ferisse, não queria ninguém mais ferido. Ainda tinha alguém que havia levado um tiro. E eu tremia ao lembrar disso. Tomara que esteja bem, tomara que todos estejam bem e longe daqui.

– Como sabia da passagem? – perguntei. Jacson havia apanhado porque não quisera revelar onde eram as passagens para Daniel.

– O diretor sabia e eu arranquei dele.

– E ele sabia das outras?

– Não. Se soubesse teria me contado e eu teria acabado com o plano de vocês.

Eu comecei a rir.

– Qual é a graça? – ele perguntou bravo.

– Quem diria que um bando de adolescentes conseguiria evacuar a escola bem debaixo do nariz de terroristas. O seu querido Leonardo não vai gostar nada quando souber que vocês falharam por nossa causa. – falei.

Ele me jogou no chão. Eu bati com a cabeça.

– Ai! – gemi. Essa doeu.

– Se você falar mais uma gracinha eu acabo com você! – ele disse. – Levanta.

Eu levantei meio tonta e continuei andando. Depois de algum tempo chegamos num ponto em que o túnel se subdividia.

Essa não! Eu parei.

– É o do meio! – Ele disse. O diretor devia ter contado a ele, mas eu não me lembrava do Jacson ter falado disso nas reuniões. Agora sim eu estava ferrada! Pedro não iria saber por onde fomos se viesse atrás de mim.

Não sei por mais quanto tempo a gente andou. Logo adiante viramos numa curva e não muito longe, a uns cinquenta metros, estava a porta que saía no metrô.

Eu parei. Se eu saísse por aquela porta, nunca mais me encontrariam. Acabou. É o fim!

– Por que parou? – Daniel me perguntou. – Continua!

Eu continuei a passos lentos, adiando o fim daquilo o máximo que pude. Vi que havia um corredor à direita na metade do caminho para a saída. Devia vir de uma das outras passagens. Eu podia correr por ele, numa última tentativa de salvar minha vida, pois Daniel certamente me mataria assim que saíssemos dali.

Enquanto eu pensava nessa possibilidade alguém gritou:

– Pare onde está Daniel ou eu atiro.

Eu me virei para ver Pedro, ao mesmo tempo em que Daniel me agarrou pelo pescoço e encostou a arma na minha cabeça.

– Se atirar ela morre! E você também. – ele falou olhando para o outro cara que apontava a arma para Pedro.

– Então o que vai ser? Ela ou você? Solte a arma! Eu não vou pensar duas vezes antes de atirar. – Daniel ameaçava.

– Você não tem para onde fugir. A essa altura todos já fugiram e a polícia deve estar chegando. Se entregue e eu prometo que conto que você fez isso. – argumentou Pedro. Ele sabia que estava em desvantagem, mas tinha que tentar alguma coisa. É claro que Daniel não ia ceder tão facilmente...

– Sem essa. Eu vou sair daqui. Já pedi uma vez pra você largar a arma e não vou pedir de novo.

Pedro jogou a arma no chão e levantou as mãos.

– Tudo bem, você pode ir, mas deixe a Sara.

– Nem pensar. Ela vai comigo, vou consumar minha vingança. Ela vai morrer quando eu sair daqui e você vai morrer agora. Pode atirar Harry!

– NÃO! – eu gritei ao mesmo tempo em que alguém também gritou.

– Se você atirar eu mato você seu animal! Não tenha dúvida.

– Rosane? – Pedro gritou surpreso. – Como você...

Eu me virei e vi que Rosane apontava uma arma para Daniel.

– Eu fiquei pra trás e acabei me perdendo com aquelas bifurcações. Então asqueroso, vai mandar seu amiguinho soltar a arma ou quer que eu estoure seus miolos? – Rosane perguntou.

– Solte a arma Harry. – Daniel mandou e o cara obedeceu.

– Agora você vai soltar a Sara e colocar a arma no chão. Devagar! – mandou Rosane.

Ele me soltou e eu corri para Pedro. Que me abraçou.

– Você está bem? Desculpa, eu me atrasei.

– Não, você chegou na hora certa.

Nós olhamos para Rosane e vimos que ela continuava apontando a arma para Daniel que já tinha largado a sua no chão.

– Agora você vai morrer seu porco imundo. Não vai mais tocar nenhuma mulher com essas suas mãos imundas! – ela falou.

Eu vi a determinação em seus olhos, eu sabia que ela iria mesmo atirar.

– Rosane, não vale à pena. – falei – Não se iguale a esse assassino, você não é uma assassina.

Ela engatilhou a arma.

– Rose não... – Pedro começou a dizer, mas foi interrompido por um tiro. O tal Harry aproveitou que não estávamos olhando e pegou a arma novamente. Atirou e por sorte o tiro só pegou na perna da Rose.

Eu fui correndo até onde ela estava. Daniel aproveitou a confusão e correu em direção à porta. Pedro deu uma coronhada na cabeça do Harry e correu atrás dele que estava quase alcançando a porta.

Vi Daniel sair pela porta e Pedro sair atrás dele. Eu queria ir atrás deles, mas Rose estava ferida e eu não podia deixá-la lá.

Tirei o suéter que estava vestindo por cima da camisa do uniforme e comecei a fazer pressão na ferida dela. Ela estava sentada, escorada na parede e estava com muita dor.

– Não vai atrás do Pedro? – ela perguntou.

– Não Rose, vou ficar com você.

– Achei que não gostasse de mim.

– Claro que gosto Rose, mas você nunca quis ser minha amiga...

– Desculpe, sei que não fui uma boa pessoa com você.

– Tudo bem Rose. Você tem o direito de não gostar de mim, eu também errei muito, não devia ter desafiado o Daniel daquele jeito quando defendi a Ângela...

– Não foi um erro, ela teria feito o mesmo por você. Eu também teria feito a mesma coisa se fosse Mandy no lugar dela.

– Mesmo assim, eu sinto muito Rose, não queria que o Daniel fizesse aquilo com você.

Uma expressão de dor passou pelo seu rosto.

– E ele machucou você?

– Não... quer dizer, não foi tão longe quanto foi com você, mas teria ido se não ouvíssemos o tiro...

De repente eu lembrei que não havia perguntado quem havia se ferido.

– Alguém se feriu Rose?

– Foi o Miguel, ele... Eu sinto muito Sara!

Não podia ser verdade. Ele era meu amigo há pouco tempo, mas eu havia me apegado muito a ele, depois de tudo que nós passamos juntos nas últimas semanas. Ele estava namorando Jess e ela devia estar arrasada.

Rose começou a gemer novamente e me arrancou de meus devaneios.

– Calma Rose. Vai ficar tudo bem. Pedro vai chamar a ambulância e logo eles vão te levar para o hospital.

Depois de algum tempo, abriram a porta que dava para a saída e eu vi vários policiais entrarem.

– Vocês estão bem? – um deles nos perguntou.

– Eu estou, mas a minha amiga foi baleada na perna e está sangrando muito...

Ele pegou Rose e a levou para fora. Eu fui indo atrás, precisava saber se haviam prendido Daniel e onde estava Pedro. Quando saímos eu o vi.


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Notas finais do capítulo

Vou postar mais um capítulo hoje...