Mama Dean escrita por Lady Padackles


Capítulo 4
Meu ursinho querido


Notas iniciais do capítulo

Esse ficou bem curtinho... Mas espero que gostem!



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Sam não podia acreditar, mas infelizmente tudo se encaixava... Seu irmão era o bandido que roubara o ursinho de pelúcia da pobre menininha... Mas por que ele haveria de fazer isso? Sam não queria acreditar que Dean estava completamente louco. Seria um ato de sonambulismo? Sam fez um esforço e lembrou-se que uma vez, Dean, com sete anos, levantara da cama ainda dormindo... Talvez na mesma noite em que Sam lembrava ter visto um duende voando no quarto... Bem, ele só tinha três anos... Não importava... Dean só podia ser completamente sonâmbulo.

Sam pensou em acordar o irmão, mas depois desistiu. Ele estava doente, talvez dormir um pouco lhe fizesse bem. Se ele pegasse o ursinho e devolvesse a verdadeira dona, Dean nem precisaria saber do que fizera. O Winchester mais novo sabia o quanto seu irmão se martirizaria sentindo culpa pelos seus atos. Dean era muito correto... Com certeza não se perdoaria por ter assaltado e aterrorizado uma pobre criança.

Lenta e cautelosamente, Sam ergueu o braço de seu irmão com cuidado e retirou o urso. Dean se remexeu sonolento na cama. O caçula já estava abrindo a porta para sair quando ele finalmente abriu os olhos e sentiu falta do brinquedo.

– Meu filho! – ele gritou aterrorizado.

Sam assustou-se e se aproximou do irmão.

– Dean? O que ouve?

Dean avistou seu ursinho dependurado, sendo segurado de qualquer jeito. Levantou-se da cama em desespero.

– Me devolve o ursinho, Sam!

Como assim? Então Dean sabia do ursinho? O furto havia sido proposital?

– Você roubou esse urso, Dean... Por quê? – Sam estava abismado.

Talvez Dean pudesse ter pensado em alguma desculpa. Poderia ter facilmente inventado que o urso estava amaldiçoado ou coisa assim. Entretanto o desespero não o deixava pensar. Tudo o que queria era recuperar seu filho. Tinha muito medo que Sam o derrubasse no chão.

– Devolve o meu ursinho – ele disse então, indo em direção ao outro caçador.

Sam afastou a mão que segurava o urso. Dean teria que se explicar... Não podia sair por aí agindo como um maluco. De doido já bastava Castiel...

Dean tentou pegá-lo, e eles lutaram um pouco. Quando Sam quase derrubou o ursinho no chão, o louro congelou. Estava colocando em risco a integridade do bebê. Ele então se afastou aflito.

– O que você pretende fazer com ele? – Dean perguntou ao irmão, tomando fôlego.

– Vou devolver à dona... Uma garotinha de uns quatro anos que está chorando pra caramba... – Sam respondeu em tom repreensivo.

– Não, Sammy... Deixa eu ficar com ele... – O Winchester mais velho implorou.

Dean sabia que estava soando extremamente patético. Sam olhou para ele incrédulo. Não iria ceder. Ele estava indo em direção à porta... Ia devolver o urso à menina.

Dean não sabia mais o que dizer ou o que fazer. Então simplesmente abriu o maior bocão. Começou a chorar desesperado.

– Dean... – diante daquela cena, Sam voltou para perto do irmão.

– O que está acontecendo com você? Por que está chorando? – ele perguntou alarmado.

Entre soluços, o irmão mais velho falou:

– Sammy, devolve o meu ursinho...

Se já era triste ver uma garotinha de quatro anos chorando por causa de um ursinho de pelúcia, ver um homem de trinta e quatro chorando pelo mesmo motivo era de partir o coração.

– Toma, Dean. Para de chorar... – o moreno disse estendendo o brinquedo em direção ao irmão.

Dean não hesitou. Agarrou o urso e o segurou nos braços de forma carinhosa. Depois, diante do olhar perplexo do irmão, pegou um cobertor e enrolou o brinquedo com cuidado, como se fosse um bebê.

– Você vai me explicar o que está acontecendo? – o irmão mais novo perguntou incrédulo.

– Ele está com frio... – o louro respondeu. Ao contemplar o olhar atônito do outro, percebeu que não era esse tipo de resposta que Sam esperava...

– Eu tinha um ursinho de pelúcia igualzinho quando eu era pequeno... Mamãe me deu... – Ele então se justificou, ainda fungando. Sam sabia o quanto ele era sentimental em relação à sua infância, principalmente quando era algo relacionado à mãe.

– Eu não me lembro de você brincando com ursinhos... – Sam comentou pensativo.

– Claro que não se lembra... Você estragou meu brinquedo. Acho que depois que você comeu as orelhas dele papai deve ter jogado fora...

Dean lembrou-se do urso surrado com as orelhas comidas. Não era nem de longe tão bonito quanto o brinquedo que acabara de roubar... Lembrou-se também do pobre bebê Sammy vomitando o berço todo por ter engolido as orelhas do bicho. Dean tinha cinco anos, e nem reclamou quando John jogou o ursinho no lixo... Não, ele não era tão apegado ao brinquedo quanto acabara de revelar ao irmão... Apenas precisava justificar seu gesto de alguma maneira convincente.

– Comi as orelhas dele?! – Sam pareceu espantado.

– Você era pior que um filhote de cachorro, Sammy... – Dean falou de forma acusatória.

– D... Desculpe, Dean... – o mais novo falou baixando os olhos.

– Não tem problema... Consegui outro igual...

Sam pareceu pensativo:

– Mas, Dean... Isso justifica roubar uma criança? – perguntou.

Dean estava com o ursinho aconchegado nos braços. Estremeceu só em pensar que Sam queria entregar seu filho para uma pirralha.

– Sammy, ela deve ter outros brinquedos... – o caçador falou com a voz tremida e os olhos cheios d’água. Em seguida lançou ao brinquedo um olhar tão terno que Sam se assustou. Desistiu por completo de insistir. Talvez Dean estivesse apenas inseguro, abalado com o fato de Cas estar surtado... Sam nem queria pensar da possibilidade de seu irmão ter enlouquecido também...

“Pelo menos ele levantou da cama e parece bem disposto...”- pensou o caçula.

– Tudo bem, Dean, fique com o ursinho – ele então disse por fim, fazendo o louro sorrir aliviado.

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Haviam deixado o motel há meia hora. Sam estava feliz por finalmente estar voltando para casa... Olhou para o banco do carona. Seu irmão parecia um garotinho deliciando-se com um enorme pedaço de torta de maçã. Segurava o doce com uma das mãos enquanto na outra, embalava o ursinho de pelúcia. Sam não pôde conter um sorriso. Dean era fofo... Que se danasse a garotinha melequenta... Sam até roubaria outros brinquedos se fosse preciso para alegrar seu irmão...

– Está gostoso? – o Winchester mais novo perguntou.

– hum hum – Dean respondeu com a boca lotada de torta, balançando a cabeça afirmativamente.

– Não vai oferecer um pedacinho para o urso?

Dean fez cara indignada: - Sammy, eu não sou criança! Ursos de pelúcia não comem tortas...

Sam riu.

– Você está se sentindo melhor?

Dean fez que sim com a cabeça. O Winchester mais novo ficou feliz. Notou o ar frio que começava a invadir o carro juntamente com o cair da tarde. Talvez Dean devesse se agasalhar melhor...

– Por que não se cobre, está ficando frio... – sugeriu.

Dean olhou o cobertor que envolvia o ursinho e, por conseguinte, também seu filho...

– Não. O cobertor é do ursinho – grunhiu baixinho.

Sam achou melhor nem comentar... Dirigiu o mais depressa que pôde. Talvez quando chegassem em casa a vida voltasse ao normal. Pelo menos ele torcia para isso...


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