Nada iria mudar naquele ano, nada seria diferente. Apenas mais um frustrante ano de matérias escolares, provas, gente chata e professores resmungões. A única coisa que podia me tirar desse pensamento era o fato de eu estar em boa companhia e que uma coisa boa iria acontecer: meu pai viria pra me visitar!

Sou Justin Barrera, – sim, descendente latino legítimo! – tenho dezessete anos e estou no penúltimo ano do colégio. Tenho uma banda com meus melhores amigos, mas só para podermos fazer o que mais gostamos, que é cantar e escrever. Eu adoro poesia e livros, adoro ler! Mas nem sempre isso é aceito por alguns dos meus colegas – principalmente os meninos -. Mas isso é o que mais me ajuda já que os professores, na maioria das vezes, gostam de pessoas interessadas. Faço parte do clube de xadrez do colégio, sou assistente na biblioteca e da computação. O Max, o cara responsável pela sala de computação, é meu vizinho e é muito gente fina. Já a Srª. Russo, a bibliotecária…Bem, prefiro não comentar. Mas aturá-la me trás benefícios: posso pegar quantos livros quiser, enquanto um aluno normal só pode levar três no máximo. Sou um cara sortudo. Um adolescente normal não ficaria feliz com esse feito, mas fazer o quê? Eu num sou normal mesmo. Ah, meus melhores amigos que falei no começo são o Dean e o Shane, eles são meio diferentes de mim, mas isso é o que nos torna amigos – na verdade é o fato de sermos “anormais”, mas isso eu deixo passar −.

E minha reclamação? É que amanhã começa mais um ano letivo para mim e tenho certeza que vai ser bem mais chato do que esse que passou. Mas fazer o quê? Essa é a vida de um estudante, temos que ser torturados para finalmente alcançar a liberdade – ou pelo menos parte dela –. Ah, é verdade, ainda não falei da minha família. Meu pai, como eu já disse, não mora comigo, ele se separou da minha mãe quando eu ainda era pequeno e foi morar com seus pais no Brasil. Seu nome é Daniel. Minha mãe é mexicana, mas morou por muitos anos no Brasil. Onde conheceu meu pai e se casaram. Depois disso eles tiveram meu irmão mais velho, o Eric. Ele foi morar com meu pai por uns anos, mas voltou há dois anos para terminar a faculdade aqui. Tem também minha irmã mais velha, ela é a filha do meio. Seu nome é Amanda e ela está no último ano do colégio. Ela é a responsável pela maior parte de minha raiva diária, mas fazer o quê? Eu a amo, não posso negar. Você deve estar pensando “esse cara deve ser traumatizado, não teve um pai presente e ainda é o irmão caçula de uma irmã que o atormenta. Coitado”, mas que nada! Eu ainda acho que sou feliz até demais. Essas coisas não me preocupam, apenas saber que tenho uma família é o suficiente.

Eu já devo estar enchendo o saco de alguém contando minha história, mas é bom saberem direitinho com quem vivo e onde vivo, é uma forma mais fácil de entender o que vou contar a seguir. Tudo começou na noite passada…