The Love Never Dies escrita por Louigy


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

* Nos vemos nas notas finais, boa leitura! =]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407600/chapter/1

Seus olhos pareciam uma miniatura do céu: continham um infinito de azul. Ficava até difícil escolher entre continuar encarando tal maravilha ou encarnar em outra que era o seu beijo. Beijá-lo era a oitava maravilha do mundo, disso eu tenho certeza.

— Anna, de novo? — Sorri abobalhada após a pergunta de Scarlet. A garota ruiva me conhecia como ninguém e, por conta disso, conseguia ler minha mente.

— Nem acredito que finalmente estamos juntos, depois de tanto tempo... — Suspirei. — Às vezes nem acredito nessa felicidade toda.

Scarlet apertou minha mão pousada em cima da mesa do refeitório e deu seu sorriso mais confiante.

— Vocês foram feitos para ficar juntos, todo mundo consegue ver isso.

— Ele vai me apresentar para a família dele essa noite, acredita? Eu tô nervosa, nunca passei por essa situação. Será que vão gostar de mim?

— Por favor, Anna! Me diga, quem não gosta de você?

Algumas horas depois olhava-me no espelho tentando acreditar em tal frase, que eu não desagradaria ninguém. Só de imaginar a reprovação dos pais do meu recém-namorado minhas pernas tremiam e meu coração palpitava.

Dei uma última olhada no espelho para afirmar que a roupa era apropriada. Meu vestido bem comportado me dava um ar mais sério ao mesmo tempo que o meu rosto denunciava minha idade. Estava ótimo para a situação.

Fiz um último ajuste no meu cabelo e finalmente conformei-me com o reflexo do espelho. Minha pele obtinha um pequeno bronzeado natural pelo fato do meu amor por praias, porém meu cabelo permanecia negro como sempre fora. Meus olhos verdes transmitiam uma inocência exagerada que eu não gostava pois, juntamente com minha estatura baixa, trazia certa fragilidade a minha aparência.

— Nervosa? — Uma mulher parecida comigo, contudo mais velha, perguntou da porta. Minha mãe fora a primeira a saber sobre meu namoro e o apoiou desde então.

— Claro. Hoje eu tenho que ser perfeita. — Mesmo tentando controlar, minha voz saiu um pouco fraca.

— Minha querida, todo mundo tem defeitos. Por mais que pareça, você não é exceção. Mas eles irão te amar mesmo assim. — Deu um pequeno beijo na minha testa. — Agora termine de se arrumar que tem gente esperando você há uma hora. — Sorriu e saiu.

Dois minutos depois, após tomar coragem suficiente, fui em direção a Robert.

Prendi a respiração instantaneamente como em todas as vezes em que o vi. Nenhuma característica sua era muito diferente da minha, no entanto sua beleza me encantava um milhão de vezes mais. Cada detalhe parecia ter sido esculpido com o maior dos cuidados, resultando em uma obra mais do que prima.

Ao me ver, seus olhos sorriram mais do que seu sorriso.

— E eu pensando que era impossível você ficar mais linda.

— Sei como é, sempre me surpreendo com você também. — Sorri e pulei para a parte mais deliciosa do nosso encontro, que era sentir o gosto de menta e canela nos seus lábios.

— Bom, por conta de uma mocinha, nós estamos um pouco atrasados. Melhor irmos logo. — Falou depois de nos separarmos e deu seu sorriso de anjo.

Respirei fundo enquanto nos despedíamos de minha mãe e entravamos em um carro preto modesto, esforço do trabalho de Robert nas férias.

Quase meia hora depois, estávamos em frente a uma casa vitoriana que não era muito diferente das outras presente na rua. O único detalhe que realmente chamava atenção era o jardim bem cuidado de todos os tipos de flores. Era de lá que Robert pegava alguns lírios que frequentemente me presenteava.

— Não se preocupa, todos irão adorar você. — Deu um pequeno beijo em meus lábios e saiu para abrir a minha porta. Encantei-me com o gesto e eu sorria quando peguei a mão que ele estendia para mim.

Tentei me acalmar ao máximo enquanto adentrávamos o hall da casa e íamos em direção a sala, local onde todos nos aguardavam.

— Ah, nossa convidada de honra chegou! — Uma mulher de seus 40 anos levantou e veio em minha direção. — Você deve ser a especial Annabelle. Estamos todos contentes em finalmente conhecer você. E curiosos também, Robert nunca nos apresentou ninguém. — Então deu-me um pequeno abraço. — Sou a Sra. Chandler, mas pode me chamar de Rose.

Sorri quase aliviada enquanto sentia a esfera acolhedora ao redor da Sra. Chandler. Ela não parecia chateada pelo fato do filho ter levado uma garota para casa, como a maioria das mães enciumadas ficam.

— Sim, eu sou a Annabelle Gruen. Mas pode me chamar apenas por Anna.

— Prazer, Anna. Eu sou Octávio, pai de Robert e seu sogro agora. Por favor, não vamos nos tratar com formalidades. — Um senhor com traços ainda jovens sorriu para mim e estendeu sua mão, a qual eu apertei alegremente.

— Essa é a sua namorada, Robert? Ela é linda, parece com minha boneca que a Lílian me deu. Qual é seu nome? — Uma garota de seis anos, com olhos sonhadores e sardas nas bochechas salientes pergunta a mim.

— Meu nome é Anna, e o seu? — Pergunto agachando-me para ficar na sua altura.

— Roberta. Meu nome combina com o do Robert porque nós somos gêmeos, você sabia? — Sorri ainda mais quando ela me deu um pequeno beijo na minha bochecha e chamou seu irmão mais velho para cochichar em seu ouvido. Feito isso, ele sorriu na minha direção e fez um sinal de "sim" com a cabeça.

— Guardando segredos de mim já? — Fingi indignação e Roberta riu.

Espanto-me quando ouço som de botas batendo no chão e avisto uma garota da minha altura subindo as escadas.

— Desculpe-me por Lílian, nossa outra filha, ela não está nos melhores dias hoje. — A Sra. Chandler fala meio afetada e Robert respira fundo.

— Bom, só sei que ela vai perder uma ótima noite em família! — O Sr. Chandler dribla a situação e nos chama para a mesa de jantar.

...

O jantar fora quase perfeito. A comida estava deliciosa e os pais de Robert me deixaram mais do que a vontade. Apesar de ser a primeira vez que estivera em sua casa, sentia-me já como da família. O que Roberta não acharia ruim, já que me monopolizou por quase uma hora me mostrando suas bonecas e contando histórias de princesas.

O único momento desconfortável fora quando o Sr. Chandler perguntou-me sobre meu pai e eles ficaram meio decepcionados quando disse que meus pais eram separados e que meu pai residia bem longe. Certa vez, Robert me disse que sua família era um pouco conservadora. Porém ninguém reprovou ou criticou minha história e logo depois estávamos marcando algum dia para jantarmos na minha casa para eles conhecerem minha mãe.

— Por que sua outra irmã não quis jantar com a gente? — Perguntei depois de me despedir carinhosamente de todo mundo. Eu e Robert agora iríamos sair sozinhos, como combinado.

— Ah... Minha irmã tem 15 anos, ela meio que está com ciúmes. Sabe, nós nunca passamos por essa situação de eu ter um namoro sério e ela ter que dividir a atenção.

— Ah, Robert. Eu nunca vou roubar o lugar dela.

— Só falta ela saber disso, né? De qualquer forma, ela não quer conversar com ninguém sobre isso. Deve ser a aborrecência.

Ri com o termo.

— Vocês devem ser bem ligados, né?

— Sempre fomos.

Então permanecemos calados, apenas curtindo a música de fundo que saía do rádio, até ao nosso destino que, por acaso, eu desconhecia. Mas não me importava, não hoje. Estava mais do que contente por ser aceita pela família do meu primeiro e único namorado.

— Agora coloque isso aqui. — Robert pegava um pedaço de pano preto depois de parar o carro no acostamento.

— Pra quê?

— Deixa que eu coloco. — Então fez a tarefa enquanto eu sorria imaginando o que poderia estar me aguardando.

— Você sabe que eu não gosto de surpresas!

— Eu sei que no fundo você gosta de surpresas, isso sim. — Apesar de não ver, sabia que ele estava sorrindo também.

Então o carro acelerou, assim como meu coração.

Era estranho sentir tais emoções como amor, paixão e carinho por algum garoto. Era novo para mim. Muita das vezes, assustador. Mas eu confiava o suficiente no garoto ao meu lado para entregar o destino de parte da minha felicidade a ele.

Alguns minutos depois, o carro para e sua voz anuncia que chegamos.

— Posso tirar a venda?

Nem pude me dar o trabalho de tirar, Robert fez isso por mim. E quando o pano saiu do meu campo de visão, a paisagem mais linda da minha vida surgiu.

Estávamos em cima de um tipo de montanha na qual dava para observar quase toda a cidade. Vários pontos de luz brilhavam a minha frente, mas nenhum brilho superava ao das estrelas. Essas que, especialmente hoje, pareciam querer exibir sua beleza. E como se não fosse o suficiente, uma brisa fresca e tranquilizante corria por ali.

— Aqui é mágico. — Fechei os olhos para absorver melhor o clima.

— E de agora em diante é o nosso lugar. — Robert abraçou-me e eu encostei minha cabeça em seu peito desejando nunca sair dali.

Ficamos assim por algum tempo até que resolvemos sentar em cima do capô do carro e Robert entra nesse para aumentar o volume do rádio.

— Você não se perguntou sobre a sobremesa? — Perguntou voltando e sentando ao meu lado para depois levantar dois potinhos com mousse e colheres.

— Seus pais me empanturraram com tanta comida que nem lembrei desse detalhe.

— Pra você esquecer de doce, só pode ter comido muito mesmo. — Riu e me entregou um dos potes pequenos.

— Assim até parece que eu como muito. — Falei e experimentei o mousse de chocolate, meu sabor preferido.

Robert levantou as sobrancelhas em um gesto sarcástico e, como resposta, eu passei mousse pelos seus lábios e um pouco depois.

— Pode limpar agora. — Disse sério.

— Eu não. — Continuei saboreando a sobremesa.

— Ah é? Não? Tá bom.

Então ele começou a dar vários beijos pela minha bochecha e, por fim, pousou o mais demorado nos meus lábios. Se os seus lábios já eram de um sabor incrível sozinhos, imagine com chocolate...

— A vingança é revigorante. — Riu da minha cara que, agora, também estava suja de chocolate.

Alguns minutos de silêncio permaneceram após eu me limpar com um guardanapo.

— É incrível, né? — Uma voz me desperta dos meus pensamentos.

— O quê?

— Nós estarmos juntos agora depois de tudo que passou...

De repente, uma memória que eu estive evitando por dias voltou.

Flashback

Alguns meses atrás...

— Você não pode ficar com ele! Sabe por quê? Porque você é minha. — Pietro falava com toda convicção, como se realmente eu fosse um objeto que havia comprado.

— Eu não sou sua e nunca serei. — Declarei com uma fúria do além.

— Não? E o nosso acordo, docinho? Ou você quer que sua mãe veja aquela gravação?

Pequenas cenas apareciam na minha mente, juntamente com uma pontada insuportável no coração.

— Mas eu não estava consciente! Você é um louco, como quer me ameaçar por fazer algo que foi culpa sua?

— Quem vai saber que é culpa minha? No vídeo só mostra você fumando drogas e tirando a roupa para mim que, como um cavalheiro, recusava olhar e até tentava fazer você parar. — Um sorriso cínico pousava nos seus lábios, sorriso esse que eu almejava destruir com meu punho.

— Me fazer parar? — Nesse momento eu já estava apertando minhas têmporas com tamanha dor de cabeça que eu sentia. As lágrimas híbridas de raiva e tristeza também começavam a cair. — Você apenas desligou a câmera e fez nojeiras comigo. Como você não sente vergonha por isso?

— Não sinto porque você também quis. — Declarou um pouco mais sério.

— Meu Deus, quando você vai entender que eu estava fora de si? Você me drogou, colocou substâncias na minha bebida! — Gritei e comecei a chorar compulsivamente.

— De qualquer forma, minha querida, você é só minha. Não há Robert no mundo que vá tirar você de mim. — Riu. Seu riso, aos meus ouvidos, parecia ser do próprio diabo.

— Por favor, Pietro. Pare com essa loucura. — Implorava ainda chorando.

— Mas está tão bom, meu amor. Vem cá, me dá um beijo.

— Nunca! — Esquivei-me dele.

— Sua mãe ficará tão triste... — Então se aproximou e me tomou em seus braços. Sem opção, não pude fazer nada a não ser chorar mais ainda quando seu corpo jutava-se ao meu.

Fim do flashback

— Anna, desculpe. Não queria fazer você lembrar disso. — Robert falou enquanto limpava uma pequena lágrima que insistiu em cair. — Queria que você sentisse a emoção de finalmente estarmos juntos. Só há felicidade agora, meu amor. — Abraçou-me apertado.

Funguei um pouco e tratei de afastar tais memórias da minha mente.

— Só eu e você. — Sussurrei deixando o nosso amor nos envolver novamente.

Robert se afastou um pouco para que pudesse me encarar. Senti-me intimidada pelo jeito que ele me olhava. Era como se pudesse me ver por completa, como se conhecesse cada pedaço de mim... Eu me sentia despida debaixo do seu olhar. Porém ele não demonstrava nem um pingo de desejo carnal, e sim um brilho de admiração.

— Eu nunca mais vou deixar nada acontecer a você. — Dito isso, voltou a me abraçar.

...

Algum dias depois...

— Scarlet, larga de ser besta. Você merece muito mais do que um jogador desconhecido qualquer. — Consolava minha amiga que, apesar de ter uma beleza surreal, fora trocada por uma loira siliconada.

— Eu não tô sendo besta. Eu posso arranjar outro igual ou melhor. Só fico chateada por ele terminar comigo em vésperas de baile. — Os olhos castanhos reviraram.

— Deixa só os meninos saberem que você não ter par que filas vão se formar. — Ri.

Diferente de mim, Scarlet era uma típica aluna popular: andava com a elite e fazia dos pobres coitados (lê-se garotos com hormônios acima do normal) babar por ela. Apesar disso, ela era uma joia rara. Era quase, se não a única, garota do grupo que tinha uma personalidade.

— Anna, houve uma briga do Robert com o Pietro e o louco estava armado com uma faca, atingiu Robert e ele está sangrando muito. Já chamamos a ambulância, mas achamos melhor chamar você também. — Levei um tempo para entender, já que Lola falava nervosamente, além de rápido demais.

Quando a ficha caiu, não deu tempo nem de responder algo. Sai correndo mais rápido que pude, já sentindo todas as dores por Robert. Meus olhos lacrimejaram imaginando o que poderia acontecer com ele e meu coração partia-se ao meio.

Chegando lá, não havia ninguém. Olho para todos os lados e, quando eu menos esperava, surgem casais segurando placas. Apertando os olhos, vejo que são amigos meus e de Robert. Eles se organizaram até formar a frase "Quer ir ao baile comigo?". Nisso, Robert surge com um buquê de flores e repete a frase com sua voz rouca:

— Annabelle, você gostaria de ir ao baile comigo? — Sorriu da forma mais linda.

— E tem como dizer não? É claro que eu aceito. — Declaro quase chorando, dessa vez, de alegria. E assim, debaixo de várias palmas e gritinhos entusiasmados, demos o nosso beijo mais doce e apaixonado.

Que só perdeu pro primeiro beijo nosso quando Robert me viu na noite do baile com meu vestido bege, longo e rodado.

— Você é a garota mais linda do baile. — Declarou depois.

— Mas nós nem chegamos lá ainda para você ver, Robert. — Ri.

— E nem preciso. — Piscou.

No final das contas, poderíamos ter ganho a coroa do baile se tivéssemos sido indicados, já que éramos o casal mais bonito da festa.

— Todo mundo está olhando para gente. — Sussurrei para Robert, que riu.

— Para você. Pena que você já tem dono. — Disse isso e se aproximou mais de mim.

— E todo mundo sabe disso. — Respondi ao mesmo tempo que a música "Give Me Love" começava a tocar. Sorri instantaneamente e Robert, também lembrando da música, puxou-me para a pista de dança. Rodopiamos calmamente pelos minutos que se seguiram. Fechei os olhos enquanto cantava o refrão baixinho, deliciando-me com a sensação de estar flutuando no céu. Já devia estar acostumada, a presença de Robert me causava maravilhas.

"All I want is the taste that your lips allow." — Robert cantava baixinho no meu ouvido, dando-me prazeres desconhecidos.

— Vamos para casa? — Perguntei. — Só restou o povo que fica bêbado e vomita nessa festa agora. — Declarei olhando em volta.

— Nossos pais estão viajando, por que você não dorme comigo hoje? — Eu tentei decifrar, porém não descobri se havia segundas intenções por de trás dessa frase. De qualquer forma, eu fiquei nervosa e ia negar o pedido quando um "sim" saiu da minha boca.

Uma hora depois estávamos no quarto de Robert que admito já ter conhecido, porém nunca fora por motivos obscenos. Já dessa vez, eu temia ser. Contudo, não conseguia interromper o desenrolar dos fatos. O moreno me beijava avidamente e estava sem camisa. Paralelamente, eu ainda continha todas as peças no meu corpo ainda, até o salto alto.

Tentava esconder o nervosismo e simplesmente deixar acontecer, mas quando tomava coragem para mergulhar no momento, eu voltava a ficar nervosa. Percevendo isso, Robert parou tudo que fazia.

— Anna, você quer me contar algo? — Perguntou olhando fundo nos meus olhos.

— Robert, eu estou com medo. — Declarei envergonhada.

Como se voltasse a si, o garoto a minha frente me abraçou carinhosamente enquanto pedia desculpas.

— Não era minha intenção, eu não queria fazer... Você sabe. É só uns beijos, como fazemos toda vez que você vem aqui em casa.

— Bom, talvez o fato de que não tenha ninguém em casa e você tenha me convidado a vir para cá ajude a eu pensar em outra coisa. — Levantei as sobrancelhas sugestivamente.

— Você que imagina coisas demais. Então, quer dormir aqui ou acha que eu vou te atacar durante a noite? — Riu e beijou minha testa.

Sua pergunta me fez pensar por instantes. Eu queria ter novas experiências com Robert, queria apagar meu passado definitivamente e provar que o desejo também poderia ter relação com o amor. No entanto, eu tinha medo. Medo de uma noite tranquila virar em um pesadelo.

Respirando fundo, espantei todos os pensamentos negativos e me obriguei a agir sem pensar por pelo menos algumas horas. Assim, eu comecei a beijar Robert calmamente, para depois passar a beijá-lo com um desejo infinito.

...

Uma semana depois...

— Anna, não chore. Por favor, isso é de partir meu coração.

— Mas eu não quero ir! Minha vida é perfeita aqui, não preciso de mudanças.

— Mas meu bem, seu pai é um ótimo homem. — Ao mesmo tempo que minha mãe tentava me acalmar, ela mesma também soltava algumas lágrimas.

— Se realmente fosse, entenderia que eu não quero morar com ele em Londres. Minha vida é aqui! MEUS AMIGOS MORAM AQUI, MEU NAMORADO MORA AQUI, MINHA MÃE VIVE AQUI. — Descontroladamente, aumentei o choro. Sentia uma mistura de raiva e tristeza.

— É só por um tempo, minha filha.

— Tudo pode mudar em um tempo, mãe. — Foi com essa frase que minha mãe desistiu de tentar me consolar e saiu do quarto chorando também.

Segundos depois ouço barulhos na janela. Tranco a porta e vou em direção a ela.

— Será que dá para abrir a janela? Tá meio difícil se equilibrar aqui fora. E talvez eu quebre alguns ossos se cair daqui, sabe? — Robert sorriu.

Realizei seu pedido e ele adentou o quarto em um pulo. E, mais de repente ainda, nossos lábios se colaram. Um beijo urgente e já com gosto de despedida formou-se entre nós dois. Paramos apenas quando o fôlego tornou-se totalmente escasso.

— Anna, eu vou te esperar. — Notava-se que Robert tentava segurar o choro também. "Homens nunca choram", era o que ele sempre dizia.

— Assim como eu vou te esperar. Só não quero ter que viver longe de você. — Ao pensar nisso, meus soluços aumentaram.

Ter que me separar dos meus amigos foi arrancar um pedaço do meu coração. Agora ter que me separar de Robert foi arrancar o meu coração. Amigos, querendo ou não, ainda conseguimos manter por perto mesmo distantes. Agora um amor de namoro, é bem mais complicado.

Pensamentos como esses que me entristeceram mais do que tudo. A dor que eu sentia no peito antes mesmo de viajar me aterrorizava. Por que eu tinha que partir logo depois de conseguir tudo o que eu queria: a minha felicidade?

— Não vamos viver longe, nós estaremos no coração e pensamento um do outro. Além de que você pode vir me visitar ou pode me apresentar Londres. E também tem as ligações, ou cartas, como você prefere. — Sorriu otimista.

— Só quero que você me prometa uma coisa.

— Tudo o que você quiser. — Robert tomou minhas mãos para si.

— Nunca esqueça de mim.

— Essa é a única impossibilidade na minha vida, Anna. — Suspirou.

E pela primeira vez desde a grande notícia, eu dei um sorriso.

Que teve que se desmanchar quando Robert voltou a me beijar como em minutos antes. Nós terminamos passando do limite nesse dia, mas nada me preocupava. Era nossa despedida. E nela valia de tudo para cada um guardar centímetros do corpo do outro.

— Isso não vai ser uma despedida. — Uma voz doce e rouca sussurrou ao pé do meu ouvido um pouco antes de eu me perder nos meus sonhos.

...

Três anos depois...

A vida de Londres é agitada. E está enganado quem acha que consegue se acostumar a ela. Eu nunca consegui. A universidade toma quase todo o meu tempo disponível e o resto sobra pro meu trabalho de vendedora em uma grife renomada da cidade.

No final das contas, meu pai ganhar minha guarda foi um bom acontecimento. Eu pude cursar o que eu sempre sonhei em uma faculdade que eu nunca imaginaria estudar. Claro que durante esses anos eu não deixei de ver minha mãe. Eu sinto muitas saudades dela. Tanto, que esse foi o único motivo para eu ficar feliz por ter que voltar a morar com ela.

— Você terá que voltar a morar na sua cidade natal porque eu não viverei mais em Londres. Meu trabalho não me dá o luxo de viver em um lugar por muito tempo e eu quero que você fique com sua mãe até eu conseguir me estabilizar no meu novo destino. — Meu pai repetia toda vez que eu perguntava do porquê de eu não poder ficar em Londres.

Não que eu não gostasse da minha cidade natal. Só que eu já tinha uma paixão admitida pela Inglaterra. Porém deixei todos os costumes que havia adquirido nos últimos tempos e embarquei de volta para meu verdadeiro amor, o meu lar.

Obtive alguns problemas para me transferir de universidade, mas não desisti do meu curso. Faltava apenas um ano para eu completar.

— Seja bem-vinda de volta! — Minha mãe gritava juntamente a Scarlet no aeroporto.

— Que saudades de vocês. — Abracei as duas ao mesmo tempo.

— Nem acredito que você voltou. — Scarlet chorava.

— Ah, Scarlet. Não me faça chorar também. — Algumas lágrimas já escapuliam dos meus olhos.

— Por favor, meninas. Hoje é um dia para sorrir e comemorar. — Minha mãe pulava de alegria.

De repente, uma pontada de nostalgia surge dentro de mim e sinto falta de uma pessoa que nem consigo identificar. Tento me concentrar a medida que as mulheres a minha frente ficam mais agitadas.

— Anna, podemos ter atenção pelo menos hoje? Nós vamos te reapresentar a cidade! Está pronta? — Scarlet perguntou e fiz um sinal de "sim".

...

Número 205, Av. Parkleton. Robert Chandler. O amor da minha vida.

Alguns dias depois de chegar de viagem, eu finalmente consigo lembrar de tudo que acontecera anos antes. Chego a me sentir péssima por me esquecer de certas coisas, contudo coloco culpa na falta de comunicação que enfrentamos logo após minha mudança.

Já com a memória recuperada, quase corro em direção ao garoto que roubou meu coração. No entanto, o medo que senti do destino me acovardou, fazendo com que eu apenas imaginasse o que possa ter acontecido com ele.

Porém, apenas de amor não se vive, infelizmente. Mesmo com uma bagunça de sentimentos, tive que começar a me estabilizar na minha nova vida. Comecei frequentando a minha nova universidade, que é a que eu sempre almejei entrar durante minha adolescência.

Para um primeiro dia de aula, eu até que conheci um número considerável de pessoas. Até reencontrei antigos conhecidos do colégio.

Mas foi apenas o último horário que mudou a minha vida.

— Acho que agora vamos ter aula de um estagiário. Apesar do título, ele é uma pessoa bacana. E o professor mais gato também. — Becca, uma recém-conhecida, anunciava para mim.

— Não é bacana se pegar com os professores. Falo isso por experiência própria. — Sorrio me lembrando de um professor da minha antiga universidade.

Ouço passos adentrar a sala e viro-me curiosa afim de conhecer tal beleza. Quando finalmente tenho acesso aos seus olhos, um arrepio percorre a minha espinha. E, como se para confirmar minha reação, o homem a nossa frente escreve no quadro "Mr. Chandler".

— Bom dia, Alu... — Sua frase é interrompida por um espanto. Seja quem for o homem a minha frente, ele pareceu estar me reconhecendo.

— Annabelle? — Sua voz rouca trouxe mais um arrepio em meu corpo e, como resposta, sorri abertamente. Não só por o reencontrar ao acaso, mas também por notar que o amor que eu sentia por ele permaneceu guardado esse tempo todo, apenas aumentando.

Give Me Love, Ed Sheeran.

Dez anos atrás...

— Anabelle, o que você quer ser quando crescer? — Robert me perguntava depois de uma aula sobre profissões.

— Eu? Quero ser química. Explorar as reações, substâncias, compostos... É a coisa mais linda do mundo. — Sorri determinada. — E você?

— Quero ser professor. — Sorriu orgulhoso da sua escolha.

— De quê?

— De química. Quem sabe assim eu não serei seu professor na universidade um dia? Isso sim seria a coisa mais linda do mundo.

FIM.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* Minha vontade era de não parar de escrever! Porém fiquei com receio de ficar muito grande e tudo mais, então resumi ao máximo o que se passou em minha cabeça quando imaginei a história.

* Sintam-se a vontade de comentar, elogiar, criticar, perguntar algo... Qualquer coisa, só me digam o que vocês acharam!

* Beijão e obrigada de verdade por ler. Nos vemos na próxima?

* PS: Cuidem bem da "minha música", tenho ciumes dela. ]=



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Love Never Dies" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.