Leah narrando...

Tio Billy já estava estacionando o carro e eu não esperei um minuto sequer para sair do automóvel. 

Fui em direção a casa com o Seth ao meu lado. Tirei os sapatos assim que cheguei na porta e entrei. A casa estava tão silenciosa, sem a alegria do meu pai.

Olhei para cada  detalhe da casa que agora parecia tão diferente, estranha. Subi para o meu quarto em passos curtos. Quando eu estava abrindo a porta, meu tio Billy gritou.

- Leah, tome um banho e troque de roupa. Vamos almoçar num Restaurante perto da Praia La Push. Daqui a 30 minutos estaremos de saída. – Ele gritou do andar debaixo.

Resmunguei baixo. Eu queria dormir e só acordar quando precisasse.

Fui até o guarda-roupa, peguei um Short Bege e uma regata branca. Corri pro banheiro e tomei um banho. Como eu tinha tempo contado para me arrumar e descer, o banho foi tão rápido que eu nem pude aproveitar. Penteei meu cabelo e me vesti. Coloquei uma sandália de dedo e peguei meu celular.

Desci as escadas e esbarrei com o Jacob no final da escada. Não falamos uma única palavra. Não sei porque.

- Vamos, crianças? – Tio Billy sorriu fracamente.

Saímos de casa e fomos no carro do Seth, com o tio Billy dirigindo. E em menos de meia hora  chegamos ao Restaurante que, mesmo cedo, já estava cheio. Bem, se meio-dia está assim, imagine 14hs?

Depois que conseguimos uma mesa, sentamos e fizemos o pedido. Preferi comer algo leve, não estava com muita fome. Na verdade, eu não estava com vontade de fazer nada.

Estava olhando para o mar quando o Tio Billy quebrou o silêncio.

- Bem, sobre o que podemos conversar? – Ele olhou para cada um que estava na mesa e parou os olhos no Seth que falava no telefone.

Só agora fui reparar isso. E, isso é estranho. Ele parecia feliz, apesar da morte de nosso pai. Deveria estar falando com alguém que o agrada demais.

- Seth, diga-me. Com quem falava? – Tio Billy perguntou quando o meu querido irmão encerrou a ligação.

- Com a Jolie. – Ele sorriu envergonhado.

Desde quando Seth Clearwater fica envergonhado por falar de uma garota?

- Minha namorada. – Ele olhou para mim e sorriu. – Eu queria te apresentar hoje à noite, se possível. – Ele segurou minha mão e me olhou nos olhos. – Ela adoraria te conhecer. – Ele olhou pro Tio Billy.

- Fale um pouco sobre ela. Como a conheceu? – O Tio queria mesmo nos distrair.

- A conheci na detenção do colégio. – Todos olharam para o Seth depois do que ele disse.

- Como assim? – O tio perguntou curioso. – Na detenção? O que vocês fizeram para estar lá? – E ele parecia irritado. O Tio cuida de nós dois como se fôssemos filhos dele e eu amo tanto essa característica dele.

- Ela tacou uma bolinha de papel suja de maionese no rosto da Alexia. – Seth riu olhando para mim. – E eu respondi o diretor que tentou defender a Alexia. – Ele não parava de rir e parecia estar lembrando da cena.

Ah, como eu amo o meu irmão. E a namorada dele. Nós vamos se dar tão bem porque se ela  fez isso com a Alexia, é por que teve motivos. E se ela não gosta da Alexia, tenho certeza que seremos grandes amigas.

Ri enquanto imaginava a cena em que a Alexia, possivelmente, gritava enquanto dava seu ataque de patricinha insuportável.

- E você, filho? Aquela mocinha morena que vai lá em casa te procurando. – Tio Billy perguntava curioso tocando num assunto que ele deveria pensar que não seria chato. Pelo menos, não para ele.

O Jake nem tinha começado a falar do seu rolo com a Georgia e eu já estava com ciúmes. Merda, porque? Ciúmes do Jacob? Pára.

Olhei para ele esperando a resposta e reparei que os Garçons começaram a chegar com a bandeja das comidas. Churrasco e Fritas.

- Sabe, pai. Ela é só uma amiga... – Jake falou com um sorriso estampado.

- Amiga? Sei... Só se for amizade colorida. – Seth riu e eu fingi estar feliz com o assunto quando o Tio Billy olhou para mim confuso.

- Pode falar a verdade, a Leah não vai se importar. – Ele zombou de mim sem saber o efeito que a frase dele tinha causado. Ou será que ele sabia e tinha falado de propósito? Me encolhi na cadeira pelo pensamento que tive.

- Não, claro que ela não vai. – Jacob falou sério e visivelmente irritado.

Por que, Deus? Esse garoto só pode ficar tão irritado pela minha existência, tem que ser isso. Tudo que tem meu nome incluído o incomoda. É, Leah. Depois da sua burrada de três anos atrás, o clima tinha que ficar assim.

- Bem, estamos se conhecendo melhor, por enquanto. – Ele me encarou como se quisesse implicar comigo mas é claro que eu não daria esse gostinho para ele.

- Sério? Fico feliz por vocês. Como estou emocionada por ter sido o cupido que juntou esse casal tão fofo. – Por mais que eu não quisesse agir assim, o meu tom de voz pareceu tão irônico.

- Jura? Parece o contrário. Que você está incomodada com isso. – Seth riu inocente sem saber do que falava.

Meu Tio Billy só ficava olhando para mim e para o Jake como se parecesse entender algo que não estávamos falando, como se ele tivesse percebido o ciúme que estou sentindo.

Comi minha comida enquanto escutava o Jake falar das qualidades da Georgia, como a conheceu e detalhes de encontros que já tiveram. Definitivamente, este assunto não estava me agradando. Por mais que eu devesse ficar feliz, por mais que eu tentasse, não conseguia.

Olhei para o mar e senti a brisa gelada bater de encontro com meu rosto. Não me acalmou tanto mas eu senti que poderia agüentar esse almoço em família por mais alguns minutos.

Levantei da mesa depois de ter avisado ao meu tio que iria um pouco para o Sol. Ele hesitou com aquele jeito protetor de pai, preocupado que eu fosse de barriga cheia para a água.

Depois que o convenci, me retirei da mesa e fui direto para a praia. Talvez  um Sol acalmasse meus nervos e a areia passando por meus dedos com certeza me distrairia.

Sentei na areia e fiquei afundando meus pés na areia. O tempo passava e eu tinha a oportunidade de esvaziar minha mente. Estava mais tranqüila até que levei um susto quando ouvi um latido a minha volta.

Ué, cachorros são permitidos neste lado da Praia? Olhei a minha volta e vi um cachorro sentado na calçada.

Forcei minha vista em meio a claridade do Sol que batia direto em meus olhos e notei que já tinha visto aquele cachorro em algum lugar. Espera, não é aquele que eu vi no Cemitério?

Levantei da areia e fui até ele. Sim, era o pequeno cachorro que estava chorando.

Sentei ao seu lado e comecei a acariciá-lo. Ele tem o pêlo bege e parece um filhote de Labrador. Pelo visto, também tem dono. Olhei para a sua coleira. Estava escrito Rex.

- Pequeno Rex. – Falei ainda fazendo carinho nele e parecia que ele tinha entendido. Balançou o rabo feliz ao ouvir seu nome.

Quando um vendedor ambulante passou perto de mim, comprei um sorvete em copo e uma garrafa d’água. O pequeno Rex deveria estar com sede.

Olhei a minha volta e ele não parecia estar acompanhado. Talvez more perto e está aqui porque conhece o caminho.

Tomei uma parte do sorvete já que o final do pote, Rex atacou. Sim, ele estava com sede. Peguei um pouco de água e limpei os vestígios de sorvete que tinha no pote. Depois de limpo, coloquei água para o Rex que tomou bem rápido.

Olhei para o mar quando o cachorrinho se aquietou ao meu lado.

- Sabe, Rex. Eu perdi dois dos meus melhores amigos. Meu pai morreu e Jake nunca mais voltará a falar comigo como antigamente. – Falei e olhei para o mar.

De repente, ouvi um barulho ruidoso de salto batendo no concreto da calçada e por um instante, pensei que fosse a Alexia e não é que eu estava certa?

Olhei na direção em que ela estava vindo junto com mais cinco garotas. Aquele sorriso nojento estampado combinando com a expressão cínica que só ela tem.

- Olha se não é a Leah Bosta? – Alexia falou parando bem na minha frente. – Ela não está exatamente no lugar que deveria estar? No chão ao lado dos cachorros. – Ela riu junto com suas amigas.

- Alexia, eu não estou afim de me estressar com você. Será que você não poderia me dar uma folga hoje? – Falei me lembrando do meu pai.

- Te dar uma folga? Querida, é você que vive me perseguindo. Sempre querendo ser como eu,  né? – Ela sorriu mostrando todos os dentes e grande parte da gengiva. Pra que abrir tanto a  boca assim, se ela pode sorrir de boca fechada?

Voltei meus olhos para o mar tentando não me importar com o que a Alexia poderia falar, o que poderia ser difícil.

- Ah, ela não tem coragem mesmo que se defender. É uma garota mimada, idiota, covarde que não sabe se defender. Só sabe ficar se amostrando enquanto tenta inutilmente realizar um sonho estúpido. – A nojenta ria num tom estridente. – Tá querendo se juntar as putinhas do Circo? Tenho certeza que vai fazer aquele seu malabarismo com os garotos. Vadia do jeito que você é. – A merda de garota continuava me humilhando e o Rex parecia estar entendendo porque ele estava tão quieto. Eu posso jurar que ele só estava esperando uma deixa para morder o coto de perna dessa ridícula.

Continuei olhando para o mar tentando ignorar a vaca que roubou meu namorado. De longe eu vi o Seth e o Jake saindo do Restaurante.

Alexia continuava cacarejando em meu ouvido na tentativa de me irritar mas como eu não estava dando a mínima atenção para ela, ela continuava pegando mais pesado.

Meu irmão se aproximava com meu ex-amigo e ambos pareciam confusos pela minha tranqüilidade. Até eu acho isso porque se fosse outro dia, eu já teria dado uns belos tabefes nessa tábua ambulante.

- O que está acontecendo aqui? – Meu irmão falou se aproximando de nós com o Jake ao lado.

- Nada que te interessa, pirralho. – Olhei para ela depois do que ela disse.

Ela disse isso mesmo? Não, eu não admito. Quer arrumar confusão comigo, tudo bem. Agora,  incluir pessoas que eu me importo, já é sacanagem.

Seth arregalou a sobrancelha direita demonstrando que começava a ficar incomodado com o abuso dela.

- Vem cá, Alexia. Você não tem o que fazer? Por que você não volta ao Ethan e continua a orgia de vocês? – Jacob se meteu na confusão defendendo o Seth, é claro. Se ele comentou sobre o Ethan, não teve tanta importância. – A Leah não te deve nada e você vive correndo atrás dela para saber o que tem de novo para imitar ou roubar. – Tá, agora ele só está sendo amigável.

Ela ficou séria e olhou para o Jake como se não acreditasse no que estava acontecendo.

- Vem cá, Jacob. Você acha que tem direito de me dirigir a palavra? Você é um cachorro, idiota, estúpido. Só pensa em você e não tem nenhum amigo. Pra mim, você não existe. É exatamente um cachorro sem raça, sem dono. Eu abomino sua existência. – Ela cuspiu tais palavras e juro, foi como se alguém tivesse me batido para que eu acordasse e me defendesse.

Ela me humilhou, até aí tudo bem. Destratou do meu irmão, algo que mexeu comigo. Aí ela vem e ridiculariza o Jacob? Haha... Ela arrumou confusão comigo. Chegou ao limite da minha paciência.

Levantei do chão e fiquei na frente da Alexia que me olhava com desafiador.

- Você... Desde quando tem esse direito de vir até mim e me irritar assim? Você deve se odiar mesmo. Quer tanto ser como eu que nem isso consegue fazer direito. – Gargalhei na cara dela. – E você está de parabéns. Conseguiu me fazer chegar ao limite da paciência que eu nem imaginava ter. – Continuei rindo.

Fui até o Jacob que fulminava a Alexia com olhares cheio de ódio.

- Você me irritar é uma coisa, agora humilhar o Jacob e destratar do meu irmão? Haha... Você não devia ter feito isso. A maneira como você age me mostra a vadia invejosa que você é. E a ceninha que você fez agora me mostra a idiota que é. Inútil, imbecil. Não consegue fazer nada direito, não é? Não tem classe nem para humilhar alguém. – Respirei fundo. Já que eu comecei agora eu vou acabar com ela. – Você é uma intrometida que se mete onde não deve. É imprestável, insignificante, desprezível. Arrogante como você, acho que não tem ninguém. Eu tenho repulsa e pena de você. – Apontei para ela. – Alguém como você não deveria ter nascido,  nunca. -  Fui interrompida quando o Seth me segurou.

Eu estava calma. Não partiria para a porrada quando eu posso muito bem acabar com ela com uma classe que ela nunca imaginou ter e isso tudo, eu faço sem descer ao nível dessa idiota.

- Sua vagabunda de merda, filha bastarda de uma mulher que, com toda certeza, não soube te educar. Você poderia ter sido uma pessoa diferente mas desde que eu te vi você parece uma desgraça para a raça humana. Não vale o oxigênio que respira. Porque você não volta para o seu mundinho, some da minha vista e me livra do sofrimento da sua presença? – Terminando de falar olhei para ela que me olhava furiosa.

Por um segundo, eu fiquei com pena dela. Confesso, peguei pesado mas já tem um tempo que ela estava precisando ouvir umas boas verdades.

Fiquei olhando para ela até que ela sumiu da minha frente. Seth se contorcia de tanto rir.

- Cara,  você acabou com ela. – Ele me abraçou. – Obrigada por ser minha irmã. – Ele riu e foi até o restaurante.

Fiquei ali sozinha com o Jacob.

- Bem, eu acho que devo te agradecer. – Ele gaguejou.

Será que nem quando eu ajudo, ele vai ser um bom amigo?

- Não gaste seu tempo com isso. – Tudo que ela falava ou fazia perto de mim parecia machucá-lo. Seria uma tortura me cumprimentar?

Eu já estava irritada por causa da Alexia, não queria descontar no Jake.

Saí de perto dele e fui na direção do Restaurante. No meio do caminho eu parei e olhei para trás. O Rex tinha sumido. Acho que o dono dele deve ter chamado ou algo assim.

Chegando até onde Tio Billy estava, fui com ele até o carro do Seth. Eles já tinham pagado a conta.

Estávamos chegando em casa Seth começou a comentar sobre a discussão na praia. Eu nem quis comentar nada. Fiquei quieta na minha até que ele estacionou.

Entrei em casa e subi direto pro meu quarto. Como já deveria ser umas 16h30, tomei um banho e deitei.

Não tinha mais nada a fazer, ninguém para conversar. Adormeci em pouco tempo.