Lifetime escrita por Jessie Austen


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis


Notas iniciais do capítulo

YAY!
Voltei com dobradinha delícia!
Espero que gostem! *_*



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John acordou no dia seguinte sentindo se ainda pior.

Olhando no relógio viu que este marcava quatro horas da tarde. Maldito fuso horário. Maldita viagem.

Havia ligado para Londres e avisado Molly e Greg que, por conta de problemas, levaria mais alguns dias para retornar. O casal não questionou tal decisão, pois logo soube que algo muito sério havia acontecido.

Após revirar por algum tempo na cama, o médico resolveu que deveria tomar um banho frio e se alimentar.

Sentado sozinho na poltrona do quarto do hotel que havia se hospedado, ele havia concluído na noite anterior que não voltaria antes de tentar entender absolutamente tudo.

Afinal tudo estava quebrado, partido. Toda sua vida. Então, todas as perguntas deveriam ser respondidas.

Sentia-se estava muito nervoso, fora de si, naturalmente, mas em seu temperamento natural sabia que tinha que encontrar forças, ser melhor do que Adam e Sherlock naquele momento. Tinha uma filha agora.

Ele tinha que conseguir por mais difícil que fosse. Afinal de contas, era de sua natureza querer superar as maiores adversidades, tentar encontrar o lado bom de tudo.

“Sempre educado, sempre de bom humor. Você é um verdadeiro nojo, John” se lembrou de Sherlock dizer brincando enquanto tomavam café em um dia qualquer e isso fez os seus olhos arderem.

Tais pensamentos foram dispersos quando ouviu alguém bater na porta enquanto arrumava sua pequena mala. Quem poderia ser? Não queria ver absolutamente ninguém.

Ao abrir se surpreendeu ao ver Mycroft do lado de fora, com sua expressão “eu sei de tudo”, típica da família Holmes.

– Provavelmente você não queira ver ninguém agora, mas eu precisava vir. – este disse já entrando e retirando seu paletó, pendurando-o perto da porta.

– Oh, imagina! Fique à vontade. –respondeu ironicamente.

– Este tom que usou não é seu e não combina com você. E isso só pode ser culpa do meu irmão, só que ele não está por aqui...- este respondeu observando a todos os detalhes do pequeno espaço.

– Já sabe o que seu irmão fez ou onde está agora? Com quem está? O motivo de eu não estar com a minha filha em casa? Sherlock me destruiu, Mycroft. – o loiro respondeu muito alterado.

– Não, eu não sei o que o Sherlock fez ou com quem está...mas sei que algo aconteceu e é por isso que eu vim. Greg e Molly me contaram que você ligou e eu decidi vir, você não retornou os meus contatos! Suspeitei então que tinha algo a ver com o suposto desaparecimento do meu irmão...e eu tinha que vir para cá de qualquer maneira. – este respondeu tentando parecer despreocupado.

– Ele tem outro. É o Adam, Mycroft. Ele me traiu! – John completou sem quase conseguir dizer tais palavras.

Neste momento o irmão de Sherlock franziu a testa como se ouvisse um palavrão ou uma língua desconhecida e após alguns segundos deu um meio sorriso e respondeu:

– Isso não faz sentido nenhum.

– Não, não faz mesmo. Mas eu vi mesmo assim. Com os meus próprios olhos. Não tem como negar, e mesmo se houvesse ele próprio assumiu. Ele olhou nos meus olhos e assumiu o que fez.

– John, você tem que se acalmar. Certo. Me conte...tudo.

Watson então explicou de maneira resumida sobre Adam, a viagem em cima da hora e o ocorrido em Amsterdã. Mycroft prestou atenção em tudo, em pé, perto de John que parecia mais agitado do que nunca ao ter que se lembrar de tudo pela centésima vez.

– Esta história é absurda. – o Holmes respondeu decidido.

– É o que eu queria acreditar até ver aquele cara tocar no Sherlock...mas eu não posso. Eu não posso mais mentir para mim mesmo.

– Ok. John, seu desespero é irritante não vai ajudá-lo. Não consegue perceber? Algo está acontecendo! – o moreno respondeu andando de um lado para o outro – Preciso ir agora, preciso checar algumas coisas, mas entrarei em contato mais tarde. Enquanto isso, não faça nada de idiota e o mais importante: pense. – este disse pegando seu casaco de novo.

– Ei, ei, ei...onde pensa que vai?! Mycroft...o que vai fazer?!

– Confie em mim. E não querendo me intrometer, mas...confie no meu irmão também. Ele jamais faria isso com você. Sherlock não é, você sabe...humano. Não seria capaz de trair, muito menos a você.

Ambos se olharam e toda a dúvida voltou no coração do médico que sabia que algo estava de fato muito errado.

– Eu sei...

– Então, faça algo realmente útil ao invés de ficar remoendo. Não acredite em algo só porque viu e não duvide de algo só pelo fato de conseguir enxerga-la de fato.

– Eu sei...- este repetiu refletindo de verdade.

– Ok. Tenho que ir. – Mycroft saiu batendo a porta e deixando John ainda mais confuso e triste do que nunca.

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”Tudo isso era muito óbvio, John.”

Os olhos azuis claros e frios encarando-o de perto fizeram despertar.

Olhando no relógio, John viu que já era quase dez horas da noite e isso o fez levantar. Não havia feito nada naquele dia, além de encarar seu passado enquanto observava o teto e aquilo era simplesmente angustiante.

“...confie no meu irmão. Ele jamais faria isso com você. Sherlock não é, você sabe...humano. Não seria capaz de trair, muito menos você.”

Sim, Mycroft estava absolutamente certo. Sherlock não era assim. As últimas horas só o fez comprovar isso.

O detetive era a pessoa mais incrível, brilhante que existia. Mais extraordinária. E antes de John conhecê-lo, ele sequer cogitava a possibilidade de se relacionar com alguém. Adam não era bom o suficiente!

John reconhecia que até em certos momentos ele não se achava bom o suficiente para Sherlock, ato que o detetive sempre o repreendia.

Mas agora, após algumas horas, concluía que não poderia agir de maneira tão insegura. Eles eram casados, tinham uma vida juntos. Há sete anos e ele sabia que Holmes o conhecia mais do que ele próprio.

Sim, eles realmente se amavam. Momentos, problemas, sonhos foram compartilhados e nada ou ninguém poderia dizer o contrário.

Porque eles já haviam se separado uma vez por insegurança e Sherlock não havia ido embora ou desistido dele, pelo contrário.

John ainda se lembrava de tudo. Impossível se esquecer. Sherlock na calçada do hotel. Tão vulnerável.

Quando o detetive disse tais palavras, antes de sua viagem para o Afeganistão, Watson teve a certeza (mesmo não se lembrando de Sherlock) que um dia os dois ficariam juntos de novo.

“Eu te amo, John. Eu te amo demais e eu quero você. E continuarei querendo pelo resto da minha vida. A distância só me fez ter ainda mais certeza do que para mim já era muito claro. Ficar longe de você tem sido horrível, mas me fez rever sobre coisas que eu pensei que já estavam esclarecidas, encerradas, definidas. E quer saber? Não estavam e não estão. Continuarão assim até que você me aceite de volta...”

Algum tempo depois, enquanto os dois namoravam em uma tarde deitados na cama, Sherlock confessou sobre aqueles tempos:

– Os piores da minha vida.

John se lembrou do casamento, do dia em que foram buscar Amy. Definitivamente havia algo muito errado.

O loiro pegou uma garrafa de vinho que havia ganhado de cortesia e a tomou como se houvesse algum tipo de resposta dentro dela. Pegando sua mala, viu suas coisas e achou entre elas o guia de Amsterdã que Sherlock havia esquecido em casa e que ele havia trazido.

Passando as páginas rapidamente observou que este havia feito anotações diversas com sua caneta vermelha. Números, lembretes, mas nada parecia fazer muito sentido.

Não percebeu quando acabou adormecendo. Desde o acidente em que havia perdido temporariamente sua memória, John tinha muito sonhos sobre coisas que já haviam acontecido em uma espécie de sequência de cenas cortadas que nem sempre faziam sentido. Neste em especial, ele estava na banheira com Sherlock, em casa.

Este tinha a cabeça apoiada sobre seu ombro e ele acariciava os cachos molhados bem lentamente.

“...bom trabalho, John. E toda a vez que eu disser “Tudo isso era muito óbvio, John” na verdade o que eu estou querendo dizer mesmo é “e eu amo você. Até o fim dos meus dias, independente do que aconteça”.”

Na cena seguinte John sorriu e o abraçou muito forte.

Despertando num sobressalto ele olhou para a janela e viu que mais um dia estava amanhecendo. Sentiu um desespero invadi-lo em uma espécie de sufoco e então ele soube, teve certeza de que Sherlock estava em perigo. E agora era muito claro que ao dizer “Tudo isso era muito óbvio, John” em seu último encontro, Sherlock na verdade pedia socorro silenciosamente.


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