Annabeth POV

– Pelo amor de todos os deuses, Annabeth, deixa a gente ficar aqui com você! - Silena disse, se agarrando em minha perna.

Olhei em volta, onde alguns vizinhos curiosos estavam olhando, e corei.

– Si, por favor, vocês não precisa ficar comigo o tempo todo. Eu estou bem! - eu disse, tentando soltá-la da minha perna.

– Mas a tia Atena não está em casa e você não pode ficar sozinha - ela resmungou - E se você precisar de absorventes e não tiver mais absorventes na sua caixa de absorventes e você tiver acabado de sair do banho? Quem vai comprar mais pra você? Hein?

– Minha menstruação só vem no fim do mês e eu tenho certeza que tem absorventes na caixa de absorventes, porque é isso que deve ter numa caixa de absorventes - bufei - Agora, eu posso entrar? Estou cansada, preciso de um banho e amanhã tem aula.

– Desisto - Silena disse, se levantando e ajeitando os cabelos - Thalia, ela não nos quer aqui! - ela berrou para o carro - Se precisar de qualquer coisa, só ligar - e saiu correndo de volta ao carro.

Esperei que o carro sumisse de minha vista e entrei em casa. Tranquei a porta e joguei minha bolsa em cima do balcão, a qual fez um estalo quando se chocou com o granito. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e fui para cozinha preparar um sanduíche.

Apesar de termos ficado a tarde inteira na piscina, num churrasco e jogando conversa fora, não comi nada. Quer dizer, comi uns salgadinhos de queijo, mas isso não mata a fome por muito tempo.

Peguei alface, tomate, queijo, creme de ricota e montei dois sanduíches. Depois que terminei os dois, peguei uma garrafa de suco de laranja e me sentei na sala, ligando a televisão.

– Puta que pariu! - arregalei os olhos e soltei o prato com os sanduíches no sofá - Eu beijei o Percy!

Percy POV

– Percy, levanta! - alguém disse, se jogando em mim.

– Daqui dez minutos eu vou - murmurei e virei.

– A mãe disse que se você não levantar, posso ficar com todas as panquecas pra mim! - a pessoa disse e saiu correndo do quarto.

Joguei o edredom pro lado e saí correndo do quarto. Quando cheguei na metade do corredor, encontrei Tyson descendo as escadas.

– Se você comer tudo, pode se declarar um nanico morto! - berrei, e pulei o corrimão.

– Eu já tenho dez anos! - ele berrou de volta e correu em direção á cozinha.

Quando completei treze anos, por algum motivo estranho, pedi aos meus pais um irmão. Minha mãe não podia ter filhos, por ter ligado as trompas, então eles decidiram adotar. Fomos em vários orfanatos e em um dos últimos que visitamos, conhecemos o Tyson. Assim que me viu, ele agarrou em minha perna, e não quis soltar mais. E eu gostei dele, então disse que o queria como irmão e não sairia de lá sem ele.

Depois de duas semanas de muita papelada, idas ao orfanato, lojas de brinquedos, roupas, escolas e todas essas coisas, finalmente Tyson veio para casa.

Ele se adaptou as coisas em menos de dois meses e logo os meus pais perceberam que ele tinha, tem na verdade, uma certa habilidade em construir coisas. Colocaram-o em um acampamento de verão, onde as crianças aprendem sobre essas coisas, e desde então, nas férias, ele vai pra lá.

– Vocês podem, pelo amor de Deus, não ficarem correndo feito dois loucos pela casa? - minha mãe disse, quando alcancei Tyson e comecei a sacudi-lo.

Soltei Tyson e me sentei na mesa, colocando duas panquecas em meu prato. Peguei a calda de chocolate e joguei bastante em cima delas.

– Achei que Tyson ia ficar até semana que vem no acampamento - falei, jogando mais calda de chocolate.

– Eu ia ficar - ele disse, colocando pedacinhos de morango em cima de uma panqueca - Mas as aulas na escola começam amanhã, e eu preferi não perder aula.

– E eu aqui, querendo ficar em casa o dia inteiro - murmurei.

– Para de reclamar, você ficou três anos sem ir á escola - Tyson disse, revirando os olhos.

Lhe dei língua e voltei a comer. Ficamos conversando sobre a escola, sobre as novas palavras que Tyson havia aprendido, e depois fui tomar banho.

Em trinta minutos eu já estava arrumado e indo em direção á garagem, quando minha mãe apareceu na porta, com Tyson do seu lado.

– Você pode levá-lo hoje? - ela perguntou.

– Posso, mas, por que o motorista não leva? - perguntei, abrindo a porta para que ele entrasse.

– Seu pai saiu com ele, e eu preciso terminar de ver os preparativos para o jantar de sexta - ela disse, e me deu um beijo na testa - Se cuide, cuide dele e tome cuidado, ok? Nada de ir rápido demais. Coloquem o cinto - ela disse, e deu a volta no carro, indo até Tyson - E você, mocinho, nada de sair da escola sem Percy.

Entrei no carro e dei a partida, saindo da garagem.

* * *

– Não aguento mais escrever fórmulas - Clarisse disse, jogando seu caderno na mesa.

Estávamos todos na biblioteca estudando para uma prova que só vai acontecer daqui um mês, mas Annabeth fez questão de arrastar todos nós para cá.

– Você vai ter que aguentar, ah não ser que queira começar o ano se fodendo - Annabeth disse, dando a volta na mesa.

– Se eu soubesse que os professores iriam resolver faltar hoje, nem levantava da cama - Nico murmurou.

– Mas a professora principal está aqui, então do que adiantaria? - Thalia disse e riu.

Annabeth lhe deu língua e se sentou do meu lado.

– Percy, você tem alguma coisa para depois da aula? - ela perguntou.

– Tenho que ir buscar Tyson - falei.

– Quem é Tyson? - ela perguntou, confusa.

– Ele já voltou? - Thalia perguntou, animada - Eu posso ir buscar ele com você?

– Sim, ele já voltou. Não, você não pode ir comigo - eu disse e ela bufou - Tyson é o meu irmão mais novo.

– Eu não sabia que você tem um irmão - ela murmurou.

– Credo, até eu sabia - Luke disse - Você não acompanha site de fofocas? Já falaram desse aí e do irmão dele umas trezentas vezes no minimo.

– Você falando assim, parece um gay - Chris disse.

Luke revirou os olhos e colocou a mão na cintura. Todo rimos e logo senti alguém atrás de mim.

– Oi, Percy! - Rachel disse, atrás de mim.

Levantei a cabeça e a vi, me olhando.

– Oi, Rachel - falei, com metade de sua animação.

Ela puxou uma cadeira e se sentou de frente para mim, cruzando as pernas.

– Quero te convidar pra minha festa de dezoito anos - ela disse, me entregando um papel rosa - Você pode levar os seus amigos - apontou para os outros - E não precisa me da presente. Quer dizer, eu aceitaria uma coisinha...

– E o que seria essa coisinha? - perguntei.

– Quero que cante na festa - ela disse, colocando suas mãos em minha perna - Não precisa ser muita coisa, só uma música basta, e eu fico feliz.

– Claro, vai ser legal - respondi, sorrindo.

– Ótimo! - ela gritou - Te vejo no sábado! - ela disse, se levantando e me dando um beijo estalado, na bochecha.

Fiquei observando-a sair da biblioteca com suas amigas. Acabei me lembrando do que vi na balada: Ela em volta de vários caras, dançando com uma roupa extremamente colada, e tendo namorado.

E acabei me lembrando do beijo de Annabeth.

– Puta merda - murmurei.

– O que foi? - Nico perguntou.

– É... - olhei o relógio - Tenho que ir buscar Tyson, se eu me atrasar, minha mãe vai ficar uma fera - me levantei.

– Vamos no boliche mais tarde? - Clarisse perguntou.

– Eu não posso - respondi - Tenho uma sessão de fotos mais tarde e um show numa casa de festas á noite. Vocês vão, - Luke parecia que ia dizer uma coisa - e não, não tem a opção de não ir. Vou mandar o motorista ir buscar vocês. Não se atrasem.

E sai correndo biblioteca a fora.

Annabeth POV

– Ela convidou o Percy pra festa de aniversário dela? - Silena perguntou, bebendo um pouco de seu suco - E deixou que ele nos levasse?

– Segunda vez que você pergunta isso - Thalia resmungou.

– Vou usar uma roupa tão linda que ela vai parecer uma mendiga perto de mim - ela disse, com um sorriso enorme no rosto.

– Isso não é meio infantil? - perguntei.

– Annie, querida, - Clarisse disse - Você falar isso pra Silena, não adianta em nada. Sabe como ela é, e sabe que ela não vai sossegar, enquanto aquele maldito uniforme de líder de torcida não for dela.

– Falando nisso, - Silena disse, saindo de seu transe - O teste é semana que vem. Precisamos montar uma coreografia.

– Vai ser por grupos? - perguntei, erguendo uma sobrancelha.

– Esse ano sim - Thalia disse - Parece que eles não querem perder tempo vendo uma de cada vez. Vai ser uma apresentação de três minutos por grupo.

– Mas nós somos quatro - falei - Não precisam ser oito meninas?

– Já resolvi isso - Silena disse - Nós quatro, mais Piper, Hazel, Reyna e Juniper.

– Mas você não odiava a Piper? - Clarisse perguntou.

– Só por que minha mãe resolveu se casar com o pai dela? - ela perguntou - Claro que não, que coisa infantil.

Balancei a cabeça e continuei tomando o meu suco.

– Aquele ali não é o Max? - Thalia perguntou, apontando para uma loja de joias.

– Será que ele vai pedir a Annie em casamento? - Silena perguntou, com um olhar sonhador - Isso é tão romântico!

– Si, acorda - Clarisse disse - Ele não vai pedir Annabeth em casamento.

– Então o que ele está fazendo lá? - perguntei, com um tom triste.

Por um breve momento, eu quis que Max estivesse indo lá, para me comprar uma linda aliança e pedir minha mão em casamento.

– Vamos descobrir isso agora - Silena disse e tirou uma peruca de dentro da bolsa.

– Por que você anda com uma peruca na bolsa? - Thalia perguntou.

– Tenho um kit de disfarce aí dentro - ela respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo - Infelizmente, eu só tenho um.

– Tanto faz, vai lá logo e descobre o que o meu namorado foi fazer em uma loja de joias - resmunguei.

Silena colocou a peruca, um óculos escuro e um chapéu verde, e foi em direção á loja. Ela havia nos entregado um walk tak, para nos falar todos os movimentos de Max.

Sempre me pergunto de onde Silena tira essas coisas e o porque dela usá-las, mas sempre resolvo deixar pra lá.

– Testando, alô, câmbio - Clarisse disse.

– Pompom rosa para pompons roxos, estão me ouvindo?– A voz de Silena ecoou do aparelho.

– Pompom rosa e pompons roxos? - Thalia perguntou.

– O nome não importa– Silena resmungou - Max está na sessão de anéis, e... Meu Deus, que colar lindo!

– Si, foco - falei.

– Perdão, é que esse colar é muito lindo! – ela disse - Ah, o Max escolheu um anel de ouro. Tem um rubi enorme. E, uau, como brilha.

– Tenta ouvir o que ele está dizendo á vendedora -Thalia disse.

Ouvimos alguns passos e logo Silena voltou a falar:

– Escutem– ela murmurou.

– É pra sua namorada?– uma voz feminina, e desconhecida, saiu do aparelho.

– Hum... Sim– uma voz, masculina, a qual reconheci ser de Max - Vamos fazer três meses juntos semana que vem e preciso lhe dar um presente digno, não acha?

– Três meses? Mas vocês não estão juntos há três anos? - Thalia sussurrou.

Meu coração falhou algumas batidas e me sentei na cadeira.

Max está me traindo? Depois de tanto tempo juntos, ele está me traindo? Me traindo há três meses? Como isso foi acontecer?

– Annie, você está bem? - Clarisse perguntou, se sentando ao meu lado.

– E-Eu... - murmurei - C-Como... O-O q-que...

– Cansei desse cafajeste– escutei Silena dizendo - Encontro vocês no estacionamento. Vou passar naquela loja que vende coisas de médicos e comprar dois bisturis. Vamos castrar um viado hoje.