Na Linha Da Vida escrita por Humphrey
Notas iniciais do capítulo
Eeeeeeeeeeeeee aíííííí? Pois é, eu voltei / Depois de um mês sem postar, eu voltei, hahaha.
Não, eu não abandonei a fic. Amo escrevê-la e vou chorar horrores quando ela acabar ;-;
Saudades de seus reviews maravilhosamente maravilhosos
Anne e eu nos entreolhamos. Ela sabia que havia possibilidades da minha mãe ter nos visto, e eu também estava ciente disso. Me levantei e a guiei até reentramos no sótão. Anne se sentou em uma cama de madeira empoeirada que estava encostada em uma parede.
– Brandon, sua mãe... – ela disse, ainda assustada.
– Sim, sim, mas não se preocupe, não é uma certeza que ela tenha visto o beijo.
Eu estava rindo por dentro. Não rindo somente dela, mas de mim também. Nunca me imaginaria beijando a Anne em qualquer circunstância, e eu não conseguia pensar em outra coisa além do que havíamos acabado de fazer.
Abri a porta minúscula e dei passagem para a Anne passar. Eu percebi que ela evitava olhar para mim, então, quando desci as escadas, tentei puxar papo para deixá-la ainda mais envergonhada. Isso era tão hilário quanto vê-la nervosa.
– O que você ia falar naquela hora? – perguntei.
Anne pareceu levar um susto.
– O-o quê?
– É, antes de me beijar. – Não consegui conter o sorriso de canto.
Ela me fuzilou com os olhos.
– Eu só... nada. Não era importante.
Dei de ombros. Descemos as escadas e minha mãe estava colocando a bolsa em cima da mesa. Quando nos viu, esboçou um sorriso imenso ao avistar a presença da Anne. Eu sabia que ela pensava em alguma besteira.
– Oi, mãe. Bem, eu vou levar a Anne embora, tá? Ok, obrigado. – Eu peguei a mão desta e parei à beira da porta para pegar a chave do carro novamente, que estava pendurada. – Ah, eu vou tomar cuidado, e, sim, sei que ainda não tenho idade para dirigir. Até daqui a pouco.
– Meu filho é um vidente! – ela indagou, sorrindo, antes de eu fechar a porta da casa e abrir a do carro.
Anne abriu a porta direita e se sentou, afivelando o cinto. Em seguida, fiz o mesmo e ficamos mirando o para-brisa.
– Só para informar, eu odiei aquilo – afirmou ela.
– Você diz isso como se eu tivesse gostado.
Parcialmente, menti. Parcialmente porque eu gostei, sim, do beijo, porém sabia que não sentia outra coisa além de amizade pela Anne.
– Então por que devolveu? – Ela finalmente resolveu olhar para mim, e então a encarei.
– Eu... não sei. Apenas beijei você, qual é o problema? Continuamos amigos, certo? Nós não nos gostamos e isso é o que importa. Amigos se beijam.
– É.
Anne mordia o lábio inferior, olhando fixamente para o para-brisa; ela pensava em algo. Após isso, olhou para mim novamente.
– Você nunca vai se apaixonar por mim e eu, nunca por você – disse ela, olhando em meus olhos.
Aquilo me pegou. Não de uma maneira negativa, até porque aquela era a frase mais verdadeira que eu já ouvira em toda a minha vida. Me perguntava o que passava na cabeça dela naquele momento. Mas então fingi estar ponderando a respeito.
Eu ri baixo, como deboche.
– Claro que não – respondi.
Ainda com o sorriso debochado no rosto, liguei e acelerei o carro, após colocar o cinto. Enquanto dirigia, minha cabeça latejava por tudo que acontecera naquele dia, e então a lembrança da confissão da Anne voltou à tona, trazendo fúria consigo.
Eu sentia ódio daquilo tudo. Saber que a garota ao meu lado poderia não acordar no dia seguinte era o que eu mais temia no momento. Anne se tornou alguém especial para mim desde o dia em que eu me obriguei a perder o medo e pular naquela maldita piscina para salvá-la de um afogamento, que seria causado por culpa da vadia da Natalie, o babaca do Trevor e o amigo dele.
Depois de casas, comércios, árvores e mais casas, estacionei na calçada em frente ao portão da casa da Anne, e então ela desceu do carro, fechando a porta no mesmo segundo que eu.
– O que você está fazendo? – confusa, perguntou ela, um pouco depois de olhar para trás e ver que eu também saí do carro.
Fiquei de frente para ela; Anne parecia mais nervosa do que anteriormente.
– Você vai ficar bem? – indaguei.
Ela sorriu com ternura e respondeu:
– Eu vou ficar, sim. Obrigada.
Dito isso, Anne me abraçou. Me assustei ao ver seus braços ao redor do meu pescoço e seu queixo apoiado em meu ombro esquerdo, mas era tão confortável que retribuí até segundos antes de ela se afastar de mim e me desejar uma boa noite.
Quando Anne já fora embora, estacionei o carro do outro lado da rua e, sem pestanejar, comecei a caminhar à beira de um rio, na tentativa de relaxar ao menos um pouco.
A rua estava completamente deserta. Somente algumas árvores pareciam ser os únicos seres vivos do local, quando o vento abafado balançava suas folhas completamente verdes.
Voltando a tudo, aquele substantivo abstrato desgraçado chamado eu-odeio-tudo-isso me invadiu de novo, e eu só pensava em sumir dali. De fato, eu não entendia por que o sentia, mas só sei que tudo que eu mais desejava era que o mundo fosse uma laranja, onde eu pudesse esmagar e vingar tudo o que ele faz com todos os que nele habitam.
Alguma coisa estava me rasgando por dentro, e implorava severamente para sair. De repente, fechei os punhos, e então gritei. Gritei para o nada, tentando tirar da minha garganta aquele incômodo insuportável.
E só então percebi o óbvio.
– Eu me odeio – disse a mim mesmo.
Eu estava tentando acreditar na minha própria mentira nesse tempo todo.
Na segunda-feira, David veio falar comigo enquanto eu guardava alguns cadernos no meu armário. Mas, para acabar com tudo, Anne passou por mim, com as outras amigas ao lado – se é que poderia chamá-las assim –, e sorriu ao me ver.
– Cara, você está entendendo a minha situação? Eu não... – Ele pôs uma mão em meu ombro. – Ei, está aí? – Estalou os dedos em frente ao meu rosto, como se me tirasse de um transe.
– Estava pensando em umas coisas – arranjei uma desculpa. –, mas pode continuar, estou ouvindo.
A verdade é que eu estava pouco me lixando para o que ele estava dizendo. Pensava em por que Anne teria feito aquilo comigo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Enfim, espero que tenham gostado e entendido algumas partes, hehe. Me desculpem, novamente, pois eu sei que o capítulo não tá aquilo tudo, não .-.
Ok, ok, chega de enrolação.
Até o próximo capítulo, que, se não houver imprevistos, será postado no domingo, como a maioria dos anteriores.
Kissu