People With Problems escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 1
No Caminho


Notas iniciais do capítulo

vou postar dois de uma vez porque o começo da história é meio parado etc e eu espero que vcs gostem
ps essa história é um pouco diferente das outras que eu fiz então eu to meio apavorada por começar a escrever porque to com medo de não terminar mas vou terminar vou tentar pelo menos i promise



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–Oi, mãe... eu cheguei no aeroporto. Eu só queria avisar... acho que é só. Tchau.

–Oi, mãe. Cheguei em St. Mara. De novo, só pra avisar. Uh, tchau.

–Oi, mãe. Avisa a Mack que o carro vai ficar pronto segunda feira, esqueci de falar isso pra ela.

–Oi, mãe. Como estão as coisas?

–Oi, mãe.

St. Mara tem mais mato que casas, mais vacas que pessoas, porém não posso dizer que estou no campo. Porque não parece um campo. Parece uma pequena cidade que ainda não foi afetada pela revolução industrial... de 1840. A situação está mesmo meio decadente, mas seis horas de viagem justificam porque isso fica tão longe da civilização. Eu esperava o pior: aquelas cenas desertas de velho oeste com um cara banguela me esperando no começo da estrada, mas o que aparece é um homem com seus trinta anos, um carro até que atual e casinhas intercaladas por mato e árvores e... vacas. E galinhas. E o som do campo.

Mas eu não estou no campo.

Eu não estou no campo.

Onde eu estou?

Orientação das Borboletas. Não se deixe levar pelo nome: é mais idiota do que parece. É um centro de orientação, mas o Borboletas é só um modo de dizer, foi o que me disseram. O que realmente significa, não sei. No fundo, não quero saber, não ligo, não dou a mínima. Mas que é um nome babaca, com certeza é. Guardo meu celular no bolso e vou andando em direção ao cara, encostado no carro preto dele. Parece simples, mas é a coisa mais sofisticada de todo esse cenário que eu estou vendo. Bem, tinha o táxi, mas ele foi embora no segundo que pisei no chão, junto com as malas, então sinto que a única coisa sofisticada aqui além dele é a estrada atrás de mim, que leva pra cidade.

–Você deve ser a Emerson.

–Sou eu. -Ele aperta minha mão. Suas roupas são surradas e ele está usando chinelos, mas não tem a aparência de alguém... da área. Depois, pega minhas duas malas rosa e bota no porta malas, enquanto eu entro no banco do passageiro e prendo meu cabelo, por causa do vento. Os matinhos são altos, o que faz o vento ficar mais forte, e quando ele volta e liga o carro para entrarmos pela a estrada.

–Então... meu nome é Chris. E eu sou um dos gurus da Orientação. -Gurus me lembra yoga e Índia, mas eu não falo isso pra ele. Como eu não estou indo pra Índia ou fazer yoga, me pego pensando no que diabos ele deve fazer como guru. -Sei o que está pensando. Que essa situação toda deve ser muito esquisita.

Bingo.

–Mas posso garantir que tudo vai ser melhor explicado. Não vou começar a falar logo de cara sobre sua vida ou nada do tipo, não sou tão mala. -Ele ri da própria fala, e eu forço um riso. -Mas sei que as coisas foram mal explicadas pra você e eu acho que seria bom você conhecer tudo pra depois começar a se adaptar a nossa rotina na Orientação.

–Quanto tempo a gente vai demorar pra chegar? -Pergunto. O carro pula pra lá e pra cá conforme passamos por lombadas e olho para baixo, por fora da janela e vejo toda a porta coberta por uma camada de poeira. Esse cara deve gastar mais água lavando esse carro do que a China toda.

–Uma meia hora. -Seis horas pra chegar aqui e mais meia hora pra realmente chegar no lugar. Haja paciência.

–Legal. -Chris fica em silêncio por um tempo, talvez por causa da interrupção de antes, mas logo volta a falar.

–As coisas podem ser difíceis no começo, mas eu garanto que depois de algumas semanas, você vai começar a adorar. –Algumas semanas? Não.

–Uh... claro.

–E nós não temos só mato. Temos várias aulas e atividades. -Ele espera que eu pergunte o que, mas fico em silêncio, olhando pra frente. -Podemos ficar o caminho todo em silêncio ou você pode começar a me contar porque está aqui.

–Você disse que não ia falar de cara sobre a minha vida. -Chris ri.

–Eu sei, me desculpe. -Respiro fundo, e começo a falar, começando a ficar sem paciência.

–Eu descobri que meu pai estava traindo a minha mãe. E então, eu dei um soco nele. E aparentemente isso é contra as regras, não traição, então eu fui mandada pra esse lugar no lugar dele.

–Então você acha que isso é uma punição?

–Não, eu sei o significado da palavra "Orientação", estou aqui porque minha mãe quer que eu veja as coisas de uma forma diferente. Não sei como posso ver traição de uma forma diferente.

–Nem sempre as coisas são preto no branco. -Ele replica, e eu bufo.

–Então me explique o que aconteceu.

–Não posso, não conheço seu pai pessoalmente, nem a sua mãe.

–E você ainda quer falar alguma coisa? -Olho pra janela. Babaca. Eu só conheço gente babaca.

–Minha teoria é que você não está vendo a situação com outros olhos, está tão focada no que você acha que é o problema que não vê que outras possibilidades são plausíveis.

–Tá bom, mãe. -Tento acabar com a conversa, mas ele continua.

–E eu acho que você só quer alguém pra culpar, porque você já sabia que os seus pais iam se separar antes mesmo de pegar seu pai traindo sua mãe. -Suspiro surpresa.

–Como você sabe disso? Eu achei que você não conhecia meus pais pessoalmente. -Esse cara é confuso. Isso tudo é confuso. Não quero falar disso. Cale a boca. Cale. A. Boca.

–Não conheço, mas pra aceitar uma pessoa na Orientação precisamos de um bom motivo.

–E qual foi o meu motivo? -Muito azar? Não duvido de nada.

–Temo ser confidencial.

–Estamos falando da minha vida. Não tem nada sobre a minha vida que eu já não saiba.

–Problemas de raiva. Princípio de depressão.

–Hormônios. -Retruco, como forma de explicação.

–Divórcio. -Ele joga de volta, e eu quero pegar uma pedra e jogar nesse cara. Sério?

Subitamente, o carro freia, e uma cortina de poeira cobre nossa visão enquanto sou jogada para frente e olho para Chris.

–Mas que diabos? -Ele aponta para frente, e a cortina de poeira vai se dissipando e na nossa frente aparece... claro. Uma vaca. Eu já devia imaginar. Bem vinda a roça. -Regra número um: nunca atropele uma vaca.

Se essa é a regra número um, definitivamente não quero ver as outras.


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