Fazendo Meu Filme 5 - O Casamento Da Fani escrita por Gabriela


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, desculpa pela demora!
—x-
Capítulo reescrito



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"E eu perdi a cabeça. E a lembrança de todas as coisas estúpidas que eu disse (...) Eu não pretendia lhe causar problemas, eu não pretendia magoá-la. E se eu alguma vez lhe causei problemas, oh, não, eu não pretendia magoá-la"

Trouble - Coldplay

Priscila

— Flashback ON –

Cheguei em casa depois da aula de piano mais tarde que o normal, pois havia encontrado uma antiga colega de classe e fui tomar um milk-shake no shopping com ela, para colocar o assunto em dia.

Me surpreendi, no entanto, ao abrir a porta do meu quarto e encontrar o Rô olhando pela janela, completamente distraído. Ele parecia tenso, mas resolvi não dizer nada sobre isso, então apenas disse:

— Oi...

— Ah, oi – ele respondeu, com um meio sorriso. Ele tentou parecer normal, mas sei que algo o está incomodando.

— Ahn, eu vou tomar um banho, ok? E ai depois você me diz o que veio fazer aqui sem me avisar – falei, dando uma risadinha, para tentar acalmá-lo.

— Na verdade, - o Rô começou, me fazendo parar no meio do caminho para o banheiro – eu queria conversar com você.

Não sei porque, mas me arrepiei. O tom de voz que ele tinha usado era frio, distante. Algo estava tremendamente errado.

— Tudo bem, - eu disse, calma – eu vou só tomar um banho rapidinho, ok?

— Não! – ele falou, rápido e, surpreendentemente, ríspido. – Eu prefiro resolver isso logo.

— Resolver o que, Rodrigo? – falei, já irritada. O que havia de errado com ele, por Deus!

— O nosso namoro, Priscila! Eu quero terminar, ok? – ele gritou, irritado.

Arfei.

— O...o que?

— Isso que você ouviu – ele falou, gélido.

Eu sentia um buraco se abrir no meu peito como se todas as coisas que eu havia feito estivessem erradas, como isso foi acontecer?

— E-eu...eu não entendo! Por quê? Vo-você conheceu alguém? – perguntei, sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos.

— Não, eu... – ele expirou, passando a mão pelos cabelos – Eu não quero mais, é isso.

— Foi algo que eu fiz? - perguntei

— Não é você, sou eu. Isso é tudo coisa minha.

— Ah, com certeza. – falei, sarcástica – “Não é você, sou eu”?! Que tipo de explicação é essa, Rodrigo? Isso é o que todos os garotos falam, você acha que eu sou idiota? Pelo menos me conte a verdade, em consideração a todos esses anos de namoro.

Discutimos a plenos pulmões por alguns minutos antes de eu perguntar novamente o motivo real que estava nos levando ao término.

— Eu já te falei, Priscila, eu simplesmente não quero mais.

— Ainda bem, porque quem não quer mais nada agora sou eu. Desaparece daqui, agora! – gritei, apontando para a porta.

— Pri, calma...

— Não é isso que você quer? – interrompi – Dar o fora desse relacionamento? Estou te dando a chance da sua vida, Rodrigo.

Podia sentir as lágrimas caindo pelo meu rosto, mas tudo que eu sentia no momento era raiva. Raiva de todos aqueles anos de namoro que foram simplesmente jogados fora, raiva por não saber o motivo que o levou a terminar tudo, raiva por ter perdido tanto tempo da minha vida nesse relacionamento, enquanto todas as minhas amigas iam para festas e mais festas.

— Eu realmente não entendo, - continuei – por que esteve comigo todos esses anos se não me queria, Rodrigo?

Ele já estava saindo do apartamento, sua mão estava pousada na maçaneta enquanto ele fechava a porta.

Calmamente, levantou a cabeça, olhando no fundo dos meus olhos.

— Um dia você entenderá que fiz isso por você, Pri. – e fechou a porta, me deixando estática.

Por mim? O que ele queria dizer com isso? Não importa, disse a mim mesma, Ele te magoou. Esqueça e siga em frente.

E foi isso que eu fiz, durante todos aqueles anos. Mas eu percebi, quando o encarei no dia do casamento, que eu na verdade só havia trancado essas memórias no fundo da minha mente, eu nunca superei nosso término, eu não segui em frente, eu apenas ignorei a dor, que se fazia presente todos os dias.

—X-

Rodrigo

Quando a mãe da Pri abriu a porta, eu fiquei surpreso. Era para ela já estar em casa, pensei, conferindo as horas no meu relógio.

— Ah, não se preocupe, você chegou no horário. Quem se atrasou foi a Priscila, que passou no shopping para tomar um milk-shake com uma amiga. – disse a mãe da Pri.

— Tudo bem, eu volto quando ela chegar. Pode pedir para ela me ligar? – respondi.

— De jeito nenhum, meu filho! Você já veio até aqui! Não se preocupe, pode ficar esperando aqui em casa. Só me desculpe por que eu vou precisar ir ao mercado agora e não vou poder ficar, mas a casa é sua.

— Tem certeza? Eu posso voltar depois, não tem problema – perguntei de novo.

— Claro que sim, pode ficar à vontade! – e saiu, me deixando sozinho no apartamento.

Resolvi ir para o quarto da Pri, ficaria melhor lá. Sentei- me na cama dela, sentindo seu cheiro em todos os lugares do cômodo.

Levantei-me, indo em direção à escrivaninha, onde estavam algumas fotos. Parei, olhando cada uma delas.

Havia uma da Pri com suas amigas de São Paulo, outra dela com sua família, uma comigo e outra com a nossa turma aqui de Belo Horizonte, além de uma com as garotas.

Estava para voltar a me sentar quando algo na lixeira me chamou a atenção. Era uma carta da UNICAMP, o que fazia no lixo, porém, eu não sabia.

Nenhuma regra de ética justificava o que eu estava fazendo, mas era minha namorada, poxa! Peguei o envelope, constatando que estava aberto. Tecnicamente, eu não estou violando nada, pensei. Puxei a folha que estava dentro e li as primeiras palavras.

“É com prazer que informamos que a Srta. Priscila Vulcano Panogopoulos foi aceita na Universidade Estadual de Campinas para o curso de Direito (...)”

Estaquei. O que aquilo fazia na lixeira? A Pri estava desperdiçando a chance da vida dela, o seu sonho. Mas por quê? E então a resposta me ocorreu. Ela não iria por causa da gente, do nosso relacionamento.

Droga, eu não podia deixar isso acontecer. Eu não poderia, nunca, acabar com a vida de alguém dessa forma.

Esse era o sonho dela, eu nunca a pediria que ficasse. Foi aí que me ocorreu uma solução: eu teria que terminar o nosso namoro. Assim, ela não se sentiria presa a mais nada e poderia ir para a faculdade que sempre quis, e ter a vida que sempre quis. Doeria, mas era necessário.

—X-

Terminar com a Pri foi a coisa mais difícil que tive que fazer, mas foi necessário para que ela pudesse ter a vida que sempre quis.

Ver aqueles lindos olhos cobertos de lágrimas que eu sabia serem por minha causa me partiu o coração, mas era o melhor para todos.

Saí de seu apartamento arrasado. Andei alguns passos na calçada antes de começar a chover. Como se a chuva fosse um gatilho, senti as lágrimas molharem meu rosto. Não me importei com nada, nem com a chuva, nem com as lágrimas que caiam insistentemente.

Não sei por que, lembrei-me de meu irmão Marcelo. Ele dizia “Chorar é coisa de maricas!”. Ah, se você pudesse me ver agora, irmão. Como se adivinhasse, um carro parou ao meu lado:

— Aceita uma carona? – era o Marcelo. Mas o que ele fazia aqui depois de todo esse tempo?

Virei-me para olhá-lo, limitando-me a murmurar um “sim” e entrar no veículo.

— Cara, você está péssimo! – ele falou, rindo.

— Muito obrigada. Aparece aqui depois de tanto tempo e a primeira coisa que me diz é “Cara, você está péssimo”! Que ótimo irmão fui arranjar, não? – respondi, sem nem um pingo de paciência.

— Cara, eu nem te fiz nada e você me trata assim!

— Foi mal, você me pegou num dia ruim. – expliquei vagamente. Eu só queria que ele parasse de me encher a paciência.

— Sei... E quem foi que te deixou assim, foi aquela garota? – Sinceramente, eu nunca vou entender o que o Marcelo tem contra a Priscila.

— O que você tem contra a Priscila? – a defendi – Ela é minha namorada, ou era, até alguns minutos atrás.

— Foi isso que aconteceu? Ela terminou com você? – droga, por que ele não parava de fazer perguntas?

— Não, eu terminei com ela. – respondi, curto e grosso, para ver se ele se tocava. Mas quem disse que ele entendeu a deixa?

— Eu não entendo... Você gostava tanto dela, ou gosta ainda, pelo jeito que a defendeu agora há pouco. Por que quis terminar?

— Eu não quis terminar, era preciso. – e então contei a ele a história toda, contei da carta, da nossa briga, tudo.

— Agora eu entendo... Não vou dizer que o que você fez era o melhor a ser feito por que eu não o faria. Se eu encontrasse a minha garota, eu não a deixaria ir de forma alguma. Mas posso ver que fez o que achava melhor, e fez por amor. Vai ser difícil em superar isso, irmão. Mas você vai conseguir, eu tenho certeza.

Estranhei.

— E desde quando você, Marcelo, ficou sabendo de tudo a respeito de relacionamentos? – perguntei.

— Desde quando eu encontrei a minha garota. – ele respondeu, dando uma piscadinha.

— Então foi isso que veio nos dizer? Viajou até BH para dizer que encontrou a sua garota, é isso?

— Não, - ele respondeu – eu vim até aqui para dizer que eu vou casar com ela.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram da aparição surpresa do Marcelo? Parece que essa vibe de casamento atinge todo mundo mesmo, até o Marcelo vai casar, gente!

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Beijos!



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