(Coraline tem 25 anos)

Era uma tarde cinzenta, chuviscos caiam de leve em Coraline, ela não se importava. Estava triste, as senhoras Spink e Forcible haviam morrido nessa manhã. Elas aguentaram por bastante tempo, havia meses que estavam no hospital,  e se não fosse a vontade de ver a filha de Coraline, elas já teriam ido.

Coraline começou a caminhar em direção ao antigo poço,  as palavras das duas senhoras ainda rondavam em sua cabeça. Antes delas partirem, chamaram Coraline para ir sozinha ao hospital. Ela se lembra como se fosse ontem...

Foi há 3 dias atrás. Quando Coraline chegou, as duas estavam deitadas próximas, tinham olhos cansados e expressões flácidas, quando viram Coraline, não deixaram de abrir o maior sorriso que conseguiam.

-Olá Caroline- disse a senhora Spink, ainda tinha a mania de chama-la pelo nome errado- que bom que veio!

-Como está o bebê?- perguntou Forcible

-Está bem!

-Querida, o motivo de termos te chamado aqui, é um assunto muito sério- disse Spink

-Nós queremos de avisar que... ainda não acabou.- ela falou de uma maneira calma mais séria, e, então o silencio se instalou no lugar

Coraline o quebrou- Do que as senhoras estão falando?

-Ora Caroline não se faça de boba, é claro que sabe o que estamos falando. Eu sei, e, você sabe que nunca esqueceu aquele lugar.

Coraline nunca pensou que as duas senhoras malucas do andar de baixo sabiam do assunto, se é que era o assunto que Coraline estava pensando. Iria testar.

-Não faço a mínima ideia do que está falando.

-Por um acaso se esqueceu?- indagou Forcible- portas, outras mães, outros mundos, a chave que carrega em seu pescoço, e que, nunca tira.

Automaticamente colocou a mão em volta da chave e a apertou com força, havia contraído esse hábito com o passar do tempo.

-Como as senhoras sabem?

-Nós sabemos de mais do que você pensa, minha querida- disse Spink

-Bom, e afirmamos, isso ainda acabou, ela é mais forte do que você pensa, não sei se não percebeu ainda mas, é uma maldição que cerca a casa, desde que eu e Spink chegamos lá sentimos isso.

-Se vocês sentiram, porque não me havisaram naquele dia que leram minha xícara? 

-Nós avisamos da nossa maneira, mas não adianta, nunca adianta, não podemos mudar o que já está escrito.

-Então como eu para a maldição? 

-Você não, você já fez sua parte, agora está na mão de outra pessoa, e  enquanto você estiver aqui irá ajuda-la- ela para de falar e se enclina, trazendo em suas mãos,  uma caixa de madeira, não muito grande, sua cor era de um morrom ocre- você irá precisar dela... agora creio que precisa ir, Coraline.

-Ha sim é verda...- Ela a chamara corretamente- Você falou meu nome certo?

Senhora Spink pisca para ela.

Coraline dá um sorriso travesso, e fala- Você sempre soube- e vai embora.

Depois de dois dias, as duas senhoras se foram, e Coraline escondeu a caixa no fundo do baú,  para não vê-la mais, nem sequer viu o conteúdo da caixa, e, a partir daquele momento colocou na cabeça que, a outra mãe, até poderia estar voltando, mas por enquanto, iria esquecer aquilo.

Após alguns anos, Coraline viu que estava errada, que deveria ter olhado a caixa para estar mais informada e pronta, para ajudar a pessoa que iria parar tudo aquilo, que com o tempo, acabou descobrindo que a pessoa era a sua neta.