Selfish Love escrita por Assa-chan


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Alguns Spoilers na fanfic, mas nada em especial. Pra quem não acompanha o mangá eu coloquei uma nota nestes, que estão no fim da estória.
Boa leitura.



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Desde que entrei para a escola Ouran, achei que aqueles seriam os piores três anos de minha vida. E estava certa, em um ou outro sentido. Entrar obrigatoriamente para o clube anfitrião foi realmente constrangedor e principalmente desnecessário. Quando notei já não conseguia passar sequer um dia longe daqueles energúmeno – e não por minha própria vontade.

Vivia rodeada por idiotas e garotas que nem sabiam que eu era como elas. As horas de estudo eram limitadas, e cuidar do meu pai e da casa complicava ainda mais minha rotina... Digamos não tão pacata assim.

Toda via, minha personalidade tinha mudado pouco durante os primeiros dois anos. Por mais que os gêmeos tenham se declarado para mim, e que Tamaki tenha me beijado¹ – sem querer -, meu coração continuava o mesmo. Eu ainda era uma garota sem desejos, que vivia da forma que queria. Aliás, a palavra certa pra isso é independência. Bem, ao menos eu me via assim, pois muitas pessoas me diziam que aquele modo de ser era egoísta. Porém eu somente ria da cara desses ingênuos. Eles nem sabem o que a palavra ‘egoísmo’ quer dizer. E eu que também não sabia, acabei aprendendo da pior forma.

Aquele era o dia da formatura de Tamaki e Kyouya. A escola inteira estava enfeitada, mas dentro do clube as coisas não eram tão cor-de-rosa assim. A saída de Hani-sempai e Mori-sempai já tinha causado um grande impacto no nosso dia-a-dia, tanto que os nossos ‘negócios’ – como diria Kyouya -, diminuíram bastante, mas sinceramente era de se esperar e todos sabíamos disso. Aquele tinha sido um ano duro, não tão divertido quanto o meu primeiro ali.

Eu tinha acabado de chegar à escola, e corri para a 3° sala de música. Não sabia por que, mas sentia como se aquele dia seria o último de uma parte da minha vida, e que outra totalmente nova estava por começar. E eu não tinha idéia do quanto estava certa.

Abri as gigantescas portas, porém atrás delas não encontrei o que esperava. Somente um loiro olhando para fora de uma janela, sentado numa cadeira e suspirando. Sozinho.

- Tamaki-sempai! – exclamei, adentrando o local e fechando as portas atrás de mim. – Grande dia hoje, não? – Eu tentei ser honesta. Realmente aquele era um grande dia. Mas seu olhar se dirigiu a mim, me congelando por dentro. Nunca o tinha visto mais depressivo e vazio.

- É... Haruhi. – ele levantou-se. – É! – sua voz se encheu de animação. – Hoje é minha formatura... Vamos, dê um abraço no papai! – Logo abriu os braços, como sempre fazia depois daquelas palavras não tão originais para ele. Sua boca sorria, entretanto seus olhos estavam tristes.

Hesitei. Contudo eu não queria lhe negar aquilo. Era somente um abraço. Caminhei até ele, e logo seus longos braços me acolheram. Era confortável. Tamaki começou a me apertar, mas não doía. Suas mãos, com aquele toque muito mais quente do que eu imaginava, estavam entre os meus cabelos - ainda muito curtos. Naquele instante notei que ele era muito mais alto do que eu, ao ver que seu queixo se encaixava sobre a minha cabeça sem que ele tivesse que levanta-lo.

Ficamos daquela forma por três, quatro, talvez cinco minutos. Não sei dizer. Só sei que por uma fração de segundo desejei que aquilo durasse para sempre. Sem palavras, somente seu calor me bastaria. Mas tudo tem um fim; aquele abraço não seria uma exceção.

Ouvimos as portas se abrirem de novo, porém acredito que o presidente do clube fingiu não escutar. Ele estava pensando na mesma coisa que eu. Tive o mesmo comportamento, fechando os olhos e ignorando. Não me importava se Kyouya iria me ver, ou até mesmo um dos gêmeos. Não estávamos fazendo nada de errado.

Instantes depois daquela nossa falta de reação, passos apressados nos alcançaram, e antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, me encontrei no chão.

Levantei, e só vi os castanhos cabelos² de Hikaru à minha frente.

- Tono, o que acha que está fazendo?! – ele gritou, alto o bastante para que as palavras ecoassem naquela sala. – Eu disse o que sentia, não disse? Você falou que seria uma competição justa, não é?³

- H-Hikaru... Eu não queria... – Tamaki tentou se explicar, mas logo o punho do rapaz alcançou sua mandíbula. Eu me afastei um pouco, ainda sem entender o que estava acontecendo. O loiro caiu não chão; sua boca estava sangrando, no entanto o moreno não parecia estar satisfeito, abaixando-se e segurando o uniforme do próprio sempai, pronto para lhe dar outro golpe.

- O que está havendo aqui? – eu berrei, tentando parar aquela briga sem sentido. Não chegou a ser inútil, pois o Hitachiin parou aquele movimento a tempo, levantando-se.

- Eu... – ele colocou uma mão na cabeça, apoiando um de seus antebraços à parede. – Não sei o que deu em mim, Haruhi...

Tamaki se levantou, limpando o sangue que ainda escorria pelo canto esquerdo do lábio inferior.

- Tamaki-sama! – Uma garota que talvez já tivesse visto antes apareceu na porta ainda aberta – Vai se atrasar pros preparativos!

- Ah... Sim... – Ele respondeu. Olhou-me, acenando com aquele sorriso de sempre, como se absolutamente nada tivesse acontecido, como se ele já esperasse aquela reação do Hikaru. Saiu caminhando, e logo desapareceu por trás das portas fechadas.

- Hikaru, qual é o seu problema, ein? – eu perguntei, assim que notei que estávamos sozinhos. – O que o Tamaki te fez? Ele só estava me abraçando!

- Esse é o problema, Haruhi! – Sua voz continuava alta e agressiva, talvez muito mais do que antes. Virou-se, e eu vi seus olhos repletos de lágrimas. Lágrimas amargas, que se recusavam a descer.

Andou até mim com um passo pesado, e ao chegar segurou meus braços, num modo grosseiro, que eu não conseguia reconhecer. Empurrou-me contra a parede atrás de mim, e o impacto doeu de certa forma. Suas mãos eram frias, e seus olhos só expressavam dor – ou ao menos eu achava que aquele sentimento tinha este nome.

- Eu achei que já tinha superado... – Ele sussurrou, abaixando a cabeça. – Achava que só te olhar todos os dias seria o bastante, esperando o momento certo para me declarar. Só que quando este momento chegou... Sua resposta foi tão vaga que eu não consegui saber se era uma rejeição!

Eu escutava em silêncio, vendo as gotas que caiam ao chão, lembrando-me daquela noite tão confusa. Bem mais confusa do que aquela manhã. Ele levantou de novo a cabeça, e suas lágrimas já tinha secado em volta dos olhos, só sobravam os caminhos que tinham percorrido pelas maçãs de seu rosto antes de chegar ao solo. Senti pena dele, sem querer. Soltou um de meus braços, atendo o punho contra o muro. Me assustou, e eu notei como era impotente perto de sua força. Não passava de uma garota que fingia ser um menino para acabar com uma divida que nunca existiu, desde o começo.

- Haruhi... – sua voz era baixa, mas potente e tentadora, por menos que eu quisesse admitir. – Por que você não é minha? – ele se aproximou mais, olhando-me nos olhos. – Você é a única coisa que eu quero, mas também a única que não posso ter.

- Hikaru, não diga isso... – Eu não imaginava que era tão duro para ele não me ter. Jamais imaginei que Aquele amor fosse doentio a este ponto. – Qualquer garota é louca por você nesta escola.

- Você não entende... – Ele desceu a mão no meu braço até meu pulso, então a puxou até seu peito, enquanto sua outra mão continuava apoiada na parede. – Acha realmente que eu ficaria assim com outra garota? – seu batimento era rápido e profundo... Demais. Por mais que eu não conseguisse tirar minha atenção daqueles olhos castanhos, comecei a notar que sua respiração tinha o mesmo ritmo acelerado. Neguei com a cabeça, vendo o quanto ele me desejava.

- Então por que não faz do jeito que eu quero? – Suas sobrancelhas se juntaram; aquele foi o último movimento que eu consegui perceber. Depois disso foi rápido demais. Só senti meus lábios sendo selados, e sua língua me possuindo sem querer. Ele era quente por dentro. Aliás, quente era pouco. Meu sangue fervia com aquele ardor, e eu não pude ficar sem aceitar aquele beijo.

Quem me dera que tivesse parado daquela forma. Puxou-me para trás do piano, e eu me senti mais impotente ainda, mesmo não fazendo objeções. Ainda estava em transe. Não esperava uma reação do gênero.

Mais uma vez me encontrei de costas pra parede, com o moreno de frente para mim. Contudo desta vez estava sentada. Ele se abaixou, beijando meu pescoço.

- O que está fazendo, Hikaru...?

- Vamos, Haruhi. – eu sentia calafrios, enquanto ele sussurrava aquelas palavras na minha orelha – Não somos mais crianças, estamos do terceiro ano agora.

Eu compreendi o que ele queria quando começou a desabotoar meu paletó, que era igual ao dele*. Tentei impedir, entretanto ele continuava sendo mais forte do que eu. Me arrependi por não ter aceitado aquelas aulas de auto-defesa oferecidas pelo Mori-sempai.

- Desculpe. – Ele parou. Mas continuava na mesma posição, e eu já estava de gravata e camisa. – Mas quando eu te vi junto ao Tono... Eu, eu... Senti que meu coração fosse explodir. – Ele abraçou minha cintura com um braço, e era gélido. Vi que fiquei sobre ele, com sua cabeça no meu ombro, sentindo as lágrimas quentes caírem mais uma vez. Seu coração agora palpitava ainda mais, desesperado. O sentimento de pena se transformou em compreensão. Ele simplesmente não conseguia gostar de alguém sem querer que tal pessoa agisse de acordo com sua vontade. Daí eu notei o quanto seu amor era egoísta e pretensioso.

- Vamos, Hikaru. – eu disse, já derrotada. Entretanto, não acho que vou me arrepender algum dia dessas palavras. – Somente hoje... vou fingir que sou seu brinquedo.

Ele não disse nada, mas eu pude ver a gratidão em seus olhos. Naquela manhã, na terceira sala de música, eu perdi minha virgindade com alguém que eu não amava, porém que aprendi a gostar com o tempo e a ausência daquele que eu realmente queria. E foi naquela mesma manhã que eu entendi que o egoísmo não é viver como se quer... Mas pretender que os outros sejam como queremos.

¹ Kaoru se declarou para Haruhi no capitulo 54. Hikaru no capitulo 60 (não tenho certeza), e Tamaki a beijou no capitulo 74, por acidente (também não tenho certeza desse número).
² Hikaru pinta o cabelo no capitulo 56 (acho).
³ Depois que Hikaru se declara para Haruhi e ela diz que ‘não pode aceitar seus sentimentos AGORA’, Hikaru diz para Tamaki que não vai desistir dela tão facilmente, e dali nasce uma espécie de competição.

* Uma cena dessas olhada de fora poderia parecer yaoi. IUOSDHUISAGHDIUSA, gomen, não pude evitar. XD


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Notas finais do capítulo

Eu achei essa fic beem bonitinha. ;_;
Fiz ela depois de assistir Paradise Kiss por duas horas sem parar. Acho que levei meia-hora pra escrever isso, enquanto escutava Don’t Trust me (3oh3), Magnet (Vocaloid) e Collide (Howie Day) – todas ótimas músicas, aconselho baixar.
Desculpem se ficou meio viajante e talvez o Hikaru tenha sido meio tarado, mas foi um bom desfeche, creio.
Reviews, onegai!



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