Me afastei de Norman rapidamente. Na altura, eu estava fria demais para qualquer sentimento, embora eu já o sentisse a muito tempo. Ele me olhou confuso mas logo desistiu de tentar me entender, se locomovendo para uma das camas que no quarto estava, sentando-se lentamente sobre os lençóis brancos.

- Por que continua fazendo isso?- Seus olhos eram fixos ao chão.

- Fazendo o que?- Perguntei.

- Me evitando- Ele suspirou- Amy, sabe o que eu sinto, por que não pode simplesmente deixar rolar?

Suspirei e caminhei até ele. Minhas pernas estavam fracas, e meu coração estava um pouco mais calmo. Sentei ao seu lado confusa do que estava prestes a fazer e então passei meus dedos em seu rosto, sentimento o sua pele ao meu toque. Me aproximei de leve e deixei que meus lábios tocassem delicadamente os seus. Seus lábios tinham gosto de caramelo, e pareciam se encaixar perfeitamente a mim. Logo estávamos colados um no outro, em um beijo que poderia ter durado por toda a eternidade, mas foi interrompido pela a falta de ar de ambos. Ele me olhou e sorriu encantadoramente, de um modo que eu nunca havia visto ele sorrir.

- Desculpa incomodar- Uma voz surgiu- Mas eu preciso levar a moça para a pena de morte.

- Pena de morte?- Me virei assustado, olhando para o inarquio a minha frente- Mas Zero disse...

- Zero não está mais no comando- Ele gritou- Agora, preciso te levar.

Norman me segurou com força, mas o inarquio veio até a mim e tentou me puxar. Comecei a gritar e chutar o homem, mas ele parecia um robô humano controlado exatamente para matar, nenhum movimento inoportuno o feria. Segurei as mãos de Norman que tentava me puxar, como se isso fosse adiantar. As lagrimas surgiram em meu rosto e por um momento eu me lembrei de Lyra, na rota para a sua morte. Suas palavras eram fracas e profundas e agora eu podia entender o sentimento que era de ser levado embora. Chutei o inarquio com força, mas tudo o que consegui foi machucar o meu próprio pé.

- Me solte, me solte- Gritei, não de uma maneira desesperadora, mas de uma maneira desafiadora- Me solte, agora.

"Zero, eles vão me matar" Eu não sabia o que estava fazendo, apenas pensei por um momento em chamar a atenção de Zero.

"O que? Como assim?" Recebi uma resposta.

"Seu próprio governo te traindo. Eles vão nos matar"

- Para de se mexer, porra- O inarquio gritou.

- Me solte- Gritei de volta.

Senti uma pancada forte em minha cabeça. Tudo escureceu e o silencio dominou meus ouvidos como uma sinfonia calma. Senti meu corpo mergulhar na escuridão e aos poucos se misturar com a eternidade. Antes que eu pudesse notar, uma pequeno som agudo surgiu em meu ouvido esquerdo, logo navegando para o outro de uma forma irritante e perturbador. Aos poucos a imagem voltou a se formar a minha frente, a tempo de eu ver uma figura mal desenvolvida sendo empurrada para longe, era Norman. O Inarquio correu em sua direção com uma faca na mão, perfurando o peito do garoto com tanta brutalidade que não consegui esconder as lagrimas que escorriam rapidamente pelo os meus olhos. Norman caiu ao chão, uma poça de sangue surgiu ao seu redor e eu não sabia dizer se ele estava morto, mas parecia estar.

Senti braços me erguendo e me arrastando para fora da sala, e quando menos esperei, meus olhos se fecharam lentamente fazendo com que eu caísse na escuridão novamente, como se minha vida fosse literalmente um abismo profundo e sombrio.