Segredos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 7
À beira de um acordo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Kokoro Tsuki!
Ela nem é fã de Sasuke e Sakura, mas recomendou a fic. *.*
Adorei, linda!
Beijos!

Eu disse que a fic teria uns seis capítulos, mas como ainda tem coisas para resolver, ela será estendida só mais alguns capítulos. É isso gente.



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Uma mulher furiosa cruzou a sala em tempo recorde. Com a postura ereta e uma língua afiada, Mikoto adentrou o escritório do marido, sem bater. Imediatamente o olhar azedo do homem caiu sobre a esposa, indicando a ela que não era um bom momento para certos debates.

–Pela primeira vez na vida tive vergonha de ser sua esposa.

–Mas o que é isso agora? – olhou-a com reprovação e surpresa. –Você está se rebelando por causa daquelas pessoas?

–Àquelas pessoas merecem respeito tanto quanto nós. - ao ouvi-la tão compenetrada em cada palavra que dizia, Fugaku coçou o queixo, como se tivesse avaliando a esposa. –Você mal olhou para eles. Por acaso, entendeu o que eles queriam com nosso filho?

Ele respirou fundo, só então percebendo que se deixara levar pela arrogância.

–Admito que fui muito grosseiro, mas tente chegar ao meu ponto de vista. – pediu calmamente, sem muito esperar da esposa. –Pessoas que nunca vimos na vida batem em nossa porta e diz que somos avós de um bebê que nem mesmo Sasuke sabe da existência. Foi um choque para todos saber disso de supetão, entretanto, você e Sasuke aceitaram bem isso, mas eu agir apenas com sinceridade. Pareço cruel, impiedoso por ter dito coisas que feriram a honra e os sentimentos de uma jovem moça, mas minha intenção não foi essa. – disse tranquilamente, sem desviar o olhar. –Se eles estão mesmo dizendo a verdade, não tem porque se ofenderem se pedirmos um teste...

–Você pensa em um exame estúpido quando deveria ter segurado seu neto! – interrompeu-o. –Se quer agir por instinto, ponha aquela criança nos braços, e sinta seu sangue correndo nas veias dele como eu sentir!

–Você tem um coração mole, eu não.

Mikoto se sentiu inútil. De nada adiantaria seus esforços para convencer o marido a mudar sua visão deplorável. Sabia que seus métodos de abordagem não funcionariam com ele, porque agia mais com o coração, e não com técnica, como o próprio Fugaku costumava agir.

–Se você quer assim, assim será. – disse despertando o interesse dele. –Penso que Sakura venha a fazer um exame de sangue do filho só para satisfazer você. E se isso acontecer ficará comprovado que Daisuke realmente é seu neto, e finalmente você vai poder reconhecê-lo como parte da família. Caso você não tenha pensado nisso com o coração, futuramente você apenas terá um pedaço de papel que um dia nutriu suas exigências, mas que nunca poderá fazer seu neto amá-lo.

–O que...

–Você não está apenas magoando aquela moça, também está magoando Sasuke, e como consequência magoará seu neto. – respirou fundo na tentativa de repelir o desconforto que sentia. –Não deixe que ele se afaste de você.

Vendo a esposa sair, Fugaku respirou o mais fundo que poderia. Sua postura era de um homem pensativo, seu olhar era distante. Talvez ele estivesse lutando contra a si mesmo ou poderia está esforçando-se para entender seus primórdios sentimentos. Há quanto tempo não se sentia tão culpado?

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Avistou o pai comtemplando a vista da pequena sacada. Ele parecia concentrado na imagem ampla da cidade cinzenta, mas Sakura sabia que seus olhos cansados olhavam tudo aquilo sem emoção, por que seus pensamentos não permitiam uma única distração.

–Pai? – chamou por ele antes de se aproximar.

Kentaro assustou-se e olhou para trás. Observou os olhos verdes da filha não mais fixarem seu rosto, mas sua mão, segurando entre os dedos um cigarro aceso.

–Venha. – incentivou com um breve aceno de mão.

–Pensei que o senhor tivesse parado de fumar. – disse ela olhando o cigarro entre os lábios dele.

–Eu parei. – livrou-se do cigarro ao vê-la tão incomodada. –Hoje foi uma exceção.

–Por minha causa? – perguntou olhando-o fixamente. –Voltou a fumar por minha causa?

–Claro que não. – seu coração encheu-se de melancolia. –Prometo que nunca mais vou voltar a pôr um cigarro na boca.

–Obrigada. – agradeceu por ele não dizer que os problemas dela induzia-o de novo ao vício. –Sinto muito por eu está lhe causando tanta decepção. – respirou fundo como se sua vida dependesse de um sopro. –O senhor me ensinou tantas coisas e eu não aprendi nada.

–Não devemos nos culpar pelos erros do passado, mas seguir em frente, e tentar fazer o certo.

Ela sorriu docemente. Sempre ouvira aquela mesma frase sendo pronunciada por ele. Seu pai tinha sentimentos de otimismo, por isso suas forças se regeneravam em meio ao caus. Ela só não tinha certeza que, aquela mágoa no coração dele, seria repelida no dia seguinte.

–Eu disse que seria uma boa médica, não é? Eu disse que você e a mamãe teriam orgulho de mim. – seus olhos lacrimejaram. –Eu queria ter sido uma boa filha para vocês.

Ele ouviu o choro dela, podia até sentir o peso de cada lágrima. Ela lhe pedia ajuda, por que uma grande avalanche de culpa lhe sufocava.

–Não chore. – pediu abraçando-a. –Você é uma boa filha. – dedos gentis secaram as lágrimas dela. –Temos muito orgulho de você. – disse com a voz branda e um sorriso aliviado. –Você poderia ter feito um aborto e nunca saberíamos. Em vez disso, decidiu nos poupar, e teve um filho sozinha, sem nossa ajuda. Como não estaríamos orgulhosos?

Sakura o abraçou fortemente, sorrindo por que o pai não a desprezava como chegara a pensar.

–Daisuke têm bons pais. – ela olhou-o intrigada. –Estou sim me referindo a Sasuke. – explicou para o espanto da filha. –Ele é um bom rapaz, embora tenha um pai desprezível. – o humor evaporara ao pensar em Fugaku Uchiha. –O que você pretende fazer de agora em diante?

Sakura sentiu o reconhecimento do pai. Ele voltava a entregar as rédeas de sua vida.

–Sasuke disse que não devo explicação ao pai dele, por isso decidi que não preciso provar nada ao senhor Fugaku. – Kentaro sorriu satisfeito. –Vou ficar só mais alguns dias em Tókio e logo voltarei para Osaka.

–Uh. – murmurou pensativo. –Quanto ao pai de Daisuke?

–Não entendi.

–Você quer criar seu filho longe dele? – Sakura pensou na pergunta. –Parece que é uma questão de tempo para ele se apegar muito ao menino, sem contar que a senhora Mikoto já venera o neto.

Sakura deparou-se com outro problema. Em breve ela estaria levando Daisuke daquela cidade, mas os vínculos afetivos ficariam para trás. Será que Sasuke se oporia?

XXXXXXXXX

–Nunca pensei que você pudesse ser pai antes de mim.

Sasuke crispou os lábios ao ouvir o comentário do irmão. Itachi fora o único a não sofrer impacto com a notícia de mais um membro na família, sendo esse seu sobrinho.

–Na verdade eu pensei sim, mas por ver Saya e você tão apaixonados. Imaginei que logo se casariam e teriam filhos. – Sasuke concordou como se ele também tivesse pensado a mesma coisa. –O que você vai fazer agora?

–Já passei o caso a Azuma. Quero que meu filho tenha meu sobrenome o mais rápido possível.

–Azuma é um ótimo advogado. Fez a escolha certa. – inclinou na cadeira saboreando um suco natural de morango. –Estou perplexo com a atitude do nosso pai.

–Não tanto quanto eu. – disse levantando-se. –Sinceramente não me importo com o que ele pensa ou deixa de pensar. Não vou constranger Sakura só para que as vontades do todo poderoso Uchiha sejam satisfeitas. – foi à janela e contemplou a visão do céu nublado.

–Então, meu sobrinho se chama Daisuke?

–É. – confirmou deixando o sorriso sobressaltar suas emoções ao falar do pequeno.

–Como ele é? – perguntou Itachi manifestando o interesse de conhecer o sobrinho.

–Têm olhos verdes como os da mãe, mas os dele são um pouco mais escuros, e o cabelo é tão negro quanto o meu. Futuramente ele será minha cópia exata.

–Com exceção dos olhos. – brincou Itachi. –Pela pouca descrição que ouvi sobre Sakura Haruno, imagino que ela seja muito bonita, senão você não teria se enfiado numa confusão dessas.

–Ela é muito bonita. – virou-se para o irmão. –As pessoas costumavam saber quem ela era pelos olhos verdes marcantes. – os pensamentos sobre Sakura levavam-no, exatamente, para o pátio da universidade, quando ele a via em destaque dentre muitas. –Ela era como um ponto vermelho numa vasta extensão.

–Uh. – murmurou observando o irmão atentamente. –A garota que você teve alguns encontros e passou uma noite juntos... Foi com ela, não é?

Não tinha como escapulir daquela pergunta. –Foi. – mais uma vez sua mente voltava no tempo e via um cenário diferente; os lugares onde aquela história tinha começado. –Eu a procurei por tantos lugares, e quando finalmente achei que eu nunca mais a viria, a encontro na minha sala, à minha procura. – suspirou olhando o irmão. –A vida é mesmo irônica.

–É o que eu sempre digo.

XXXXXXXXX

–Será que você nunca vai deixar essas perninhas quietas, mocinho?

O filho sorriu para ela, obrigando-a a deixar o macacãozinho de lado.

–Sakura?

–Pode entrar. – disse se levantando para receber outra pessoa ao invés da mãe. –Senhora Mikoto! – sorriu ao vê-la tão feliz e exuberante.

–Desculpe ter vindo tão cedo, mas... – olhou o neto só de frauda na cama, com os bracinhos e pernas balançando em animação.

–Um dia ele está irritado, no outro ele está feliz, e eu fico louca tentando me adaptar a essa mudança brusca de humor. – disse percebendo que a mulher só tinha um único foco: o neto.

–Veja como ele está feliz. – sorriu abobalhada. –Ele não gosta de muita roupa, é por isso que estava tão irritado ontem. Posso pegar?

–Ele é todo seu.

–Ahh! – suspirou pegando o neto com todo carinho que lhe fosse possível. –Sasuke também não gostava de muita roupa nessa época do ano. Quando ele fez quatro anos só queria viver dentro da piscina. Eu vivia molhada quando estava com ele.

Sakura riu imaginando-o correndo pela casa todo molhado.

–A senhora quer beber alguma coisa?

–Obrigada. Sua mãe já me serviu um suco. – olhou o quarto em volta e não se agradou muito com as acomodações. –Daisuke não tem um berço?

–Ele dorme comigo. Na verdade ele sempre dormiu comigo, mesmo tendo um berço no meu antigo quarto.

–Eu insisto para que vocês se hospedem na minha casa.

–Agradecemos o convite, mas não podemos aceitar.

–É por causa do meu marido, não é? – Sakura encarou o chão em constrangimento. –Eu peço desculpas pelo que aconteceu ontem.

–Está tudo bem. – ela realmente estava disposta a esquecer. –Sasuke está aqui?

–Está conversando com seus pais.

Sakura sentiu as pernas tremerem. Ela esperava fazer parte daquela conversa, pois temia que todos viessem a se alterar.

–A senhora pode cuidar dele um instante?

–Isso não é um pedido, é um convite maravilhoso.

Chegara à cúbica sala em passos minuciosos. Levou a mão ao peito ouvindo a calmaria do lugar, sinal que a conversa prosseguia de forma civilizada. Atrás da parede ela se escondeu, sem querer interrompê-los.

–Sabemos que você não tem culpa. – disse Kentaro. –Confesso que me senti aliviado, por isso me encorajei ao tomar a decisão de procura-lo.

–Obrigado por ter pensado dessa forma. – Sakura fechou os olhos ao ouvir a voz de Sasuke. Por um bom tempo ela se culparia por tentar afastá-lo do próprio filho. –Não culpem somente Sakura, eu também tenho culpa. De certa forma eu cheguei a iludi-la.

O silêncio na sala deixou-a tensa.

–Sua mãe me disse que o advogado já está cuidando da documentação para a inclusão do seu sobrenome. – comentou Aihara.

Sakura respirou em alívio.

–Não sei o tempo exato que leva essas coisas, mas ele está fazendo o possível para que o documento fique pronto.

–Que ótima notícia. Não pretendemos ficar aqui por muito tempo. – revelou Aihara.

–Eu pensei que vocês ficariam aqui por mais uns dias. – Sasuke parecia está surpreso.

–Não podemos tardar nosso retorno. – disse Kentaro. –Temos uma pequena loja para administrar, além do mais, Daisuke precisa de um lugar de paz, e um hotel não é um lugar adequado.

–Entendo. – pelo tom de voz Sakura deduziu que ele estava decepcionado. –Achei que eu pudesse passar mais tempo com meu filho. Eu mal o conheço ainda.

–Não sabemos o que dizer. – falou Kentaro em desconforto. –Você e Sakura devem conversar e chegar a um acordo.


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