Promise escrita por Sídhe


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

~le medinho~ Primeira fic thaluke, pois é. Realidade Alternativa, ou seja, existem acontecimentos que foram alterados. Não curti, admito, mas espero que vocês tenham uma opinião contrária.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/408585/chapter/1

Ouvi um estrondo gigantesco. Algo muito grande caía por cima de mim, com uma poeira branca fazendo meus pulmões perderem todo o ar que tinha. Tossi algumas vezes e vi que uma estátua do Olimpo estava a poucos centímetros de minhas pernas. Sorte? Sorte seria se aquela vaca da Hera sequer houvesse casado com meu pai. Sorte mesmo foi eu poder ter empurrado Percy e Annabeth para fora do alcance daquela estátua.

"Thalia!" Uma voz conhecida gritou meu nome, eu sabia que era Grover. Eles me ajudaram a me levantar, mas eu estava bem.

– Sobrevivi a todas essas batalhas - Resmunguei, limpando o casaco de couro com as mãos e procurando meu arco - Não serei derrotada por um monte de pedras estúpido.

Annabeth deu um olhar de desprezo para a estátua.

– É Hera - Disse - Ela tem feito isso durante todo o ano. A estátua dela teria me matado se você não nos tivesse tirado do caminho.

Fiz uma careta. Estávamos parados e aquilo seria muita perda de tempo.

– Bem, não vamos ficar aqui parados! Eu já disse que estou bem. - Corri ao lado dos outros, vendo prédios explodindo junto de uma risada maligna dada por Cronos.

Aquele riso... Eu o reconhecia. Muito pouco, mas eu sabia de quem e como estava saindo. Não era Cronos, nunca seria. Aquele riso viera de alguém que eu costumava conhecer melhor que a mim mesma. Ou pelo menos pensava que conhecia.

Minha barriga revirou. Aquele era Luke.

Luke. Apenas Luke.

Não Cronos.

Era um dos tipos de riso que ele dava quando conseguia o que queria muito, e eu sempre havia amado aquilo nele. Agora o mesmo riso fazia meu peito arder como antes, só que de uma forma cruel e dolorosa. No entanto, eu poderia sentir que aquele era Luke.

'O que você fez, Luke', minha mente repetia.

Uma bola de fogo irrompeu no lado da montanha, bem onde os portões do palácio ficavam.

– Nós temos que correr. - Percy falou.

– Correr mais, você quer dizer - Eu disse.

– Eu não acho que vocês quiseram dizer fugir! - Grover murmurou esperançosamente.

Eu sabia o que estava por vir. Ele estaria lá, e aquilo sem nenhuma dúvida acabaria com tudo o que eu poderia ter de dignidade. O único que me traiu foi ele, mas não sei se teria forças de olhá-lo no rosto mais uma vez, pois Luke não seria mais o mesmo. Depois da queda do penhasco eu tinha certeza: Hal* estava certo sobre seu futuro. E como eu queria não ter sido avisada. Mas eu acreditava em Luke e em sua promessa de família. E aquilo me fez quase o matar.

Ele havia prometido uma família. E família significa nunca abandonar ou esquecer.

Mas eu, se fosse preciso, encararia ele nos olhos e o veria morrer. Porque era preciso, mesmo que me doesse dizer.

Percy correu na direção ao palácio, com Annabeth logo atrás de si.

– Era disso que eu estava com medo. - Ele disse.

– Eu também, Grover, eu também.

Saí correndo para algo que nem gostaria de pensar. As portas do palácio eram grandes o suficiente para deixarem um navio de cruzeiro cruzá-las, mas elas tinham sido tiradas de suas dobradiças e esmagadas como se não pesassem nada. Nós tivemos de escalar uma grande pilha de pedras quebradas e metais retorcidos para entrarmos.

Luke estava na sala do trono, olhando para o céu como se estivesse roubando-o. A risada dele ecoou mais alto que nunca. Depois de pensar que o havia matado, eu finalmente o encontrara outra vez. Estava exatamente como da última vez que eu tinha o visto. Mas eu não conseguia ver seu rosto.

– Finalmente! - Ele berrou. A voz não era a dele, era sombria, profunda como um poço de tragédias sem esperança. – O Conselho Olimpiano; tão orgulhoso e poderoso. Qual assento de poder eu devo destruir primeiro?

Queria gritar, mas minha voz não saia. Estava presa na garganta, com as lágrimas rolando por meu rosto. A simples presença dele me deixava com as pernas fracas. Eu só desejava poder cair de joelhos, mas antes sequer que pudesse, Annabeth, Grover e Percy deram um passo a frente. Eu continuei parada, sem reação.

– Milorde - Um garoto magro e com um tapa olho disse. Estava em um lado, tentando se desviar da lâmina da foice que Luke segurava... Lorde? Cronos era seu lorde, não Luke.

Ele se virou e sorriu através do rosto do garoto.

E ali estava.

Uma grande cicatriz cortava todo o lado esquerdo de seu belo e magro rosto. Desenhada desde sua boca até acima de sua sobrancelha. Os olhos agora dourados brilhavam maléficos para mim. Estavam grudados em meu rosto, tentando me reconhecer, mas ele se voltou para Percy e aquilo me fez desejar que nunca que ele voltasse a me olhar.

– Luke... - Eu sussurrei, mas ele não me ouviu. Aquele era Cronos em seu corpo, e nada que pudesse fazer o faria me ouvir. Annabeth fez um som de dor na parte traseira de sua garganta, como se algum otário a tivesse socado.

– Eu devo destruí-lo primeiro, Jackson? - Perguntou - É essa a escolha que você fará? Lutar comigo e morrer ao invés de se curvar? Profecias nunca terminam bem, você sabe.

– Não.

Dei um passo à frente. A cabeça baixa.

– Eu vou. - Tinha raiva em minha voz. Eu queria vingar Luke, queria matar Cronos mesmo que no corpo dele, pois aquele não era o mesmo Luke. Não o mesmo do riso que houvi minutos antes. - E Luke lutaria bem com uma espada. Mas acho que você não tem a mesma habilidade dele.

Cronos fungou. Sua foice começou a mudar, até que ele segurava a velha espada de Luke. Metade aço, metade bronze celestial. Eu sabia os riscos, já havia feito aquilo antes quando o atirei penhasco abaixo, mas agora era para valer. Eu queria o vencer.

Próxima a Percy, Annabeth engasgou como se tivesse acabado de ter uma ideia. "Thalia, a lâmina!", ela gritou e desembainhou sua antiga adaga, dada a ela por Luke.

A alma do herói, a lâmina amaldiçoada deve colher.

Eu já estava chorando, mas aceitei a adaga e a coloquei no cinto. Luke já avançara, levantando sua espada, enquanto meu coração palpitava em meu peito. Ativei meu escudo, fazendo a lâmina cruel riscá-lo com um som insuportável. Ele nem se assustou com o rosto de Medusa, apenas começou com várias as tentativas seguidas de me atingir por frente, mas eu conseguia ser rápida e Aegis me protegia. Pulei enquanto ele deu uma estocada próxima a meus pés. Ao empurrá-lo para longe com o escudo e ele cair no chão, peguei uma flecha da aljava e apontei para seu peito. Mais lágrimas rolando, mas agora eram de raiva.

Ele parou por um instante e vi seus olhos diminuírem o brilho. Luke sorriu. Não o seu sorriso malandro de filho de Hermes, e sim um que me dava arrepios.

– Não tem como você me vencer com flechas, Thalia Grace - Sua voz sibilou enquanto se levantava.

Atirei. Senti uma lágrima em especial descendo até o queixo. Mas ele sequer sentiu a flecha e ela rebateu para mim, que me protegi com Aegis.

Ele investiu novamente. Me esquivei e desembainhei a adaga de Annabeth e ataquei, mas eu senti que era como lutar com uma centena de espadachins. Pude ver que o garoto magro tentou me atingir por trás, mas Percy o interceptou. Eles começaram a lutar, mas eu não pude me concentrar em como estavam se saindo. Eu estava vagamente ciente de Grover tocando suas flautas de bambu. O som me encheu de calor e coragem – pensamentos sobre luz do sol e um céu azul e uma calma clareira, algum lugar bem distante da guerra.

Ele me encurralou no trono de Hefesto – um gigante mecânico coberto com rodas dentadas douradas e prateadas. Cronos investiu e eu me dirigi para pular no assento. O trono tremeu e cantarolou com mecanismos secretos. Modo de defesa, avisou. Modo de defesa. Isso não podia ser bom. Eu pulei na direção da cabeça de Cronos no que o trono soltou gavinhas de eletricidade em todas as direções. Uma acertou Cronos no rosto, fazendo-o arquear seu corpo e sua espada.

– ARGH - Ele gemeu e soltou Mordecostas. Aquela era a minha chance. Se ele pudesse ao menos me ouvir. Eu poderia tirá-lo daquilo e salvá-lo. Poderia não ser o mesmo, mas ainda havia uma parte dele dentro daquele corpo.

– Luke, me escute! - Comecei.

– Thalia! - Percy gritou. Tentei dizer "Não será como da última vez", mas ele continuou - Cuidado!

O garoto de um olho só se ergueu. Ele agora estava entre Annabeth e Percy. Eu não poderia lutar com ele sem virar minhas costas para Luke. A música de Grover assumiu um tom mais urgente. Ele se moveu na direção de Annabeth, mas ele não podia se mover com mais rapidez e continuar a música. Pequenas raízes cresceram entre as rachaduras das pedras de mármore. Cronos apoiou-se em um joelho. O cabelo dele queimava lentamente. O rosto dele estava coberto com queimaduras de eletricidade.

―Nakamura! - Ele gritou. ―Hora de se pôr a prova. Você conhece a fraqueza secreta de Jackson. Mate-o, e você terá recompensas além do imaginado. Luke estava prestes a lançar sua arma à Ethan, mas eu intervi.

– Sua luta é contra mim, Cronos. - Prendi a respiração - Mas nunca vai saber qual é minha fraqueza. Somente Luke saberia.

Cronos não teria como saber, teria? Talvez soubesse, mas se fosse preciso me sacrificar outra vez por meus amigos, eu o faria. Era como anos atrás, tentando salvá-los de um monstro. Mas agora esse monstro... Esse monstro era Luke.

– Tem certeza? - Bateu a foice contra a borda de Aegis. O escudo voou para longe. Ele me olhou com seus olhos dourados e sorriu. O sorriso queria arrancar cada pedaço de minha alma e a devorar. - E por quê eu não saberia?

Tropecei ao dar dois passos para trás. Ele estalou os dedos. Eu própria sabia aquele truque, mas o que ele fez em seguida me deixou mais desesperada ainda. Altura. Parecia que a Névoa havia transformado aquilo num grande penhasco. Não fazia a mínima ideia de como ele conseguira aquilo, estava mais preocupada em secar meu rosco das lágrimas enquanto estava à beira de um precipício.

– Duvidou de meu poder - Sussurrou, se aproximando e com a longa haste da foice apontando a lâmina para minha direção. Ela brilhava a poucos centímetros de meus olhos. – Qual é a sua fraqueza, garota?

Rolei no chão enquanto ele deu uma investida e dei-lhe uma rasteira. Cronos estava agora no chão, e eu segurei a foice contra si. Ele empurrava a haste contra mim, mas eu havia a pego e continuava segurando contra seu corpo. A chance vinha para quem conseguisse dominá-la, e eu estava por cima. Mas ele ainda sorria.

– É você.

O sorriso se desfez. A névoa se fora. Estávamos sobre o Olimpo novamente. Percy, Annabeth e Grover continuavam ali, e Ethan parecia em choque.

Foi um erro ter parado para olhar, pois Cronos bateu sua cabeça contra a minha com força e nos fez mudar de posição, logo ele estava sobre mim. Bati novamente a cabeça, mas agora contra o chão.

– Eu já deveria tê-la matado quando podia. Você e Jackson.

Levantou a lâmina. Senti sangue escorrendo da testa até a boca. O gosto era doce em comparação ao que eu sentia naquele momento, quase como um consolo. Eu não tinha mais saída. Apenas um movimento e ele me mataria, eu não teria como alcançar a adaga até ele a tempo. Somente uma coisa me veio à mente. Seriam talvez a última coisa que sairia de minha boca.

– Família, Luke. Você prometeu.

Seus braços congelaram no ar, a lâmina brilhando acima de sua cabeça. A armadura que usava começou a brilhar. Seus olhos não eram mais dourados, e sim o azul pelos quais eu sempre tive como um lugar para me confortar.

– Thalia... - Sua voz agora mudou, e era sua verdadeira voz. Ele soltou a foice, que caiu ao seu lado com um estrondo. Suas mãos estavam brilhando. Ele parou e as encarou, seu corpo ainda encima do meu. - Ele está assumindo sua verdadeira forma. Não precisa mais de meu corpo.

Annabeth grunhiu.

– A adaga, Thalia. A adaga!

Luke olhou em meus olhos e entendeu.

Mate-me.

– O quê?– Disse, com o rosto encharcado por lágrimas. Ele estava enlouquecido, mais do que quando Cronos estava em si. Sua pele pareceu mais brilhante ainda.

Mate-me. - Tirou com dificuldade partes de sua armadura, se contorcendo e lutando contra as próprias mãos. Me arrastei pelo chão, tentando sair debaixo dele, e consegui. Ele expôs uma parte debaixo de seu braço ao tirar a armadura. Luke apontou para a adaga em meu cinto. A alma do herói, a lâmina amaldiçoada deve colher – Repetiu - Mate-me. Se você tentar, Cronos pode lutar. Mas se eu tentar, ele assumiria sua forma antes que eu pudesse tocá-la em minha pele.

– E-eu não posso - Gaguejei, chorando. Ele olhou nos meus olhos.

Prometa.– Falou - Prometa que vai me matar, não importa o quanto ele lute. - Seu cabelo começou a queimar, a pele brilhava mais, os olhos cheios de uma luz dourada.

Luke continuou de joelhos, gemendo de dor. O espaço abaixo de seu braço estava exposto.

Prometa.– Murmurou.

Eu dei um último olhar em seu rosto ao desembainhar a adaga.

– Me perdoe.

Finquei a adaga contra sua pele.

Luke uivou, e seu outro braço se prendeu contra meu pescoço. Eu estava sem ar, seus dedos dourados apertando e não me deixando respirar. Os olhos dele brilharam como lava. Ele não olhava para mim, mas eu podia ver Cronos perdendo para Luke em seu olhar.

Os dedos se soltaram. Luke caiu duro no chão. Seu corpo irradiava uma aura tão forte que me fez fechar os olhos enquanto senti algo como uma explosão nuclear tão próxima que meus lábios racharam e a pele ficou sensível, como se tivesse sido queimada. Após o brilho se dissipar, seu lado direito sangrava, mas seus olhos estavam abertos. Azuis, do jeito que costumavam ser.

– Boa lâmina - Ele crocitou. Seu rosto tentou dar um sorriso que mais pareceu uma careta. Eu estava de joelhos a seu lado. Minhas mãos sangravam. Era o sangue dele.

– Você é um idiota - Murmurei, não conseguindo controlar o choro. Luke soltou uma leve risada, mas logo depois tossiu um líquido vermelho vindo de sua boa.

– Você sabia. Eu quase te matei, mas você sabia...

– Você promete-

Ele me interrompeu.

– E eu quebrei a promessa - Sua voz pareceu enfraquecer mais - Mas você... você cumpriu a sua.

Hesitei ao tocar seus cabelos loiros com a mão, os manchando de sangue.

Tossiu novamente.

– Os não reclamados... Não deixe acontecer novamente. - Murmurou, e eu assenti com a cabeça. Luke segurou minha mão, unindo o sangue da dele contra o da minha.

Ele estremeceu de dor.

Grover chegou ali, com lágrimas nos olhos.

– Nós podemos pegar ambrosia. Nós podemos-

―Grover - Luke engoliu. ―Você é o sátiro mais valente que eu já conheci. Mas não. Não há cura... - Outra tosse.

Aquilo me fez chorar como se eu fosse um bebê. Luke fez shh para mim e apertou mais forte minha mão.

Minha fraqueza também não era um pedaço do meu corpo.– Sua voz estava fraca e um pequeno sorriso maroto surgiu em seu rosto. Eu já sabia o que ele queria dizer.

Quando sua mão ficou fraca sobre a minha, percebi que eu não chorava mais.

Não consegui derramar outra lágrima. Outros vieram, preencheram o local, mas tudo que eu conseguia era segurar sua mão enquanto seu corpo estava ali, deitado no chão do Olimpo enquanto havia murmúrios e choros por toda parte.

Encarei a cicatriz que em seu rosto. Aquela era a única parte da época após Cronos que permanecia nele.

Se eu o perdoara depois de tanto tempo?

Não.

Porque eu nunca havia realmente desistido de Luke.

Uma voz perguntou:

– O que houve?

Não sei de onde tirei forças para responder.

– Nós vamos precisar de uma mortalha. Uma mortalha para um filho de Hermes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hal* Personagem do Diário de Luke Castellan em Diários do Semideus, filho de Apolo, que profetizou a traição por Luke.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Promise" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.