Inferno Na Terra escrita por Melanie


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Geeeeeente, finalmente!!! Capítulo 6. Não vou demorar muito aqui, apenas pedir desculpas mais uma vez pela demora e agradecer aos que não me abandonaram. Esse capítulo é pra vocês... Espero que gostem , por que eu, particularmente, amei escrever. Tive um surto de criatividade. Vamos ao capítulo:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/410142/chapter/6

— Bom dia, dorminhoca.— Ino disse assim que me viu saindo do quarto.

— Bom dia. Não posso falar agora, estou atrasada.— Digo passando por ela e correndo em direção à porta.

— Sakura Haruno, atrasada? Quem diria, hein?— Ela comentou com um sorriso sarcástico. — Mas, hey, vai com calma ou vai ser atropelada.

— Tchau, Ino. — Falo saindo e fechando a porta.

Corro pelas escadas, rezando para não tropeçar nos malditos sapatos de salto alto e cair. Não é como se eu precisasse de alguma outra coisa pra me atrasar, afinal, o fato do meu despertador não ter tocado já era o bastante por um dia.

Noite passada, quando perguntei ao Sasori o que ele e o sr. Uchiha tinham conversado, o celular dele tocou bem na hora em que ele ia responder. Resultado? Durante o resto do caminho ele foi falando ao celular, enquanto eu refletia mentalmente em como tinha o time perfeito para certas coisas. Ele parou em frente ao apartamento, se desculpou por não poder jantar, já que tinha que resolver algum problema pessoal, eu entrei e pronto. Sem respostas e sem jantar.

Além de ter tido que responder todas as perguntas que Ino e Hina fizeram depois que contei o que aconteceu durante o dia, ainda tive que lavar a louça. O que me fez ir dormir tarde e, consequentemente, esquecer de ligar o despertador. Acordei atrasada, descabelada e ainda por cima derrubei pasta de dente na minha camisa branca, o que me fez perder mais tempo ainda trocando de roupa. Então eu acho que posso dizer que não estou num bom dia.

Saí correndo prédio a fora em direção ao ponto de ônibus e quando chego, adivinhem? O ônibus tinha acabado de sair. Se eu quero gritar? Sim, com certeza, mas não vou.

Respirei fundo e olhei ao redor, talvez esperando que algum milagre acontecesse, mas percebi a linha que meus pensamentos tomavam e mandei a mim mesma parar de tanta bobagem. Eu precisava ficar calma, afinal, talvez nem tudo estivesse perdido. Talvez o sr. Uchiha também tivesse se atrasado e, se eu conseguisse ir pra empresa de algum modo, talvez ele nem percebesse que eu me atrasei e então talvez não me demitisse. Deus, eram muitos talvez.

— Respira fundo, Sakura.— Falei comigo mesma contando até 3.

Fechei os olhos e massageei as têmporas.

Como eu vou fazer pra atravessar metade de Tóquio? Eu estou perdida. Simples assim. Talvez seja melhor voltar pra casa, já que provavelmente já estou despedida. Estou dando meia volta, pronta pra voltar pra casa, quando piso num buraco e quebro um dos meus saltos.

Olho paro o céu e penso seriamente se não é alguma piada de alguém lá de cima.

Quebrar o salto? Jura? Tem como ficar pior?

— AAAAH!— Solto um grito quando um caminhão passa em cima de uma poça de água e me molha inteira. — Claro. Por que não? Era só o que me faltava.— Murmuro sacudindo os braços numa tentativa falha de me secar nem que seja só um pouco.

Aproximo-me de uma janela para ver o meu reflexo e quase levo um susto.

Eu estava horrorosa.

Meu cabelo parecia palha de tão duro que estava. Minha outra blusa branca, que eu tinha perdido um precioso tempo trocando, estava marrom. Minha saia social estava encharcada e, como não dá para esquecer, o maldito salto do pé direito estava quebrado. Não era de se admirar que as pessoas que passavam me olhavam assustadas.

Olho para a direita usando o reflexo do vidro e vejo o que pode ser a minha salvação. Um táxi.

Aproximo-me novamente da beirada da calçada e estico o braço. Claro, o motorista me olha primeiramente assustado, mas então seu olhar muda pra nojo. Nada surpreendentemente. Digo-lhe o nome da rua e pego o meu celular para mandar uma mensagem para Temari. Ah, olhem só, sem bateria.

Bufo e coloco as mãos na cabeça.

— Isso não está acontecendo, isso não está acontecendo. — Sussurro diversas vezes.

Tenho a sensação de que o motorista está me olhando pelo espelho, como se tivesse se dado conta de que está levando uma doida em seu táxi, mas não tenho coragem de levantar a cabeça. Quando finalmente levanto a cabeça vejo que estamos nos aproximando e olho para o taxímetro. Levo um susto ao ver o valor, mas tento não demonstrar. Pego minha bolsa e procuro desesperadamente pela minha carteira, rezando para não ter esquecido, o que, no dia de hoje, não me surpreenderia. Solto um suspiro quando a encontro, mas me arrependo quando vejo que tenho apenas metade do dinheiro necessário. Remexo em minha bolsa em busca de mais dinheiro, mas nada.

O táxi para em um semáforo, quase em frente da empresa e então, em um ato completamente impensado e insano, pego o dinheiro e jogo em cima do motorista, abro a porta e começo a correr ou pelo menos tentar. Escuto-o gritando, me mandando parar e quase me sinto aliviada quando ele para, provavelmente vendo o dinheiro que deixei, mas então escuto sua voz depois de alguns segundos gritando que faltava dinheiro. Fecho os olhos com força, o que não foi lá uma boa ideia já que sinto algo batendo em mim com muita, muita força sendo seguido pelo forte impacto contra o chão.

Abro os olhos e vejo que fui atropelada por uma bicicleta.

Uma BICICLETA.

Praga da Ino.

Seria quase cômico se a situação atual não fosse desesperadora.

Olho por cima do ombro da mulher que, só para constar, ainda estava em cima de mim e vejo o motorista saindo do táxi e vindo desesperado em minha direção. Empurro a mulher para me levantar e tento falar algo quado ela começa a pedir desculpas, mas tudo o que faço é voltar a correr.

Eu estava sendo perseguida por um taxista.

Entro correndo pelo saguão e vejo os olhares assustados de todos em cima de mim.

— Ai, meu Deus! Sakura, o que aconteceu?— Ten Ten sai de trás do balcão e vem em minha direção. Lee a segue.

— Você não acreditaria se eu contasse.— Digo tentando recuperar o fôlego.

— Suas roupas, seu sapato e... Você está machucada! Sakura, pelo amor de Deus, o que houve? — Ela pergunta desesperada e pela primeira vez me permito sentir o resultado do atropelamento.

Sinto minha cabeça latejar e ponho a mão na testa. Ao retirar vejo uma quantidade significativa de sangue para deduzir que eu devia ter batido a cabeça um pouco mais forte do que pensei. Estico o braço e também vejo sangue. Me cortei, ótimo. Dou um passo para a frente e sinto meu joelho esquerdo arder. Olho para baixo e vejo que está ralado, assim como minha perna direita.

Penso em falar alguma coisa para acalmar Ten Ten e Lee, que também me olhava preocupado, mas não tenho essa chance já que sou puxada violentamente para trás.

— Olha aqui, sua vadia, se pensa que vai escapar tão facilmente assim está muito enganada.— O motorista me olhava com raiva enquanto apertava fortemente o meu pulso esquerdo.

Solto um pequeno gemido de dor, causado pela pressão de seu aperto.

— Alguém pode me dizer o que diabos está acontecendo aqui?— Essa voz...

Olho por cima do ombro do motorista e vejo o sr. Uchiha vestido impecavelmente em seu terno preto, com uma gravata azul escura, olhando irritado para nossa direção. Tento falar alguma coisa, mas o som simplesmente não sai.

— Essa cadela pensa que pode sair do meu táxi sem pagar o que deve.— O motorista cospe as palavras em direção ao sr. Uchiha.

Obviamente ele não faz ideia de com quem está falando porque, se não, jamais teria respondido dessa maneira. As pessoas costumam respeitar os Uchiha e por uma boa razão. Ninguém quer ter um Uchiha como inimigo.

— Então esse é o problema?— Ten Ten fala. Eu quase havia me esquecido de que ela estava atrás de mim. — Sakura, foi ele quem te machucou?— Ela pergunta e eu não respondo de imediato.

Estava olhando para o sr. Uchiha, tentando me decidir entre estar com vergonha ou morta de vergonha por toda a situação e, no momento em que Ten Ten termina de falar, vejo os olhos do sr. Uchiha se desviarem dos do homem que ainda apertava meu pulso e pararem em mim. Por um momento vejo surpresa em seu olhar que logo é substituída rapidamente por raiva.

Ele começa a andar em nossa direção.

— Responda, Haruno, foi ele quem te machucou?— Ele pergunta parando em frente ao homem e olhando para mim.

— O quê? Não. Eu não encostei um dedo nela. Ela já estava assim quando entrou no meu táxi.— O homem responde, visivelmente alterado pela possibilidade de ser acusado por ter me agredido.

Vejo que o sr. Uchiha não acredita em nenhuma palavra que lhe foi dita e mesmo com o cara ainda me machucando, me sinto na obrigação de limpar a barra dele.

— É verdade.— Consigo finalmente dizer. — Ele apenas quer que eu o pague. Eu saí do táxi sem lhe dar todo o dinheiro.— Digo me decidindo em estar morta de vergonha.

— Então por que não a solta, para que possamos resolver isso?— O sr. Uchiha diz olhando para o homem e, pela primeira vez, vejo-o tremer. Provavelmente de medo por ter aqueles olhos frios o fitando.

O homem me solta e eu massageio o pulso esquerdo. Vejo o sr. Uchiha me olhando e também o vejo estreitar os olhos em minha reação.

— Quanto ela lhe deve?— Ele pergunta e o motorista tenta entender a pergunta. Eu também.

Ele vai pagar? Podia ser mais embaraçoso?

O motorista diz o valor e eu vejo o sr. Uchiha lhe entregar o dinheiro, em seguida o homem saí do prédio.

— Sakura, se não foi ele quem te machucou desse jeito, então o que foi que te aconteceu?— Ten Ten pergunta novamente e eu olho para ela.

— É uma longa história.— Digo.

— Estamos interessados em ouvir, srta. Haruno.— O sr. Uchiha fala parando ao lado de Ten Ten e não sou a única que está surpresa.

Por que ele não vai simplesmente para sua sala? Ele já fez mais do que o necessário. Ainda assim, respiro fundo para contar a minha vergonha atual.

— Eu perdi a hora.— Me permito dizer, rezando para que ele se contentasse com essa resposta e fosse logo preparar os papéis para a minha demissão.

— E isso é motivo para parecer que foi estuprada?— Ten Ten pergunta e vejo o sr. Uchiha franzir o cenho, como se a ideia de que eu tivesse sido estuprada o desagradasse.

  Bom, é uma ideia que também me desagrada.

— Eu também perdi o ônibus e, quando estava dando meia volta, acabei quebrando o salto. Como se já não bastasse, um caminhão acabou passando e me molhando inteira.— Conto.

— Tá, mas isso ainda não explica os machucados. Você não foi estuprada, não é?— Ten Ten volta a perguntar e eu não consigo segurar e reviro os olhos.

— Não, Ten Ten, eu não fui. Eu fui atropelada por um bicicleta aqui em frente. É bem diferente.— Digo e vejo o olhar do sr. Uchiha suavizar.

Ele estava estranho hoje.

— E o que você ainda está fazendo aqui? Deveria ir a um hospital, Sakura. — Lee fala me assustando. Estava tão concentrada no Sr. Uchiha que quase me esqueci de que ele também parecia preocupado comigo.

— Não, eu não...

Como posso dizer que não quero ir a um hospital se isso for me fazer ser demitida? Ainda mais com o meu chefe bem na minha frente? Mas minha tentativa logo foi interrompida.

— Não vou te despedir se a razão de não trabalhar hoje for ir até um hospital cuidar desses machucados, Haruno.— Ele diz. — Na verdade, vamos. Eu te dou uma carona.

Hm... Tá legal, acho que minha expressão deve ser de alguém completamente chocada porque estou completamente chocada com o que acabei de ouvir. Eu penso em dizer alguma coisa para recusar, mas Ten Ten é mais rápida.

— Apenas aceite, Sakura. Acho que você talvez precise dar alguns pontos na testa.— Ela diz e eu me dou por vencida.

Minha cabeça estava doendo muito e talvez eu precisasse de alguns pontos, mas, principalmente, eu precisava de um comprimido pra dor de cabeça e não tinha nenhum comigo.

— Tudo bem. Obrigada, sr. Uchiha.— Eu digo olhando pra ele e sorrindo em agradecimento. Ele não faz nada, apenas olha para Ten Ten.

— Interfone para Temari e lhe diga para cancelar as minhas reuniões de agora de manhã.— Diz.

— Senhor, eu não quero atrapalhar. Eu posso pegar um ônibus.

Não podia aceitar que ele perdesse reuniões importantes para me levar ao hospital. Eu podia ir sozinha. O que diabos deu nele hoje?

— E diga para ela me ligar mais tarde, entendeu?— Continua como se não me ouvisse, o idiota.

— Sim, senhor.— Ten Ten respondeu e foi em direção à sua mesa.

Ela então se virou e meu deu um sorriso encorajador, provavelmente por eu estar olhando pra ela com uma cara de "que merda está acontecendo?"

— Vamos.— Ele diz passando por mim.

Eu ainda fiquei parada por mais alguns segundos até que me decidi por segui-lo. Quando o alcancei, ele já estava saindo. Ok, eu admito. Foi completamente vergonhoso sair andando, tentando acompanhar esse homem até o carro dele. Ainda mais quando ele estava andando todo senhor de si e eu estava totalmente desleixada. Caramba, as mulheres babavam por ele e eu estava tentando andar ao lado dele com um salto faltando, ou seja, eu estava mancando.

Podem imaginar cena mais constrangedora?

Paramos em frente a uma Ferrari 599 Fiorano preta. Sim, eu entendia consideravelmente de carros. E uau, que carro. Definitivamente, eu estava me sentindo cada vez pior.

— Belo carro.— Digo enquanto parava ao seu lado, em frente ao banco do passageiro.

— Hm.— Ele murmura abrindo a porta para que eu entrasse.

Tá, eu confesso que hesitei, mas podem me culpar? Era uma Ferrari. Uma Ferrari! Eu nunca, na minha vida inteira, poderia imaginar ficar frente a frente com uma, quem dirá entrar em uma. E, ainda por cima, eu estava imunda.

— Senhor, eu realmente acho que talvez seja melhor que eu vá de ônibus. Quer dizer, olha pra mim. — Digo tentando fazê-lo enxergar que definitivamente não valia a pena sujar o estofamento do seu lindo e caro carro pra me levar até o hospital.

— Entra logo no carro, Haruno. 

O que deu nele hoje, pela milésima vez? Por favor, alguém me dê alguma luz!

Penso em relutar mais uma vez, mas ele está decidido e seria perda de tempo. Além do mais, minha cabeça esá latejando ainda mais. Entro no carro rezando para que eu não manchasse nada. Ele fecha a porta e vai para o outro lado entrar. Coloco o sinto tentando não me mexer. Eu não podia estar mais desconfortável, esse carro... Esse ambiente não era meu.

Ele então entrou e deu a partida. Estranhei o fato dele não me perguntar em qual hospital era pra me deixar, mas pensei que ele já sabia que era o único hospital no subúrbio de Tóquio, então não falei nada. O silêncio estava me incomodando. Eu olhava de soslaio para ele e tentava descobrir no que ele estava pensando, mas sua expressão era indecifrável e isso só me deixava mais inquieta. Não estava acostumada a ficar tão perto assim desse homem.

— O que está acontecendo entre você e o Akasuna?— Ele então pergunta de repente, me assustando com essa quebra súbita do silêncio.

Olho para ele tentando entender qualquer coisa no momento.

— Não está acontecendo nada.— Respondo depois de alguns segundos tentando soar o mais casual possível.

Esse assunto não era do seu interesse, além do mais ,eu não queria que voltássemos nisso. Da última vez, em sua sala, não teve um bom final.

— Somos apenas amigos. Não que isso seja da sua conta.— Termino de dizer e não me arrependo.

Ele tinha que entender que isso não era da sua conta. Era tão difícil deixar Sasori em paz? Paramos e ele olhou para mim, não consegui identificar que brilho era aquele em seus olhos, mas, ainda assim, sustentei seu olhar.

— É mais da minha conta do que você pode imaginar.— Diz e eu não consigo entender o que ele quer dizer com isso, mas ele não me deixa perguntar. — Chegamos.

O quê? Era impossível termos atravessado metade de Tóquio em tão pouco tempo.

Olho pela janela e consigo entender por quê foi tão rápido. Não estávamos no súburbio, estávamos no hospital mais caro de toda Tóquio! O que ele tinha na cabeça pra me trazer até aqui? Meu convênio não vai pagar nem um terço do que ser atendida aqui vai me custar. Viro a cabeça para ele na tentativa de dizer alguma coisa, mas ele foi mais rápido e saiu do carro. Deu a volta e abriu a porta para mim .

"Isso não está acontecendo." Repito mentalmente. "Só pode ser um pesadelo", penso enquanto saio do carro. E claro, todos olham para mim, provavelmente pensando que eu era alguma espécie de caridade. Não me surpreendo.

— O quê, exatamente, estamos fazendo aqui?— Consigo perguntar, enquanto ele fecha a porta atrás de mim.

— O que parece? Estamos em um hospital.— Jura? Se não tivesse me dito eu nunca imaginaria. Olho para ele e ele revira os olhos. — Não se preocupe, Haruno. Apenas entre, tá legal?

Penso em dar meia volta e fugir. Pensamento estúpido e muito idiota, mas é melhor passar vergonha ao fugir mancando do que deixa-lo pagar, como se já não bastasse ter pago o táxi. Eu não queria aceitar, era muito humilhante para mim. E, além do mais, o que era passar mais um pouco de vergonha pra quem já tinha passado tanta só no dia de hoje?

Passei na frente dele e andei em direção ao hospital. Eu trabalharia até cair morta, mas pagaria a conta desse hospital. Entrei e ele entrou em seguida. "Caramba, vocês estão quase morrendo, será que dá pra se preocuparem com suas vidas e pararem de comê-lo com os olhos?", pensei ao notar como tanto as pacientes que estavam na recepção quanto as médicas e as enfermeiras que passavam, o olhavam.

Era irritante.

Ele foi em direção a recepção e eu apenas fiquei parada. Não era o meu mundo e, mais uma vez, eu via como nunca me encaixaria. As coisas são tão diferentes, não era eu e nem se eu quisesse seria. Ele então voltou com uma enfermeira que me disse para acompanhá-la. Eu a segui e me surpreendi ao ver que ele também nos seguia. Oi? Ele já me trouxe até aqui, por que não esperar na recepção?

Entramos na sala da médica, doutora Moore. Ela tinha cabelos cacheados pretos e olhos castanhos esverdeados. Era simpática e muito bonita e, o que mais me alegrou, completamente profissional. O que significava que não estava comendo o sr. Uchiha com os olhos, odiava as pessoas que perdiam todo o profissionalismo apenas por causa de um rostinho bonito. Ela me perguntou o que tinha acontecido e eu disse que fui atropelada por uma bicicleta. Pediu para que eu me sentasse na maca que havia em sua sala e eu me sentei. O sr. Uchiha não desviava os olhos de mim, o que já estava me incomodando, mas consegui controlar minha língua antes de falar alguma coisa, afinal ele havia sido gentil o suficiente para me trazer até aqui.

A médica então pegou alguma coisa que eu não vi o que era porque estava olhando para ele e ele para mim- sim, fiquei presa olhando para os olhos dele, não tem nada demais, me processem- e passou no machucado em minha testa. Aquilo ardeu, eu tremi e fechei os olhos, mas não sem antes ver que algo passou pelo olhos deles, talvez preocupação? Quando os abri de novo, ele estava como antes, parado, com os braços cruzados e a expressão ilegível. A doutora disse que ia me dar apenas um ponto e eu acenei com a cabeça. Desviei meus olhos dele e olhei para baixo, para as minhas mãos. Era o melhor a se fazer, fingir que ele não estava na sala. Me surpreendi ao notar que minhas mãos estavam suando.

Eu estava nervosa? Com o quê? Nunca tive medo de médicos antes. Acho que não é apenas ele que está diferente, eu também acordei muito estranha para o meu gosto.

A doutora terminou de dar os pontos e limpou os outros ferimentos. Quando terminou, me entregou um comprimido e pediu para que eu tomasse, para a dor de cabeça. Ela disse que eu não precisaria tomar mais nada, não havia necessidade. Eu agradeci e me dirigi até a porta. O sr. Uchiha abriu para mim e esperou eu passar para se despedir da doutora.

Voltamos em silêncio até o carro e, quando nós dois já estávamos dentro, tomei coragem para perguntar a facada que levaria de cabeça erguida.

— Quanto?— Ele olhou de soslaio para mim.— Quanto custou a consulta?

Ele suspirou.

— Já disse para não se preocupar com isso.— Disse para dar o assunto por encerrado, mas eu não ia deixar por isso mesmo.

— Eu quero pagar, tá legal? Não preciso que faça caridade comigo. Só diga o preço.— Digo começando a me irritar.

Era tão difícil assim ver que eu não queria ser digna da pena dele?

— É isso que pensa que eu estou fazendo? Caridade?— Pergunta e então balança a cabeça negativamente parecendo... Magoado?

— Bom, eu não consigo ver nenhum outro motivo para estar me ajudando. Se não é caridade, então o que é? 

Por um momento eu pensei que ele fosse responder algo porque abriu a boca para falar, mas então voltou a fechá-la. Parecia reconsiderar seja lá o que fosse falar.

— Considere como um pedido de desculpas.— Falou então por fim e eu parei de tentar entender as coisas.

— Desculpas? Pelo quê?— Ele jamais pediria desculpas por ontem de manhã, eu sabia, então pelo quê?

— Acredito que tenha sido minha culpa.— Olho para ele sem entender e ele começa a explicar. — Ter ficado tão desesperada para chegar à empresa. O que resultou em ser atropelada porque pensou que eu fosse te despedir se faltasse apenas um dia.

Por um momento me sinto envergonhada, mas é só por um momento mesmo e passa tão rápido quanto veio. Será que se eu tivesse faltado e não tivesse sido atropelada, ele realmente não iria me despedir? Penso em perguntar, mas em vez disso faço o que me parece mais fácil.

— Obrigada.— Agradeço.

Ele balança a cabeça e o resto do caminho é feito em silêncio.

Percebo em algum momento que dessa vez estávamos indo para o subúrbio. Ele ia me deixar em casa? Realmente, nada mais podia me surpreender. Vou lhe dizendo o caminho até que ele para em frente ao meu prédio.

Agora o meu chefe sabe onde eu moro, maravilha!

Ele sai do carro e abre a porta para que eu saia.

— Bem, obrigada novamente, sr. Uchiha.— Agradeço assim que saio e paro ao seu lado sem saber muito bem como me portar.

Ele balançou a cabeça em sinal de entendimento e, quando me preparava para me virar, me surpreendo com sua voz.

— Haruno.

Olho para ele.

Ele abre a porta de novo e do porta-luvas retira uma pasta.

— Quase estava me esquecendo. Leia isto e considere a proposta.

Pego a pasta e a olho por um segundo antes de me voltar para ele.

— Proposta?— Pergunto em dúvida.

— Sim. Como Sasori teve que ir a uma viagem de última hora...

— Espere, Sasori está viajando?— Peço incrédula porque, bem, ele estava comigo ontem à noite.

— Algum problema familiar... Entretanto, eu estava indo viajar este final de semana e ele iria me acompanhar já que o projeto foi ideia dele. Mas, como ele não estará disponível pelo resto do mês, pensei em levar alguém que estivesse apta.— Ele termina de falar e eu quase engasgo.

E não, não foi por saber que não veria Sasori pelo resto do mês, mas sim porque o sr. Uchiha estava dizendo que eu era apta para acompanhá-lo em uma viagem de negócios.

— Uma viagem?— Pergunto tentando controlar minha animação, tinha que ser totalmente profissional.

— Está tudo escrito aí. Leia e pense a respeito. Será por alguns dias e Temari também irá.

Sinto toda a minha animação se esvaindo, lentamente.

— Se Temari irá, então por que o senhor precisará de mim?

 

Ele dá um sorriso de lado. Aquele sorriso. O famoso sorriso Uchiha e sim, esse sorriso fez minhas pernas tremerem.

Beslico-me internamente me obrigando a parar de ser idiota.

— Porque...— Ele diz enquanto se aproxima.

Eu gelo.

Ele apoia o braço na porta que está atrás de mim e a fecha. Só que ele continuava muito perto e pela primeira vez eu presto atenção no cheiro de seu perfume. O que serve para me deixar mais nervosa ainda porque me lembro de que eu estou imunda e completamente horrorosa, em um estado lastimável, e ele estava muito, muito perto. Rezo mentalmente pra que ao menos eu não estivesse fedendo. Ele olha bem nos meus olhos, diretamente para eles e parecia alheio ao resto da minha aparência desleixada. Então abre a boca para responder e eu sinto o cheiro de menta em seu hálito.

— Ela não é você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Entãããããão? Ficou bom como eu espero que tenha ficado. Comentem, por favor, eu realmente amei escrever esse capítulo e queria muito ouvir a opinião de vocês...
Tchauzinho Sasori por um mês... o que pode acontecer em um mês hein? E principalmente, o que pode acontecer nessa viagem? kkkkkk
Espero que tenham gostado, até o próximo!